Indignada escrita por prongslet


Capítulo 5
Indignada, parte cinco.


Notas iniciais do capítulo

Bem, não me vou alongar muito! Chegamos ao fim (um ano depois, eu sei, mas terminei). Espero que gostem. Não foi nada fácil de escrever e, na minha opinião, ficou muito meh essa última cena, mas refiz este capítulo vezes e vezes sem conta... então vai mesmo assim!
Enjoy ♥



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Indignada, capítulo cinco.

[ 3 de Dezembro de 1982, Quinta-feira, Ministério da Magia da Grã-Bertanha ]

Quando Sirius entrou no Ministério da Magia na manhã seguinte, já alguns minutos atrasados, estava longe de imaginar o pandemónio que ia encontrar no piso dois. Mas ali estava ele, imerso num amontoado de jornalistas e de penas mágicas que tentavam apontar todo e qualquer depoimento de um membro daquele departamento.

Afinal, não era todos os dias que o mundo mágico acordava com uma detenção histórica.

Suspirou pesadamente ao passar por alguns colegas que tentavam controlar o grupo de pessoas estranhas ao serviço e desejou-lhes um ‘bom dia’ sonoro, antes de tentar seguir para a reunião com Alastor. Já ia a meio do caminho quando uma voz fina e estridente o fez despertar do turbilhão de pensamentos que estavam na sua cabeça desde que descobrira a verdade, na noite anterior.

 — O Ministério vai retirar todas as acusações feitas a Bellatrix Black? — A voz inconfundível de Rita Skeeter ecoou pelos seus ouvidos e Sirius precisou de alguns segundos para encontrar a sua cabeleira loira no meio de toda aquela confusão. Encarou-a com as suas orbes azuis intensamente e fechou as mãos com uma força desnecessária ao ouvir o nome dela.

Se havia coisa que ainda não tinha saído da sua mente era ela e o que aconteceria depois daquela detenção. E, infelizmente, não havia chegado a conclusão alguma. Ou pelo menos uma conclusão que o agradasse. Sabia que Bellatrix era das pessoas mais orgulhosas que ele conhecia (algo que podia agradecer à sua adorada família) e que ela iria aproveitar toda aquela situação para o infernizar ainda mais, mas não conseguia perceber como é que a iria encarar depois de tantos meses a acreditar que ela era, eventualmente, culpada daquilo que aconteceu com os Longbotton. Agora a verdade estava à tona e parecia custar mais do que qualquer mentira.

Abanou os cabelos negros levemente e suspirou fundo antes de finalmente virar as costas aquele amontoado de pessoas, mesmo quando Rita Skeeter ainda gritava o nome dele e exigia saber o que é que iria acontecer com Bellatrix depois do julgamento do verdadeiro culpado.

Bem, isso era o que ele gostaria de saber.

 

[ 19 de Dezembro de 1982, Segunda-feira, Ministério da Magia da Grã-Bertanha ]

Durante duas longas semanas tudo o que o mundo mágico ouviu falar foi da detenção de um membro do departamento de aurores. E para infelicidade de Sirius e dos restantes colegas, o piso número dois do ministério da magia foi inundado por feiticeiros curiosos e de jornalistas mais-do-que irritantes que queriam saber detalhes sobre a vida e detenção da suposta estagiária de Remus Lupin. Sirius achava aquilo particularmente irritante, especialmente porque o nome de Bellatrix vinha sempre à tona durante aqueles minutos e com ele um turbilhão de pensamentos e emoções.

Sirius não sabia exatamente como é que devia de agir dali para a frente ao lado dela, mas para sua felicidade (ou seria para sua infelicidade?) Bellatrix dispensara-se dos seus serviços temporariamente, sem dar justificações a ninguém. Supostamente, a humilhação pública da ineficácia do Ministro foram razões mais do que suficiente para que o Ministro concordasse com aquelas férias ridículas por parte dela, mas Sirius não o podia culpar, o relatório do ministério era o último dos problemas que eles tinham naquele momento.

Aquele pensamento acompanhava os seus colegas de trabalho e todos pareceram extremamente satisfeitos com a ausência temporária (e um tanto quanto estranha) de Bellatrix e do seu relatório anual sobre o ministério. Mas Sirius, ao contrário de todos, achava aquela situação um tanto quanto peculiar e nada característico de Bellatrix. Era de conhecimento público que a prima de Sirius odiava aquele lugar e aquelas pessoas. Na verdade, Sirius tinha a certeza absoluta de que ela apenas aceitara aquele trabalho porque teria poder sobre ele e todos aqueles que ela desprezava. Então, porque é que ela iria perder uma oportunidade como aquelas para os humilhar?

Remus tentou convencê-lo que Bellatrix era uma pessoa extremamente peculiar e que Sirius não devia perder tempo em tentar compreender o que é que se passava na cabeça da prima, porque era uma missão impossível. Com o tempo, Sirius apercebeu-se que não poderia perder mais tempo a tentar resolver aquele problema e seguiu o conselho do lobisomem ao esperar por uma resposta. Remus parecia demasiado convencido que aquela não seria a última vez que eles iriam ouvir falar de Bellatrix naquele departamento e que eles iriam descobrir o porquê daquelas férias da Black.

A resposta veio dois dias depois, envolta num pergaminho de cor azul escuro. E veio em grande número: cento e cinquenta para ser exato.

Sirius não soube ao certo como é que aquilo aconteceu, apenas que quando entrou naquela manhã no seu gabinete se viu inundado num monte de revistas da Witch Weekly Magazine com a foto de Bellatrix estatelada em cada uma delas.  A frase “A inocência da Estrela” brilhava a letras garrafais em cada uma delas, fazendo-o soltar um belo de um palavrão. Repetiu a ação momentos depois, quando os seus olhos azuis acinzentados se cruzaram com a estranha e conturbada dedicatória que Bellatrix havia escrito em cada uma delas.

Aquela mulher tinha um talento natural para o irritar.

 

[ 23 de Dezembro de 1982, Quarta-feira, Ministério da Magia da Grã-Bertanha ]

Sirius não sabia exatamente como é que aquilo havia acontecido, mas toda e qualquer alma daquele departamento tomara conhecimento da brincadeira sem gosto de Bellatrix. E para infelicidade de Sirius, um estranho burburinho espalhou-se pelo departamento de aurores e as risadas dos seus colegas de trabalho eram mais do que comuns pelos corredores.

Ao mesmo tempo, todos pareciam extremamente aliviados e a notícia da recuperação dos Longbotton pareceu intensificar ainda mais o bom humor de quase todo aquele departamento. Até mesmo Alastor parecia especialmente bem-disposto, dispensando todos eles mais cedo naquele dia.

Ninguém naquele departamento parecia perder tempo em pensar na inocência de Bellatrix e na sua estranha abstinência do ministério. Ninguém exceto Sirius. Tudo o que ele havia feito naqueles últimos dias era pensar naquela maldita mulher, enquanto se desfazia manualmente de cada exemplar da revista de fofocas que lhe havia sido oferecido por ela.

Podia apostar que a sua querida mãe estava a adorar ver aquele espetáculo do inferno.

Revirou os olhos com tal pensamento e precisou de alguns minutos para se recompor, enquanto limpava o suor que escorria do seu rosto. Encarou a pilha de revistas que ainda lhe faltava empacotar e não conteve o palavrão quando percebeu que o feitiço de multiplicação ainda não havia terminado e que as malditas continuavam a multiplicar-se sem dó nem piedade, tornando aquela tarefa ainda mais impossível.  Tentou lançar um finite incantatem pela milésima vez, mas o feitiço teve o efeito contrário do que esperava e mais um monte surgiu em frente aos seus olhos, fazendo-o amaldiçoar os Black até à quinta geração.

Porque é que as suas primas não podiam ser todas como a Andy?

— Isso seria tão sem graça. — Uma voz disse extremamente entediada, fazendo-o respirar pesadamente.

Virou o rosto na direção da voz e não se surpreendeu quando a causa de todos os seus problemas sentada na poltrona do seu gabinete. Ela pareceu divertir-se enquanto balançava a varinha nas mãos, alternando-a entre os dedos finos, com as unhas recém pintadas de negro. Sirius seguiu o movimento atentamente, antes de encarar os olhos azuis da prima. Ela levantou a sobrancelha direita em tom de provocação, ciente do quão irritado Sirius ficava sempre que ela se intrometia nos pensamentos dele daquela forma.

— Você não sabe que não é educado entrar no gabinete dos outros sem pedir licença?

— Ao contrário do que possa pensar eu sei, sim. Mas você não é o tipo de pessoa com quem eu perca tempo a ser educada. — Rebateu agilmente, antes de guardar a varinha no bolso do vestido vermelho vinho.

Sirius revirou os olhos, antes de suspirar pesadamente. Limpou as gotas de suor com a palma da mão e mordeu o lábio inferior, antes de encarar novamente a prima. — Posso saber o porquê desta visita?

Bellatrix sorriu em resposta, antes de se ajeitar na poltrona de Sirius. Colocou uma das mãos sobre a face e retirou, com a outra, um pergaminho verde-musgo da sua capa. Sorriu maliciosa quando o colocou sob a secretária de Sirius, empurrando-o com o dedo indicador até à extremidade oposta, onde ele estava. —  Achei que iria adorar saber da novidade, priminho. — Debuxou, antes de colocar o corpo para a frente, numa tentativa (extremamente bem-sucedida) de o provocar.

Revirou os olhos, antes de abrir o maldito pergaminho com um certo receio. Conhecia Bellatrix suficientemente bem para saber que ela não estaria ali, com aquela boa disposição (nada característica dela) se não tivesse algo muito bom para o tirar do sério. Suspirou pesadamente, com medo do que estaria por vir.

Assim que abriu o pergaminho verde musgo, distinguiu um bilhete negro, que ele sabia ser um convite para a festa de fim de ano do ministério. Revirou os olhos. Tudo o que ele precisava de saber naquele momento era que Bellatrix Black iria infernizar-lhe a vida numa festa à qual não poderia faltar. Colocou o convite de lado e encarou a prima e não evitou sorrir. Estava a espera de algo muito pior. — Estava à espera de algo bem pior, priminha. — Acrescentou, fazendo-a revirar os olhos e inspirar pesadamente, antes de sorrir de forma um tanto quanto diabólica.

— Sirius, Sirius… — Disse sorrindo antes de apoiar os cotovelos na secretária de mogno dele. Sorriu diabolicamente, perante o olhar um tanto quanto confuso do primo. Com o dedo indicador, retirou um pedaço de pergaminho da carta e esticou-o em direção ao primo, fazendo-o perder o sorriso de imediato, ao reconhecer o conteúdo da mesma.

Sirius inspirou pesadamente ao encarar o brasão do ministério, gravado a ouro, bem no centro do pergaminho. Não precisou sequer de abrir o pergaminho para reconhecer o seu conteúdo. Ainda podia recordar, com precisão, a carta (tão semelhante aquela), devidamente posicionada numa das paredes da sala de jantar da casa da sua não-tão-adorada mãe, para que todos pudessem adorar os feitos – não tão grandes como eram mencionados – de Arcturus Black III, seu avô.

Arregalou os olhos e soltou um palavrão. Aquilo só podia ser um pesadelo.

Abriu o pergaminho com uma força desnecessária, relendo as palavras em latim várias e várias vezes, incapaz de acreditar no que os seus olhos viam. Arregalou-os vezes e vezes sem conta, encarando o pergaminho nas suas mãos, tentando encontrar algo que indicasse que aquele documento era falso.

“Ordem de Merlim, Terceira Classe

Pelos feitos realizados em vida, o ministério da magia concede, a Bellatrix Rosier Black, o prestigiado prémio "Ordem de Merlim, Terceira Classe". A atribuição do prémio terá lugar no dia 31 de Dezembro de 1981, pelas vinte e duas horas, no átrio do Ministério da Magia.  

Agradecemos a sua confirmação, o mais tardar até dia 29 do mesmo mês.

O Assessor do Ministro,

Régulus Arcturus Black.  

Por longos momentos, Sirius desejou nunca ter descoberto o verdadeiro porquê do desaparecimento de Bellatrix.

 

[ 31 de Dezembro de 1982, Sábado, Ottery St. Catchpole – Devon, Inglaterra ]

Durante toda a sua vida, Sirius havia ido a inúmeras galas de fim de ano como aquela e verdade seja dita, ele odiava todas elas. Considerava que todos aqueles detalhes eram necessários e que era tudo uma forma ridícula de ostentar dinheiro e poder. Ainda se podia recordar das mil e uma festas que os pais davam na casa de família em noites como aquelas. Se fechasse os olhos, ainda poderia ver os coitados dos elfos a correr desenfreadamente, escada acima e abaixo, enquanto carregavam os tecidos e as decorações mais caras do momento. As mais belas pratas eram escolhidas e o brasão dos Black era ostentado em todo o canto e recanto, para que tudo estivesse perfeito. E ele, como o primogénito da sua geração, era obrigado a vestir as mais belas roupas (na opinião da sua mãe, já que ele as considerava horrendas) e a comportar-se como um verdadeiro Black perante os convidados.

O seu estômago embrulhava-se só de recordar aqueles momentos. O conteúdo consumido naquela noite parecia querer sair pela sua boca só de pensar naquela maldita casa e em todo o mal que ela lhes havia causado durante tantos e tantos anos. Sentiu um aperto estranho no pescoço e livrou-se do laço vermelho vinho que usava naquela noite, não satisfeito, ajeitou a camisa branca que carregava, desapertando os dois primeiros botões. Suspirou aliviado, sentindo-se muito mais livre agora. Pelo amor de Merlim, ele odiava aquela roupa apertada.

Bebeu novamente um pouco de vinho, antes de se ajeitar na cadeira onde estava sentado. Encarou a mesa redonda à sua volta, completamente vazia.  James e Lily dançavam na pista de dança à frente deles e Remus, acompanhado de Emme, mexia-se desengonçadamente pela pista, tentando acompanhar a loira ao seu lado, enquanto a sua face se assemelhava a um verdadeiro pimentão.

Sirius não evitou sorrir ao encarar o amigo.

As suas orbes azuis passaram depois pelas outras mesas, devidamente dispostas pelo hall – completamente alterado – do ministério. As lareiras de madeira haviam sido camufladas, para que as paredes de pedra preenchessem todo o local. A enorme fonte, onde outrora repousava a figura do ministro, havia sido substituída por um monumento sobre a grande guerra bruxa e a vitória dos aurores sobre o exército de Voldemort. Um enorme palco fora colocado em sua frente, com um microfone no centro. Sirius ajeitou-se na cadeira, e piscou os olhos várias vezes, ao encarar as duas medalhas, dispostas numa vitrine, perto do microfone. Se se esforçasse um pouco, poderia ler as letras “ORDEM DE MERLIM” em cada uma delas. Revirou os olhos e suspirou fundo ao relembrar que ela iria receber uma delas.

O ministro estava louco, só podia.

Suspirou pesadamente antes de se ajeitar novamente na poltrona, numa tentativa de focar os seus pensamentos em algo que não fosse Bellatrix Black. As suas orbes azuis focaram-se, então, na mesa em frente da sua, onde Ted Tonks sorria para uma Dora mais do que adormecida no seu colo. Procurou, então, pela figura de Andromeda, mas não a conseguiu encontrar em lugar algum no salão. Sentiu novamente um embrulho no estômago, como se soubesse da resposta. Os seus olhos percorreram o salão, à procura da cadeira de Bellatrix.

Estava vazia.

— Dizem que a noite de fim de ano é a oportunidade perfeita para começar tudo de novo. — Uma voz forte sussurrou atrás de si, antes de se sentar ao seu lado na mesa. A voz de Sirius embrulhou-se imediatamente e durante longos segundos, um bolo formou-se na sua boca, impedindo-o de falar. Ingeriu todo o conteúdo do copo de uma só vez e fez sinal a um dos elfos para que o enchesse novamente.

— Existem merdas que não podemos apagar da nossa vida. — Respondeu grosseiramente, antes de voltar a esvaziar o copo. — Acredito que a marca no teu braço direito seja a prova disso mesmo.

Regulus não respondeu, não conseguiu. Deixou que o seu braço direito caísse sobre a mesa, antes de respirar pesadamente. — Não espero que me perdoes, Sirius. — Respondeu, antes de retirar algo do manto negro. — Mas não podia desapontar os nossos pais. Não queria…

— … ser como eu? — Sirius completou, encarando o irmão com os seus olhos azuis acinzentados. Regulus encarou-o com pesar e suspirou fundo, antes de segurar com força algo nas suas mãos.

— Não os queria desapontar. Apenas isso. Eram tudo o que me restava, ou assim acreditava. — Murmurou, antes de segurar a barra do manto com uma força desnecessária.

— O que te fez mudar de ideias? — Perguntou, soltando as palavras que a muito queriam sair. Regulus suspirou e, mesmo que a medo, estendeu-lhe o que havia retirado do manto para a mão de Sirius. — Percebi quem realmente importa. — Acrescentou, antes de se levantar da mesa. — Se algum dia estiveres preparado, sabes onde me encontrar.

— E o prémio?

— Tenho coisas mais importantes que um prémio. — Regulus acrescentou, antes de desaparecer pelo meio dos convidados.

Sirius suspirou pesadamente, encarando finalmente a foto que Regulus lhe depositara nas mãos, enquanto absorvia as palavras do irmão. Desdobrou-a cuidadosamente, arregalando os olhos em seguida ao encarar o pequeno embrulho que Regulus segurava nas suas mãos. Conseguia distinguir, desde logo, as orbes azuis que brilhavam no meio do embrulho e o sorriso rasgado do irmão mais novo. Mais abaixo, com a data de 25 de Dezembro do ano de 1980, Sirius podia ler: “Sirius Arcturus Black IV." Mais a baixo, a letras trémulas, Sirius leu a mensagem que o irmão lhe havia deixado. 

E, então, ele percebeu. Percebeu o porquê de Regulus ter desertado o exército de Voldemort e o porquê de Andy insistir que eles ainda podiam ser uma família - mesmo com todas as coisas que os separavam. 

Levantou-se de imediato, antes de respirar pesadamente. Segurou o casaco numa das mãos e, com a outra, colocou a varinha num dos bolsos das calças formais que usava naquela noite. Andou pelo meio dos convidados, avançando por dentro da multidão sem pensar duas vezes. Precisava de ir embora daquele lugar de uma vez por todas, mas antes precisava de a encontrar. Andou a passos largos, avançando cada vez mais rápido, esbarrando em alguém no processo.

Não precisou de reconhecer o emaranhado de cabelos negros para saber que era ela. Não quando aquele cheiro a flores invadiu as suas narinas, arrepiando os cabelos da sua nuca.

— Bellatrix. — A sua voz saiu com um sussurro, quando encarou os olhos azuis dela. — Onde está a Andy?

— Foi embora. — Respondeu rispidamente, antes de ajeitar o vestido negro que usava naquela noite. — Agora se me dás licença. — Acrescentou, antes de virar as costas ao primo.

— Bellatrix, espera. — Disse, segurando o braço direito dela com força. — A Andy quer…

— Que se dane o que a Andromeda quer. — Bellatrix murmurou, prestes a explodir, antes de se virar para ele. Os seus olhos brilhavam num tom ameaçador e só nesse momento é que ele percebeu que os olhos dela estavam vermelhos. — Que se dane a Andromeda, a sua família ridícula e as tentativas patéticas de tentar fingir que está tudo bem e que ainda podemos ser uma família feliz. São ridículos, todos vocês.

— Somos assim tão ridículos, Bellatrix? — Ele perguntou, antes de a puxar para um canto, longe dos olhares curiosos. Encarou-a atentamente, antes de respirar fundo e reunir toda a coragem que lhe restava. Não precisava de ser um génio para saber que a conversa com Andromeda tinha dado frutos, mesmo que não fossem os que a mais velha desejava. Respirou pesadamente e encarou as orbes da prima durante alguns segundos.

— Vamos demasiado tarde para isso, Sirius. — Resmungou, retirando a mão do seu aperto.

— Nunca vamos tarde para sermos felizes, Bellatrix! Por uma vez na vida que se dane esse orgulho! — Disse, desesperando, estendendo-lhe a mão direita, onde repousava a foto dada por Regulus. Ela abriu-a de imediato, encarando Sirius segundos depois, perplexa com o que os seus olhos viam. Os seus olhos cruzaram-se com os cinza de Sirius e sentiu o hálito quente sobre a sua pele. Não se tinha apercebido da pouca distancia que os separava. — Às vezes temos de fazer o que achamos correto e mandar à merda todas as consequências, Bellatrix. Que se dane o nome, o título e o que as pessoas podem pensar de nós.  — Murmurou, entrelaçando, pela primeira vez em seis anos, os dedos dele nos dela. — Que se dane o mundo, Bella. Existem coisas mais importantes que tudo isto... e eu tenho pena de não me ter apercebido disto mais cedo. 

Os dedos dela estavam tensos e os olhos azuis estavam presos na fotografia que tinha em mãos. A sua mente, porém, estava longe, perdida no meio das palavras de Andromeda e, agora, as de Sirius. Ela não tinha a coragem dele e muito menos de Andromeda. Durante anos, negou a sua própria felicidade em prol do nome que carregava desde que vira o mundo pela primeira vez. Sempre fora a felicidade os Black, em detrimento da sua própria. E do que isso lhe valia naquele momento? Do que lhe valia o nome se era ele que continuava ali, depois de tantos anos e de tanta discórdia, com a promessa de que finalmente poderiam ser felizes. Juntos.

Suspirou pesadamente, antes de fechar os olhos. Não precisava de encarar Sirius para saber que ele esperava por uma resposta. Durante longos segundos, pensou em como seria a sua vida se mergulhasse no desconhecido ao lado dele, do que seria dela se virasse as costas ao sangue que carregava. Suspirou novamente, exausta, antes de encarar novamente a fotografia que tinha em mãos e reconhecer a caligrafia apertada do primo mais novo num dos cantos. 

— "Nunca vamos tarde para perceber que o que realmente importa é a nossa felicidade." — Sirius leu, com uma voz rouca, a frase escrita pelo irmão. 

 

E, então, ela entendeu. Pela primeira vez em vinte e um anos, que a sua felicidade era tudo o que importava. 

E apenas isso. 


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Notas finais do capítulo

Deixarei a despedida emocionante para o epílogo da fanfic, mas obrigada por todo o apoio ♥ Espero que tenham gostado, mesmo que tenha sido um pouco meeeeeeeeeeeh!
*Sofia, eu sei que prometi que não metia OC's buuuuuuuuuuut é um sobrinho lindo para estes dois, não resisti! ♥



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