Desenhos de Chocolate escrita por Mellanie


Capítulo 4
Quinta-Feira




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BAKUGOU não apareceu no café depois que foi embora e Uraraka não entendeu o que houve para ele estar com um semblante tão triste. Depois que ele se foi, Deku também se levantou da mesa onde estava com pressa e disse que deveria voltar aos seus treinos. Midoriya tentou animar a garota de cabelos castanhos que ficou visivelmente abalada e disse que o “Kacchan” era daquele jeito mesmo, mas aquilo não ajudou Ochako nem um pouco.

Ele também não voltou no dia seguinte, e aquilo parecia ter acabado com o dia de Uraraka que não conseguia compreender porque se sentia assim. Seu trabalho ocorreu normal, e no momento ela fechava as portas do café para voltar para casa. Não sabia porque estava se sentindo tão dependente de um amigo, mas aquilo não era legal. Talvez estivesse apenas preocupada com Bakugou, certo?

A noite estava mais fria do que o esperado para um verão e ela conseguia ouvir os diversos insetos fazendo seus barulhos característicos. Cogitou em ir para casa direto, mas observando a praia vazia e as águas cintilantes que eram iluminadas pela lua, resolveu sentar um pouco pelos bancos de madeira que estavam fixados na areia. Ela tinha que dar um jeito em relação aos seus sentimentos porque sua aura triste estava afetando seus pais e isso era a última coisa que ela queria fazer.

Tirou os sapatos e os colocou ao lado da mochila, no banco vazio, sentindo a areia fofa tocar seus pés. O silêncio muitas vezes era angustiante para Ochako, mas naquela noite, naquele momento, parecia que era tudo que ela precisava. Começou a andar lentamente perto de onde a água batia na areia e fitava as algas brilhantes que emitiam uma coloração mágica no mar. Seus braços tremiam levemente, estava frio, mas aquilo não tinha a menor importância naquele momento.

Sentou-se na areia, ignorando como aquilo iria sujar sua saia e deixou que a água lhe molhasse até as pernas, respirando fundo. Ela realmente precisava se entender. Desde que entrou na U.A, ela tinha certeza de que possuía uma paixonite por Deku. Mina inclusive insistia naquilo e batia na tecla de que ela estava apaixonada, o mesmo para Tsuyu. Suas amigas conseguiam ver aquilo e diziam que apenas ela não percebia.

O que talvez era verdade, ou talvez não. Ochako não tinha certeza daquilo. Tinha se convencido, mas com sua relação estranha e aproximação repentina de Bakugou, ela se sentia de mãos atadas quanto aqueles sentimentos. Era verdade que admirava Midoriya demais, aquilo era inegável. Mas ao mesmo tempo, quando estava com ele e quando estava com Bakugou as coisas eram totalmente diferentes.

O que aquilo queria dizer? Gostava dos dois?

Não sentia que alguma amiga podia lhe ajudar naquele caso, e contar aquilo para sua mãe apenas a preocuparia ou criaria brincadeiras bobas; e Ochako não precisava daquilo. Era algo que devia decidir sozinha, afinal. Mas... como ela decidiria?

E se fosse Bakugou realmente a pessoa por quem estava apaixonada, então aquilo seria complicado. Porque ele obviamente não gostava dela. Bakugou gostava de alguém? As vezes ela se perguntava aquilo, e dentro da sua cabeça esperava muito que não. E se gostasse dele?! Como ela conseguiria se declarar? Certamente viraria cinzas no mesmo momento! É óbvio que ele nunca aceitaria sua confissão.

Voltou à realidade quando seus olhos captaram uma pessoa parada ao lado dela, com os pés também na água. Usava um casaco cinza e parecia aborrecido, e ela lhe olhou dos pés a cabeça antes de ter certeza de que poderia falar algo.

— B-bakugou-kun!? – Ochako murmurou quase como um sussurro, não tinha certeza se dialogar com o garoto naquele momento era certo. Katsuki lhe retribuiu com um olhar frio, e ela permaneceu sentada olhando para a água sem se mover.

— O que você está fazendo aqui, cara redonda? – Ele falou em um tom mais baixo do que o normal, e milagrosamente sua voz não possuía nenhum resquício de agressividade. Uraraka notou quando ele se abaixou e sentou ao lado dela. Suas bochechas ficaram vermelhas.

— Observando o mar, oras. – Ela respondeu, simples. Cruzou suas mãos, sentindo-se aflita com aquela situação e a proximidade repentina dele. Notou que sua resposta fez com que ele soltasse um “tch” irritado, mas ele fechou os olhos e piscou lentamente.

— Se você me falasse isso eu nunca iria saber. Inteligente. – Bakugou murmurou em um tom debochado e Uraraka lhe fitou com suas orbes marrons. Marrom e vermelho, e dois rostos cobertos por rubor resumiam a cena. Bakugou virou o rosto com pressa, irritado, e Ochako fingia desenhar na areia.

Viu quando o loiro de cabelos rebeldes suspirou fundo, e prendeu a respiração ao notar que ele queria falar algo.

— Aquele idiota do Deku não deveria estar aqui com você? – A voz dele se tornou mais agressiva e naquele momento Bakugou jogava algumas conchas de volta ao mar, irritado. Uraraka fitou-o, curiosa com a questão.

— Ele teve que voltar para treinar com All Might. – Ela respondeu um pouco duvidosa se deveria dar aquela informação para o colega que detestava Izuku.

Bakugou a fitou novamente, olhos vermelhos fixados nela e ela conseguia ver sua própria imagem. Ochako permanecia com as bochechas quase pegando fogo, porém Katsuki estava sério. A garota de curtos cabelos castanhos agarrou a si mesma quando o vento gelado bateu em seus braços e Bakugou fez o que ela menos esperava. Tirou o casaco que usava e jogou em sua cara. Nada sutil, mas ele era daquele jeito.

— O-obrigada. – Ela se cobriu, e sorriu envergonhada. — Nem parece que é você. – Adicionou, e aquilo fez com que Bakugou lhe olhasse indignado.

— Cara redonda, você poderia apenas agradecer, sabia? Caralho. – Ele cruzou os braços irritado e aquilo fez com que Ochako soltasse um riso alegre. Katsuki se levantou, ficando em pé ao lado da garota que permanecia sentada na areia.

— E você, Bakugou-kun? Por que veio aqui? – Ela questionou cuidadosamente, queria saber porque Bakugou estava daquele jeito ontem mas também não queria invadir seu espaço.

Ele não respondeu. Ouviu a questão, mas permaneceu em silêncio e respondeu com outra questão que fez com que Ochako perdesse o equilíbrio no momento em que se levantava.

— Você gosta do imprestável do Deku, não é, cara redonda? – A voz de Bakugou saiu em um tom mais baixo do que o normal e parecia mais afetada do que ele normalmente demonstrava. Ochako corou e no momento em que o loiro olhou para ela, ele entendeu a resposta.

— Entendo. – Falou, enquanto caminhava na frente dela e Uraraka o seguia, sem dizer uma palavra. De repente, a voz dela preencheu o silêncio da noite e fez com que Katsuki se virasse para a olhar.

— Eu não sei. – Ela deu de ombros, ainda envergonhada a ponto de querer enfiar sua cabeça na areia e ficar por ali. Seu coração batia rápido enquanto Bakugou permanecia congelado no lugar. — Não sei mais. – Ela acrescentou, cobrindo o rosto com as mãos, desconfortável, e então começou a chorar. — Eu não sei o que eu sinto!

O olhar gelado de Katsuki amoleceu e ele pareceu ficar sensível com a situação da garota que chorava em sua frente. Ao mesmo tempo, uma sensação gentil de alívio preenchia seu peito e ele se sentia culpado por isso. Porque Ochako não estava bem. Ele tocou o rosto da garota que era mais baixa que ele e isso fez com que ela arregalasse os olhos, surpresa com o toque. Ela esperava qualquer coisa, menos aquilo.

Ele passou seu polegar nas bochechas dela tentando secar suas lágrimas, ainda em silêncio. O único barulho daquele momento era da respiração descompassada de Uraraka e do mar batendo nas rochas. Ela fechou os olhos e tocou na mão quente dele, fazendo com que o loiro corasse suas bochechas e retirasse sua mão. O rosto dela exibia um sorriso gentil, mas ela ainda se sentia perdida.

— Obrigada, Bakugou-kun. – Disse, e ele assentiu com a cabeça sem falar mais nada.

A noite era fria e a garota de rosto redondo havia roubado seu casaco, mas as palavras que ela direcionou a ele eram quentes. Aquilo foi capaz de acalmar o coração inquieto de ambos, naquele momento.


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