Além do Tempo escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 6
On My Mind


Notas iniciais do capítulo

https://youtu.be/LxlCrlH6_Bs-Kat é atacada.
https://youtu.be/fXju3OXHzEI-Kat liga para Selene.



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P.O.V. Lorde Bingley.

A todo momento, me pego pensando nela. Katerina Carlton. Ela é a dama mais intrigante que já conheci, é indecifrável, misteriosa e ao mesmo tempo um livro aberto.

Tem energia, é sorridente, é afetuosa, gentil, altruísta, carinhosa e é a pessoa mais verdadeira que já conheci. E eu aceito o fato dela ser uma bruxa, aceito que ela tenha uma prima que é uma Banshee. Aceito que o mundo é um lugar muito mais misterioso e louco do que eu poderia ter se quer imaginado.

Fui até o apartamento dela já que não posso passar mais um segundo sem lhe dizer como me sinto á seu respeito, mas não foi ela quem abriu a porta.

—Pois não?

—Esta ainda é a residência da senhorita Carlton, não é?

—É. Eu sou a mãe dela. A Kat saiu, quer deixar um recado? Quer esperar?

—Sim. Eu gostaria de esperar, muito obrigado senhora Carlton.

Ela me convidou a entrar, sem de fato me convidar a entrar.

—Bom, vampiro você não é. Isso já é um alívio. E pelo seu jeito de falar, imagino que seja um daqueles que ficou congelados, acertei?

—Sim. Não acredito que a senhorita Austin realmente escreveu um livro sobre mim.

—Então, você a conheceu? Como ela era?

—Infelizmente sua frágil condição não lhe permitia ser apresentada.

—Frágil condição?

—De fato. A senhorita Austin sofria duma enfermidade que nenhum médico jamais conseguiu identificar. Levou anos para falar, não suportava que ninguém jamais lhe tocasse...

—E nunca fazia contato visual? Não gostava de barulho na cabeça dela?

—Como a senhora sabe?

—Meu Deus! Ela era autista.

A senhora Carlton riu.

—Jane Austen era autista. Coitada. O que deve ter sofrido aquela mulher. O povo devia falar que era coisa da cabeça dela, aqueles médicos machistas e ignorantes...só Deus sabe o que ela deve ter passado. 

—Está me dizendo que conhece a enfermidade que acometia a senhorita Austin?

—Baseado nas informações que me deu. É. É muito provável que ela fosse autista.

—A senhora também é médica?

—Não. Sou empresária. É irônico que a Kat queira se especializar em neurologia e tratar de crianças autistas.

—Neurologia?

—Isso. Ela vai ser médica especialista no cérebro humano, doenças como autismo, Síndrome de Irlen, Mal de Alzhimer, Cefaleia, encefalite, mal de Parkinson. São todas doenças neurológicas. Tem origem no sistema nervoso.

O celular da senhora Carlton tocou.

—Falando no diabo. Oi querida eu...

—Mãe. Mãe...

—Kat? Kat você se está bem? Querida, o que houve?

—Não consigo me mexer.

—Onde você está?

—Perto da Cosme com a Grant. Mamãe... socorro. 

A senhora Carlton começou a entrar em pânico.

—Kat? Kat! Katerina responda! Katerina!

Ela desligou e começou a discar outro número.

—Nove um um, qual é a sua emergência?

—A minha filha. Pelo amor de Deus ela está perto da Cosme com a Grant, alguma coisa horrível aconteceu com ela. Ela disse que não consegue se mover.

—Me diga onde está senhora.

—Eu não sei. Ela me ligou, disse que estava perto da Cosme com a Grant. Por favor, mande uma ambulância pra lá.

A senhora Carlton começou a pegar sua bolsa e sua casaca. Saiu correndo, entrou no carro e dirigiu a toda velocidade.

Quando deu instruções mais precisas para quem quer que estivesse do outro lado da linha, logo ela desligou. Encontramos a senhorita Carlton encima dum veículo, havia sangue saindo de sua boca e ela estava inconsciente.

—Kat!

A senhora Carlton pegou a mão da filha, fechou os olhos e então uma carruagem motorizada que tinha um apito ensurdecedor e luzes que piscavam incessantemente chegou. Pessoas uniformizadas saíram de lá de dentro, carregando equipamentos, mas a mãe não se importou. Então, ouvi um estralo. E os olhos da senhorita Carlton se abriram.

—Mamãe.

—Vai ficar tudo bem Kat. O osso está de volta no lugar. Tente não se mover.

As pessoas uniformizadas colocaram algo ao redor do pescoço da Senhorita Carlton.

—Vão enforcá-la!

—É um colar cervical. Serve para imobilizar o pescoço e a cabeça, assim não tem perigo de haver dano á coluna vertebral. Tá esperando o que filho? Entra no carro!

A senhora Carlton dirigiu atrás do automóvel que piscava e viemos parar no prédio branco. O hospital.

Ela não me esperou, saltou para fora do carro e entrou correndo no edifício.

—Katerina Carlton.

—O que?

—Minha filha. Katerina Carlton. Ela foi trazida pra cá.

—Não há registro...

—Vítima de aproximadamente vinte anos, caiu de um edifício encima de um carro. Possível sangramento interno. Vamos operar.

—E é a minha filha. 

A senhora Carlton começou a chorar de puro desespero. Não sei quanto tempo se passou, mas o padrasto da senhorita Carlton chegou.

—Eu vim assim que pude. O que houve?

—Eu não sei Luke.

—Como ela tá?

—Ela tá na cirurgia. Estão... estão fazendo o que podem. Ela quebrou a coluna Luke.

—Ah, meu Deus Selene. Eu...

—Coloquei de volta no lugar. Ouvir a minha filha do outro lado da linha... chamando por mim, pedindo socorro... foi a pior dor que eu já senti na vida Luke.

—Não acha que os mundanos vão começar a desconfiar considerando que ela caiu de um prédio e não vai haver nenhuma fratura.

—Deixa. Eu não me importo.

—Os médicos não disseram que a operariam?

—Estão operando.

—Mas, ela não deveria estar... gritando?

—Está sedada Charles.

—A senhora é a mãe da Kat não é?

—Sou. E então?

—Ela já foi transferida para o quarto. É um milagre não ter quebrado nada.

—Já está consciente?

—Não. Ainda não.

—Ela não teria motivo para tentar se suicidar, certo?

—Não. Bom, não que eu saiba. Mas, se ela queria se suicidar... então porque ligar para mim pedindo socorro?

—Você tem um ponto.

—Alguém fez aquilo com ela. E eu vou pegar quem fez isso.

Finalmente ela ficou consciente e contou que de fato foi atacada.

—Quem fez isso Kat?

—Possuído.

Foi a única coisa que ela disse antes de voltar a inconsciência.

—Um possuído. Meu Deus. Eu vou voltar para a delegacia e reportar isso, me ligue caso ela volte a acordar.

—Tudo bem. 

Pude ver que ela estava ligada a um monte de máquinas que apitavam.

—O que são todas essas coisas?

—Monitor cardíaco. Mede as batidas do coração.

—E essas embalagens?

—Isso é sangue e isso é soro, eu acho.

—Estão drenando o sangue dela. Que método mais sofisticado.

—Não menino. Ela está recebendo o sangue. 

—Uma vampira?

—Não. Ela deve ter perdido muito sangue, por isso fizeram uma transfusão.

—Um possuído. O que é um possuído?

—Acho que você sabe o que é. Um mundano, humano que foi possuído por um demônio. Aposto que ela estava tentando salvá-lo.

A senhora Carlton sentou-se numa cadeira e pegou a mão da filha.

—Sempre teimosa, obstinada, corajosa e altruísta. Demais para o meu gosto.

—Imagino que seja um assunto delicado, mas o que houve com o pai dela?

—Ele foi embora.

—E quem era ele?

—Valentim. Ele era... carismático, simpático, charmoso... imagino que seria difícil para qualquer mulher resistir. Ele disse que me amava, e eu o amei. Amei muito, mais do que você imagina. Só que Valentim não vive pelas regras de ninguém se não as suas próprias. E eu tive que aprender isso do jeito difícil.

—Um homem que abandona uma mulher que espera um filho seu, não tem caráter.

—Está no passado. Nada disso importa mais. Além do mais, ele não fez falta nenhuma, Luke sempre foi o pai da Kat. Ele a ama como se fosse sua filha e ela o ama como pai. Todos os aniversários, formaturas, ele sempre esteve lá. Por mim, por nós.


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