Sonic The Hedgehog: Outside N'Counter escrita por Hunterx


Capítulo 12
Hora de agir


Notas iniciais do capítulo

A incrível reviravolta na inquisição trouxe efeitos imediatos no rumo da história.

E pelo visto tudo irá mudar a partir de agora...



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Era tempo de comemoração. Mesmo com Vicent retornando a prisão, pois teria de esperar que Naugus também tivesse a oportunidade de se manifestar e votar, todos na cidade estavam felizes por ter de fato protegido o jovem contra “Geoffrey”, que era Naugus o possuindo, e todo o Conselho.

Como Sally havia dito antes, ela queria mesmo conversar com Vicent. E foi justamente o que ela fez, junto a Sonic. Com os dois em frente a sela onde o rapaz estava preso, o assunto não poderia ser outro

— Camarada, tu destruiu lá! Foi muito massa ver a cara deles, cabeludo! – Disse Sonic, espirituoso como sempre

— Você foi brilhante, Vicent! Eu estava esperando uma estratégia sua, mas nunca imaginei que você teria essa ousadia – Disse Sally, sorrindo.

— Não... Foram vocês que me salvaram – Completou Vicent, dando sinais de humildade.

— Que tá falando, Vicent? A gente nunca que iria deixar um parça sozinho contra essa galera de toga – Sonic estava mesmo disposto a dar todos os méritos ao rapaz.

— Não, Sonic. Vocês que foram demais ao entrarem no palácio. Só tinha aquela jogada. E Sally foi sagaz em entender a estratégia instantaneamente, até porque não tivemos tempo pra combinar nada...

— Mas Vicent, uma coisa que eu não consegui entender até agora... – Disse Sally, com dúvidas.

— O que seria?

— Porque voltou com o assunto de eu ter te estapeado? Eu pensei que você tinha dado um fim nessa discussão. Eu fiquei um pouco envergonhada...

— Mil perdões, Sally! Mas entenda que eu dei um fim sim. Porém eu precisava mostrar a todos que não tínhamos nenhum envolvimento um com o outro e ainda discordávamos. A senhora Prower estava mesmo te atacando, então precisei me afastar de você.

— Sim, faz sentido. Como discutimos, não tinha como ela continuar com esse argumento. Fora que eu dei cabo de Hamlin. Dessa vez ele me ouviu. E eu nem falei tudo... mas tudo bem.

— Minha principal estratégia era isolar você com o Conselho e eu ficar com o principal alvo: o jaritataca. Geoffrey queria mesmo me colocar contra a parede, então eu retribui o favor. Eu não tenho nada contra o Conselho, que isso fique bem claro. Minha treta era com o Geoffrey.

E uma voz conhecida é ouvida por todos. Surpreendendo Vicent, tio Chuck caminhava até próximo deles, dizendo:

— Você é um jovem cheio de surpresas, Vicent. Acabou conosco, sabia?

— Oi, tio! Olha, não é o que parece... – Disse Sonic, tendo cuidado nas palavras.

— O que, Sonic? Que o overlander aí nos derrotou? Relaxe, eu sou um bom perdedor...

— Senhor, eu não tenho nada... - Tentou dizer Vicent, um pouco sem jeito.

— Eu ouvi toda a conversa, Vicent. Eu entendo você.

— Sir Charles, eu não consigo acreditar como que chegaram a esse ponto... – Sally ainda estava consternada com a situação.

— Sally, desde que Naugus apareceu, nós do Conselho estamos sendo muito cuidadosos com o que se passa na cidade. Só queríamos ter a certeza que...

— O Vicent não era uma ameaçada desde o princípio, tio Chuck. Bastava me perguntar. O cara salvou a Sally lá na Death Egg. Ele fez isso duas vezes! O camarada tá concorrendo comigo agora! – Sonic não perdeu tempo em provocar Vicent.

— Lá vem esse ouriço outra vez... Quantas vezes eu tenho que dizer que eu não sou...

— É meu rival sim! Desde que você apareceu eu estou sendo tratado como um coadjuvante aqui. Então pode parar de querer dar no pé da responsa. Se desceu pro play então é pra jogar, camarada!

— Ah que cara difícil...

— Eu que o diga, Vicent. Eu que o diga... – Disse Sally, colocando uma das mãos sobre o rosto.

Tio Chuck então toma a palavra mais uma vez, se referindo a Vicent:

— Rapaz overlander, eu vim até aqui lhe pedir desculpas em nome de todo o Conselho da forma que o tratamos. Não era nossa intenção lhe causar maiores problemas.

— Eu entendo perfeitamente, senhor. Não guardo rancor algum.

— Agradeço pela gentileza, Vicent.

— Mas tio, uma coisa que eu queria te perguntar... – Disse Sonic, caminhando até próximo de seu tio.

— Diga. O que foi?

— Quando é que o cheiroso do Geoffrey teve moral de se intrometer no Conselho? O cara é um traidor que só se livrou da prisão por causa do Naugus (HQ #233). Maior babaca!

— Isso é algo que iremos discutir agora no Conselho, Sonic. Fui eu que fiz uma votação para saber se deveríamos deixá-lo representar Naugus no Conselho enquanto o rei estivesse doente. Porém já estou muito arrependido disso...

— E quanto ao Conselho? Como estão no momento, Sir Charles? – Perguntou Sally, preocupada.

— Bem, princesa... Só tenho uma resposta pra isso...

Ao mesmo tempo...

Sala de reunião particular do Conselho Acorn, tarde.

“... foi uma derrota cujas feridas demorarão para curar.”

Todos os membros estavam sentados a mesa de reunião. O clima? Parecia um funeral. Talvez até fosse mesmo: o ego de todos estava mesmo mal, quase morto. A mais sentida era Rosemary Prower, que descansava sua cabeça sobre seus braços, com o rosto virado para baixo. Batendo com os dedos a mesa, causando incômodo, estava Hamlin, com os olhos fechados e com um semblante mostrando prostração. Ao seu lado estava Dylan, totalmente estático, parecendo procurar algo para dizer. Penélope Ornitorrinco, visivelmente abatida, tomava água em sua caneca, pensativa. Isabella Mangusto talvez fosse a mais tranquila, tendo em vista que já havia percebido os erros durante a inquisição a Vicent. Como alguém deveria quebrar o gelo, eis que Dylan Porco-espinho diz:

— Será que vai chover hoje?

— Ah por Aurora, Dylan! Tanta coisa pra você perguntar... – Disse Hamlin, mostrando a irritação em pessoa.

— Mas é que está com tanta nuvem lá fora...

— Não tente fugir do assunto! Pronto! Nós perdemos! Perdemos pra um garoto overlander qualquer!

— Não o menospreze, Hamlin! Ele não é um overlander qualquer! – Disse Penélope, continuando a beber água.

— Ele não tem relevância nenhuma! Como pode dizer que...

— Ele salvou a princesa Sally... Ele salvou a cidade... e ele nos derrotou em nosso próprio espaço. Tem certeza que ele não tem relevância?

— Besteira, Penélope! Ele somente...

— ... nos humilhou na frente de toda a cidade e até na TV. E não digo uma humilhação qualquer: ele nos colocou no chão com uma única pergunta – Disse Rosemary, levantando sua cabeça, olhando para Hamlin.

— Humilhou?! Isso é exagerar demais, Rosemary.

Isabella Mangusto, até então quieta, diz: 

— Aceite esse fato, Hamlin. O motivo de estarmos nessa situação é termos nos precipitado em querer acusar alguém sem ter provas concretas. No final de tudo, parecia que estávamos em um julgamento.

— Isabella, isso não tem nada a ver...

— Aceite, Hamlin.

— Mas...

— Chega, Hamlin! Já chega! Pare de fugir! Fomos humilhados por eles! Ponto final! Acabou! – Rosemary deixou bem claro o quão estava sentida.

A raposa estava mesmo mal. Nem ao menos conseguia manter por muito tempo seu rosto a vista, voltando a apoiá-lo sobre os braços. Penélope, percebendo a situação de sua amiga, se aproximou dela, a acudindo:

— Rose, tenha calma. Não é o fim...

— Como não, Penélope? Você viu o que eles fizeram conosco? Eu nunca iria imaginar que iria concordar com um Acorn sobre isso... 

— Como assim?

— Que me tornei no que eu mais odiava. Até o velho Max está correto no que disse lá no palácio.

— Rose, isso faz parte. Nós aprendemos muito com isso tudo...

— Aprender? Como você acha que o povo dessa cidade vai nos ver agora?

E abrindo a porta, entra a sala Sir Charles, respondendo a pergunta:

— Nós somos o Conselho Acorn. Nós fomos eleitos por eles. Nós fizemos o que o povo clamou. É assim que demonstramos a democracia. Então Rosemary, se você deseja fazer a diferença, eu recomendo que reveja seus conceitos e aprenda com seus erros, porque é isso que o povo vai querer de todos nós daqui pra frente.

— Charles...

— Não é hora pra abatimentos. Estão com o ego ferido? Tudo bem, acontece. Agora é hora de fazer a diferença. Todos nós temos muito trabalho a fazer. Nós por votação aberta retiramos todas as supostas acusações ao Vicent na frente de todos. Fizemos nosso papel. Fim de papo. Então não pensem que tudo acabou. Pelo contrário: apenas começou.

— Charles está certo. Em nenhum momento o povo nos ameaçou nem coisa do tipo... – Disse Penélope, um pouco mais aliviada.

— Tá, mas e o Vicent? Se ele contar ao Hip e Hop estamos acabados! – Hamlin logo jogou a real.

— Ele não vai fazer isso – Disse Sir Charles.

— O que? Como pode ter certeza?

— Ele não tem nenhum rancor ou ressentimento algum para cada um de nós. Eu acabei de conversar com ele na prisão. Ele é um jovem muito gentil até.

— Ele se concentrou em atacar Geoffrey. Se existe uma inimizade por parte de Vicent, esse alguém é Geoffrey! – Disse Isabella Mangusto, de forma racional.

— De fato. E é sobre ele mesmo que eu quero conversar com vocês... Conversar não: discutir!

— E o que quer discutir? Foi você mesmo quem sugeriu uma votação para deixá-lo ficar no Conselho! – Disse Hamlin, apontando para tio Chuck.

— E me arrependo disso.

Como era mesmo um momento de reunião, “Geoffrey” entrou no recinto justamente quando tio Chuck respondeu ao porco. No mesmo instante, o jaritataca diz:

— Repita isso que eu ouvi, Sir Charles!

— Que eu estou arrependido de tê-lo deixado ficar? Sim, é exatamente isso e não me arrependo em repetir.

— Você perdeu a noção das coisas? Eu posso acusá-lo por insubordinação e afronta ao rei!

— O que? Sério? Está certo mesmo que tem algum poder aqui?

— Eu tenho! Você não pode...

— Posso, Geoffrey. Aliás, todos nós do Conselho Acorn podemos fazer qualquer coisa aqui com você. E uma delas eu irei fazer agora.

— O que? O que você vai fazer?

— Quem concorda em expulsar Geoffrey do Conselho e de toda as reuniões particulares?

Imediatamente todos os membros do Conselho votaram “sim” de forma convicta e sem arrependimento algum, causando uma tremenda ira por parte de “Geoffrey”, que logo se manifestou:

— Isso é um abuso! Seus desgraçados infelizes facínoras! Isso vai contra tudo que eu...

— Mas estamos indo contra tudo que você representa, Geoffrey. Você traiu nosso reino, traiu o conselho e vai continuar traindo enquanto estiver aqui. Está vendo aquela porta ao fundo? Então, faça uso. Saia já daqui!

O gambá (ou jaritataca) possuído por Naugus caminhou até a porta com ainda mais fúria, surtado pela expulsão. Mas antes de ir, diz:

— Eu amaldiçôo vocês! No fim de tudo isso vocês estarão rastejando pedindo misericórdia por suas vidas!

— Isso é uma ameaça, Geoffrey?

— Vá para o inferno, Charles! – Gritou “Geoffrey”, furioso.

E fecha a porta com força. Logo todo o Conselho, já um pouco mais recompostos depois da “derrota”, se sentam a mesa. Tio Chuck toma a palavra.

— Eu não sei onde eu estava com a cabeça...

— Eu sabia que isso era uma péssima ideia desde o início. Mas cadê que vocês me ouviram? – Disse Hamlin, recordando do passado (no capítulo “Maquinando”).

— Tudo bem, Hamlin. Você estava certo desde o início.

— O que? Você Charles concordando comigo? Sério? Sem deboche?

— Sim. Você estava certo. Me desculpe, tudo bem?

— Nã-Não, tudo bem... A-acontece.

— Hamlin está tão emocionado que até gaguejou! – Disse Dylan, brincando com seu amigo.

— Ah que legal... Até o Dylan está tirando uma de mim agora...

— Eu me sinto mais confortável agora. Obrigada, Sir Charles – Disse Penélope.

— Verdade. Até eu estou um pouco melhor, mais motivada... – Rosemary Prower concordou.

— Por isso, meus amigos... Vamos continuar. Devemos isso ao povo – Completou tio Chuck, pegando um copo com água.

Bastou uma conversa franca e amistosa para que tio Chuck recuperasse o ânimo de todos no Conselho. Embora tivessem seus pensamentos e ideologias, todos se gostavam e se respeitavam. Não existia estrelismos entre eles: somente particularidades. Cada membro era único. No fim, todos se entenderam e continuaram a conversar regidos por tio Chuck e Rosemary.

Enquanto isso...

Prisão do Castelo Acorn.

Depois que tio Chuck se retirou, Sonic retornou a sua casa para informar aos seus pais e a Macaco Khan sobre Vicent. Sally ficou um tempo com o jovem. A princesa queria mesmo conversar. Ela, de pé em frente da cela de Vicent, diz:

— Então essa cidade de onde você veio... É Mônaco, não?

— Sim.

— Vocês também tem monarquia? Percebi que você é bem entendido em etiqueta real.

— Pode-se dizer que é bem parecido com o que vocês seguem aqui.

— Como assim?

— Temos um príncipe que é o chefe de Estado e temos um conselho.

— E o rei e a rainha?

— Existem, mas tem papel paterno somente. Quem manda é o príncipe... ou princesa.

— Isso explica seus conhecimentos. Mas como é que você se manteve tão calmo na inquisição? Vicent, você estava muito próximo de ser julgado. Isabella mesmo disse isso...

— Tinha certeza que não iria chegar a isso, Sally. Eu sabia que eles iriam tentar te agredir por causa dessa crise política que você disse que passam. Meu alvo era o jaritataca. Fora que eu tenho pleno conhecimento de debates e inquéritos. Tudo relacionado a política eu conheço... pelo menos de onde eu vim, né? Aqui é outra história...

— Foi muito útil a você ter esse conhecimento. Meu pai também me ensinou muito de política e diplomacia. “Nunca se esqueça de usar bem as palavras” esse sempre disse. Meu pai é incrível. 

— Concordo. Ele disse que não era mais o rei. Como assim?

— Elias, meu irmão, era o rei. Quando meu pai adoeceu por ter sido envenenado, Elias...

— Espera! Envenenaram seu pai?

— Sim, Vicent... E ele quase morreu, além de sofrer muito...

— Nossa, princesa... isso deve ter sido bem difícil de encarar...

— Não tem ideia...

— Mas continue. Desculpa se te interrompi.

— Não, tudo bem... Elias, meu irmão, tomou posse do trono e depois disso veio o Conselho...

— Ah eu lembro disso! A treta do Tails com o Sonic e depois o pai do menino tretou com seu irmão...

— Exatamente. Depois Naugus e Geoffrey chegaram na cidade e usurparam o trono.

— Esse tal Geoffrey é um cara bem prepotente...

— Ele é um traidor miserável! Como eu o odeio... Ele foi levado a julgamento e condenado como traidor do reino. Mas Naugus deu o seu perdão real... Bando de desgraçados...

— Que golpe baixo! Porque não fizeram uma assembléia de restituição de poderes?

— Isso não funciona contra Naugus. Embora tenhamos o Conselho, não podem ir além do que o rei permite. Fora que fazer isso poderia ser interpretado como um golpe.

— Tem razão. Mas o que vocês pensam em fazer? Esse Naugus está doente.

— Geoffrey que disse isso. Mas Nicole disse que Naugus não apareceu mais faz um tempo. O miserável do Geoffrey disse que ele está em seu quarto e que pediu para Nicole ajuda para construir um tipo de máquina para curá-lo.

— E como podem saber se isso é verdade?

— Isso vai depender de Geoffrey. Qualquer coisa que fizermos pode ser considerado golpe. Mas em algum momento Naugus terá de aparecer...

— Até lá eu precisarei ficar aqui. Bem, ao menos estou seguro.

— De certa forma, sim. Mas não é um lugar digno pra um herói.

— Nossa, vocês insistem mesmo em me chamar de herói, hein.

— Aceite isso, Vicent. Até porque nós vamos te chamar de outro nome quando você sair daqui.

— Hã? De que?

— Você sabe muito bem. De amigo.

Um sorriso honesto aparece no rosto do jovem, com Sally retribuindo. Era o que Nicole havia dito antes (no episódio “Engrenagens Metálicas parte 3). Não demoraria muito tempo para que todos os integrantes dos Lutadores da Liberdade tivessem confiança em Vicent. Por tudo que o jovem fez até hoje, a princesa nutriu mesmo certa afinidade ao rapaz, tendo em vista que compartilhavam parparticularidades.

Mais tarde...

Praça do centro de Nova Mobotrópolis, tarde.

O dia estava perfeito, com o céu bem azul e o sol brilhava reluzente. Uma brisa fresca era sentida por todos, atenuando o valor que fazia. Pelos bosques floridos da praça, haviam crianças mobianas brincando, muitas delas saindo da escola. E caminhando a margem de um riacho estava tio Chuck, que comia um chilli dog, possivelmente de sua lanchonete, que não ficava muito longe de onde estava. Logo ele se senta em um dos bancos da praça, aproveitando a vista. A exemplo dele, mais uma pessoa se senta, mas do lado contrário. Com tio Chuck terminando de comer, ele diz:

— Já estamos recuperados depois do tombo que levamos, Who.

Essa pessoa era Coruja Who, que se sentou de costas a tio Chuck no banco. Isso era uma estratégia para não chamarem muito a atenção. E Who continuou:

— Sir Charles, fico feliz ao saber disso, mas o que vocês fizeram ao garoto overlander...

— Eu não me orgulho com isso, Who. Mas não podíamos levantar suspeitas. Geoffrey está muito estranho.

— Ele está no nosso lado, Sir Charles.

— Pode até ser, mas ele se tornou uma pessoa antipática. Eu não confio nele...

— Ele já traiu ao reino duas vezes. Eu entendo sua preocupação, Sir Charles. Mas precisamos dar um fim nessa situação toda.

— Concordo. O que propõe?

— Tem notícias de Naugus?

— Não. E agora dependemos dele para tirarmos Vicent da prisão.

— Acompanhamos pela televisão. Elias está surpreso com a ousadia de Vicent. Nunca pensamos que um ato revolucionário seria visto tão cedo.

— Todos no Conselho sentiram o golpe. Mas eu já consegui trazer de volta a motivação deles. O povo ainda acredita no Conselho.

— Sim. E essa é a hora de mudanças, Sir Charles... Precisamos desmascarar Naugus.

— Sim... Mas você sabe o que isso significa, não?

— Não tem caminho de volta. É ser ou não ser...

— Quando começamos?

— Hoje a noite. E precisaremos de sua ajuda.

— E o que poderia fazer?

— Para começarmos, precisamos que...

E retornando para o último momento do capítulo “A inquisição: Conselho vs Heróis”... 

“... você pegue a espada de Connery, para que Elias siga com o plano!”

Tio Chuck havia acabado de constatar o fato: descobriu que Naugus estava se passando por Geoffrey. Seus poderes, seu semblante... Tudo arremetia ao mago Ixis. Depois que “Geoffrey” retornou a sala, lentamente tio Chuck caminhou para um outro salão e, depois de se sentir seguro, contatou Who via seu comunicador.

— Who, eu estou com a espada.

— Ótimo, Sir Charles. Agora podemos...

— Não, Who! Eu acabo de descobrir que Geoffrey é Naugus!

No mesmo instante, era perceptível outras vozes no comunicador. Logo pôde-se ouvir a voz de Elias no comunicador, pasmo.

— Chuck, isso é verdade?!

— Sim. Pelo que percebi, é verdade sim. E o pior: ele está disposto a eliminar Vicent e seu pai!

— O que?! Ele vai...

— Sim! Ele vai matá-los! Vai envenenar o jantar deles!

— Isso não pode acontecer! Chuck, saia daí e deixe essa espada com a Nicole.

— Nicole?! Mas...

— Mudança de planos.

— O que irão fazer?

— Era uma missão de resgate do meu reino. Agora é uma missão de “vida ou morte”.

Enquanto isso...

Quartel general dos Lutadores da Liberdade, noite.

Sonic, Sally, Khan e Nicole estavam conversando no salão principal. Já na mesa de reuniões da base, Sonic diz:

— Deixar o cabeludo lá na prisão sozinho me incomoda, Sal. Acho que eu...

— Não, Sonic. Você não vai fazer nada. Tudo será resolvido diante as regras.

— Tá de brinca, né?

— Não estou. Em breve tudo isso será resolvido. O Vicent quer assim e assim será.

— Mas...

— Já esperava que você teria problemas com regras, Sonic – Disse Khan, pensativo.

— Ih lá vem tu se meter na conversa...

— Sonic, deixe Khan em paz! – Sally logo defendeu seu amigo.

— O “shaolin” aí tá preocupado demais...

Sally então percebe que Khan estava se comportando estranho, como se estivesse meditando. Ela, curiosa, pergunta:

— Khan, o que houve? Faz um tempo que você está quieto e de olhos fechados...

— Sally, desde que eu cheguei na cidade eu senti algo de errado nesse lugar...

— Disse tudo, Khan! Sal, ele tá falando da energia negativa que ele sentiu aqui mais cedo.

— Energia negativa?

— Sim, princesa. É uma energia que talvez possa estar trazendo desequilíbrio emocional a todos aqui – Disse Khan, se levantando e indo até a porta.

— Sabe, isso faz sentido.

— Como assim?

— As pessoas dessa cidade, desde que Naugus e Geoffrey apareceriam, tem agido estranhas. Como se estivessem com muito mais temor que de costume. E eu percebi também que Mina durante o show estava mais emotiva e áspera, coisa que ela nunca foi...

— Mas Mina já se desculpou, Sally. Ela foi até o sub-solo me procurar... – Disse Nicole, informando a Sally.

— Bom saber disso, Nicole. Eu não gostei nem um pouco de como ela falou comigo no show, mas fico feliz que ela ainda tem juízo. Mas mesmo assim, ela nunca agiu dessa forma...

— Sally, acho que deveríamos investigar esse fenômeno. Não é algo que você deveria ignorar – Khan mostrou a Sally o tamanho da sua preocupação.

— Acho uma boa ideia. Mas antes teremos de pedir autorização ao Conselho.

— Sally, será que pelo menos uma vez, uma vez somente, podíamos agir sem consultar o conselho? – Sonic estava mostrando irritação.

— Ah Sonic... Depois de Hamlin quase ter aberto uma investigação para apurar minha conduta (HQ Sonic #197) quando conseguimos retomar o quartel general do Esquadrão de Supressão da invasão deles (HQ Sonic #189), quanto melhor evitarmos conflitos, melhor.

— Ah tô ligado... Tudo política agora, fala sério...

— Amanhã de manhã iremos até lá pra isso. Hoje já não há mais sessões. Ao menos sabemos que Vicent está bem. Eu irei visitá-lo novamente ainda hoje.

— Hã? Hoje a noite? Tô vendo que o Vicent tá se dando melhor que eu...

— Como assim, Sonic?

— Hoje a noite eu tava pensando em te levar pra passear. Desde que você voltou, a gente não teve tempo pra...

— Sonic, o Khan está aqui!

Nem preciso dizer que o macaco monge estava mostrando incômodo por estar alí. Mas logo tentou ser caloroso:

— Nã-não se pre-preocupe, pri-princesa. Eu entendo perfeitamente o que..

— Tá vendo, Sally? O monge aí não se importa.

— Ah tudo bem, Sonic. Façamos assim: mais tarde eu irei visitar o Vicent pra ver se tudo está bem e depois nós saímos pra passear um pouco – Disse Sally, com um sorriso no rosto.

— Agora vi vantagem! Tá combinado, Sal! Se me dá licença, vou lá em casa pra ajudar meus pais. Até logo.

— Até, Sonic.

Quando Sonic saiu, restando somente Khan, Nicole e Sally, a princesa logo disse:

— Nicole, você poderia nos dar licença?

— Claro, Sally. Estarei monitorando o laboratório central enquanto isso. Qualquer coisa só me chamar.

— Tudo bem, e obrigada.

E assim que os dois ficaram sozinhos, Khan logo se manifestou.

— Eu não quero atrapalhar vocês, tudo bem? Só estou aqui por causa da rainha de ferro ter fugido...

— Tudo bem, Khan. E obrigada pelo respeito.

— É o mínimo que eu devo fazer a você, princesa.

— Você sempre foi bem respeitoso. Isso é algo que admiro em você.

— Obrigado. Mas tenho que admitir que... tipo... Sabe aquela forma de dizer de vocês quando alguém fica sobrando acompanhando um casal... Qual é mesmo?

— Segurar vela? – Disse Sally, rindo.

— Isso, exato. Segurar vela me deixa um pouco desconfortável...

— Desculpe por isso, Khan. Nossa, mil perdões... O Sonic as vezes age sem pensar... Nesse meio tempo perdemos muita coisa...

— Ele disse... E sinto muito por isso. O que eu puder fazer para ajudá-los, podem contar comigo.

— Obrigado, Khan. Você é um bom amigo.

— Tudo bem, Sally. *Eu não sei porque, mas essa palavra que eu ouvi meio que me machucou... Mude de postura, Khan... Foco...*

— O que foi, Khan? Esta pensativo outra vez...

— Eh bem... Essa... Essa situação toda, da energia negativa... Precisamos mesmo levar isso a sério...

— Sim. Já que você tem esse dom, nós precisamos invest...

Mas antes que Sally pudesse concluir, Khan teve um comportamento anormal no QG. Ele se abaixou, sentindo fortes dores em sua cabeça. E pelo visto se intensificou ainda mais, fazendo com que ficasse de joelhos. Sally imediatamente o acudiu, dizendo:

— Khan?! O que houve? O que está acontecendo?! Nicole, me ajude aqui!

Não demora muito e a bela IA lince se materializa, ajudando Khan a se levantar. O macaco então diz:

— Sa-sally... Nós precisamos ir...

— Ir onde? O que houve?

— Precisamos ir ao... ao castelo...

— No Castelo? Mas porque?

— Eu não sei ao certo... Mas acho que... seu pai e o overlander...

— O que?! Nicole, chame o Sonic! Khan, do que está falando?!

E ele, se levantando, diz:

— Eu acho... que eles correm perigo!

A meditação de Khan pode ser bem útil no momento. Ele pressentiu a ameaça.

E ao mesmo tempo...

Quartel General dos Lutadores da Liberdade Secretos.

A base secreta estava mesmo agitada naquela noite. Todos corriam para se prepararem. Era visível a tensão no lugar, já que o rei estava muito concentrado, sim como os demais membros secretos. Who, para quebrar o clima, diz:

— Elias, você deveria esperar mais... Poderíamos planejar atacar depois de...

— Não há mais do que planejar ou esperar, Who. Você ouviu Chuck! Naugus está se passando por Geoffrey todo esse tempo! Todos lá estão correndo perigo.

— Eu entendo perfeitamente. Mas...

— Who, eu sei que você está sendo bem racional e se preocupando com todos nós. E agradeço de coração por tudo que você fez. Mas não há mais do que pensar. Nós iremos acabar com essa situação essa noite.

Embora Coruja Who quisesse mesmo planejar milimetricamente, era fato que uma ação mais enérgica traria uma calmaria a todos, tendo em vista tudo que aconteceu. Se apoiando nessa idéia, Who passou então a apoiar o ataque.

— Desde que Naugus retirou sua coroa, só mazelas tivemos no reino. Sofremos ataque do Eggman e até da armada Black BIRD... Eles destruíram o castelo e Nicole o reconstruiu... Houve o ataque dos robôs a cidade e a soma de várias forças impediram o pior... E, pelos deuses, até o Conselho acusou injustamente um inocente... Você está certo, Elias. Já chega disso tudo! Isso precisa acabar essa noite!

— Naugus já fez sujeira demais, Who. Agradeço pelo apoio. Nos ajude dando suporte.

— Sim, eu irei!

— E eu tenho um plano. Pode crer nisso!

E a hora de agir era agora.

Voltando ao Castelo Acorn...

O rei Maximilian Acorn, junto a sua esposa, estavam no quarto real. Conversavam sobre o ocorrido no palácio mais cedo.

— Max, o que você fez hoje foi magnífico! A tempos que não o vejo tão disposto!

— Alicia, eu já estava farto de tanta gente gritando enquanto um jovem inocente era atacado. Eu vi o noticiário... Eu vi o que ele fez... Ninguém com aquele olhar de desespero iria querer fazer um pandemônio para benefício próprio. É um tremendo absurdo.

— Eu concordo com você, meu amor.

— Por alguma razão, eu me senti com forças para mostrar a esses jovens o que é governar de forma justa. É como se minha força voltasse, Alicia...

— Eu sempre tive essa fé em você... Eu sabia que iria recuperar sua estima...

— Eu recuperei sim. E devo isso também a você, minha rainha.

— A mim? Mas eu não faço muito além de...

— Você não tem ideia do bem que você me faz. Conforme os anos passam eu te amo ainda mais, porque eu vejo que você é uma extensão de tudo que é importante pra mim! Alicia, se ainda eu tenho um pouco de saúde, isso é por sua causa. Eu luto para acordar toda manhã para ver mais uma vez seu lindo rosto e ouvir sua bela voz. Você me motiva a viver, Alicia. Eu te amo.

A rainha mal conseguia segurar sua felicidade, transbordando em alegria. Lágrimas logo escorriam de seu belo rosto. Ela então aproximou-se de Maximilian e o beijou apaixonadamente, dizendo:

— Eu também te amo, amor... Para todo o sempre estarei ao seu lado!

Depois de renovarem seus votos de união, logo são surpreendidos por alguém que bateu a porta. Era um dos serviçais do reino, que trouxe o jantar do rei. Alicia então abre a porta, levando a refeição até seu rei, o servindo a cama. Mas antes que pudesse saborear a comida, eis que uma voz feminina é ouvida no recinto:

— Rei Maximilian Acorn, peço desculpas pelo atrevimento, mas por favor não coma essa comida.

Logo Alicia e Max olham para o lado, próximo a janela. Em pé, e olhando para eles, estava Leeta e Lyco, vestidas como Corações e Diamantes respectivamente. Alicia, acometida, diz:

— Quem são vocês? E o que querem?

— Relaxe... nós estamos aqui para salvar vocês – Disse Lyco.

— Essa invasão é uma afronta! É um crime contra o rei!

— Senhor, acalme-se. Nós podemos explicar... – Disse Leeta, se aproximando da cama.

— Vocês tem um minuto para se explicarem antes que eu chame os guardas! – Alicia não estava brincando.

Leeta, vulgo rainha dos Corações, logo pega a bandeja onde estava a comida de Maximilian, dizendo:

— Essa sua comida... esta envenenada.

— O que?! Como pode ser isso?! – Disse Maximilian, surpreso.

Lyco pega um pedaço de metal de um dos bolsos de sua roupa, colocando dentro da sopa. Logo uma reação química derrete a barra. Alicia, com uma das mãos sobre seu rosto, diz:

— Por Aurora... Max... Alguém tentou mesmo lhe envenenar outra vez...

— Pelos deuses dessa terra... O que está acontecendo aqui?!

— E quem são vocês?

Enquanto isso...

Prisão do Castelo Acorn.

Praticamente no mesmo instante, Vicent, que estava preso, recebe a visita de um dos serventes, que trouxe-lhe o jantar. O jovem cabeludo, que parecia estar faminto, já iria se servir, porém um ruído de passos é ouvido por ele. E, para assustá-lo ainda mais, o campo de força que fechava a sua cela é desfeito. Logo o mesmo Comandante canino que o ajudou na batalha se aproxima da cela e diz:

— Vicent! Rápido!

— Mas o que foi? O que houve?

— Não temos tempo! Rápido!

— Hã? Mas o...

E mais uma dupla aparece no lugar. Na frente da cela agora estavam King e Coringa, que olhavam para Vicent. O jovem quase surtou:

— King?! Coringa?! Gente, o que está acontecendo aqui?

— Vicent, precisamos tirá-lo daqui o quanto antes – Disse King, chamando por ele. 

— Mas porque?

— Você pode morrer se ficar aqui! – Disse Coringa, entrando na cela.

— King, eu não posso sair daqui.

— O que? Você está louco? O que Coringa disse é verdade!

— Pode até ser, mas estou em um Castelo bem protegido, com guardas em todo canto. Como alguém poderia fazer mal a mim aqui?

— Vicent, esse alguém é Geoffrey! Ele o quer morto!

— O que? Porque ele iria querer me matar?

— Vicent, vamos! Eu te explico no caminho! Não temos tempo...

— Me perdoe, King. Não é por não confiar em você, não leve para o lado pessoal. Eu quero fazer as coisas do jeito certo. Se é pra que eu saia daqui, então que seja pela porta da frente, de cabeça erguida e sem peso na consciência. Eu já provei a todo mundo que estou aqui para ajudar. Agradeço sua preocupação, mesmo que eu ache isso um absurdo.

— Vicent, acredite nele. Eu mesmo recomendo que fuja com eles daqui agora! Até eu não posso garantir sua integridade! - Disse o Comandante.

— Me desculpem, mas eu não irei sair daqui.

Vicent volta a se sentar a cama, pegando uma maçã. Mas assim que iria mordê-la, King arremessa uma adaga contra a fruta, fincando-a na parede. O jovem, assustado, diz:

— King, o que pensa que está fazendo?!

— Te salvando! Olhe a fruta!

E uma reação química conheça a corroer toda a adaga, assim como parte da parede. Vicent estava mostrando um temor absurdo, sabendo que poderia ter morrido ao ingerir a fruta.

— Cara, essa fruta estava...

— Isso mesmo! Envenenada.

— King, o que está acontecendo?

— Geoffrey quer matá-los!

— Peraí... “Matá-los”? Quem mais sofreu isso?

— Meu pai...

— Seu pai? E quem é seu pai?

— O eterno rei Maximilian Acorn.

— Espera... Esse é o pai da Sally... Espera... Espera... Não me diga que...

E King retira sua máscara, mostrando quem de fato era. Vicent mal acreditava no que estava acontecendo.

— Prazer, eu sou Elias Acorn. Rei de Nova Mobotrópolis e agente King dos Lutadores da Liberdade Secretos! Se quiser viver, então venha com a gente agora!

— C’est pas possible! (“Não posso acreditar” em francês) Quando eu pensava que as coisas estavam tranquilas...

As coisas nunca estiveram tranquilas, isso era um fato. Depois de tudo que aconteceu no castelo, era sabido que seria uma noite bem longa...

Continua.


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Notas finais do capítulo

Elias decidiu então atacar. E precisou pensar rápido, caso contrário perfeita seu pai e seu meus novo aliado.

Khan desconfia que algo de muito ruim está pra acontecer no Castelo Acorn. Uma nova batalha está prestes a acontecer...

Até o próximo capítulo da Fanfic mais maneira do Sonic!



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