Sonic The Hedgehog: Outside N'Counter escrita por Hunterx


Capítulo 11
A inquisição: Conselho vs Heróis


Notas iniciais do capítulo

"Geoffrey" conseguiu mesmo. O Conselho do reino Acorn hoje terá um enorme dilema para contornar.

Ou será o Vicent?



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Oil Ocean, cidade dos Sand Blasters, manhã.

Contrariando o que Rotor imaginava, Jack Coelho o convidou para que todos o seguissem até sua cidade de forma pacífica. Mas ainda assim era de se preocupar: o coelho renegado sempre guardava trunfos na cartola. E não seriam truques de mágica nem ilusionismo. Era de tentar ser esperto mesmo. Mas Rotor, por ter conversado com Sonic durante um tempo antes de ir a Oil Ocean, já imaginava o que poderia esperar de Jack.

A cidade era bem rudimentar, com construções deterioradas pelo clima árido do lugar: casas rústicas, mesmo que feito de concreto, tinham o reboco soltando, pouca vegetação e muita, muita areia. Embora fosse manhã, o calor já incomodava, mesmo que estivesse a sombra.

Em seu covil, um galpão, Jack, junto a Tails, Rotor, Amy e Big, além de T-pup, que parecia rastrear o lugar, conversavam. Logo o coelho renegado diz:

— Intaum dexa vê se intendi: ocês taum aqui pra achá a cuelha bunita, num é?

— Bunnie está passando por problemas também, e... – Tentou dialogar Tails.

— Ah num quero sabê dos pobremas dela, cumpadi. Tô mais interessado no queu posso lucrá co a situação.

— O que? Mas isso não é hora de ser egoísta, Jack!

— Sempre é hora de fazê trato, garoto. Intaum comu é? Tá disposto, morsa?

— O que você quer de nós, Jack? Fala logo! – Disse Rotor, já um pouco impaciente.

— Ah é assim queu gostu. Vamo lá Intaum: ocês quer passá pelas minhas terra pra chegar no covil do Barão lazarento. Quero que me tragam um troço dele

— Hã? Que troço?

— Ocês vão lá e pega o capacitor de nêutrons dele.

— E pra que você quer isso? Eu mesmo poderia...

— Num tem que sabê o proque. Só tragam pra eu e é só isso que precisa sabê!

— Mas...

— Mas nada, oxe! Tô sendo bem batuta cocês e tá pensano demais. Já tô deixano que entrem nas minha terra e ainda tão intero. Só vão lá, faz o que ocês têm que fazê, traz o capacitor pra eu e tá tudo certo.

Era uma atitude muito suspeita de Jack. Rotor, pensando um pouco mais, até aceita o acordo. Mas assim que todos saem da cidade, já embarcados no veículo de Rotor, conversavam sobre.

— Rotor, reparou que Jack estava mais tranquilo que de costume? – Perguntou Tails, desconfiado.

— Pode crer, Tails. Geralmente ele pediria algo mais complexo. Mas só pra trazer um capacitor de nêutrons? Eu mesmo poderia ter feito um pra ele. Tem alguma coisa por trás disso...

— Ele pode estar precisando pra fazer uma arma ou sei lá... – Disse Amy, sentada junto a Big na parte de trás do caminhão.

— Eu poderia ter construído uma pra ele, Amy. Não faz sentido algum... – Rotor estava mesmo preocupado.

Mesmo com a suspeita, continuaram o caminho até a refinaria de Oil Ocean.

Na cidade dos Sand Blasters, Jack Coelho, usando seu binóculo, observava-os. O lutador da liberdade do deserto logo manifesta suas ideias.

— Isso... Continuem co esse plano de ocês. Tô só na espreita... Tô cansado de ocês da cidade levarem vantage de eu. Dessa veiz não tem aquele oriço diferenciado, ligero, virado na desgraça pra ralhar. Tô gostano... Esses almofadinhas lutadores da liberdade vão cê bem úteis. Isso vai cê muito baum, cumpadi...

Agora até Jack Coelho tem um plano sinistro, que pode trazer problemas aos Lutadores da Liberdade. Boa coisa não deve ser...

Voltando a Nova Mobotrópolis...

Em uma TV.

— News 11, seu canal número um de notícias de Nova Mobotrópolis! – Diz a vinheta do canal.

— Boa tarde. Sou Cassie Gato e começaremos agora, e de uma forma inédita, a transmissão da inquisição a Vicent pelo Conselho Acorn. Num movimento para aproximar ao povo, Geoffrey St. John permitiu que fosse transmitido para todos da cidade por nosso canal. Fique com a gente.

Sonic, junto com Macaco Khan, estavam em sua casa, sendo acompanhados por Jules Ouriço e Margareth Ouriço, pais de Sonic. Assistiam a TV sentados a sala. Jules, mostrando descontentamento, diz:

— Eu não sei mesmo lidar com essa situação. Como eles chegaram a esse ponto...

— Vicent ajudou toda a cidade. Minha nossa, que injustiça... – Disse Margareth, servindo suco a todos.

— Tão ligados que isso aí é mais uma manobra do “cheiroso”, né? Geoffrey dessa vez se superou, fala sério... – Sonic estava furioso.

— Nota-se que ele está fazendo desse acontecimento um show para promover Naugus. É um tratante mesmo! – Disse Khan, apoiando Sonic.

— Essa gente do conselho tá maluca de pedregulho mesmo. Bem que a Sally disse que eles não estavam dando conta. Colocaram o coisa feia lá como rei, exilaram a Nicole e agora isso... Perderam a noção mesmo...

— Filho, cadê os outros? – Perguntou Jules.

— Ah pai... Eles estão em Oil Ocean pra trazer a Bunnie de volta. Eu estaria lá agora mas com esse lance que aconteceu aqui na cidade... Eu acho melhor eu ficar aqui. As coisas estão muito sinistras...

— Mas eles podem precisar de sua ajuda. 

— É, mas a Nicole está tentando ao máximo recuperar a comunicação. Mas eu confio neles, pai. Rotor e os outros dão conta.  

— Se você diz...

— Querido, não seria melhor estar lá com a Sally? – Margareth se sentou em seguida.

— Tipo, a Sally tá no lugar onde ela tem mais controle da situação que eu, mãe. Ela é um gênio.

— Ela parece bem concentrada.

— Ela vai detonar, você vai ver.

— Khan, como estão as coisas lá no reino dos dragões? Pra você estar aqui, é porque... – Jules logo se preocupou com seu convidado.

— Sob controle e sob cuidados, senhor Jules. Estamos abrindo uma investigação sobre o que a rainha de...

— Olha, vai começar! – Avisou Sonic, apontando para a TV.

E de fato iria começar a inquisição.

Palácio do reino Acorn. Conselho Acorn, tarde.

Sally e Vicent estavam perfilados frente a cúpula do Conselho Acorn, sendo observados por todos. “Geoffrey” (Naugus) os observava sentado na poltrona principal, onde Naugus deveria estar sentado. Seu rosto mostrava confiança, com um sorriso no rosto. Mas antes que comecemos com o desenrolar do processo, vamos retornar um pouco no tempo para contextualização dos envolvidos.

Ainda com Sally e Vicent dentro da sela, a princesa atende ao pedido de Vicent sobre cada membro do conselho.

— Vicent, o Conselho Acorn foi formado por membros eleitos pelo povo dessa cidade. Muitos deles lutaram conosco contra Dr Robotnik e vários outros inimigos. Alguns estiveram até no espaço.

— Nossa! Essa gente é bem vivida mesmo...

— Bastante. Seus membros são:

Dylan Porco-espinho: ele é um ex lutador da liberdade. É bastante atencioso e bondoso. Ele evita confrontos diretos e ele costuma seguir as opiniões de Hamlin.

Hamlin Porco: também ex lutador da liberdade. Mantenha precaução com ele, Vicent. Hamlin é o mais fervoroso membro do conselho. Ele é intimidador, agressivo e incoveniente. Se você der armas para ele, com certeza ele irá usar contra você com toda a força. Mas se conseguir dobrá-lo, leva Dylan junto.

Sir Charles Ouriço: o mais velho do conselho. Foi meu mentor e de Sonic, seu sobrinho. Ele é respeitoso, afetuoso e empático. Ganhe sua confiança e terá um aliado. Porém ele é criterioso: não o apoiará se for mesmo culpado.

Penélope Ornitorrinco: também lutou ao nosso lado contra o império do Dr Robotnik. Ela é um amor de pessoa. É amigável e justa. Odeia injustiças. Porém ela é como Sir Charles, então ganhe sua confiança.

Isabella Mangusto: não tenho muito a dizer sobre ela. Não a conheço bem, mas de acordo com Sonic, ela substituiu Rotor no Conselho. Se for a altura, espero que seja bastante inteligente. Então tenha cuidado com o que irá responder. Ah e ela é a mãe da Mina Mangusto.

Rosemary Prower: é aí que nossos problemas começam. Rosemary é ativista ferrenha contra o reino Acorn. Ela não gosta da monarquia e vai usar isso contra nós na menor oportunidade que tiver. E não se deixe enganar por ela ser mãe do Tails: ela é uma mulher convicta em suas ideias e não mede esforços para expor seu ponto de vista. Se ela e Hamlin concordarem em algo, podem conseguir influenciar aos outros membros. Então, se quiser ter êxito nessa inquisição, tome extremo cuidado de como irá falar com ela e no que irá falar também.

Voltando ao conflito no Palácio do reino Acorn, o Conselho então começa com o protocolo. Sir Charles começa dizer:

— O inquirido, Vicent Pierre. Tem algo a dizer antes de começarmos?

— Sim – Disse Vicent, com os braços cruzados para trás, como se estivesse em posição militar.

— Diga então.

— Gostaria de um copo d’água.

Todos do conselho, pela surpresa, começaram a rir. Foi algo inesperado, todos admitiram. Logo um dos serviçais do reino leva um copo com água até Vicent, o servindo. Enquanto o jovem cabeludo bebia, Sally logo pensou:

— *Boa estratégia, Vicent. Algo inesperado para quebrar o clima. Perfeito!*

Sir Charles então pergunta mais uma vez.

— Ao inquirido, Vicent Pierre. Algo mais a dizer?

— Sim.

— Então diga.

— Gostaria se possível receber papel e caneta.

Dessa vez a reação foi de dúvida por parte de todos. Sir Charles então pergunta:

— Poderíamos saber o porquê?

— Eu gostaria de fazer anotações durante o trâmite.

— Anotações?

— Sim. Eu poderia?

“Geoffrey”, por discordar, logo toma a palavra:

— Não! Você está aqui para responder perguntas. Não existe razão para...

— Geoffrey, você está aqui unicamente como ouvinte. Não irei dizer outra...

— Sir Charles, estou aqui representando meu rei. Não podemos dar espaço para o suspeito. Ele...

— Ele tem direitos aqui, caso não saiba. Eu lhe dou permissão para que tenha o que pediu, Vicent.

— Obrigado – Disse Vicent, de forma respeitosa.

Um dos serventes entrega a Vicent um bloco de papel e uma caneta. E mais uma vez Sir Charles pergunta:

— Ao inquirido, Vicent Pierre. Algo mais a dizer?

— Não.

— Muito bem. Então faremos início a inquisição. Ao inquirido, somente lhe dará direito a resposta. Sally, você está como representante livre do inquirido. A você é permitido fazer perguntas pertinentes ao assunto. Estamos entendidos?

— Sim – Disse a princesa.

— Quem terá a primeira palavra? – Perguntou Sir Charles.

— Deixe comigo, Charles. Hora de começar a mostrar a que viemos aqui... – Disse Hamlin, pegando um papel.

Sally já esperava uma pergunta crítica por parte de Hamlin. Era visível em seu rosto um pouco de descontentamento. Mas Vicent estava tranquilo, sem esboçar nenhuma reação. Logo o porco pergunta:

— Vicent... Vejo que não é daqui. De onde vem?

— Terra.

Esse detalhe pode ter passado despercebido por parte de todos, até pelo teor do momento, mas Sally estava atenta:

 *Terra?! Mas... Não... Não é possível... Não pode ser o que eu estou pensando... De-depois disso tudo eu terei que tirar a limpo isso. Ah Vicent... Será mesmo que...*

E Hamlin continuou:

— É seu lugar de origem, não?

— Sim.

— E sua cidade?

— Mônaco.

— Vejo aqui tudo sobre o que você fez aqui... Tem muitas habilidades... Você faz parte de algum grupo, não?

— Sim.

— A qual pertence?

— A gangue Du Collegè Peusout.

A reação de todos foi recebida com surpresa. Todos os membros do conselho olharam um para os outros, estranhando o fato. Hamlin, esboçando um sorriso no rosto, parecia gostar como havia começado. Até mesmo Sally se surpreendeu com o que havia ouvido de Vicent.

— *O que? Não, Vicent... Porque você não me disse isso antes? Está dando armas pra ele...*

Hamlin continuou:

— Ah então faz parte de uma gangue? De arruaceiros?

— Sim.

“Geoffrey” estava adorando ouvir aquilo. 

 *Esse idiota está fazendo todo o serviço sozinho. Vai ser destruído aqui...*

O porco não perdeu tempo e continuou as perguntas.

— Qual o porquê de estar aqui em Nova Mobotrópolis?

— Não existe porque.

— Hã? Como não? Qual seu interesse em nossa cidade?

— Nenhum.

— Hum... Talvez não tenha me expressado bem na minha pergunta. Vejamos: poderíamos saber porque fez o que fez aqui? Você como membro de arruaceiros deve ter um interesse em participar. Qual seria? Causar frisson na cidade para obter algo em troca?

— Fiz para ajudar as pessoas dessa cidade.

— E além disso? Responda! – Disse Hamlin, de forma mais intimidadora.

Mas Vicent ficou em silêncio. Sally percebeu que o jovem não iria responder, o que a fez tomar a palavra.

— Hamlin, Vicent não tem a obrigação de responder nenhuma pergunta que não saiba responder.

— Eu sei dos procedimentos, “princesa”. Mas ele pode muito bem omitir informações que...

— Ele não lhe deve satisfações.

— Ah mas ele deve sim... Assim como você!

— O que quer dizer?

— Diga-me, Sally... Porque escondeu sua estadia na cidade?

— Para minha própria segurança. Elias sofreu um atentado e...

— Onde está Elias?

— Não tenho a mínima ideia.

— Não mesmo? Então se Elias está desaparecido, porque quis estar na mesma situação?

— Hamlin, isso não faz o...

— Responda a pergunta! Você aceitou fazer parte dessa inquisição. Então responda! 

Sally se concentrou bem, mostrando paciência. Logo responde a pergunta.

— Meus amigos sugeriram essa ideia, pois Elias havia sofrido um atentado. Me mantive em sigilo para não chamar atenção e...

— ... e tentou fazer um golpe de Estado usando o pretexto do ataque, não?

— O que? Não! Porque faria isso?

— Porque Naugus é o rei! Isso a incomoda?

— Sim, mas...

— Então você, junto a esse arruaceiro chamado Vicent, esquematizaram esse “ataque”, pondo em risco a todos nós, não é?

— Não! Você está usando as perguntas para tentar colocar palavras na minha boca, Hamlin!

Os ânimos começaram a ficar um pouco mais enérgicos no recinto. Sir Charles, temendo perderem o controle, interveio:

— Hamlin, Sally está certa.

— Ah agora vai defendê-la?

— Não. Ela tem direitos aqui. Você precisa ouvir sua resposta. Se suas deliberações influenciarem sua resposta, teremos que encerrar essa inquisição por questões pessoais. E devo lhe lembrar que quem está de fato sendo inquirido aqui é Vicent.

— Ah tudo bem... Que coisa...

Rosemary Prower então toma a palavra.

— Vicent, porque você está aqui?

— Por nada.

— Como assim “por nada”? Falando dessa forma, é como se você estivesse aqui contra sua vontade.

— É exatamente isso.

— Como exatamente?

— Simplesmente apareci aqui, sem mais nem menos.

— Qual seu envolvimento com os Acorn?

— Nenhum.

— Impossível! Porque Sally então o está defendendo? – Rosemary olhou nos olhos de Vincent ao fazer essa pergunta.

— Ela não está me defendendo.

— Rosemary, acho que lhe devo explicações para evitar redundância – Disse Sally, se aproximando da sacada da cúpula do conselho.

— Diga, pois precisamos mesmo de explicações.

— Eu não tenho nenhuma afiliação com Vicent, seja como princesa ou líder dos Lutadores da Liberdade.

— Como é? Confirma isso, Vicent?

— Eu estou representando a mim mesmo aqui. Sob minha palavra, sob minhas responsabilidades. Eu não sou apoiador dos Acorn, tampouco de Naugus e a monarca algum – Disse Vicent, de forma direta.

Sally ficou bem satisfeita com a coragem de Vicent.

— *Isso, Vicent! Com isso acabamos com um problema!*

Mas Rosemary continuou, sem perder tempo.

— Como podem comprovar?

— Tenho visão política diferente ao que Sally segue.

— Isso não diz muito sobre vocês dois.

— Sally e eu discutimos no quartel general dos Lutadores da Liberdade. Essa discussão trouxe uma agressão física a mim, o que causou minha saída da base. Depois disso me abriguei na cidade.

— Agressão física? Sally a agrediu?

— Sim.

— Isso é verdade, Sally?

— Sim, Rosemary. *Vicent, o que está fazendo? Eu pensei que já tinha encerrado isso...* - Sally estava confusa mais uma vez.

Isabella Mangusto, que acompanhava a conversa, tomou a palavra:

— Sally, qual foi o motivo?

— Vicent não concordou com a missão de trazermos Bunnie de volta a Nova Mobotrópolis.

— Isso explica um pouco... Vicent, porque não concordou com Sally sobre a missão?

— Porque não era problema meu.

A forma seca e fria de Vincent trouxe mal estar ante o Conselho. Sally sabia exatamente o clima no lugar.

— *Vicent, você está dando todas as armas pra eles. Eles vão te atacar sem pena agora. Se existe uma coisa que todos aqui tem em comum é a união e empatia a um amigo...*

Dessa vez quem tomou a palavra foi Penélope Ornitorrinco, que diz:

— Suas ações são de sua exclusiva responsabilidade?

— Sim.

— Então me diga: porque se envolveu com os Lutadores da Liberdade?

— Eu não me envolvi com os Lutadores da Liberdade.

— O que? Isso não faz sentido algum. Porque então você estava no quartel general?

Vicent ficou em silêncio mais uma vez, o que gerou um pouco de irritação por parte de todos os membros do conselho. Sally estava tentando entender o que o jovem estava pensando.

— *Vicent, porque você está agindo assim? Porque você não responde? Porque então... Espere... Espera aí... Ele não vai responder porque... Eu entendi! Ele quer que o Conselho fique dividido entre mim e ele! Perfeito, Vicent!*

Sally, aproveitando o momento, começa a dizer:

— Vicent estava em nossa base porque foi trazido pelo Sonic. Ele estava fraco e foi cuidado por Dr Quack em nosso QG.

— Sally, você disse que não tinha nenhuma afiliação com Vicent.

— E não temos. Somente o salvamos.

— E o manteve na base sem nos comunicar.

— Sim. Não havia necessidade de...

— Claro que havia necessidade de nos avisar! Mais uma vez está tentando desviar a atenção dos fatos! – Disse Hamlin, aos gritos. 

— Vicent é um cidadão livre. Ele não pertence a nossa cidade!

— Não interessa! Sua presença aqui teve influência em nosso povo!

— A presença dele aqui salvou a todos nós!

— Isso é o que ele queria que fosse por motivos que ele não quer nos dizer!

— Não coloque palavras na boca dele, Hamlin!

— Então peça pra que ele diga toda a verdade!

Pela primeira vez, Vicent deu sinal de raiva. Era impossível esconder: sua pedra começou a brilhar, indicando que sua ira havia chegado a um nível crítico. Mas mesmo assim, seu semblante era de quietude. O inibidor de Tails era muito útil ao jovem. Porém o brilho da pedra chamou a atenção de todos, principalmente de Hamlin, que diz:

— O-o que é essa pedra aí?

— Bem, sempre que eu fico com fúria ela brilha. Se não fosse o Tails, a essa hora eu não teria controle na minha força.

— Vocês ouviram o que ele disse? Isso mostra que os Lutadores da Liberdade tem mesmo algo com isso! – Hamlin foi oportunista.

— Hamlin, fique quieto... - Disse Rosemary, mostrando irritação.

— Como ousa? Você está vendo que...

— Basta! Meu filho ajuda todo mundo! Isso não prova absolutamente nada!

— Mas...

— Hamlin, mude seus argumentos. Já foi provado que ambas as forças agiram de forma independente – Sir Charles fechou o assunto.

— Diga-me, Vicent... Essa pedra que te dá poderes? – Continuou Rosemary.

— Sim.

— E como a conseguiu?

— Eu não sei.

— Como assim não sabe? Um artefato místico como esse não aparece da noite para o dia.

— Eu apareci aqui nesse mundo e essa pedra apareceu no meu braço. Simples assim.

— Não faz o mínimo sentido...

Dylan, que só acompanhava o desenrolar do processo, falou depois de muito tempo:

— Porque você ajudou a todos?

— Porque era o certo a se fazer – Disse Vicent, mais uma vez de forma direta.

— E o que é o certo pra você?

— Ajudar quem precisa de ajuda.

— Porque?

— Não entendi sua pergunta.

— Porque tudo isso? Não tinha obrigação nenhuma de fazer nada, não precisava fazer nada disso...

“Geoffrey”, que estava somente acompanhando, pensou por alguns instantes:

 *Finalmente um desses imbecis do Conselho fez uma pergunta que eu posso me aproveitar. Está na hora de acabar com isso...*

E o gambá possuído por Naugus logo toma a palavra:

— Dylan está certo. Vicent não tinha que fazer nada. Se ele é esse cidadão livre que Sally disse, então ele não deveria fazer nada! A cidade tinha plenas condições de se defender. Houve jogo de interesses sim!

— Geoffrey, contenha-se! – Sir Charles logo tratou de por ordem.

— Não, Charles! Não vou me conter frente a uma ameaça. Vocês não vêem? Tudo isso é um ato terrorista. Vicent agiu por interesses torpes.

— No que você se apóia ao dizer isso, Geoffrey? Dessa vez eu quero saber... – Hamlin estava curioso.

— Simples: Vicent foi para a cidade e entendeu bem como as coisas estão aqui. Agindo como um espião, estudou bem nossa cidade e planejou um ataque. Pode até ter agido sozinho, mas agiu sob interesses próprios.

— Como se estivesse interessado em causar desordem?

— Exato. Depois disso, fez com que aqueles robôs atacassem a cidade e ele mesmo os destruiu para receber todo o crédito.

— Isso é uma calúnia, Geoffrey! Vicent nunca faria isso! – Disse Sally, quase subindo a cúpula, indo em direção do gambá possuído.

— Ora, Sally... Se vocês mesmos disseram que Vicent não tinha afiliação alguma com os Lutadores da Liberdade, como pode ter tanta certeza?

— Bem, nós...

— Nicole me ajudou e me manteve informado o tempo todo. Ela sabia exatamente onde eu estava e o que fazia – Disse Vicent, de forma convicta.

A reação do Conselho não podia ser pior. Era a prova que Hamlin queria.

— Isso prova que os Lutadores da Liberdade tinham afiliação ao Vicent! Eu sabia que era um golpe que estavam planejando!

O rosto de Sally agora mostrava uma desilusão enorme, tendo em vista que toda sua estratégia foi jogada no lixo.

— *Vicent, você está louco? Está se entregando totalmente para eles assim! E agora estamos juntos nessa... Espera... É mais uma estratégia! Ele está planejando outra jogada...*

Rosemary Prower, agora com um pouco de irritação, diz:

— Princesa Sally, você ousou em mentir? É isso?

— Eu não menti. Nós não temos afiliação alguma com Vicent.

— Mas Vicent acaba de dizer que recebeu ajuda de Nicole. Como pôde omitir isso?

— Sally não tem nada a ver com isso. A única pessoa que eu tinha plena confiança aqui no momento da invasão era Nicole. Durante todo os acontecimentos eu não tive contato algum com nenhum membro dos Lutadores da Liberdade, a não ser a Nicole.

— Mas só isso já basta! Nicole tem total controle da cidade! Você se aproveitou dela para obter informações! Tudo isso foi esquematizado por você!

Um burburinho começou a ser ouvido no Conselho. A situação de Vicent só piorava. A mais tranquila era Isabella, que diz:

— Vicent, caso ainda não tenha percebido, todas as acusações de Geoffrey fazem total sentido. No momento você não está em uma situação favorável. Se você tem algo mesmo a dizer que faça tudo isso ser desmentido, eu lhe dou permissão de se expressar abertamente.

— Isabella, porque está fazendo isso? *Essa intrometida miserável novamente me atrapalhando... Logo no momento que iria falar dos Lutadores da Liberdade Secretos...* – Disse “Geoffrey”, surpreso.

— Isso já se tornou um julgamento. Vicent só está sendo atacado por todos nós e não está tendo chances de se defender. Isso não é justo.

— Justo? Você está tendo misericórdia por um terrorista? Ele deveria já estar preso!

— Geoffrey, vou repetir pela última vez: você está aqui como representante. Não tem poder algum para nada – Mais uma vez Sir Charles colocou o gambá possuído em seu devido lugar.

— Pelo visto sou a única pessoa com interesse em salvar o povo. Mas tudo bem... Tudo bem... *Ótimo. Esta tudo indo bem...*

— Cale-se! Já disse!

Verdade seja dita: o Conselho estava uma verdadeira bagunça. A única pessoa que teve a coragem de fazer algo coerente foi Isabella. Vicent estava sendo totalmente condenado por tudo, pois só poderia responder perguntas. Sally então tomou a palavra.

— Então é isso? É um julgamento?

— É o que está parecendo, Sally – Disse Isabella, um pouco distante.

— Esse conselho está uma bagunça! Como podem dar ouvidos a Geoffrey?!

— Sally, tudo leva a crer que Vicent é de fato um espião terrorista. Só precisamos saber para quem ele trabalha e porque! – Hamlin já deu sua opinião sobre a condenação a Vicent.

Mesmo com toda essa bagunça, Vicent ainda estava tranquilo. Sally percebeu isso, mas não entendeu o porquê.

— *Está tudo desmoronando mas ele ainda está calmo... A culpa foi minha em ter deixado isso tudo ter acontecido...*

Todo o Conselho discutia sobre tudo, causando ainda mais descontentamento. “Geoffrey” estava satisfeito. Era visível em seu rosto. Todo o Conselho estava caindo nas ideias do gambá possuído por Naugus, com todos os membros discutindo entre si. Porém, surpreendendo a todos, Vincent levanta uma de suas mãos, chamando a atenção de todos. 

 *Eu sabia que isso iria acontecer. Eu joguei certo... Agora só posso contar com vocês... Lá vai!*

Sir Charles, pedindo para que todos se calem, diz:

— Vicent?! O que ouve?

— Gostaria de fazer uma pergunta.

— Como sabe, de acordo com as normas da inquisição, você não tem direito a fazer perguntas a nenhum dos membros do Conselho.

— Eu sei disso. Eu quero fazer uma pergunta ao Geoffrey.

— Geoffrey? Porque?

— Queria ter certeza que ele não fazia parte do Conselho. Isso não quebra o protocolo, já que ele não é um conselheiro.

— Tem minha autorização.

— O que? Vai deixar que ele faça o que quer? – “Geoffrey” quase surtou ao saber do fato.

— Sim, Geoffrey. Ou está com medo?

— Grr... Digo, eu não tenho medo dele. Vai então, overlander. Qual é sua pergunta?

Vicent, depois de encher seus pulmões com ar, diz:

— Quis custodiet ipsos custodes?

O efeito da pergunta foi quase como uma bomba. Tão explosiva que no mesmo momento fez com que a princesa abrisse seus olhos, esboçando um sorriso de alegria.

— *Brilhante! Ele acabou com o conselho com uma simples pergunta! Colocou todos em xeque e acabou com Geoffrey! A próxima jogada vai definir o vencedor! Agora entendi o que ele fez... Ah mas depois disso tudo eu quero mesmo conversar com você, Vicent. Nossa... isso foi engenhoso demais!*

Sir Charles também estava estonteado com tamanha ousadia do rapaz.

— *Nossa... Ele acabou com tudo agora. Não esperava ouvir essa frase aqui, ainda mais em latim. Esse garoto é astuto tanto quanto a Sally. E pelo sorriso que a princesa fez, ela já deve ter noção do tamanho da encrenca que o Conselho terá de segurar agora*

“Geoffrey” estava com dúvidas. A explicação era simples: ele não havia entendido nem o que foi dito muito menos o significado da frase. E junto com ele alguns dos membros do conselho, inclusive Hamlin, que diz:

— Que que esse garoto disse aí?

— Não sei. Parece outro idioma... – Disse Dylan, sem entender também.

— É uma língua antiga... – Isabella havia entendido.

— Não imaginava que fosse ouví-la aqui... – Penélope Ornitorrinco tinha uma biblioteca anteriormente.

— Por aurora... Ele... Minha nossa... – Rosemary Prower estava pasma com a ousadia de Vicent.

— Mais o que demônios esse overlander disse!? – “Geoffrey” estava descontrolado, sofrendo por sua ignorância.

E Sir Charles, junto com Sally, dizem ao mesmo tempo:

— Se os guardiões protegem, quem protege os guardiões?

Por estar sendo televisionado para toda a cidade, isso foi visto por todos. Aos que tinham entendimento do assunto, a frase filosófica de Vicent serviu como um tipo de convite. Ao voltarmos a casa de Sonic, Khan, ao ouvir a definição, diz ao ouriço:

— Sonic, vá até lá.

— É, eu entendi. Ele está nos chamando... A todos que lutaram com ele...

— Sim... Esse garoto é um gênio...

Isso também se aplicou a Nicole, que assistia a inquisição no QG.

— Vicent... Eu entendi. Eu já estou indo...

E até mesmo na casa de Betina Coelho e sua filha, Beatrice.

— Garoto, entendi o seu recado. Eu já estou indo... Minha nossa, eu pensei que já estava velha pra isso...

— Vamos, mãe. O esquisito precisa da gente...

Voltando ao palácio do Conselho, a primeira manifestação então partiu da principal proteção do reino: a própria guarda real. Tanto que os oficiais que protegiam a porta caminharam para próximo a Vicent, surpreendendo a todos. “Geoffrey”, sem entender, diz:

— O que? O que vocês estão fazendo? Voltem para seus postos! É uma ordem.

E um dos oficiais diz:

— Estamos no lugar certo, senhor. Estamos protegendo alguém que precisa ser protegido.

— O que? Vocês estão cometendo um crime! Não toleramos motim!

— Isso não é um motim, senhor.

— Então o que estão fazendo, seus anormais?!

Logo Nicole se materializa na frente de Vicent, como se o estivesse protegendo.

— O que? Saia daqui, Nicole! Você não tem...

— Vou ficar exatamente onde estou, Geoffrey. Nenhum de vocês fará mal ao Vicent!

— O que? Vocês viram isso? É um golpe de Estado mesmo!

— Nicole, o que significa isso? – Perguntou Rosemary Prower, se levantando de sua tribuna.

Logo Sonic entra pela porta, correndo até próximo de Vicent. O ourico então diz:

— Vocês foram rápidos, hein. Mas é isso mesmo. O cabeludo aí tá certo! Vocês já passaram dos limites. E aí, Sally? Tudo de boa?

— Melhor agora, Sonic. Melhor agora... – Sally se aproximou de Sonic, o beijando e segurando sua mão.

— Isso é uma afronta ao Conselho! Geoffrey está certo! É um golpe! Os Acorn querem... – Hamlin dizia, já se levantando.

— Cala a boca, Hamlin! Cara, putz... Como eu tava querendo dizer isso! Me sinto bem melhor! – Sonic não poderia segurar a vontade de dizer o que sentia por mais tempo.

E abrindo lentamente a porta, era Betina Coelho junto com sua filha, Beatrice. Elas, ao avistarem Vicent, correm em sua direção.

— Vicent!

— Betina?! Beatrice?!

— Nós te ouvimos, esquisito! – Disse Beatrice, abraçando Vicent com sua mãe.

Logo o jovem começou a chorar, abracando-as forte, quase como se fossem sua família. Os membros do Conselho estavam confusos. Toda aquela comoção não fazia sentido algum por parte deles. Todos estavam em pé, assistindo atônitos aquela manifestação honesta de união e zelo pelo jovem. As peças não se encaixavam, sob o entendimento de Rosemary, que diz:

— O que essa gente toda esta fazendo aqui? Porque essa comoção? Vocês não podem invadir o conselho dessa forma. A ordem desse lugar precisa ser preservada.

Sally, soltando as mãos de Sonic, se aproximando da cúpula, diz a Rosemary:

— Nada disso lhe traz lembranças, Rosemary?

— Sally, nada aqui faz sentido.

— Rosemary... Amadeus teria entendido no mesmo instante.

— Eu não quero acreditar nisso...

— Não quer? E porque? Está com medo?

— Não é medo. Eu...

— É medo sim. Medo de ter se transformado naquilo que mais odeia...

— Sally! Não se atreva!

— Eu me atrever? Eu não devo nada aqui. Quem fez tudo acontecer foram vocês. O autor desse ato foi Vicent.

— O que está acontecendo aqui nesse recinto, Sally?! – Hamlin estava desesperado.

— Simples, Hamlin... Olhe pelas janelas. Guardas, poderiam abrir as persianas por favor?

Dito e feito, a guarda gentilmente abriu as janelas e todos do Conselho puderam ver o que de fato estava acontecendo: toda a cidade estava em volta do Castelo. Todos entenderam o convite de Vicent. O conselho estava acuado, pois era muito obvio perceber o que estava acontecendo.

Porém uma pessoa muito especial estava prestes a aparecer para externar todo o ocorrido: de um dos portões do reino que dava acesso ao palácio do Conselho, apareceu sentado em sua carreira de rodas, sendo conduzido por sua mulher, a ex rainha Alicia Acorn, o eterno rei Maximilian Acorn. E não parecia muito feliz. Ele, ao entrar no salão, causa um silêncio temendo que fez com que os membros do conselho ficassem desconfortáveis. Sally, ao avistar seu pai, não se conteve:

— Papai!

— Minha filha querida... Eu soube de toda história.

Ela então corre até seu pai, o abraçando, beijando seu rosto.

— Aconteceu tanta coisa...

— Aconteceu sim... Acontece... e vai continuar acontecendo... E eu vou fazer parte disso agora.

“Geoffrey”, ao estar em uma situação difícil, logo tratou de ser cordial.

— Max, a quanto tempo! Eu pensei que... - *Eu pensei que esse velho senil já estava entregue a sua desgraça...*

— Cale-se, Geoffrey! Só não o mando prender porque eu não sou mais o rei. Mas é até melhor assim, porque desse jeito você também vai ouvir o que eu tenho a dizer...

Rosemary Prower, ao perceber que rei Max iria tomar a palavra, interveio:

— Porque o senhor está aqui? Deveria guardar-se em seu leito e...

— Rosemary, eu sei que sua preocupação é honesta, mas estou cansado de deixar meu reino ser regido por um bando de jovens sem experiência alguma sobre governança.

— Senhor...

— Eu fiquei muito feliz em saber que meu filho se tornou rei depois que eu acordei da minha doença. Mas depois disso, tudo mudou e para pior. E os motivos não são somente de Elias não ter experiência alguma: ele era odiado por muita gente... e depois que ele entregou metade dos poderes do reino a vocês, eu também passei a odiá-lo...

— Papai, o Elias... – Tentou dizer a princesa Sally.

— Não se preocupe, Sally. Até um velho como eu aprende com o tempo. Só agora entendi porque Elias se convenceu a ceder parte de seus poderes: o povo dessa cidade é mais importante que disputas políticas. Nem eu teria essa visão. Vocês dois são a melhor coisa que um pai poderia ter, porque vocês tem a visão do futuro numa ótica totalmente diferente da minha. E fico deveras feliz que eu os criei bem.

— Obrigado, papai...

— E eu estava acompanhando toda essa pocilga pela televisão. Vocês agora sentiram na pele o peso de terem o poder de governar. E estão sentindo a pressão de serem representantes do povo. Esse mesmo povo que vocês dizem proteger agora estão protegendo quem os protegeu quando precisaram ser protegidos.

Vicent então, pela primeira vez, caminha em direção ao Conselho, dizendo:

— Uma pessoa que eu odiava muito tentou me mostrar como era a vida. Que eu precisaria fazer escolhas e que eu não teria muito tempo para fazê-las. Essa mesma pessoa disse que já que não poderia estar por perto para fazer parte da minha vida, me deu todo o conhecimento para que eu pudesse por mim mesmo mudar as pessoas. Eu por muitos anos a tratei da forma mais rancorosa possível, com desprezo e avareza...

O jovem não conseguiu ser conter: suas lágrimas contrastavam com sua força nas palavras.

— ... eu perdi minha mãe, me espelhei nela até hoje porque eu queria sempre tê-la ao meu lado. Eu herdei sua aparência para ter um elo com ela... Mas nesse caminho eu cometi muitos erros: eu fiz parte de uma gangue, fiz coisas erradas pensando que estava fazendo o certo, mas essa pessoa que eu sempre odiei sempre me disse que o certo sempre será o certo e o errado sempre será o errado...

Vicent enchugava o rosto enquanto continuava a dizer:

— ... mas o meu maior erro foi dar mais valor as coisas que eu perdi do que as coisas que eu ainda tenho. Por isso, por tudo que eu amo nessa vida, pelas pessoas dessa cidade que me acolheram e lutaram ao meu lado... e eu ao lado delas... preciso pedir desculpas e essa pessoa... essa pessoa é meu pai.

Compulsoriamente Vicent cai em prantos, sendo acudido por Betina e sua filha.

— Me perdoe, pai... Me perdoa por tudo... Eu te amo... do fundo da minha alma. E prometo, a partir e agora, perpetuar seus ensinamentos...

Maximilian Acorn, ao ver o clima que havia tomado conta do lugar, diz:

— Esse é o preço do poder. Auto suficiência se vem com o tempo, mas bom senso poucos conseguem na vida. Durante muitos anos eu segui no poder e presenciei muitas coisas. Fiz coisas erradas, certas, estúpidas, geniais... Mas eu sempre agi com justiça. E ser justo não é ser bondoso: é saber fazer o que esse jovem overlander disse. O certo e o errado. Um extremo nunca irá substituir o outro, estejam certos disso. Vamos, Alicia. Eles precisam terminar o que começaram... E garoto overlander que se chama Vicent, um recado: continue assim. Seu pai fez tudo certo. Você é um jovem com grande potencial. E obrigado por tudo. Até mais, Sally.

— Até, papai.

O rei Maximilian deixou bem claro. Era hora de decidirem. Não era mais uma disputa “conselho vs Vicent”. Agora o conselho estava contra o povo. Mas antes que Sir Charles pudesse tomar a palavra, Sally fez questão de intervir:

— Quero antes de mais nada expressar minha opinião sobre Vicent. Preciso dizer a vocês a importância dele em poucas palavras: foi ele quem me desrobotizou.

Um burburinho é ouvido até mesmo além do conselho, indo até às ruas. Mas Sally continuou:

— Quando eu estava desacordada, ele usou sua habilidades médicas e me trouxe de volta. E nessa cidade, mesmo depois de tudo que eu lhe fiz, ele lutou bravamente, sob todas as dificuldades. Mesmo desconhecendo seus poderes, não pensou duas vezes e salvou a todos nós. E a mim, preciso dizer que mais uma vez fui salva por ele de ser obliterada. E mesmo sem forças, salvou a todos da morte certa. Então Vicent, eu não tenho palavras nem poderes para expressar o quando estou grata a você. O condecodaria como um cavaleiro ou coisa do tipo, se assim tivesse tal poder. Mas como só tenho meu nome, só pode te dizer isso: muito obrigada por tudo. Você é uma pessoa maravilhosa.

As palavras de Sally causaram uma reação inesperada em todo o Conselho. Sir Charles, ainda de pé, começou a votação:

— Quem é a favor de anistia a inquisição de Vicent Pierre? Eu voto sim.

Um por um se manifestou. Primeiro foi Dylan:

— Não posso mais deixar que isso dure por mais tempo. Já me convenci que preciso mesmo melhorar a forma como vejo esse Conselho. Sim!

Isabella Mangusto foi a próxima:

— Acho que tudo que podemos fazer agora é aprendermos com nossos erros e promover mais a interação com nosso povo. Obrigada, Vicent! Sim!

Era a vez de Penélope Ornitorrinco:

— Eu me sinto envergonhada em ter deixado que as coisas tomassem essa direção. Sim!

Rosemary Prower era a mais comovida. Enxugando seu rosto, diz:

— Em todos meus anos como revolucionária, eu nunca iria imaginar que seria alvo de um evento revolucionário contra mim. Me sinto envergonhada e constrangida por ver meu povo se manifestar dessa forma. Peço perdão a todos vocês. Sim!

E agora sobrou a Hamlin votar.

— Escute, rapaz... Eu sei que fui rude com você, que fui um idiota. Eu estava fazendo isso porque pensava estar agindo sob o interesse do povo. Mas eu vejo agora que eu estava errado com você. Não poderia votar de forma diferente: Sim e pode ter certeza que de forma bem honesta!

O clamor do povo foi ouvido. A inquisição foi anulada. Tiraram todas as acusações a Vicent. A multidão que havia tomado as ruas pôde finalmente comemorar. A justiça havia sido feita. Betina e Beatrice abraçaram Vicent, assim como Nicole em seguida. Sonic então apertou sua mão, o abraçando depois. Toda a guarda real prestou continência ao jovem, que retribuiu do mesmo jeito que um soldado de nosso mundo faria, em homenagem a seu pai. Logo todos os membros do Conselho Acorn desceram  da tribuna, para saudar o jovem. Os cumprimentos foram feitos seguindo a formalidade.

Porém, batendo palmas na tribuna, estava “Geoffrey”, que diz:

— Oh maravilha. Parabéns... Nossa, estou comovido... Só que vocês estão se esquecendo de uma coisa muito importante... 

— O que foi agora, Geoffrey?! – Disse Sir Charles.

— Ora, Charles... Vocês sabiam que para anular qualquer coisa é necessário todos os membros do Conselho?

— Essa não...

— Essa sim! O rei também precisa votar.

— Geoffrey, Naugus...

— Está doente? Sim, está. Mas ele não está morto e ele ainda é o rei. Então já sabem, né?

Sonic corre então até Geoffrey, dizendo:

— Cara, você é a pessoa mais baixa e nojenta que eu tive o desprazer de ter como amigo. Tu não cansa, né? Tu tá sempre querendo roubar a cena. Mas eu vou te dizer uma coisa, cara: as coisas aqui vão mudar pra você, espera só...

— Pode dizer o que quiser, Sonic. Mas é isso: até que meu rei possa votar, Vicent deve continuar preso. São as regras. Como ele mesmo disse: o errado sempre será o errado e o certo sempre será o certo.

Era um fato. Eram as regras. Teria de ser seguido. Ao saber que iria ficar preso, Vicent diz:

— Então que assim seja.

Uma batalha havia sido vencida. Mas a guerra...

Horas depois...

Castelo Acorn, noite.

Com todos já em suas casas, torcendo para que a situação se resolvesse o mais depressa possível, “Geoffrey”, que todo mundo sabe que era Naugus, que havia dominado o corpo do gambá espião, estava em uma das salas do Conselho. Sozinho, dizia pra si mesmo:

— Por mil demônios... Esses vermes tinham que retardar tanto assim meus planos? Ah mas não tem problema... Não tem problema... Em breve tudo será resolvido... Então esse overlander pensa que pode mudar as pessoas? Haha... Ledo engano, rapaz miserável. Mas não se preocupe. Eu vou te oferecer um banquete digno de um rei... Um banquete do tipo “vá e não volte”, haha... E não vai voltar mesmo... O mesmo será o fim do rei...

Mas algo chama atenção de “Geoffrey”. Um ruído estranho foi ouvido.

— Hã? Mas o que foi isso? Tem alguém aí? Apareça!

Logo o gambá possuído usa de seus poderes Ixis para tentar rastrear o possível intruso, mas nada encontra. Frustrado, retorna então a sua sala.

— Ham... Deve ter sido o vento... Muito estranho... Mas voltemos ao plano...

Mas fugindo de qualquer suspeita de sua presença, em um dos cantos escuros do salão, estava tio Chuck (Sir Charles), que segurava a espada de Connery, que pertencia a Elias. Essa espada tinha o poder de neutralizar qualquer poder maligno, fazendo com que ele não fosse encontrado.

E era exatamente isso: ele viu quem de fato era Geoffrey.

— O que está acontecendo aqui? Geoffrey é Naugus? Não pode ser...

Continua...


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Notas finais do capítulo

O povo de Nova Mobotrópolis salvou Vicent. Porém sua liberdade ainda está longe. Mas e agora que tio Chuck descobriu a identidade de Naugus? E porque ele estava com a espada de Elias?

E o que será que Rotor e os outros irão encontrar na refinaria de Oil Ocean? Jack Coelho tramou algo...



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