O Justiceiro: Exílio escrita por Júlio Oliveira


Capítulo 4
Parte 4: A ironia de um destino previsível


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Observando através da mira de seu rifle, Daniel Cage não queria perder nenhum detalhe. Próximo do iluminado portão, um obscuro Justiceiro caminhava a passos lentos. Estando envolto de um grande casaco negro, era impossível ver as armas que carregava. A sua frente, a grande mansão de Nicolau Kozlov se erguia. No entanto, o que mais chamava a atenção era a coleção de carros estacionados ao longo do extenso jardim. Não havia espaço para qualquer modelo que não fosse luxuoso. Em meio a cores contrastantes e potentes motores, dois guardas vigiavam aquela face do lote, além de uma porção de câmeras espalhadas por todos os lados. Sabendo que não havia forma de entrar ali sem ser visto, Frank Castle tomou uma decisão.

— Ei — disse e, logo em seguida, começou a tossir. — Por favor, me ajude!

Aproximando-se do portão, os dois homens olharam com desdém para o que tossia. Com a barba cheia e descuidada, Castle aparentava ser um mendigo ou um sem-teto qualquer. Um dos guardas comentou algo com o outro em russo, o que gerou risos de seu companheiro de trabalho. Finalmente olhando para o Justiceiro, disse em bom inglês:

— Não fazemos caridade.

— Nem eu — Frank respondeu.

Sem dar tempo para que os homens que carregavam pesadas metralhadoras reagissem, o Justiceiro ergueu seu braço direito e revelou a pistola que segurava. Uma breve expressão de surpresa se formou nos rostos de seus inimigos, mas logo foi apagada pela bala que acertou suas cabeças. Com a arma silenciada, Frank agradeceu pela música que era tocada dentro da mansão, dando maior garantia que ele permanecesse oculto. “A câmera me viu, mas duvido que tenha alguém monitorando agora. Ainda assim, tenho que me lembrar de apagar as gravações antes de sair daqui”, refletiu.

Acompanhando toda a ação a distância, Cage ficou impressionado com a velocidade do vigilante e a precisão de seus disparos. Seguiu-o com os olhos por mais alguns momentos, vendo o homem pular o portão principal da mansão com agilidade e, logo em seguida, parando para refletir quais seriam seus próximos passos. Interrompendo o silêncio da noite, o policial sugeriu:

— Quer que eu os surpreenda? — Utilizando a mira, Daniel enxergava a silhueta de um garoto atrás do vidro translúcido da residência. — Posso acertar um deles agora mesmo.

— Não! — Castle se irritou ao ouvir a voz do policial através da escuta. Por um momento, tinha até se esquecido que havia trazido o homem para aquele local. — Não haja a não ser que eu deixe explicitamente claro que você deve agir. Entendeu?

— Certo — a voz de Cage saiu quase sem vida, refletindo seu desânimo diante da reação do Justiceiro. Enquanto isso, o homem de preto continuava a planejar seus próximos passos.

Encarando os veículos ali presentes e, logo em seguida, os corpos de seus adversários, Frank teve uma ideia. Agindo com cautela, tratou de ocultar ambos os cadáveres em meio ao extenso jardim. Retirou as vestimentas do maior e vestiu-se como se fosse mais um dos guardas do mafioso. Em seguida, rasgou um pedaço da camisa do outro e caminhou em direção ao veículo mais próximo. Abrindo a tampa do tanque de gasolina, logo tratou de molhar o tecido da roupa rasgada e, deixando-o pendurado no tanque, acendeu um isqueiro e permitiu que as chamas se apossassem da peça. Afastando-se o máximo possível e ficando mais uma vez oculto pelas sombras, aguardou até que o fogo encontrasse o combustível dentro do tanque.

Do lado de dentro da mansão, Nicolau e seus companheiros de crime comiam em abundância e conversavam sem muito compromisso. Um dos filhos do homem também se fazia presente e aproveitava toda aquela fartura. O momento de alegria, no entanto, foi interrompido pelo som estrondoso da explosão do veículo. Os homens de terno ao longo do salão de festas logo ergueram suas armas e, cautelosamente, se direcionaram para a fonte daquele violento som. Nicolau, por outro lado, quase saltou de sua cadeira após o susto, permitindo que sua taça de vinho caísse e manchasse seu belíssimo terno branco.

— Rápido, Nicolau! — Um dos guardas ficou para acompanhar seu chefe rumo a um lugar seguro.

— Venha, Petyr! — Kozlov olhou para seu filho e, coberto de preocupação, gesticulou para que ele não saísse de perto.

Seguindo as instruções do pai, o jovem Petyr o acompanhou enquanto encarava com temor toda aquela situação. O garoto, ainda que tivesse seus vinte anos, não se envolvia diretamente com os negócios do pai, apesar de ter consciência do que acontecia ali. Ainda assim, o que ele mais desejava era a segurança e o bem-estar de sua família como um todo. Ao ouvir a explosão, pôde sentir uma voz em sua mente agradecer pelo fato de sua mãe e irmão estarem na Rússia naquela altura.

Ao deixar o salão de festas, olhou para trás e encarou dezenas de rostos assustados, confusos e desconfiados. Qualquer um daqueles homens era um perigo e, só de pensar naquilo, Petyr tremia. No entanto, resolveu dar adeus aos seus medos e, seguindo seu pai, logo se viu adentrando o elevador. Junto da dupla, o segurança da frente digitava uma espécie de código, enquanto outro adentrava o espaço por último.

— Em breve estaremos na sala segura, senhor — o homem que digitara o código disse com segurança.

Diante daquilo, o garoto sentiu um breve momento de conforto. No entanto, isso mudou a partir do momento em que ele percebeu a expressão de seu pai transitar entre a estranheza e o medo.

— Você não trabalha para mim — o homem disse enquanto apontava para o segurança que adentrara por último no elevador.

— Não mesmo — a voz grave e rasgada do Justiceiro se revelou e ele, com a agilidade de sempre, sacou sua pistola e eliminou o segurança ao lado de Nicolau. — Vamos, andem!

Com o medo tomando conta de sua alma, Petyr não viu outra opção a não ser seguir as ordens de seu algoz. Com a porta do elevador abrindo-se, ele e seu pai caminharam com os braços erguidos enquanto rezavam para aquele pesadelo acabar. Do outro lado, o que se via era uma sala com paredes fortemente revestidas de chumbo, além de uma grande porção de comidas enlatadas e outros utilitários.

Olhando para um grande sofá vermelho que dava cor ao lugar predominantemente cinza, Frank apontou com o revólver para ele, indicando que os dois homens deveriam sentar-se ali.

— Vocês aprendem rápido — disse ao ver a dupla seguir suas ordens. — Isso é bom: não planejo passar muito tempo aqui.

Do lado de fora da mansão, uma verdadeira caçada era feita. Os seguranças se espalhavam pelo extenso terreno buscando qualquer pista que levasse ao responsável pela explosão do carro. Não tardou para que encontrassem os dois cadáveres deixados pelo vigilante sombrio. Simultaneamente, vários dos convidados de Nicolau resolviam que era a hora de deixar aquela festa pra trás, rapidamente indo para seus carros e se retirando do local. Observando tudo de longe, Daniel sentia admiração pela obra do Justiceiro.

— Bom trabalho — disse na ânsia de receber alguma resposta e, quem sabe, alguma tarefa para auxiliar Frank Castle. No entanto, não recebeu resposta alguma. Na verdade, nada ouvia em sua escuta a não ser um chiado incômodo. — Frank?

Sentindo um venenoso nervosismo invadir seus ossos, Cage imaginou que o pior havia acontecido. “Ele foi morto, devem ter literalmente destruído sua cabeça”, pensou da forma mais sombria possível. “Não, não, devem ter confiscado ele. Ou então ele foi capturado e retiraram todos seus equipamentos”, sua mente viajava incessantemente. Ainda segurando o rifle com força, o policial sentiu suas mãos frias e, lentamente, um tremor se apoderou delas. Ficar parado seria correto? Ou deveria seguir as palavras do Justiceiro que, minutos atrás, disse que só deveria haver qualquer ação após uma ordem explícita?

— Eu não posso ficar aqui — Daniel falou em voz alta.

Levantando-se, o policial olhou mais uma vez pela mira do rifle e encarou o grande número de guardas que o aguardavam. Respirou fundo e, em um momento de loucura, adentrou a escuridão. Enquanto percorria os infindáveis metros rumo à mansão de Nicolau Kozlov, a imagem da família se apoderou de sua mente. Por um momento, o policial pensou que a melhor decisão poderia muito bem ser desistir e voltar para casa. “Não, eu não posso parar agora”, uma voz em sua cabeça falou mais alto. A passos firmes, Daniel logo encarou as silhuetas dos guardas que vigiavam com cautela redobrada os portões da mansão.

Sem pensar muito, Cage revelou-se erguendo sua pistola e disparando na direção dos três homens que o viram. No entanto, ele não era o Justiceiro, afinal. Dos três disparos, apenas um atingiu o alvo, ceifando a vida do segurança. Os outros dois acabaram se chocando contra a mansão provocando furos grosseiros na fachada. Vendo seus inimigos erguerem suas metralhadoras, Daniel se desesperou e correu para trás do grosso pilar que demarcava a entrada do lote. Ouviu o concreto atrás de si se partir em pedaços mas, ainda assim, permanecia protegido.

Logo em seguida, os sons de tiros cessaram e Daniel pôde ouvir que seus inimigos recarregavam suas armas. Saindo da cobertura, o policial teve uma maior precisão e conseguiu eliminar os dois algozes restantes com tiros precisos em suas cabeças. Enquanto escalava o portão para invadir a residência do mafioso russo, Cage sentia um verdadeiro fogo dentro de si. Era uma chama que parecia mais forte a cada passo e, por um breve momento, ele se sentiu um verdadeiro herói. Talvez não um herói que seguisse os moldes convencionais do amor, do perdão e da responsabilidade. Mas ele sabia que certamente seria um herói nos anos oitenta.

— Linda! — Exclamou ao admirar a metralhadora que os russos portavam. Pegou uma delas com um pouco de munição e prosseguiu em sua caminhada mortal.

Estando diante da entrada da residência, parou por um instante. “Isto está fácil demais”, refletiu. Colocou seu ouvido próximo da porta e tudo que ouviu foi a música que ainda tocava, mesmo que não houvesse ninguém que festejasse. Dando alguns passos para trás, respirou fundo e ergueu a metralhadora. Começou a disparar na esperança de atingir qualquer maldito que se escondesse do outro lado. As balas fizeram dezenas de buracos na madeira ricamente adornada da porta, mas Daniel não escutou qualquer grito de dor ou reação. “Que seja”, pensou antes de caminhar e empurrar a porta quase que estraçalhada.

A imagem que viu não fugia de sua expectativa: o hall de entrada estava bem destruído em decorrência de seus disparos. Havia vidro para todo lado, o sofá estava detonado e uma grandiosa TV não poderia mais cumprir sua função. Havia ainda verdadeiras obras de arte destruídas pelas ações do policial, coisa que o fez quase se culpar pelos disparos. No entanto, não teve tempo para refletir sobre isso. Ao lado da porta e, agradecidos pela falta de esperteza do policial, dois homens se ocultavam. Bastou Daniel dar mais um passo para, logo em seguida, ser recebido com coronhadas e golpes fortíssimos em sua cabeça. Não conseguiu reagir. Viu todo seu armamento ser tirado de suas mãos enquanto as agressões se intensificavam.

No entanto, Cage não era o único que sofria. Na sala segura, Nicolau Kozlov recebia forte golpes na cabeça enquanto o Justiceiro buscava suas respostas.

— Diga! — O homem impiedoso exigia. — Você mandou matar Ben Urich, não foi? Quem você contratou para fazer o serviço?

Sentado no sofá, Nicolau tinha seu rosto coberto por sangue e hematomas. Sua barba já estava completamente suja em decorrência da brutalidade do Justiceiro, enquanto o seu termo não poderia mais ser considerado branco. Ao seu lado, Petyr insistia para que o homem de preto parasse, mas não tinha coragem de agir com maior rigor. O fato era que Frank Castle tinha uma arma em mãos e, dessa forma, qualquer ação poderia resultar em morte.

— Eu não sei de nada, pelo amor de Deus! — Kozlov chorava. Suas lágrimas se misturavam com o seu sangue e davam ao seu rosto uma feição ainda mais penosa. O homem sentia cada golpe do Justiceiro como uma martelada em sua alma. — Eu não sei o porquê de você fazer isso, mas eu e minha família somos inocentes. Inocentes!

— Não minta pra mim! — Frank acertou mais um soco no rosto do homem. — Eu conheço os seus convidados, Kozlov. Só gente boa, não é? Assassinos, traficantes e abusadores. A minha vontade é de colocar uma bala na cabeça de cada um, mas está na sua vez. Agora me diga: quem matou Ben Urich?!

Antes que Nicolau pudesse dar qualquer resposta, Castle foi surpreendido pela abertura do elevador. Apontando a arma para o local, viu aparecer um abatido Daniel seguido de um russo com a arma apontada para o policial. “Que desgraçado”, o Justiceiro amaldiçoou Daniel. Era óbvio o que havia acontecido, no entanto, Frank preferiu manter toda a raiva dentro de sua cabeça.

— Esse desgraçado... — o segurança começou a explicar, mas também se viu surpreendido pelo estado de seu chefe. — Quem é você?!

Com a arma apontada para a cabeça de Cage, o guarda tentava discernir toda a situação. O Justiceiro, por outro lado, respirou fundo e apontou sua pistola para Kozlov.

— Vai lá — disse com segurança. — Atira nesse vagabundo. Atira nele que eu coloco uma bala no desgraçado do seu chefe. O que está esperando?

— Não o escute, Victor — Kozlov tentou guiar o homem que pouco compreendia a situação. — Este homem irá nos matar de uma maneira ou de outra. Não baixe a guarda.

Sendo surpreendido, Nicolau viu sua perna ser perfurada por um tiro dado pelo Justiceiro. Sangrando intensamente, o homem começou a pressionar o local enquanto ouvia seu filho em prantos. Toda aquela profusão de sons e sentimentos estava criando um verdadeiro inferno dentro da cabeça do russo.

— Larga o maricas ou o próximo disparo será mais em cima — Castle avisou.

Victor começou a suar frio e Daniel pôde sentir um tremor no corpo de seu algoz. O homem tinha dúvidas sobre qual atitude tomar, ainda que o seu chefe deixasse bem claro que ele não deveria fraquejar.

— Anda! — Frank repetiu e, mantendo sua promessa, deu um tiro na barriga de Nicolau.

O sofá já estava pintado de sangue enquanto a sala se enchia dos gritos de dor do chefão russo. Diante daquela cena, o inseguro segurança retirou a arma da cabeça do policial e, lentamente, afastou-se do homem.

— Bom trabalho — Frank disse com frieza. Logo em seguida, tratou de levantar sua pistola e acertar a cabeça do guarda.

— Ele fez tudo que você pediu! — Petyr gritou em desespero. — O que você quer?! Meu pai não sabe de nada! Nos deixe em paz!

Finalmente livre do perigo da morte, Daniel apanhou a arma do segurança morto e caminhou em direção a Frank Castle. Teve que encarar um olhar de pura reprovação advinda do homem, mas não respondeu. Ele estava certo. Ainda assim, observou a cena com atenção e viu que apenas o pai estava ferido. Petyr, seu filho, estava impecável. Ao mesmo tempo, viu também que o Justiceiro ainda penava para conseguir respostas.

— Quem mais precisa morrer para você me dar as respostas? — Frank questionou Nicolau, que ainda se contorcia de dor. — Sua vida está se esvaindo. Quer mesmo que eu fique a sós com seu filho?

— Você... — a voz de Kozlov, antes assustada, agora se convertia em desafio e desprezo. A mistura de dor e proximidade da morte pareciam ter dado coragem ao homem. — Você não fará nada com ele e com mais ninguém, seu verme!

— Ah, é? — Daniel disse enquanto levantava sua pistola.

Frank virou-se prevendo o desastre que aquilo seria. No entanto, não teve como impedir. Agindo com extrema frieza e crueldade, o policial disparou contra a perna do inocente filho de Nicolau Kozlov. Mais sangue se espalhou pela sala e, agora, os gritos de dor do garoto também permeavam o espaço. Por um momento, o Justiceiro se sentiu apto a atirar em Cage, mas algo o segurou. “Primeiro as respostas, depois as punições”, pensou. Voltando seus olhos para o chefão, agiu como se tudo estivesse dentro do planejado.

— Imagina só — sua voz transitava entre a ameaça e a completa realização dos horrores mais cruéis imagináveis. — A escolha é sua, Nicolau.

— Chega! — Ainda que ferido, a voz do russo ganhou uma força descomunal. Ao olhar a imagem de seu filho ferido, Kozlov se viu na obrigação de acabar com aquele teatro que começara. — Eu conto o que você quiser. Só deixe o meu filho fora disso, pelo amor de Deus!

Daniel ensaiou uma sorriso, mas viu o Justiceiro o ignorar completamente. Ao invés disso, Frank se aproximou de Nicolau e, respirando fundo, começou:

— São duas questões, na verdade. Um: quem matou Ben Urich? Dois: qual a sua relação com Mark Leninsky?

— Eu sei que... — a fala do homem ferido era constantemente interrompido por gemidos de dor e tosse intensa. — Eu realmente não sei quem matou Ben Urich. Falo a verdade. Quanto a Leninsky? Bem, o homem é nosso braço na política. Nós roubamos essas novas armas da Hammer enquanto ele iniciava um projeto de lei a fim de banir certos tipos de armamentos. Queríamos que a produção fosse parada por força de lei, assim teríamos uma mercadoria verdadeiramente escassa e, dessa forma, extremamente valorizada. É tudo questão de dinheiro, como sempre. Ele, na verdade, sempre esteve nos ajudando a partir da área dele. Política é isso, não é mesmo?

Tudo fazia sentido. Frank lembrava-se de olhar o celular de Leninsky e encontrar algumas informações sobre tal projeto de lei. Naquele dia, no entanto, tal dado passou despercebido pelo vigilante. Ainda que aquilo estivesse esclarecido, um verdadeiro mistério ainda envolvia a morte de Ben Urich. O Justiceiro havia decidido que não sairia dali sem respostas. Questionou mais uma vez:

— Boa resposta, Nicolau. Mas a verdade sobre o jornalista ainda é um mistério. Talvez uma dica te ajude a achar a resposta: a bala que matou Ben Urich veio de uma das suas armas traficadas. Tinha um galpão cheio delas, lembra? O que me diz? Para quem você vendeu essas armas?

Petyr se sentiu surpreso ao ver o seu pai soltando uma gargalhada diante daquela situação catastrófica. O garoto, ferido, permaneceu calado enquanto o homem mais velho, ainda sangrando intensamente, sorria como uma criança mimada ao receber um presente valioso.

— Você não vê, homem? Nenhuma arma foi vendida. O desgraçado que atacou o galpão roubou de mim e deve ter disparado a maldit... — sua fala foi interrompida por uma intensa tosse. A palidez de sua pele indicava que ele não duraria muito sem ajuda.

No entanto, nenhum daqueles detalhes importavam mais ao Justiceiro. O homem tinha a sensação que havia sido fortemente golpeado, sentindo sua consciência se desvencilhar de seu corpo. Um amargor tomou conta de seu paladar enquanto ele tentava raciocinar tudo que havia descoberto. “O desgraçado que atacou o galpão roubou de mim e deve ter disparado”, as palavras giravam e se repetiam em sua cabeça de maneira incessante. “Bala perdida”, uma voz cortante atravessou a sua alma.

— Vamos, Daniel — disse enquanto se segurava para não expressar seu choque. — Está na hora de deixarmos este inferno.


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Notas finais do capítulo

Confesso que foi um capítulo desafiador. Espero que tenham gostado. Aliás, agradeço demais pela leitura feita até aqui ♥

Caso sintam vontade, peço que comentem com suas observações e expectativas para a parte final desta pequena história. Forte abraço e até breve!



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