Ecco e Yearnan se entreolharam antes de desacreditar no que ouviam. Missão? Seria este o primeiro teste? E, se fosse, como Dertang saberia? Ele disse “vocês”?

— Nós? Você não vem? – Questionou Yearnan.

— Não. Eu fui enviado a vários de vocês. – A cada palavra havia menos sentido. – Sou, na verdade, uma duplicata de mim mesmo.

— Valha! – Exclamou Yearnan ao entender o que aquilo significava. – Impressionante!

— Diga-nos o que devemos fazer. – Falou Ecco.

Dertang os levou de volta para o pátio. Quando saíram do quarto, viram outros Dertang saírem de vários quartos, juntos de outros aprendizes. Aquilo era estranho, com toda a certeza. Todos começaram a descer as escadas e encontraram o pátio vazio. A grande mesa havia sido desmontada, movida e o cômodo estava agora limpo. No ar, pequenas luzes flutuavam como se fossem vagalumes. Alguns até mesmo tentaram tocar, mas as luzes se esvaíam por suas mãos, como se tivessem vida.

Uma trombeta tocou e de uma porta dupla surgiu um rapaz vestido com uma camisa negra fina e larga, calça escura, um cinto de couro curtido e botas. Dertang. Ele estendeu as mãos e suas duplicatas se desfizeram como pó.

— Quem é você? – Um garoto mirrado de voz ousada perguntou.

— Dertang, já lhes disse. – Caminhou até uma pequena mesa feita de madeira com quatro pernas, que tinha sobre si um mapa. – Serei o mentor geral durante a primeira missão.

— O que devemos fazer? – Perguntou um rapaz alto e esguio, de pele pálida e cabelos claros.

Dertang apontou no mapa uma região à beira-vento. Era uma cidade do Reino da Garra, provavelmente Birllen, a cidade que havia mencionado. Ecco olhou para Yearnan e o puxou para o fundo, enquanto a maioria dos aprendizes se esforçavam para se aproximar da mesa, empurrando uns aos outros e se esbarrando propositalmente. Ecco fez menção de falar, mas Dertang falou primeiro.

— Esta é Birllen, a capital do Reino da Garra. É simples. Tudo que vocês devem fazer é viajar até lá e conseguir uma cópia dos documentos de Nix Cortbitten. Esta tarefa foi atribuída por Veillor Flantjack, e nós decidimos que esta é uma ótima forma de testá-los.

Ele quer que façamos um roubo, Ecco pensou.

Legal, ele quer que façamos um roubo, pensou Yearnan.

— Vocês serão recompensados se conseguirem retornar. – Todos se assustaram com o fato de que apenas talvez pudessem voltar. – Com isto, quero dizer que a viagem é perigosa, e que a melhor forma de sobreviverem é tendo discrição.

— Como fazemos isso? – Perguntou o mesmo rapaz loiro. Era um cara curioso.

— Esta é minha parte preferida. – Sorriu ao dizer, saboreando a imaginação. – Nós permitiremos que peguem dois navantes. Terão comida e mantimentos para a viagem, mas precisarão se abastecer no decorrer dessa longa jornada. Irão juntos para lá, mas apenas um vencerá por conseguir os documentos.

Muitos murmúrios encheram o pátio pelas bocas dos quase cinquenta rapazes ali presentes. Todos estavam animados com a ideia de estarem em uma tripulação de verdade, mas o medo de muitos chegava a ser palpável. Ecco aproveitou o momento para falar com Yearnan.

— Ele quer que nós roubemos os documentos que criaram o Novo Mundo. – Sussurrou para Yearnan.

— Sim! – Yearnan sussurrou de volta. – Incrível, não acha?

— Não, não é incrível. – Ecco respondeu o sussurro, estranhando o amigo.

  – Venham. Vou levá-los aos navantes. – Disse Dertang.