Apaixonada pela Morte (Lésbica) escrita por Ally


Capítulo 1
Encontro


Notas iniciais do capítulo

Olá, não costumo escrever histórias originais.. Porém não acho que essa história se encaixaria em alguma categoria a não ser está. Então sejam gentis, pois essa ideia não saia da minha mente e espero profundamente que gostem dela. Bjinhos e boa leitura, bbs.
;)



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E se você se apaixonasse pela morte.. Descobrisse que a pessoa que ama, é a mesma que te machuca? A que te consola é a mesma que leva quem ama? Conseguiria manter um relacionamento assim? Bem, essa é uma dúvida que circula em minha mente, pois eu me apaixonei pela morte.

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Acorda é uma tarefa árdua para qualquer adolescente, acho estranho aqueles que falam que gostam de estudar de manhã, eu, particularmente odeio pelo lado de ter que levantar cedo e amo por saber que a parte da tarde tenho meu dia livre.

Ativo meu modo automático e faço minha higiene pessoal, assim que chego na cozinha encontro com meu irmão que estuda junto comigo, não somos irmãos gêmeos se esta pensando nisso, descarte essa ideia. Isso aconteceu a penas porque ele fez todo o pré e eu entrei na primeira série direto, temos um ano de diferença mas estudamos na mesma série, graças a Deus, esse ano não na mesma sala.

Tomamos café em silêncio e fomos para a escola andando, não era tão longe e como crescemos em um bairro afastado, era comum conhecermos todos os vizinhos, termos amigos deste a infância, por isso quando chegamos cada um foi para seu grupo, tinha total de 3 amigos inseparáveis, e lá estavam eles conversando sobre o que aprontaram durante o final de semana.

Apenas me mantive quieta escutando eles interagindo, quando necessário falava também, pois não se engane, falo pelos cotovelos, mas sabe aquela sensação de que algo vai acontecer e você não sabe o que necessariamente, era essa sensação que estava naquele dia.

As aulas foram normais, minhas duas amigas nerdzinha acertando tudo e eu nem precisei pensar muito, a tarde decide descer para a chácara e visitar um vô e vó postiço de uma amiga, eles eram tão simpáticos que íamos sempre fazer uma visita a eles e nós ajudavamos arrumar a casa ou fazer um serviço mais pesado, como pintar ou coloca coisas pesadas nos lugares, nossa recompensa era um bom café da tarde e uma partida de truco.

Nesse dia foi a primeira vez que vi ela, com seus cabelos ruivos e o olhar tão azul, olhando com cara entediada para o caminhão de mudança, nesse dia meu mundo parou e nem percebi que a encarei por muito tempo, quando ela se virou e encontrou meu olhar, foi algo tão diferente, eu estava presa a ela.

— Ei maninha, está tarde. Vamos embora? – Minha amiga me chamou, fazendo com que quebrássemos o contato e eu olhei para ela.

— Vamos então, pequena. – Sorri para ela e me virei na direção da garota misteriosa e ela sumiu.

Não a vi mais durante um grande tempo, parecia que ela havia sumido. Porém Vô Castilho falou que eles eram simpáticos quando eram visto, porém mal ficavam em suas casas mais sempre os trataram bem. Eu sentia saudades daquela garota sem nem ao menos conhece-la ou apenas escutar sua voz. Em uma de nossas festinhas na chácara, ela foi e fiquei mais boba por ver ela de tão perto, estava passando mico como sempre, dançando de forma desengonçada para causar riso e fazer meus amigos entrarem na brincadeira. Ela não riu, apenas dirigiu a palavra a alguns convidados mais velhos e aceitou um bolo, parecia que todos ali queriam chamar sua atenção, era algo nela que causava essa necessidade de todos.

Bem se ela não queria proximidade, eu que não iria força ela a nada, continue agindo normalmente com meus amigos uma hora ou outra olhava em sua direção e era como um ímã, pois ela se virava bem na hora. Minha sorte que por causa das brincadeiras minhas bochechas já estavam vermelhas e ela e nem meus amigos, não associou esse fato por ter sido pega no flagra a encarando diversas vezes.

Quando me virei para continuar jogando vôlei com meus amigos, ela foi embora e nem percebi. Essa foi a última vez naquele ano que eu a vi. Descobri que ela havia se mudado novamente e que seu nome era Sophia, apenas esse detalhe.

Continue minha vida normalmente, houve grandes mudanças, minhas amigas foram estudar em melhores escolas e acabei tendo que me virar sozinha, como eles viviam dizendo que éramos as nerdzinhas da sala, fiz jus ao apelido e me esforcei para ser a melhor, fazendo novas amizades e mantendo o equilíbrio da sala. Em uma das minhas viagens, a casa de amigos em cidades distantes, me esbarrei em uma garota.

Eu sou muito atrapalhada, nem o futebol ou minhas aulas de luta fizeram com que minha coordenação motora fosse excelente, sempre tive mania de falar e mexer a mão ao mesmo tempo, em uma dessas falei e me virei com tudo, e senti o encontrão de um corpo, segurei em seus braços para que não fosse ao chão.

— Mil desculpas! – Falei timidamente, soltando a pessoa.

— Tem que ter mais cuidado. – A garota ruiva falou rispidamente e me encarou. – Você. – Ela me olhou surpresa.

— Já nos conhecemos? – Falei fingindo confusão, pois nunca esqueceria seu rosto. – Prazer me chamo, Aline. – Estendi a mão e ela apertou, causando uma descarga elétrica.

— Meu nome é Sophia. – Ela falou dessa vez mais calma, sua voz era hipnotizante. – Acho que seus amigos estão de esperando. – Ela apontou para meus amigos que estava nos encarando.

— Mil desculpas mais uma vez. – Falei sem jeito coçando a nuca. – Foi um prazer te rever. – Falei e sai deixando ela para trás.

Meus amigos me zoaram pelo meu jeito atrapalhado, porém me senti bem por ter encontrado ela, mas como nunca conversamos não quis a assusta e preferi me afastar, não deveria alimentar a confusão em minha mente. Como nunca mais a vi, deduzi que foi apenas um interesse passageiro por ela ser uma garota muito bonita, estava até conversando com um amigo e deduzi que sou hétero.

Mas a vida é passageira demais, o tempo corre por nossos dedos e vamos percebendo coisas que deveríamos dar valor. Naquela semana eu perdi uma tia, isso arrasou a família, pois ela morreu e deixou 4 filhos para trás, percebi o quão cruel é o ser humano que não teve dó de uma mãe com seus filhos pequenos.

Naquela época fiquei realmente triste por ver minha família triste, não era próxima dessa tia, visto que morava em outro estado, mas ver a dor de quem amamos acaba se tornando nossa dor. Vi o lado bom dos humanos, quando minha outra tia adotou a menina que levou tiros também por estar no colo de sua mãe e por minha vó não deixar que meus primos fossem para um orfanato e pegou eles para criar. Antes disso não havia acompanhado nenhuma morte, mal sabia que depois ficaria tão frequente em minha vida.

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Pov- Sophia

A morte é retratada como a pior inimiga do ser humano, pois não importa a condição financeira que tenha ou sua origem, sua única certeza é que vai morrer. Você irá perde para a morte um dia, isso pode te assustar ou fazer com que viva intensamente.

Mal as pessoas sabem que a morte não é apenas uma pessoa, e sim uma sociedade, somos a morte, pois recolhemos o fôlego de vida das pessoas, acompanhamos o seus últimos suspiros e os levamos para seu julgamento. Não é apenas uma pessoa e sim várias pessoas e eu sou uma delas.

Não somos humanos e também não somos seres celestiais, só somos o meio termo disso, se assim pudéssemos nos definir. Na hora da morte, as pessoas conseguem nos ver, mas as outras não. É como se eles pudessem ter noção de que não estão sozinhos, em seu último suspiro, o que convenhamos acho desnecessário.

— Vamos, Sophia está na sua hora. – Henrique, meu amigo que também faz parte da nossa sociedade me chama.

— Aonde fomos designados dessa vez? – Pergunto já colocando meu sobretudo negro como a noite.

— O de sempre, ataques terroristas e pessoas inocentes morrendo. – Henrique fala se ajeitando. – Soube que o supremo quer falar contigo.

— De novo? – Perguntei já cansada, saindo caminhando para nossa designação. – O que ele quer dessa vez?

— O de sempre, você conhece as regras. – Henrique me abraça e vai em outra direção.

A regra era simples, por vivermos no meio termo, o supremo determinou que devemos ter uma experiência como humano, para entender um pouco do que se passa na mente dessa raça. Que escolheu a morte por desobediência aos seres celestiais, então, a cada 100 anos, um de nós é escolhido para descer a terra e desfrutar dessa experiência. Já fazem 300 anos que estou procrastinando a ida para baixo, porém se torna cada vez mais perto disso ocorrer.

Decido me concentrar no dia de hoje, com um atentado em um metro, houvesse várias mortes e percebi o desespero das pessoas, mas sinceramente não entendia seu sofrimento, não tinha empatia por eles, mesmo quando sabia que era uma criança ou animal. Pois aquilo não era minha realidade, por isso que o supremo faz sentirmos na pele essa experiência, para assim sermos mais complacente com as pessoas que levamos a julgamento.

Mal voltei da área de julgamento e já fui abordada para ir a sala do supremo, como esperado, não conseguia ver seu rosto ou sua forma, apenas uma forte luz, éramos parecidos com humanos, porém com semblante mais angelical, mas o supremo não tinha semblante.

— Sophia, sei o que anda fazendo. – Sua voz era imponente, parecia escutar trovões no céu. – Não vou admitir que passe desse ano. Você vai descer a terra e ter sua experiência como humana, por ser uma excelente colaboradora irá ter ajuda de dois dos nossos, será a filha deles, assim vai ser protegida e ensinada a como ser humana.

— Mas temos muito trabalho a fazer. – Tentei argumenta, e apenas escutei um estrondoso barulho na sala, me fazendo engoli a seco.

— Não tem discussão ou negociação, é uma ordem jovem. – E assim a sala ficou escura e sabia que não haveria escolha.

Respirei profundamente mesmo não tendo necessidade de fazer isso, acho que te tanto observa os humanos, peguei como mania de me acalmar. Me dirigi ao meu quarto, porém já havia guardas me esperando, não haveria despedidas ou recomendações, já escutei muitas delas quando meus amigos foram a terra. Apenas deixei ser levada aonde era meu destino.

Fui parar em um lugar isolado, com minha nova realidade, Brian e Eliza eram um casal, que se conheceram aqui na terra em sua jornada, como eles fizeram que nem a mim, demorando anos para descer, ganhou mais tempo no mundo dos humanos, assim tinham estabilidade financeira e conhecimento para viver aonde quisessem, porém lá estavam eles se mudando para o fim de mundo com a teoria de que assim eu iria me adaptar melhor.

Era entediante ver eles se mudarem novamente só porque aonde estávamos bastante vizinhos faleceram, éramos a morte, por isso atraiamos a ela. Mas eles preferiam ignorar meus pensamentos e viajarmos para aquele lugar. Estava distraída olhando o caminhão de mudança quando noto que estou sendo observada, rapidamente me viro na direção da pessoa e me perco no olhar daquela garota. Era os castanhos mais convidativos que já vi em toda minha existência, algo em mim se prendeu a ela e isso me assustou um pouco, até o nosso olhar ser quebrado por ela desviar para dar atenção a garota ao seu lado, nesse momento aproveitei para sumir.

Naquele dia não consegui dormi, não tive coragem de contar a Brian e Eliza o que aconteceu ou os questionar por que daquela sensação. Apenas me concentrei em lembrar daqueles olhos, a garota era bem comum, já encontrei seres humanos mais bonitos, mas aqueles olhos castanhos leram minha alma, e isso me assustou.

Como uma boa covarde que sou, não quis correr o risco de ver ela, apenas viajava para longe conhecendo novos lugares, vivendo a experiência como humana, mas eu sempre voltava, pois não conseguia me manter totalmente longe, tinha que a observa de longe pelo menos. Descobri que mais uma vez iriamos nos mudar, isso me pegou de surpresa, sei que eles notaram que estava diferente e acharam perigoso me aproximar da humana, então em uma das festas que aquele casal de idosos sempre nos convidou, acabei indo, pois eu queria saber como era sua voz de perto.

Brian e Eliza, ficaram com um pé atrás porém me deixaram ir, me arrumei e fui, confesso que gostaria de sorrir pelo jeito que ela se comportava, era uma criança em forma de adolescente, sua inocência me atraiu como nunca imaginei que pudessem acontecer. Mas eu não poderia mostrar, então a ignorei e cumprimentei as pessoas mais velhas daquele lugar, o impressionante é que atraiamos as pessoas, achei incrível ela não ter insistido para ter minha atenção, como seus amigos estavam fazendo. Mas eu sabia quando ela me encarava, fazia questão de encontrar seu olhar sempre que ela se distraia me olhando por mais tempo. Mas isso era perigoso, percebi que a morte rondava aquelas pessoas e por isso fui embora e não voltamos a nos ver.

Ser humano é chato as vezes, ter necessidade fisiológicas é um porre, porém eu gostava da comida, por isso fui num barzinho a noite comprar algo pra comer, quando alguém desastrado quase me derruba no chão, mas foi muito rápido e senti uma descarga elétrica em meu corpo pelo contato de mãos em meus braços.

— Mil desculpas! – Falou uma voz tímida feminina, quebrando o contato entre nós.

— Tem que ter mais cuidado. – A respondi rispidamente e erguendo meu olhar para encarar a garota. – Você. – Fiquei surpresa por reconhecer quem era.

— Já nos conhecemos? – Ela me respondeu confusa, o que me decepcionou um pouco. – Prazer me chamo, Aline. – Ela estendeu a mão e eu apertei, causando uma descarga elétrica.

— Meu nome é Sophia. – Falei dessa vez mais calma. – Acho que seus amigos estão de esperando. – Observei um grupo atas dela que estava nos encarando.

— Mil desculpas mais uma vez. – Falou sem jeito coçando a nuca, algo que achei extremamente fofo. – Foi um prazer te rever. – Ela falou e saiu, me deixando para trás.

Aquela garota mexia comigo de uma maneira diferente, seu comportamento me fazia querer descobrir o que era aquelas sensações.


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Notas finais do capítulo

Me digam o que achou, devo dar continuidade a essa ideia? Obrigada por ler.. Bjinhos e se cuidem, bbs
;)



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