Os Lordes de Ferro escrita por valberto


Capítulo 20
Capítulo 21 – Jutsus e monstros




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A cavalgada para Brackens estava sendo produtiva. Os cavalos eram ágeis e fortes, acostumados á dureza das trilhas e trotavam com segurança pela estrada. Depois de alguns dias que estavam a cavalo Caska já se sentia mais acostumada à sela. Não apenas isso, ela estava mais ciente do mundo à sua volta, como se estivesse mais conectada com as coisas em volta.

Os últimos dias seguiam um roteiro inexorável. Acordavam com as primeiras horas do dia e tomavam café da manhã. Depois cavalgavam, quase que invariavelmente em silêncio por longas horas até a pausa para o almoço. Era uma pausa longa, onde a comida era preparada e aquecida com cuidado.  Quase sempre Bekka cuidava da comida. Depois voltavam a cavalgar, mas só por algumas horas e em ritmo mais lento. Depois disso, paravam para jantar. Após a digestão e sob a luz da fogueira os treinamentos de Caska continuavam. Com Bekka aprendia as diferenças da esgrima real com a esgrima do boffer swordplay. Bekka era dedicada e firme nos ensinamentos. Às vezes um pouco dura em suas palavras, mas sabia guar a menina pelos caminhos da esgrima.

Já o Rei era um enigma completo. As vezes ele lutava de forma reservada, como se quisesse esconder o jogo; outras vezes lutava de forma espalhafatosa, “telegrafando” os golpes. Lutar contra o rei era ter certeza de que nunca lutaria duas vezes da mesma forma. Depois de ser sido derrotada pela décima terceira vez na última meia hora Caska largou-se encostada á sela que usava como travesseiro todas as noites.

Mas mesmo cansada e um pouco exasperada, era como se alguém tivesse tirado um véu do seu rosto. As cores estavam brilhantes, o som mais límpido, era como se ela estivesse em uma visão HD. Mas o que ela achava mais interessante mesmo era como ela conseguia perceber com mais clareza a relação do Rei com a Bekka. Num primeiro momento ela achava que Bekka tinha uma posição de guarda-costas em relação ao Rei, por cuidado e obrigação. Mas na verdade era outra coisa. Ela andava do lado do Rei como um espectro, uma sombra protetora, disposta a se jogar na frente dele – ou ao lado dele – na primeira oportunidade. Não era dever, era amor. Mas um amor que parecia escraviza-la ao lado daquele homem enigmático. Mas alguma coisa dizia que se fosse realmente uma escrava do amor, o coração dela estava feliz.

De sua parte Caska não sabia bem o que era o amor. Tinha tido alguns namorados e namoradas, mas nunca sentiu aquela devoção por ninguém. E talvez por isso se sentisse abençoada. Não saberia como suportar a ideia de que a vida de outra pessoa pudesse valer mais do que a dela mesma, isso diante de seus próprios olhos.

— Meninas, vamos dormir. – anunciou o Rei – Devemos chegar aos limites de Brackens amanha e eu quero evitar a ponte suspensa do reio das flechas.

— Ah, mas agora? Mal anoiteceu... – resmungou Caska, sabendo que seus apelos encontrariam por certo ouvidos de mercador.

— Não é como se tivéssemos uma balada para ir, não é mesmo? – disse arrastando sua sela para ficar mais perto da menina. – Não faz mal dormir um pouco cedo. Mas também não precisa ser tão cedo. Quer ficar acordada e conversar um pouco?

— Claro, eu acharia muito legal. – disse a menina, mesmo sem tanto entusiasmo. – Posso te perguntar uma coisa?

— Sim, pode. – disse Bekka abrindo um sorriso bem longo enquanto terminava de despir a armadura de couro e anéis de ferro que usava.

— Você tem poderes especais que nem o Rei? Tipo, pode iluminar sua espada e disparar raios dela?

— Bem, eu tenho poderes sim, mas não como o Rei. Pelo que eu entendi – disse a menina pondo por cima de onde estava a armadura uma camisola branca cheia de manchas amareladas – cada um de nós desenvolve seus “poderes” de forma diferente. E cada um é único.

— E como eu vou desenvolver os meus? Quando? – perguntou Caska já bem animada com a possibilidade desenvolver algum poder diferente, como nos filmes e desenhos. Quem sabe pudesse correr sobre a água, ou ser muito forte, ou atravessar paredes...

— Eu não sei – respondeu Bekka olhando para o chão – o meu simplesmente apareceu quando eu precisei. Eu consigo fazer cópias de mim mesma.

— Cópias? Quem a técnica Kage Bunshin do Naruto? – perguntou a menina com o solhos brilhando...

— Mais ou menos. Cada uma das minhas cópias é como se fosse eu, mas não sou eu. Quando elas morrem, elas explodem numa nuvem de poeira branca, como no desenho, mas elas não morrem só com um tapinha.

— Você poderia dar uma palhinha? Por favor... Quem sabe me ajuda a desenvolver o meu poder... – praticamente implorou Caska, com as mãos juntas e de dos entrelaçados.

Bekka concordou e se levantou. Foi para frente da menina e cruzou os braços sobre o peito, como se fosse fazer a saudação de Wakanda Forever. Depois ela estendeu os braços e quando fez isso surgiu, num piscar de olhos, duas cópias dela, uma de cada lado de seus braços.

 - Que sugoi! – gritou Caska pulando na Bekka da direita. Era uma cópia perfeita. Quente ao toque, viva, respirando...- Mas você não fez nenhum jutso...

— Você parece decepcionada...

— Não é isso... – tentou corrigir a menina – É que seria muito lega se você fizesse um jutsu com as mãos. Ou dissesse alguma coisa legal, como “Kage Bunshin, ativar!”

Bekka não conseguiu segurar o riso, agora em “estéreo trifônico”. Caska não gostou muito e fez uma careta com beicinho.

— Entenda pequenina... Na luta, no campo de batalha, ninguém vai esperar para eu fazer uma pose estilosa ou carregar o meu Sharigan... – Tentou explicar Bekka, fazendo o clone da esquerda sumir numa nuvem de poeira branca bem fininha sem deixar qualquer vestígio de sua existência. – Você tem que agir com rapidez ou será morta.

— Você sabe fazer um Sharigan? Que sugoi!

— Rei... Dá uma ajudinha aqui... – chamou Bekka, colocando a mão sobre a testa e olhando desesperada para o lado do acampamento que  companheiro estava sentado.

O Rei se levantou devagar. Ele já tinha tirado a armadura e estava apenas de calças compridas bem folgadas, como se fosse um moletom velho. Ele sorriu e foi andando em direção às duas meninas.

— Caska, sabe tudo que você aprendeu nos animes e seriados japoneses sobre Chi, Chakra, Jutsu e outras coisas? Serve apenas para fazer fan service. Ajudar a vender um produto. Eu mesmo gostava muito de Power Rangers, mas não conheço nenhum inimigo que ficaria parado o tempo de transformação dos heróis, esperando eles fazerem aquele monte de poses para atacar. Aqui as coisas não são diferentes. Se você demorar muito para ativar seja lá que poder você tiver, você vai morrer. – Caska parecia olhar incrédula para o Rei. Esperava que alguém que tivesse um poder tão “dahora” quanto àquele fosse mais empolgado. – Vamos fazer assim... você deve saber alguma pose dessas, não sabe?

— Eu conheço todas do One Piece. O Zoro é tão lindo...

O Rei então foi até a sua sela e de lá puxou as espadas de treino. Entregou uma a Caska.

— Vamos fazer assim: você faz a sua pose e desfere o seu ataque. Eu só vou tentar impedir daqui – disse ele dando seis ou sete passos longe da menina.

— Vai ser moleza. Eu consigo fazer um Sai Kuru bem rapidão.

Os dois estavam a mais ou menos cinco metros um do outro. Caska colocou as espadas em guarda neutra esperando o sinal de Bekka quer seria a juíza desta contenta. O sinal veio da Bekka da direita. O sinal veio na forma de um assovio.

— Sai... – começou a dizer e menina quando o ar foi expelido de seu peito por um golpe rápido e certeiro na boca do estômago. Ela curvou-se para frente, lutando para espirar enquanto garantia que o seu jantar não fosse decorar o chão do acampamento. Ela mal podia acreditar que o Rei tinha percorrido aqueles cinco metros de um único dash e a acertado com tanta força. Ela nem tinha visto, mas agora estava sentindo, e muito.  Logo ela sentiu uma mão na sua cabeça, passando pelo seu pescoço e costas, pressionando alguns pontos chaves. A ânsia de vômito passou quase que imediatamente e o ar foi voltado aos poucos.

— Acho que a defesa encerra – riu Bekka, entregando a menina um copo de vinho. O Rei estava às suas costas ainda pressionando alguns pontos em silêncio.

— É... Eu acho que você tem razão. Desculpe por ter agido como uma maluca.  Ei... Que cheiro podre é esse? – Perguntou a menina, pouco antes de a primeira figura cambaleante atravessar os limites do campo. Logo atrás deste primeiro seis mais surgiram. Eram inchados como cadáveres deixados meio afogados numa poça de água, com pele descascando de seus músculos. Não tinham cabelos, a não ser tufos irregulares em algumas partes do corpo, que parecia refletir a luz da lua como se estivessem cobertos de óleo. Os olhos eram de um  branco vítreo e leitoso. Eram capazes de causar pesadelos apenas com a sua visão. Eles não caminhavam, e sim cambaleavam como bêbados, com seus braços flácidos e mãos cheias de dedos longos que terminava em pequenas garras, apontadas para frente.

— Carniceiros! – amaldiçoou o rei ao perceber que seu equipamento estava do outro lado do campo de batalha.


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