Quando cruzou o corredor, finalmente as lágrimas estavam livres para cair. Ele era seu melhor amigo desde a infância, saber que aquela amizade havia acabado doía, doía tanto que tudo o que ela queria agora era se trancar em seu quarto e chorar por uma semana, um ano talvez.

James, ainda a acompanhando em silêncio, não conseguiu aguentar mais. Guardou o mapa no bolso e puxou sua capa. Queria pelo menos tentar fazer algo para que ela se sentisse melhor, ou talvez fazê-la se irritar tanto que esquecesse o motivo das lágrimas.

—Lumos. —Disse ao lado da garota, assuntando-a. Alguns quadros começaram a reclamar, mas nenhum dos dois se importou.

—O-o que diabos está fazendo aqui?! –Ela perguntou ainda se recuperando, secando as lágrimas em sua bochecha e agindo como se nunca tivesse chorado.

—Bom ver que apesar do susto ainda me trata normalmente. –Brincou e ela o fuzilou com os olhos. –Estive aqui o tempo todo, você só não percebeu.

—Não estou com cabeça para suas cantadas baratas agora. –Bufou ao ver o sorriso galante nos lábios dele.

—Tudo bem, isso não importa. Não deveria chorar por ele, Evans.

—Eu não estava chorando! –Teimou, embora seus olhos provassem que o que acabara de dizer não passava de uma mentira. –Estava me seguindo?

—Não, eu estava passando pelo corredor e ouvi a conversa, é diferente. –Lily cruzou os braços, decidindo se acreditava ou não no que James lhe falava. –Sinto muito pelo que houve.

—Não, não sente. –Falou sem olhar pra ele, com o nariz empinado e os olhos no caminho que seguiam.

—É, talvez não, mas pelo menos eu sei que você não ganha o jogo indo atrás do pomo de ouro quando a partida já acabou. –Ela franziu o cenho, tentando entender o que ele queria dizer com aquilo. –O que eu estou querendo dizer é que ficou óbvio que isso não daria certo no segundo em que ele foi para aquela casa lá e começou a andar com as pessoas erradas. Era só uma questão de tempo até acontecer o que aconteceu.

—Poxa, obrigada, Potter. –Ela disse arqueando as sobrancelhas. –Você realmente piorou tudo.

—Eu não deveria ter dito isso, não é? Pelas cuecas de Merlin, eu realmente sou péssimo em fazer você se sentir melhor. Deixe-me tentar de novo: quer que eu faça algo para ajudar?

—Me desculpe. –Ela murmurou, soltando o ar, cansada. -Não deveria ser grossa com você se não é sua culpa, por mais irritante que você seja.

—Agora estou realmente preocupado. –James falou segurando-a pelos ombros e olhando-a atentamente. –Nunca me pediu desculpas antes, e olha que deveria.

A cara de assustado que ele estava fazendo a fez rir, e James comemorou internamente admirando seu sorriso por alguns segundos. Continuaram o caminho até a torre da Grifinória em silêncio. Ele daria tudo para saber o que sua amada ruiva pensava naquele momento.

Quando chegaram ao salão encontraram Sirius e Marlene aos beijos no sofá, o que já não era novidade para os dois. Ambos pareceram não se importar com o buraco do retrato se abrindo, apenas continuaram com seus amassos, parando apenas para dar uma breve olhada em quem havia chegado.

Um sorriso surgiu nos lábios do dois, que agora estavam abraçados no sofá olhando para os amigos como se dissessem "Eu sabia!", mas Evans logo fez questão de esclarecer a situação.

—Não sei por que vocês ainda têm esperanças de que vai acontecer algum dia. –A ruiva suspirou. –Podem tirar o sorriso do rosto, ele apenas me encontrou no corredor e voltamos juntos para o salão.

—Depois que ela se declarou para mim. –James completou e ela revirou os olhos.

—Pode repetir isso a vontade, ninguém vai acreditar em você. –Ela respondeu.

—É como eu sempre digo Evans, a esperança é a última que morre. –Sirius brincou ainda sorrindo. –Espera, essa frase é do Prongs.

—Cala a boca, Padfoot. –Potter mandou revirando os olhos.

—E vocês? Quando vão assumir que estão juntos? –A ruiva mudou de assunto, olhando o casal.

—Não estamos juntos. –Marlene respondeu e Sirius balançou a cabeça concordando com ela. Como se o que o que ela dissesse fosse um absurdo. –Acham que eu seria louca de namorar alguém como ele?

—Hey, assim você me ofende, Lene. –Black disse olhando nos olhos dela.

—Sinto muito se a verdade dói, querido. –Ela piscou. –E também sinto muito se eu não namoro, sei que você adoraria.

—Vai fazê-lo chorar dessa forma, McKinnon. –James disse e o amigo lhe jogou uma almofada, enquanto Marlene gargalhava com gosto e era acompanhada por Lílian. –Não quero que ele passe a noite falando do quanto dói ver você com outro.

Com um movimento de varinha de Sirius todas as almofadas foram arremessadas contra James, e o barulho no andar debaixo acordou Dorcas. Preocupada com o que poderia ser, ela desceu as escadas com a varinha em mãos.

Quando seus olhos encontraram James suas bochechas logo ficaram vermelhas, e ela desejou que estivesse mais arrumada. Dorcas era colega de quarto de Lily e Marlene, e desde sempre teve uma queda pelo artilheiro da Grifinória, mas ele não tinha olhos para ela, apenas para a ruiva que estava ao seu lado no momento.

—Desculpa, pensei que tinha algo errado. –Falou assim que conseguiu encontrar sua voz, guardando a varinha e passando as mãos nos cabelos para arrumá-los.

—Posso ver várias coisas erradas aqui, Meadowes. –James falou lançando um olhar para Lily, que cruzou os braços e revirou os olhos.

—Não começa, Potter. Pensei que aquele "não" tivesse sido o suficiente por hoje. –A ruiva falou e Sirius escondeu o riso na curva do pescoço de Marlene. Com certeza aquilo seria motivo para mais brincadeiras no dia seguinte. –Vou me deitar, já é tarde e não estou nem um pouco disposta a chegar atrasada no primeiro dia por sua causa.

—Sei que gostou do tempo que passamos juntos, ruiva. –Ele piscou o olho e ela ignorou.

—Você vem, Lene?

—Vou. –McKinnon se levantou, dando um último selinho em Sirius. –Nos vemos amanhã.

...

Snape passou o café da manhã todo com os olhos em Lilían, mas ela fingiu não se importar. Reação completamente diferente da de James, que o fuzilava com o olhar. Evans havia deixado claro que não queria mais ser amiga dele, por que a olhava tanto?!

—Vai acabar matando alguém assim, Prongs. –Sirius disse ao perceber que James não havia prestado atenção em absolutamente nada do que havia dito.

—Essa é a intenção.

—Achei tivesse dito que o Ranhoso não tem mais nada com a Evans. –Remus falou.

—E não tem. Então por que continua encarando?

—Escuta, por que não convida a Dorcas pra sair? Ela gosta de você e quem sabe assim você esqueça a obsessão que tem pela cabeça de fogo.

—Você sabe que não vou, Wormtail. –Murmurou dando uma rápida olhada para a ruiva, que estava sentada no fim da mesa com as amigas. –Então, já decidiram qual vai ser a primeira do ano?

—Vocês sabem que eu não deveria participar dessas coisas, não é? Afinal, sou um monitor agora.

—Oh Moony, e nós temos tanto orgulho de você. Nosso bebê finalmente cresceu!

—Cale a boca, Sirius. –Mandou empurrando o amigo que fingia estar emocionado e bagunçava os cabelos dele.

—Não importa, todos nós sabemos que irá conosco mesmo sendo um monitor.

—Alguma ideia?

Black fechou os olhos e com sua varinha saiu apontando as cegas pela mesa da Sonserina. Quando finalmente parou, sua varinha indicava ninguém menos que Lucius Malfoy.

—Alvo escolhido. Agora, o que faremos?

—Tenho uma ideia, mas primeiro temos que descobrir quando será o primeiro treino da Sonserina. Nenhum deles pode estar no dormitório, nós precisaremos de tempo. –Potter sorriu.

—Posso descobrir com a Narcisa. –Disse indicando a prima, que também estava no sexto ano. A loira estava sentada ao lado do noivo e das amigas, rindo de alguma coisa.

—Ótimo, e como Remus é monitor já sabemos a senha do salão comunal da Sonserina.

—Hey Sirius, quem é aquele com a McKinnon? –Peter provocou.

—Eu não sei. –Ele deu de ombros, como se não se importasse. –Caras, já tivemos essa conversa antes. Sabem que eu não me importo com os namoros da Lene.

—Ele ainda está se fazendo de difícil. –James murmurou e Sirius revirou os olhos.

—Melhor começarmos a andar ou chegaremos atrasados para a aula de feitiços. –Lupin os lembrou enquanto se levantava e os outros, com um resmungo, o acompanharam.

...

—Então Moony, quando é a transformação deste mês? –Peter perguntou.

—Fale baixo, por Merlin! Quer que Hogwarts inteira saiba? –Pediu.

—Já basta o Ranhoso. –James implicou.

—Ainda acho que ele só está aguardando o momento certo pra contar a história pra todo mundo. –Sirius murmurou.

—Não acho que ele faria isso. Dumbledore foi muito claro quando disse a ele para não contar. –Remus disse. –De qualquer forma, vai acontecer daqui a duas semanas.

—E é aqui que a gente se despede. –Black sorriu, parando de andar.

—Vai se encontrar com a McKinnon?

—Me deem cobertura. –Pediu, deixando-os sem resposta.

—Nos vemos mais tarde então.

Assentindo, Black se afastou, seguindo em direção ao armário de vassouras, onde sempre se encontrava com a McKinnon. Aquele era o ponto alto do seu dia, embora nunca fosse realmente dizer a ela. Sabia que ela fugiria.

Tomando cuidado para não ser visto, Sirius abriu a porta e entrou, mas não a encontrou lá. Então se sentou e esperou, afinal, por mais atrasada ela sempre aparecia.

...

—Sirius não estava indo se encontrar com ela? –Remus perguntou observando Marlene na entrada do salão comunal ao lado do mesmo garoto do café da manhã.

—Talvez seja outra garota. Aparentemente McKinnon não vai a lugar nenhum. –Respondeu Potter.

—Como o Padftoot aguenta isso? –Pettigrew murmurou olhando-a gargalhar. –É óbvio que ele gosta dela.

—Pads sempre foi o mais estranho. Talvez o fato de que ela sempre acaba voltando para ele deixe tudo suportável.

—Ainda sim eu não aguentaria, Prongs.

Mas ele já não estava ouvindo, toda a sua atenção estava na garota sentada diante da lareira com seu livro nas mãos, lendo como se estivesse sozinha naquele lugar e não houvesse nenhum barulho para atrapalhar.

James se aproximou dela, sentando-se ao seu lado, mas ela pareceu não notar. Estava concentrada demais em Homens notáveis da magia de nosso tempo. Mas ele queria sua atenção, queria seus lindos olhos verdes nele mesmo que para dizer o quanto ele era insuportável.

—Eu sei que está me olhando, Potter. –Disse ao passar uma página do livro, sem nem ao menos desviar os olhos. Oh, então ela o tinha notado? –E pode tirar esse sorriso do rosto, minha resposta ainda é não.

—Eu não vou convidá-la para ir a Hogsmeade.

A garota ergueu os olhos fixando-os no Grifinório a sua frente. Suas sobrancelhas arqueadas, como se soubesse a verdade, o que o fez rir.

—Tudo bem, eu vou, mas não agora. –Corrigiu, fazendo-a rolar os olhos. –Quero saber como você está.

—Ocupada lendo.

—Alguma coisa interessante?

—Muitas, principalmente sobre nosso diretor. Sabia que Dumbledore consegue ficar invisível sem uma capa de invisibilidade? Ele também consegue fazer magia sem o uso da varinha.

—Agora realmente estou preocupado a respeito do quanto ele sabe sobre nossas aventuras pelos corredores.

—Talvez se fosse mais responsável não precisaria se preocupar.

—E qual seria a graça? Logo estaremos no nosso último ano e depois teremos cada vez mais responsabilidades que nos tirarão toda a diversão, só tornarão nossa existência ainda mais miserável.

—O que você chama de diversão eu chamo de irresponsabilidade.

—É por isso que não sai comigo?

—Esse é um dos motivos, sim.

—Pode me dizer quais são os outros? –Pediu, com um sorriso presunçoso.

—Tem uma pena e um pergaminho? Porque a minha lista é enorme, James Potter. –Disse fechando o livro finalmente.

—Assim você me machuca, Evans. –Murmurou, fingindo estar ofendido.

—Desista, eu nunca vou sair com você.

—Eu ainda te provarei o contrário, Lílian. –Disse para provocá-la. Todos sabiam que ela odiava ser chamada pelo nome, tanto que se apresentava como "Lily" todas as vezes.

Foi quando Leslie Mitchell se sentou ao lado do garoto dos cabelos rebeldes, olhando-o atenta. Ela era obcecada por James desde o ano anterior, quando os dois ficaram em uma festa da qual ele quase não lembrava, já que Black o deixou completamente bêbado.

—Deveria parar de perder o seu tempo com ela.

—Concordo. –Lily murmurou, abrindo seu livro novamente. Ela não viu quando Leslie revirou os olhos, mas James sim.

—Eu falo sério, se ela não quer tem quem queira. Além disso, você merece coisa melhor. –A ruiva riu ao ouvir o que a morena disse, deixando-a ainda mais irritada. Como se não bastasse ter que competir com a perfeitinha Lilian Evans ainda teria que aturar a garota debochando dela?

—Escuta Mitchell...

—Não percebe que ela ficaria com o esquisito do Pettigrew antes de olhar pra você? - Os olhos verdes da grifinória desviaram das palavras no livro, se encontrando com os azuis de James. Ele estava mesmo esperando por uma confirmação?

Lilían gargalhou tão alto que todos naquele salão olharam para ela. James adorava aquele som, um pequeno sorriso até se formou no canto de seus lábios, mas ele ainda estava esperando uma resposta. Quando ela finalmente se acalmou, secou as lágrimas no canto de seus olhos e respirou fundo.

—Vocês são engraçados. –Foi tudo o que ela disse antes de se levantar, seguindo em direção ao quarto. Mas antes que avançasse muito, Potter segurou seu braço, fazendo-a se virar.

—Vamos Lily, diga se é verdade. –Pediu com um pequeno sorriso e um olhar suplicante.

—Isso é tão estúpido.

—Eu sei, eu sou estúpido. Agora escolha um Maroto.

—Maroto? Como se não bastassem os apelidos estranhos entre vocês o grupo também tem um nome?

—Vai mesmo me deixar pensando nisso a noite toda? Eu esperava isso da McKinnon, já que ela tem uma pedra de gelo no lugar do coração, mas de você? Estou surpreso.

—Talvez a convivência tenha me feito ser como ela. –E deu de ombros, se virando mais uma vez para seguir seu caminho. Mas Potter não desistiu, seguiu ao seu lado.

—Isso significa que escolheria o Sirius?

—Eu não disse isso. –Ela riu e ele se colocou na frente dela, impedindo-a de passar.

—Então Remus?

—Por que quer tanto que eu escolha? Não é como se eu fosse sair com um de vocês.

—Poderia sair comigo se quisesse.

—Sirius me disse a mesma coisa no terceiro ano, se lembra?

—Mas você disse que nunca ficaria com alguém como ele.

—Eu sei.

—Por favor, se fosse para sair com um de nós, qual seria?

—Boa noite, Potter.

A garota deu um sorriso divertido e passou por ele, subindo as escadas. O que ela não sabia era que ele estava falando sério quando disse que passaria a noite toda pensando naquilo.

...

—Acho que vou me deitar. –Zack murmurou no ouvido de Marlene. Eles eram os únicos que ainda estavam no corredor, os outros alunos que dormiam há um bom tempo.

—Tudo bem, nós nos veremos amanhã? –Perguntou.

—Mal posso esperar. –Disse segurando seu rosto e beijando-lhe no canto da boca. Com um último sorriso ele se despediu, descendo em direção ao salão comunal da Sonserina.

McKinnon entrou e se jogou no sofá, encostando sua cabeça e sorrindo. Ela não se apaixonava, jurou que nunca permitiria que isso acontecesse, mas isso não a impedia de se encantar por alguns garotos ao longo dos anos. Até gostava da sensação, mas nunca durava muito tempo.

O único para quem ela nunca havia dito adeus era Sirius Black. Não sabia como, mas ele mexia com ela de um jeito que nenhum dos outros havia conseguido. Mesmo que tentasse se afastar não dava certo, então ela ficou quando ele prometeu que aquilo nunca seria um relacionamento.

Relacionamentos só servem para machucar, iludir, prender e acabar, deixando um rastro de destruição no lugar do que um dia foi um coração cheio de vida.

Ela nunca havia reparado em Zack Bennet antes daquela tarde. Talvez porque ele estava no sétimo ano e se sentava na mesa da Sonserina com sua namorada – agora ex. O garoto tinha os olhos claros, cabelos num tom de loiro e um sorriso que fez seu coração saltar assim que ela o viu.

Bennet havia ido procurá-la no café da manhã. Disse que a achava muito bonita e que gostaria que ela passasse o primeiro fim de semana ao seu lado em Hogsmeade. Não sabia bem o motivo, mas não conseguiu dizer não.

Seus pensamentos logo foram interrompidos pela movimentação estranha próxima ao retrato da mulher gorda. Ele se abriu e de lá saiu Sirius, com uma expressão nada contente.

Havia esquecido totalmente.

—Imaginei que ainda estaria aqui.

—Merlin, Sirius eu...

—Da próxima vez avise que não vai aparecer. –Pediu, sentando-se no sofá, longe dela.

—Zack e eu estávamos conversando. Esqueci completamente. –Ela se aproximou, sentando-se ao seu lado. Dando uma demorada olhada no grifinório seus olhos se fixaram em seu uniforme amarrotado e cabelo bagunçado. –Parece que não ficou me esperando por muito tempo, afinal.

—É, eu não fiquei.

—Stella Winstead de novo? –Perguntou e ele balançou a cabeça, negando.

—Eleonora Yaxley.

—A monitora? –McKinnon arqueou as sobrancelhas. –Pensei que não gostasse dela.

—Só porque ela faz tudo o que minha prima diz não significa que eu não gosto dela. –Ele deu de ombros. –Pelo menos ela estava lá.

Então Sirius se levantou e subiu até o seu quarto. Entrou cauteloso para evitar acordar seus amigos, mas encontrou James sentado próximo a janela olhando atento para o mapa. Apenas a luz fraca de sua varinha iluminava o lugar e o único som ouvido era o dos roncos de Peter.

— Eleonora Yaxley? Sério Black? Você não odiava ela? –Potter perguntou ao amigo, que apenas deu de ombros.

—O que faz acordado?

—Acha que a Lily gosta do Remus?

Não conseguiu se controlar, soltou uma gargalhada tão alta que fez com que Lupin lhe lançasse uma azaração, errando por pouco. Peter continuava em seu sono profundo.

—Vão dormir vocês dois. –Mandou.

—Faz sentido, não? Isso explicaria por que ela não sai comigo.

—Por que está pensando nisso?

—Eu pedi a ela que escolhesse um de nós e ela não respondeu.

—É óbvio que ela me escolheria.

—Lógico que não.

—Como sabe? Talvez no fundo ela goste dos caras maus. Toda aquela ilusão do mocinho que muda totalmente o seu jeito apenas para ficar com a mocinha, que do nada se torna a coisa mais importante da vida dele e ele é capaz de tudo por ela, até desistir do sexo casual e se prender em um relacionamento. Os dois vão ter algumas brigas ao longo do caminho, mas no fim ele vai pedí-la em casamento indo contra tudo o que acredita, eles vão ter cinco filhos e toda aquela coisa de felizes para sempre.

—Você é maluco. E ela já disse que nunca escolheria alguém como você quando tentou convidá-la para sair.

—Então você acha que o escolhido seria o Remus por ter mais coisas em comum?

—Por quê? Você acha que ela escolheria o Peter? –Sirius deu uma rápida olhada no amigo, que babava em seu travesseiro e se virou para James.

—Ninguém escolheria o Peter. –Os dois riram. –Acho que ela escolheria você.

—Se Lily gostasse de mim já teria aceitado meu convite sair.

—Talvez ela não escolha nenhum de nós porque é secretamente apaixonada pela McKinnon, e como ela não curte essas coisas, Lily preferiu enterrar esse sentimento e ficar sozinha até se formar. Depois de alguns anos ela finalmente vai parar de se esconder e sair com alguma gostosa que vai conhecer no trabalho. No início elas vão pensar que é apenas uma amizade comum, até que elas se beijam e percebem que nasceram para ficar juntas.

—Você me assusta. –James murmurou franzindo a testa. –Vou me deitar antes que você invente outra história maluca sobre a Evans e eu não consiga mais olhar pra ela sem imaginá-la no meio delas.

—Tem que admitir que seria interessante. –James riu e revirou os olhos.

—Achei que se encontraria com a McKinnon hoje. –Disse depois de um tempo de silêncio.

—Eu também, mas parece que o cara do café da manhã é a nova diversão da Lene.

—E o que você vai fazer?

—Esperar que ela se canse. Não deve demorar muito. –Murmurou dando de ombros. –E você e a Evans?

—Vou continuar tentando.

—Sem ofensas Prongs, mas vai mesmo deixar Hogwarts sem ficar com nenhuma garota por causa da Lily? Eu sei que você gosta dela, mas...

—Já fiquei com várias garotas. –Interrompeu. E era verdade que a lista de garotas que já tiveram a boca de James Potter coladas na sua era enorme.

—Sabe do que eu estou falando. –Potter revirou os olhos e Black soltou o ar. –Mitchell não conta. Só passou a noite com ela porque estava bêbado.

—Eu não quero.

—Você precisa superar e é óbvio que beijar outras bocas não está adiantando.

—Eu não consigo, ela é a garota perfeita. –Murmurou, acrescentando a última parte com um sorriso. –Na verdade, ela é muito mais do que isso.

—Tudo bem, e eu acho que vou vomitar. –Sirius disse olhando para o amigo, que balançou a cabeça. –Só não quero que se arrependa quando sua única opção for desistir da garota.

—Não vou.