Sonic The Hedgehog: Outside N'Counter escrita por Hunterx


Capítulo 4
Conhecimento é tudo


Notas iniciais do capítulo

Vicent voltou atrás em suas convicções e atendeu a filosofia de Nicole. Isso trouxe uma pequena dose de paz ao QG.

E Silver hoje descobrirá um inimaginável fato que vai mudar toda a história.



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Neo Mobotrópolis, no futuro.

Silver seguia com seu plano: entrar no castelo do reino de seu mestre e buscar mais respostas, quem de ter Metal Sonic como um suposto aliado. Embora a história contada por Metal faça algum sentido, o ouriço prateado se cercava de cuidados. Ele, pensativo, caminhava junto aos guardas.

 *Isso tudo está muito estranho… Metal Sonic não mentiria, mas parece que tem mais coisas que ele não me contou… Devo ter cautela. No momento preciso mesmo falar com meu mestre*

Não demora muito e os guardas levam Silver e seu prisioneiro até uma sala de isolamento. Era tudo muito sofisticado: um lugar onde haviam câmaras onde vários robôs estavam sendo mantidos presos a cabos. E o mesmo foi feito a Metal que, olhando para Silver, fica em silêncio. O ouriço, percebendo que as coisas estavam fáceis demais, pensa:

— *Ele nem ao menos tentou escapar nem nada. Será que está mesmo dizendo a verdade?*

Logo um dos guardas vai até Silver e diz:

— Nossa excelência o rei irá recebê-lo agora. Como disse que o conhecia, marcou-o em lisonjeiros. Acompanhe-me, nobre cidadão.

— Eh, bem… tudo bem. Vamos.

O castelo era enorme e belíssimo, com vários quadros que pareciam narrar varias conquistas do reino ao passar dos anos. As paredes eram revestidas por mármore e o chão era tão lustrado que se podia ver o próprio reflexo como um espelho. Os corredores eram largos com o teto bem alto por sinal, demonstrando toda a imponência da construção. Silver mostrava-se fascinado por toda aquela grandeza e, acompanhando o guarda, logo chega a sala do rei. Era um lugar aconchegante, quase como uma biblioteca particular, com uma lareira ao fundo, sofás e poltronas. Ao fundo, havia um trono, onde estava Mogul. Logo o guarda apresenta:

— Aqui, vossa majestade, estás o cuidador. Ele foi o responsável pela captura do insurgente metálico.

Mogul, ao olhar para Silver, teria uma reação mais exaustada, comportamento quase visível a todos. Mas decidiu se manifestar seguindo o protocolo.

— Peço-lhe graças pelo bem feitio. Guarda, deixe-nos a sós. Preciso conversar em particular com nosso cuidador.

— Como mandar, vossa majestade.

Mogul, assim que percebe estavam a sós, vai até Silver, o abraçando. O ouriço, sem entender, até porque não era um comportamento comum, segundo seus instintos, fica sem entender sua gentileza. E Mogul, falando baixo eu seu ouvido, diz:

— Faça de conta que eu sempre fiz isso. Estamos sendo observados

Silver, agora com ainda mais duvidas, retribui o abraço, dizendo:

— Que bom que tudo deu certo, mestre. Eu finalmente consegui.

— De fato. Me dá muita satisfação que está bem, jovem pupilo. Venha, vou lhe mostrar o que conquistamos.

Ele logo leva o ouriço até uma sala ao lado, possivelmente um aposento mais reservado, pois Mogul mostrava preocupação em seu rosto. Silver estava mesmo estranhando tudo aquilo, acompanhando seu mestre sem perguntar nada. Logo após Mogul fechar a porta, logo diz:

— Silver, não acredite em tudo que viu aqui!

— Eu já fui avisado sobre isso, mestre. Eu tenho um pouco de conhecimento do que anda acontecendo aqui. Estava precisando de sua resposta, mas vejo que já a consegui.

— Então você já está sabendo de tudo?

— Quase tudo. Metal Sonic me contou que você me mataria até.

— Bem, na verdade… eu fiz isso.

— O que? Como assim?

— Metal Sonic do futuro retornou e me contou tudo. Isso foi a quatro dias. Depois disso eu não tive mais contato.

— Bem, mestre… ele for destruído por você, de acordo com o Metal Sonic de hoje.

— Então as coisas estão piores que eu imaginava.

— Porque diz isso?

— Se eu, bem… “destruí” Metal Sonic do futuro e o mesmo me avisou que eu o mataria hoje, então ele está fazendo o mesmo que você andou fazendo até hoje: tentar mudar o passado.

— Mestre, eu não estou entendendo nada.

— Muito bem, meu pupilo. Eu fui um poucos orgânicos com poderes que sobreviveram ao dia do “Nada existe”.

— Metal Sonic me disse sobre esse dia. O que aconteceu?

— O fim de tudo.

— Mas como nosso futuro ficou assim? Metal Sonic me disse que isso aqui é somente uma fração do que restou.

— Ele diz a verdade. Venha aqui, preciso lhe mostrar uma coisa.

Ele então ativa um monitor, que parece ser bem arcaico para a época atual, onde imagens em baixa resolução e deve péssima qualidade parecem mostrar um flanco de guerra. Inclusive é possível até mesmo ver Metal Sonic lutando ao lado de mobianos e até mesmo se colocando frente ao fogo inimigo. Como as imagens não eram tão claras, não se conseguia reconhecer outros aliados. Silver, preocupado, diz:

— Mestre, quando isso aconteceu?

— A duzentos anos atrás, meu pupilo. Nesse embate eu já havia sido preso.

— Duzentos anos? Mas como o senhor pode viver tanto tempo assim?

— Eu nunca o disse... Compreendendo sua ignorância. Meu pupilo, eu sou um deus.

— UM DEUS?

— Sim. Uma dádiva conquistada por mim a muitíssimos anos atrás que hoje eu pago por minha ambição.

— Porque o senhor escondeu isso de mim todo esse tempo?

— Para preservá-lo. Contar a você algo tão impactante poderia influenciar sua missão. 

— Eu entendo. Mas quem o prendeu?

— A mesma pessoa que trouxe o fim a tudo.

— E quem foi essa pessoa?

— Essa é a dúvida de todos. Eu não pude ver, tampouco pressentir a presença dessa pessoa. Mesmo com todo meu poder eu não consegui fazer nada e fui aprisionado. Até os dias de hoje eu nunca vi seu rosto, quiçá seu nome.

Ele então levanta uma das pernas de sua calça e mostra um tipo de equipamento. Logo o ouriço pergunta:

— O que é isso?

— É um inibidor, meu pupilo. Eu não tenho poder algum, a não ser que quem me controla permita. Fui eu que reconstruí Nova Mobotrópolis para que um seleto grupo de indivíduos pudessem viver aqui. Essas pessoas não se importam com nada além de Nova Mobotrópolis. Estamos sobre uma ditadura. O resto do mundo definha enquanto os que aqui habitam vão perpetuar seus descendentes “puros”.

— Minha nossa! Isso é terrível! É muito pior de como estávamos antes. Eu… eu falhei mais uma vez e, pra piorar, trouxe essa dor toda a todos, até ao senhor…

— Não, meu pupilo. Nada do que aconteceu foi por interferência sua.

— Mas como o senhor pode ter tanta certeza?

— O que fez com que tudo acabasse foi depois de você sumir. Metal Sonic me disse a quatro dias.

— Então o que houve? E quem o controla, mestre?

— O mesmo que me mantém preso é a mesma pessoa que trouxe essa desgraça ao mundo. Porém ninguém sabe seu nome.

Mogul então caminha até um outro monitor e, olhando para Silver, diz:

— Eu sei o que está imaginando, meu pupilo. Eu sei que você quer voltar no futuro para evitar tudo isso. E você estaria morto agora se não fosse Metal Sonic me avisar. Ele havia sido capturado por um nômade e entrou no meu castelo e…

Silver se viu na obrigação de interromper seu mentor, dizendo:

— Mestre, essas coisas que o senhor está dizendo…

— O que houve?

— Eu acabei de trazer Metal Sonic como meu prisioneiro para poder entrar aqui e falar com você. Ele não disse nada sobre nômade algum.

Mogul, arregalando seus olhos, diz:

— Então isso significa que…

— … eu sou o nômade que o senhor disse.

— Mas como? Já se foram quatro dias que Metal Sonic do futuro apareceu.

— Mestre, só pode ser uma coisa.

— O que poderia ser?

— O Metal Sonic que é seu prisioneiro…

Silver logo corre até a porta, sendo impedido por Mogul, que pergunta:

— O que você vai fazer? Se sair poderá ser morto.

— Não podemos perder tempo! Tudo está em jogo agora.

— Porque?

— Mestre, o Metal Sonic que está preso é… o que veio do futuro!

Um grande dilema a Silver e seu mestre, Mamute Mogul, os coloca frente a um imenso desafio. O problema só aumenta…

Nova Mobotrópolis, no presente.

Era uma manhã agradável em Nova Mobotrópolis. Todos ainda estavam no QG dos Lutadores da Liberdade. Com Big sentado no lado de fora da base, enquanto Cream brincava com Cheese. Os demais membros dos lutadores da liberdade estavam dentro da base, com Amy comendo cereal a mesa e Sonic observava seus amigos, que davam total atenção a Vicent. O rapaz estava sendo analisado por Nicole com seus nanites. Rotor e Tails a auxiliava. Vicent, um pouco preocupado, fiz:

— Essa parada não vai me machucar, né?

— Não, fique tranquilo. Só estou fazendo isso pra poder medir o grau de radiação dessa pedra - Disse Nicole, bastante concentrada.

— Precisamos ter noção do que essa pedra representa para seu corpo, Vicent. Eu acho que é ela que é a responsável por sua “transformação” - Disse Rotor, segurando um tablet com gráficos.

Depois de tanto checarem, o que quer custou toda a manhã, enfim Nicole retira seus nanites de leitura de Vicent, que diz:

— Ufa. Já estavam fazendo cócegas.

— Me desculpe, Vicent - Disse Nicole, sendo cuidadosa.

— Ih relaxa, anjo. Tô bem. Não foi nada.

Rotor, olhando para o tablet, diz:

— Bem, pela leitura coletada de todo seu corpo, confirma o que eu suspeitava: essa pedra de fato está ligada a você.

— Tá, e como se tira ela?

Nicole, olhando de forma séria para Vicent, logo trata de avisar:

— Não podemos retirá-la de forma alguma.

— O que? Como não?

Rotor não perde tempo e logo completa:

— Ela está ligada a você intimamente. Resumindo bem, essa pedra faz parte do seu corpo.

— Como é que é?

— Ela não está presa a você. Ela é parte de você!

— Mas como, gente? Eu nunca tive essa coisa antes. Tem que ter um modo…

— Essa pedra que te dá forças também.

— Então é por causa dela?

— Sim. É um tipo de reação volátil.

— Volátil? Isso quer dizer que minha reação que a faz brilhar?

— Até me impressiona você falar dessa forma, mas você está correto.

Nicole, fazendo com que um monitor holográfico aparecesse a frente de Vicent, diz:

— Como pode ver, seu corpo tem a energia concentrada de forma uniforme por toda sua estrutura óssea e muscular. Essa pedra nutre seu corpo com energia toda vez que é ativada. Pelo visto o gatilho é a sua fúria.

— E como podem afirmar isso?

— Pelo seu histórico, ou pelo menos das coincidências dos fatos que ocorreram na Death Egg como Sonic disse e o que nós presenciamos aqui.

— Eu não estou gostando disso. Se essa coisa é tão volátil assim, é algo muito perigoso.

Tails, ouvindo a todos até então, logo toma a palavra:

— Sim. Todos nós concordamos, Vicent. Por isso que eu estou montando um inibidor.

— Inibidor? Como assim?

— É um mecanismo que desenvolvi com o Rotor e a Nicole pra você poder controlar melhor seu… bem, seu “poder”.

— Vocês vão meio que bloquear os efeitos, é isso?

— Mais ou menos. Nicole, por favor, mostra pra ele os efeitos.

Nicole então mostra em seu monitor holográfico os efeitos com e sem o inibidor:

— Está vendo? Sem o inibidor, toda a energia que você tem fica ativa de forma aberta no seu corpo. Basta um gatilho e toda a força vem a tona. Os efeitos só são ativados na sua fúria. Em poucas palavras….

— ...Então no momento eu sou como o Hulk?

— Hã? O que é isso?

— Nada não. Piada interna. Se eu bem entendi, essa força fica desnorteada.

— Sim, exatamente. Mas com o inibidor, você poderá saber quando esse poder ficará ativo pra que você use. Somente a pedra ficará brilhando, ao invés da liberação ser instantânea e sem controle.

— Então eu só sofro esse “upgrade” de eu aceitar?

— Bem, é nesse raciocínio.

Porém embora Vicent pudesse estar em um lugar desconhecido, ele não era inocente. No mesmo instante que raciocina um pouco mais, logo pergunta:

— Olha, até agradeço a ajuda de vocês, mas vocês estão me fazendo de cobaia.

— Cobaia? Do que está falando? - Disse Nicole, surpresa.

— Porque não inibem essa coisa totalmente? Tipo, pra que eu não seja alvo da radiação dessa coisa.

Rotor, entendendo as motivações de Vicent, logo tratou de ser bem sincero:

— Vicent, seja honesto com você mesmo. Você tem um poder que, se bem usado, pode te ajudar a sobreviver aqui.

— Sério que você falou isso pra me fazer sentir melhor? Sobreviver a quê?

— Ora, a tudo. Eu pensei que o que aconteceu lá na Death Egg iria te motivar a conhecer seus poderes.

— Cara, a única coisa que eu quero de verdade é voltar pra casa.

— Eu entendo, Vicent, mas…

— Mas o que? Eu não quero ser uma arma. Não é uma escolha minha ter esse poder.

Sonic, bem mais calmo que ontem, se aproximava de Vicent. Ele, mostrando confiança, diz:

— Camarada, eu sei que você está bem perdido em tudo que está acontecendo, mas eu preciso te avisar que o Tails é um gênio. Ele é tão esperto que ficou quase a manhã toda fazendo essa coisa só pra te ajudar. E isso foi o melhor que ele conseguiu fazer.

O ouriço, olhando nos olhos de Vicent, continuava:

— Se você não quer usar esse seu poder, tudo bem. Eu te entendo, nós entendemos. Mas no momento é o melhor que podemos fazer pra você, entendeu?

Vicent percebeu então que estava agindo como um mal agradecido. Seu comportamento mais uma vez estava causando mal estar de quem estava mesmo disposto a ajudá-lo. Sabido disso, ele vira para Tails, dizendo:

— Obrigado, Tails. Obrigado a todos, na verdade. E desculpe por eu agir feito um idiota.

— Não… não precisa agradecer, Vicent - Disse Tails, um pouco envergonhado.

— Relaxa, Vicent. Você está preocupado, só isso - Disse Rotor, mostrando um sinal de confirmação.

— Como eu disse, vamos fazer de tudo pra te ajudar - Disse Nicole, com um singelo sorriso no rosto.

Tails então começava a instalar o inibidor sobre o braço de Vicent, que estava sentado em uma cadeira enquanto o menino raposa fazia seu trabalho.

As coisas pareciam estar se arrumando. Aos poucos o rapaz parecia alimentar confiança a conhecer melhor suas novas amizades. Durante o procedimento, altas conversas entre todos os membros dos lutadores da liberdade tiravam aos poucos a desconfiança do rapaz, que até mesmo mostrava em seu semblante um pouco de paz, está que desde sua vinda ao QG não era vista.

O procedimento de Tails durou a tarde toda. Já terminado, ele diz:

— Pronto, Vicent. Tudo está pronto.

— Agora precisamos da sua ajuda - Disse Nicole, mostrando um sorriso.

— O que? Minha ajuda? - Disse Vicent, mostrando estar surpreso.

— Sim. O processo envolve uma configuração de comando de voz - Disse Tails, pegando um tablet.

— Como assim?

— Você precisa dizer a Nicole uma palavra ou frase pra você saber quando você pode desbloquear o inibidor e uma palavra pra esse comando.

— Pera, é tipo um comando pra ativar? Isso parece até um vídeo game!

— Não é um jogo, Vicent.

— Eu sei. Só disse pra ilustrar.

Nicole, materializando um monitor, diz:

— Vicent, qual seria a frase ou palavra para saber quando pode ativar e qual a palavra de desbloqueio?

— Pera, você quer que eu faça aqui, na frente de todo mundo?

— Algum problema?

— Bem, sim. Acho que isso deveria ser um segredo, não?

— Bem, você está certo. Podemos ir a uma sala isolada daqui do QG, pode ser?

— Sim.

Todos que estavam alí não questionaram a decisão de Vicent, até porque fazia todo sentido. Já na sala, Nicole diz:

— Só você irá ouvir a palavra ou frase de aviso, mas a de desbloqueio…

— Eu sei, todo mundo vai ouvir. Mas mesmo assim, já é alguma coisa. E não se preocupe com isso. Eu não vou usar essa coisa. Só estou aqui de passagem.

— E qual seriam as frases ou palavras, Vicent?

— Eu sei exatamente quais serão. Em homenagem a minha mãe…

O tempo passa…

Já havia chegado a alvorada. O sol já se escondia entre montanhas ao horizonte. Sobre o QG dos lutadores da liberdade estava Vicent, sentado. Pensativo, o rapaz de longos cabelos pretos olhava para o horizonte:

— *Essa gente desse lugar é estranha mas… mas… eles são muito afetuosos. Mesmo eu sendo um idiota com eles me perdoaram e me ajudaram. Até mesmo aquele ouriço azul marrento me tratou bem, talvez melhor do que eu merecesse…*

E logo Nicole se materializa ao seu lado, assustando Vicent, de chegou a dar um pulo pra trás, caindo de costas. Ela, indo até ele, diz:

— Nossa, Vicent… desculpa!

— Nah… tudo bem. Eu só não me acostumei com isso. Fica tranquila. Eu tô bem.

Ele volta a se sentar, sendo acompanhado por Nicole, que fiz:

— Você disse que escolheu aquela frase e palavra pra homenagear sua mãe.

— Sim. Foi…

— Ela deve ser uma pessoa que significa muito pra você pra ter feito isso.

— Sim…

Ela, percebendo o distanciamento do rapaz ao assunto, continua:

— Você parece estar com muita saudade.

— Mais do que você imagina, Nicole…

— Não se preocupe. Logo estará com ela, vamos te ajudar.

— Nicole, isso não será possível.

— Porque?

— Minha mãe morreu quando tinha dez anos.

— Nossa, Vicent… eu… eu sinto muito. E me perdoe por ter insistido no assunto…

— Não, tudo bem. Não se abale com isso...

Depois de um breve silêncio, Nicole diz:

— Posso te fazer uma pergunta?

— Sim, diga.

— Porque seu cabelo é tão longo assim?

Ele, um pouco mais a vontade, continua.

— Por minha mãe.

— Por ela?

— Minha mãe tinha um cabelo tão grande como o meu e, antes dela partir, tratava do meu cabelo como o dela.

Ele então pega um cordão, onde tinha a foto de seus pais e mostra a Nicole, enquanto continuava:

— Então eu nunca cortei meu cabelo por causa disso. Quero manter tudo que me faça lembrar dela.

— Eu compreendo.

E para mais surpresas a Vicent, pelas suas costas surge Amy junto com Cream. A ouriço diz:

— Ah então você veio antes, né Nicole?

— Hã? Do que vocês estão falando? - Disse Vicent, um pouco confuso.

— Diz pra ele, Nicole. O que a gente ia pedir - Disse Amy, se sentando junto aos dois.

— Pera, o que vocês iam me pedir, hein Nicole?

— Bem, sabe Vicent… é que a gente, bem…

Cream estava mostrando ansiedade, e não tardou em dizer:

— É que a gente queria mexer no seu cabelo. A gente pode?

— Meu cabelo? Mas o que tem demais?

— É que seu cabelo é bem grande e bonito, bem liso. A gente pode, hein? Pode?

— Cream, tenha compostura. Ele vai achar que a gente é interesseira - Disse Amy, um pouco envergonhada.

Vicent, estando pressionado pelas três, não poderia fazer outra coisa a não ser aceitar.

— Tudo bem, podem tocar no meu cabelo.

— Jura? Ai... que bom! - Disse Amy, talvez a mais entusiasmada.

— Nossa, ele deixou! Obrigada, senhor Vicent - Disse Cream, que já alisava o cabelo do rapaz de forma amigável.

Até mesmo Nicole alisou os cabelos do jovem.

— Você trata muito bem seu cabelo, Vicent. O que você faz pra manter ele assim tão liso?

— Bem, eu passo muito shampoo e óleo…

Sonic logo aparece, surpreendendo o jovem:

— É sério, camarada?

Vincent fica envergonhado no mesmo momento.

— Ei, qualé!? Porque você está aqui?

— Que tem? Só tô vendo você fazendo sucesso com a mulherada, parça! Hehehehe!

O rapaz ficou ainda mais envergonhado, ficando tão vermelho que Cream logo comentou:

— Senhor Sonic, ele ficou vermelho que nem um pimentão.

— Ahh! Deixe de ser boba, pequena. Ele tá fazendo isso pra me provocar - Disse Vicent, ainda envergonhado com o ocorrido.

— Ah mas até a Amy tá encantada com o cabelo do parça aí, hehehe! - Disse Sonic, implicando com Amy

— Ah mas não precisa ficar com ciúmes, Sonic. Meu coração é só seu! - Disse Amy, devolvendo na mesma moeda.

Vicent aproveitou a situação para dar o troco:

— Ah então ela é sua namorada, é?

— Ela não é minha namorada!

— É sim, não precisa esconder!

— Para com isso!

— Toma a zuera de volta, ouriço!

Pela primeira vez Vicent sorriu, fazendo com que todos ficassem felizes com o fato. O resto da noite foi somente de diversão, alegria e altas conversas…

Enquanto isso...

Em algum lugar de Nova Mobotrópolis.

QG dos Lutadores da Liberdade Secretos

— Shard, aqui quem fala é Who. Responda! Shard! 

Who Coruja estava frente a um dos computadores da base, chamando por Shard, o primeiro Metal Sonic. Ele havia sido avisado por Nicole mais cedo sobre seu sumiço: Shard havia dado a vida para destruir Metal Sonic 8.0, que tinha como missão invadir Nova Mobotrópolis. Incrédulo, tentou diversas vezes contactar seu aliado.

Cansado de tanto tentar, era observado por Elias Acorn, que é o Rei de Nova Mobotrópolis, Larry Lince e Leeta e Lyco, as irmãs gêmeas da tribo dos lobos. O ambiente era de luto, com Elias tomando a palavra:

— Perdemos Naugus de vista e agora isso… Não poderia ser mais trágico…

— Shard merecia mais que isso… - Disse Larry, bastante triste.

— Nós… nós deveríamos ter lutado ao lado dele. Talvez ele estaria aqui conosco agora - Disse Lyco chorando, sendo amparada por sua irmã, que também lamentava pela perda.

Who Coruja logo tratou de tentar manter a equipe focada na missão:

— Bem, devemos continuar. Estamos a poucos dias de…

Elias, percebendo a intenção de Who, logo protestou:

— Como é que você pode ser tão insensível, Who? Acabamos de perder um aliado e você ignora totalmente esse fato?

— Elias, com o devido respeito, foi você mesmo quem disse que todos vocês correriam esse risco, custe o que custar.

— Eu disse, não nego. Sei muito bem dos riscos, mas…

— Mas? Você ainda quer insistir em objeções? Estamos em uma guerra contra Naugus. Estamos aqui para um único propósito de retornar o reino a você!

Elias até tentou dizer mais coisas a Who, o qual continuou a tirá-lo nos olhos, mas decidiu ser mais compreensível:

— Mostre mais respeito pelo menos. Tivemos uma baixa. Ele precisa de honras… de todos nós.

Who, embora estivesse de fato sendo duro e insensível, logo tratou de mudar de postura. Como se tivesse concordado com Elias, chamou a todos para o centro do salão e fez um discurso solene:

— Caros membros deste grupo, os Lutadores da Liberdade Secretos. Hoje tivemos uma perda irreparável. Shard era extrovertido e até mesmo inconsequente, talvez uma característica herdada de Sonic, mas isso só mostrava o quanto era único. Ele era valente e poderoso e seu gesto heróico salvou a muitas pessoas. Tratemos de honrar seu sacrifício para que nenhuma vida mais seja perdida. E que ele sempre seja lembrado como um herói e, acima de tudo, nosso eterno amigo.

Who então estendeu sua mão, pedindo para que todos fizessem o mesmo sobre a sua. E olhando para cada integrante, disse:

— A dor da perda é enorme. Mas devemos continuar e perpetuar o legado que Shard nos deixou. Ele está entre nós. Sempre estará. Por isso vamos vencer.

As palavras fortes e de incentivo por parte de Who teve um efeito imediato no espírito de luta de cada integrante, que pareciam estar com ânimo renovado, até mesmo por parte de Elias, este então incomodado com Who. Ao fim, com todos começando a se aprontarem, Elias vai até Who, colocando uma das mãos sobre seu ombro, dizendo:

— Obrigado, de coração. Suas palavras foram de muita ajuda.

— Só quero o bem para todos. Precisamos continuar.

— Eu entendo perfeitamente. E obrigado.

Depois dos preparativos, todos se sentam a mesa para traçar uma nova estratégia. Who logo tratou de dizer:

— Naugus está tramando algo. Aquilo que vocês disseram que viram no subsolo de Nova Mobotrópolis é algo maior que imaginamos

— Sim. Ele parecia estar conjurando alguma coisa… - Disse Elias, com suspeições.

— Mas o Goeffrey também é um problemão. Ele estava junto com ele lá… - Disse Larry, mostrando temeridade.

— E por céus, não há como entrarmos lá outra vez depois de tudo ter desmoronado - Disse Leeta, olhando para sua irmã.

— E mesmo se conseguíssemos, nós fomos vistos. Com certeza Naugus e até mesmo Geoffrey terão mais cuidados na próxima vez - Disse Lyco, serrando os punhos.

Who então diz algo que surpreende a todos:

— Minhas fontes da inteligência disseram que Naugus está muito doente.

— Doente? Como? - Disse Elias, pasmo com o fato.

— Sim, ele está. Goeffrey quem disse.

— Mas… mas isso pode ser um plano deles… - Disse Larry, ainda temeroso.

— Sim, de fato pode ser. Mas vocês viram que durante o ataque de Eggman ao show da senhorita (Mina) Mangusto, Naugus não pôde combater a ameaça. Ele está se promovendo para o povo o tempo todo e, caso essa doença seja verdadeira, não existe propaganda melhor no momento para ele.

— Mas com Nicole de volta ao controle da cidade, sua popularidade pode diminuir - Disse Lyco, ainda mostrando irritação em seu rosto.

— Ou não, nobre senhorita. Fiquei sabendo que Goeffrey pediu a Nicole para que construísse uma máquina para salvar a vida do miserável do Naugus. Não sabemos se é verdade estar enfermo, mas talvez essa possa ser nossa chance…

Elias, suspeitando de uma ambição que não esperava de Who, diz:

— Você está insinuando que devemos nos aproveitar da doença de Naugus para atacá-lo? Me desculpe, Who… mas eu não sou covarde. Se Nicole tem mesmo uma máquina que o ajude a melhorar, então que a deixemos fazê-lo. Quero retirar Naugus do poder o desmascarando. Não tenho desejo algum de aniquilá-lo.

— Elias, não tire conclusões precipitadas. A minha principal preocupação é verificar se de fato ele está doente, como Goeffrey disse a Nicole. A nossa grande chance é desmascará-lo em sua mentira.

— Hum… entendi. É uma boa linha de estratégia.

— De fato. Bem, vamos ao plano…

Todos então ouviram atentamente as coordenadas que Who Coruja começou a traçar para dar continuidade ao plano de retirar Naugus do trono de Nova Mobotrópolis.

Voltando...

QG dos lutadores da liberdade | Noite.

Já era um pouco tarde. Todos estavam no salão principal da base, conversando. Como visto anteriormente, Vicent estava cada vez mais se enturmando com os demais membros dos lutadores da liberdade. Na verdade, quase todos. Sonic estava no quarto isolado, junto a Sally, que ainda passava por cuidados médicos. Ele, seguro sua mão, dizia:

— Sally, descanse bem, tá? Não precisa se apressar… Eu sou uma piada... olha só eu falando isso. “Não precisa se apressar”. Não acha isso um absurdo vindo de mim? Você com certeza estaria me zoando por eu estar sendo racional... 

Sonic, pelo pouco tempo que ficou no quarto, não conseguia conter sua emoção de ter Sally de volta. Tanto que enquanto conversava com ela, mesmo que estivesse desacordada, lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto, em sinal de imensa felicidade:

— Tudo que eu queria era te proteger sempre, te ver feliz. Eu sempre busquei ser o menos chato com você… Mas você sempre teve paciência de me entender e de aguentar as besteiras que eu sempre digo… Olha só o que você me fez fazer, Sally. Estou reconhecendo que eu sou um mala com você… Poxa… só tô querendo dizer que… eu adoro você, Sal…

Sonic estava mesmo se abrindo com Sally. A sua emoção era honesta e cativante. Por muito tempo, o ouriço lutou contra tudo e todos e sempre teve Sally lista apoiá-la. Ela sempre foi o cérebro por trás de tudo, o que fez com que os lutadores da liberdade fossem fortes até então. Sua saída fez com que o time se desmanchasse, assim como Antoine. Sonic teve muitas perdas, estava triste, desolado durante um breve momento, mas seus amigos o motivaram a seguir em frente. Até que finalmente conseguisse uma vitória. E a melhor vitória que poderia ter veio naquela noite.

Enquanto fazia companhia a Sally, ele sente a mão da princesa apertar a sua e, de forma tímida, Sally finalmente abre os olhos, dizendo:

— Sonic?

Continua


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Notas finais do capítulo

Sally acordou! A princesa de Nova Mobotrópolis finalmente abriu seus olhos e reconheceu Sonic.

Mas e o que Who Coruja irá planejar junto as Lutadores da Liberdade Secretos para tentar mais uma vez tirar o trono de Naugus?

E Silver, o que fará depois de descobrir que o Metal Sonic que está capturado é o do futuro?

Não percam o próximo episódio da Fanfic mais maneira do Sonic.



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