Inglaterra 1797.

P.O.V. Lorde Charles Bingley.

Eu, minha família e alguns de meus amigos mais próximos vamos fazer uma viagem para as colônias. Estamos á bordo do navio Gaivota, uma enorme nau á vapor que tem ótimo entretenimento. Bailes todas as noites, mas então... o navio dá um chacoalhão. Um tranco e a água congelante começa a entrar por todos os lugares.

Foi o caos. Felizmente consegui me reunir com a minha família e entes queridos e fizemos tudo o que pudemos. Ou seja, rezar por um milagre.

Estados Unidos, Califórnia-2018.

P.O.V. Kat.

Meu nome é Katerina Carlton. Eu sou estudante de medicina, mas o meu hobbie é surfar. Eu adoro nadar, surfar e tudo o que envolva o mar.

E eu estava nele quando, do nada apareceu um enorme Iceberg, com... gente dentro. Eram como picolés.

Um deles era mesmo um gato. Então, o gelo começou a derreter, a coisa todinha começou a desabar. Eu me afastei, mergulhei e o cara tava lá. Inconsciente. Puxei ele pra fora da água e o carreguei até a praia encima da prancha. Fiz respiração boca a boca e ele respirou.

—Deus abençoe meu treinamento de salva-vidas. Ei.

P.O.V. Lorde Bingley.

Meus olhos se abriram, a luz era cegante. Era o sol, mas sob a minha pessoa, havia outra. Uma senhorita á julgar pelos longos cabelos.

—Ei cara, tá sentindo alguma coisa?

Logo, meus olhos se acostumaram com a claridade e eu pude olhar para o individuo que estava a minha frente e realmente, era uma mulher. Os longos cabelos vermelhos molhados, caindo sob a face. Seus olhos eram verdes como um par de esmeraldas, sua pele era branca.

—Pelo amor, de Deus! Diga alguma coisa.

—Porque a senhorita está nua?

—Nua? É, você deve ter batido a cabeça feio, meu irmão. Talvez um daqueles pedaços de gelo tenha caído na sua cabeça.

—Blocos de gelo?

—Sim. Você tava preso dentro do bloco de gelo, achei que tava morto. Tinha uma galera lá.

—Uma galera?

—Um monte de gente congelada! Acho que todos estão vivos. Que nem você. Quem é você?

—Eu sou Lorde Charles Bingley.

—Sei. E eu sou a Rainha Elizabeth.

—Minha família tem muitas posses, e renome.

—Sua família são um bando de personagens fictícios de um romance da Jane Austen. Acho melhor eu te levar para o hospital. Milorde. Sabe nadar?

—Sei.

—Ótimo. Fala o que aconteceu.

—Eu não me lembro. Estávamos no navio, Gaivota. Então, ele começou a se encher d'água. 

—Menino! Se tá tremendo de frio.

Ela colocou as suas mãos nas minhas.

—Está com hipotermia. Se eu não te aquecer logo, você morre. Vamos.

Chegamos até uma humilde cabana. Eu tive que praticamente me escorar nela.

—Maria! Seu Marino?! É acho que foram pescar.

—Esta é a vossa casa?

—Não. É a casa da Dona Maria e do Seu Marino. Tira essa roupa molhada, vou te enfiar embaixo do chuveiro. Um banho quente vai te aquecer.

—Chuveiro?

Ela me forçou a me despir e então, havia um equipamento que fazia água cair do céu. A água era quente. Ela praticamente me banhou.

—Veste ai.

—Isto é uma vestimenta?

—A cueca vai embaixo, como a calçola e ai a camiseta e eu acho que você sabe vestir calças não sabe?

—Sei.

—Enquanto você vai se trocando, eu vou fazer um pouquinho de chá.

Ela trouxe a xícara com o líquido fumegante.

—Bebe isso. É chá de erva doce.

—A senhorita me tirou d'água e nadou comigo nas costas até aqui?

—Eu te trouxe na prancha, mas sim. Pode-se dizer isso. Pratico apneia, eu surfo desde os cinco anos. Você tava preso num bloco de gelo.

—Geleira na Patagônia. Havíamos acabado de transpor o Estreito de Beagle.

—Patagônia? Moço, você tá na Ilha Vermelha, perto da Costa Oeste dos Estados Unidos. Eu te achei na Califórnia. A Patagônia, fica a três mil quilômetros daqui.

P.O.V. Kat.

O homem entrou em pânico e saiu correndo. Estava chovendo ainda, para piorar. E eu fui atrás dele, não precisei ir muito longe.

P.O.V. Charles Bingley.

Eu tenho que encontrar minha família, minhas irmãs. Caroline e Louisa, Darcy, Elizabeth. Estava correndo pela estrada quando vejo uma carruagem que se move sem cavalos.

—Ei rapaz!

—A vossa carruagem? Ela se move sem cavalos.

Senti a escuridão me tomar.

P.O.V. Kat.

Eu cheguei, o carro tava parado e ele tava caído no meio da estrada.

—Meu Deus! Você atropelou ele?

—Não. Eu brequei, mas ele saiu do nada.

—Me ajuda. Precisamos levá-lo para um hospital.

O Seu Marino e a Dona Maria me ajudaram a levar o Charles para fora da ilha, minha amiga Marla estava procurando por mim no Iate da minha mãe.

—Kat!

—Ele precisa se aquecer, precisamos ir pro hospital! Agora!

Fomos para o Hospital de Londres e internaram ele.

—Katerina Carlton?

—Sou eu.

—O paciente está estável, mas tivemos que induzir um coma. Não há mais o que ser feito.

—Então, eu volto amanhã.

E eu voltei. Ele tava todo entubado. Seu Marino e a Dona Maria trouxeram as roupas dele.

—Você é um gato. Será que eu to me apaixonando por você?