Veritas - #NatalClichê escrita por Júlia Santos, QG Dramione


Capítulo 1
O Início


Notas iniciais do capítulo

Ooie!

Essa fic faz parte do desafio de Natal clichê do QG Dramione! Espero que todos gostem! Ela não está completa, provavelmente terá mais uns dois capítulos que serão postados até o final do dia 24!

O título será melhor explicado no próximo capítulo, apesar de eu achar que é compreensível já agora o motivo, haha!

Beijos!



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Quando ingressamos nas escolas, é de praxe que toda criança tenha matérias prediletas e insuportáveis. Sendo característica e essência humana, e não particularidade do mundo não mágico, eu sabia que quando entrasse em Hogwarts, provavelmente me fascinaria por alguma coisa e odiaria outra – ainda que tentasse manter o pensamento positivo de que nunca teria problema no lado bruxo de lá.

De cara, antes mesmo de colocar meus pés no Grande Salão, eu sabia que seria apaixonada por um ramo específico: o teto falsificado para dar impressão do céu estrelado, que descobri ao ler “Hogwarts, uma história”, me fez serva dos encantamentos desde o primeiro momento.

            Minha mãe sempre disse que, quando pequena, eu costumava olhar fascinada para o móbile de pássaros que meu falecido avô havia comprado para mim em uma de suas viagens para a Romênia. Meus olhos brilhavam, porque para mim parecia mágico ter pássaros voando tão perto de minha visão.

Como trouxa, eu não conseguia entender como era capaz de fazer algumas coisas antes de receber a minha carta. Mas, no final de tudo, os encantamentos sempre foram o ramo mágico que inaugurou o meu “segredinho especial”: eu ser uma bruxa.

Hogwarts somente aumentou meu amor por eles. No meu quinto ano, mergulhada cada vez mais fundo no mundo fascinante da biblioteca para disfarçar a saudade de quando podíamos praticar mágica livremente na escola, acabei descobrindo o livro de encantamentos que me levou ao mundo calmo do móbile de pássaros que havia no meu quarto.

Oppugno.

Quando eu sentia falta de casa, quando as coisas pareciam difíceis demais para aguentar, quando tudo parecia estar desmoronando, esse único encantamento era capaz de me levar para os lugares mais distantes da minha mente, lugares capazes de me acalmar e capazes de me defender caso qualquer ser humano tentasse destruir a minha paz.

Ronald Weasley, no ápice de sua carreira de goleiro da Gryffindor, foi a primeira pessoa depois de todos esse tempo que resolveu importunar o meu momento de cura.

Não tenho precisamente a conta de quanto tempo estou apaixonada por Rony, mas tenho precisamente a conta de quanto tempo levei para perceber que o sentimento não era recíproco: exatamente os dez segundos necessários para assimilar o beijo entre ele e Lilá Brown.

            Aquele beijo, para mim, foi como um sinal claro de que eu havia perdido uma guerra que nem sabia que estava lutando. Soube exatamente que precisava me recolher comigo mesma e com os meus pássaros, porque estar em casa parecia a opção mais concreta a passar pela minha mente já turva pelo choro.

            Eu já havia aceitado minha derrota, não fosse a maldita risada deles entrando no recinto para espalhar um amor que eu não queria que fosse compartilhado comigo. Os pássaros ficam bravos quando eu quero que fiquem bravos. Para mim, aquilo era uma afronta, era como entrar no meu espaço e cutucar sem delicadeza alguma um ferimento aberto.

            Rony ficou bravo comigo por semanas por enviar os pássaros para cima deles sem nenhum motivo moldado. Pelo menos, não um motivo palpável ao entendimento dele. E foi no momento em que eu, ao me tocar no emocional de uma colher de chá do meu melhor amigo, percebi exatamente o que deveria fazer.

            Naquele exato momento, me parecia natural que para conquistar Ronald, eu precisasse ter o que Lilá tinha: beleza. Obviamente, quando o assunto era atrativo, foi à Gina a quem eu recorri para me ajudar a mudar o visual e ficar um pouco mais parecida com as garotas mais bonitas de Hogwarts.

            Ela tentou ser uma amiga legal. Ela tentou me avisar que eu não precisava de nada disso. Ela tentou mesmo. Mas a minha mente estava tão cheia de complexos e inferioridade, tão cheia da beleza artificial de Lilá Brown, tão cheia da boca roxa de Ronald durante os almoços, que importunei Gina até que ela me ajudasse.

            Agora, encarando o espelho do meu quarto, no dia da volta do recesso de Natal, percebo a dimensão da ideia que tive naquele instante. Com os cabelos alisados até a cintura, o uniforme decotado e mais curto que o original, maquiagem atípica para a rotina de Hogwarts, a Hermione encontrada na minha frente me deixava envergonhada.

            Minha mãe já me chamou para tomar café duas vezes, mas confesso que não sei como sair do quarto e me dirigir até a cozinha. Meus pais nunca foram de julgar as minhas escolhas, mas como bons leitores de personalidade que são, vão saber que alguma coisa está muito errada comigo.

            E está mesmo. Eu não sei aonde que estava com a cabeça quando fiz isso.

            Acordo do meu transe na frente do espelho com os gritos da minha mãe, vindos de baixo. Ao contrário do que imagino, ela não me chama para o café novamente, e sim porque Edwiges está me aguardando com uma carta. Franzo a sobrancelha em confusão ponderando sobre sair ou não do quarto.

            Para Harry me mandar uma carta, e não esperar para falar no próprio Expresso de Hogwarts, é porque ele precisa me deixar a par de algo que aconteceu ou está para acontecer. Ou seja: o assunto certamente é importante. Respiro fundo, abrindo a porta e descendo as escadas afobada, com medo do que poderá estar escrito na carta que Edwiges carrega.

            Percebo os olhares quando adentro a cozinha para atender Edwiges, porém ignoro por ora. Faço carinho em seu bico e lhe alimento antes de mandá-la de volta para Harry. A carta é exaltada, percebo claramente a partir dos garranchos irritados do meu melhor amigo.

            Querida Hermione,

            Gostaria de mandar uma carta apenas desejando um Feliz Natal, mas infelizmente não terei como fazer isso esse ano. Os Weasleys foram atacados por comensais durante o recesso de Natal, dentre eles Bellatrix Lestrange e Fenrir Greyback. A Toca foi incendiada e eles estão devastados com a situação.

            Já não posso mais aguentar isso, Hermione. Preciso de informações e as memórias na penseira de Dumbledore não estão me levando a lugar algum além da frustração. Eu não te contei sobre isso porque estava aguardando o momento correto para usar, e acredito que o momento seja agora.

            Durante uma de minhas visitas posteriores aos encontros do clube do Slugue, acabei por me deparar com um frasco de Veritasserum em cima da escrivaninha do professor. Sei que é errado, e sei que você vai me condenar pelo resto da vida, mas eu peguei aquele frasco porque pensei que poderia ser útil em algum momento.

            Vou usá-lo em Draco hoje no trem. Ele está por dentro de tudo que ocorre nas reuniões dos Comensais, afinal ele mesmo já deve ter se tornado um. Só você sabe sobre isso, então preciso que você não conte a ninguém. Preciso que saiba porque alguém precisa me ajudar a fazer isso funcionar, e a pessoa ideal é você.

            No mais, te reitero sobre tudo no trem. Fique alerta, Hermione. Não estamos mais seguros.

            Harry.

E quando estivemos?”, é o que se passa pela minha cabeça quando termino de ler a carta. Algo sobre a carta de Harry me incomoda profundamente, entretanto não sei bem como falar para ele que não acho o plano uma boa ideia. Incitar a raiva de Draco não me parece uma boa ideia.

Me viro para os meus pais e sorrio, enquanto eles ainda me olham estáticos e esperando algum tipo de explicação, não sei se pela carta, não sei se pelas roupas.

— Harry só queria me desejar um Feliz Natal, provavelmente Edwiges se perdeu em uma tempestade de neve e se atrasou. – falo com calma, me sentando na mesa e ainda com a carta martelando em minha cabeça como um eco sem fim.

— Claro... – minha mãe responde sem graça – Ahm, haverá algum tipo de festa em Hogwarts?

Sorrio para ela, pois ela mesma me deu a chave sobre toda a minha produção. Pelo menos da frente deles, posso mentir que teremos uma grande festividade de volta, apesar de ser totalmente mentira.

— Sim. É isso mesmo, Dumbledore sentiu que as festas de fim de ano mereciam um novo baile de inverno, só que mais informal. Mesmo assim, sempre vale a pena se arrumar, pelo menos uma vez ao ano.

O rosto deles parece imediatamente aliviado. Sorriem de volta e comem o café da manhã com a tranquilidade que não havia em seus rostos quando entrei. A minha tranquilidade, entretanto, não era verdadeira.

O plano de Harry ainda me parecia algo errado, e a frustração com ele me acompanhou até King’s Cross. Tal sentimento se mistura com vergonha e súbito nervosismo quando preciso cumprimentar a família Weasley do outro lado da parede. Sinto os olhares me queimando como fogo, e não sei bem como agir sobre eles.

Gina, ao ver que travo com tanta atenção, decide assumir as rédeas da situação. Vai até minha pessoa e me puxa até perto dos Weasleys, sempre com um sorriso enorme no rosto e mexendo no meu cabelo.

— Eu sabia que nos seus cabelos aquela poção ficaria maravilhosa. Eu pedi para Hermione me fazer o favor de testar uma poção que ganhei para alisar os cabelos, já que para mim ela não serve muito. Caprichou, Herms, você está linda. Não acham?

Rony, que abraçava Lilá, me olha abismado. Ela, desconfiada pela quebra súbita do carinho entre namorados, me encara com desconfiança e certa irritação. Os Weasleys no geral me elogiam com comentários de carinho e afeto, mas a pessoa que eu realmente queria que dissesse algo passa a me ignorar depois de Lilá beijá-lo novamente.

Meu coração aperta, porque subitamente o meu plano parece mais bobo do que já parecia na frente do espelho da minha casa. Todos os elogios e todos os comentários não valiam de nada quando Ronald não havia aberto a boca nem para falar que eu estava bonitinha.

Entro no trem antes de todos por não conseguir conter direito as lágrimas. Arranjo uma desculpa sobre estar com dor de cabeça para que ninguém desconfiasse, e Harry se aproveita da oportunidade para ir junto para dentro do nosso meio de transporte junto comigo.

Eu sabia que ele queria conversar. Entramos no primeiro vagão vazio que aparece, e me forço a engolir as lágrimas e disfarçar com um sorriso amarelo que tenho certeza que Harry percebe, mas prefere não perguntar ou comentar. A preocupação de Harry não é com minha aparência ou vida amorosa no momento, e eu completamente compreendo, apesar de não ter o necessário para apoiar o seu plano.

— Então, você leu a minha carta? – pergunta ele fechando a porta do vagão – Precisamos falar rápido antes que venham.

— Li. – respondo, me virando para a janela e colocando a mão nervosamente na testa, já que sei muito bem que vou comprar briga com Harry nesse exato instante.

— Então, o que achou? Tem algo a complementar sobre ele?

— Sim, tenho. Aliás, muita coisa a complementar. Seu plano é extremamente mal estruturado, sem falar do fato de ser totalmente maluco. Como você vai conseguir colocar algo na bebida de Draco sem que os outros percebam? Draco está sempre rodeado de capangas, caso você nunca tenha percebido.

— Oras, você fala como se eu não tivesse uma capa de invisibilidade, Hermione. – ele solta a risada pelo nariz, sentando-se com calma nas poltronas do trem, sem realmente levar a sério os meus questionamentos.

— E você fala como se Draco não tivesse quebrado o seu nariz no início do ano. Ou você esqueceu do excelente trabalho de rinoplastia que Luna fez em você?

— Não, não esqueci. Mas serei mais cuidadoso dessa vez, não vou fazer as coisas de forma tão boba. – ele retruca, começando a perceber que o meu tom não era de brincadeira.

— É bom mesmo, até porque você vai estar mexendo com fogo, Harry. Usar Veritasserum em Draco não vai fazê-lo esquecer que você usou algo nele, ou seja, ele vai vir atrás de você e de todo o resto depois disso. É mais perigoso do que ficarmos quietos e bolarmos um plano bem arquitetado, por favor.

Ele me olha com confusão. Se levanta da poltrona, aproximando-se do meu rosto com leve desgosto no olhar. Respira fundo, encarando-me como se eu fosse o bicho mais nojento que ele vira nos últimos dias.

— Você realmente está dizendo que vai negar ajuda num plano de vingança aos Weasleys? – perguntou lentamente, como que controlando a própria raiva na voz.

— Estou dizendo que não vou ajudar se o plano for esse. Além disso, a vida é de Draco, isso seria uma humilhação para ele, nenhuma pessoa merece passar pela comissão da verdade sem realmente ter feito algo. E até o presente momento, por mais que desconfiemos que Draco seja um comensal, ele continua sendo suspeito. Continua sendo apenas um garoto.

— Você está defendendo uma pessoa que te maltratou a vida inteira! – ele grita revoltado, se afastando de mim.

— E você está gritando comigo, se não percebeu. – falo controlada, observando os outros entrar bem na hora que termino de sussurrar minha frase – Dessa vez, não vou te ajudar. Harry. Não vou cavar nossa própria cova.

O resto do pessoal entra rindo no vagão. Gina, Neville, Luna entram primeiro, rindo animados de alguma fato engraçado que ocorrera com Neville no Natal. Seguido deles, entra Ronald com Lilá, sempre aos beijos. Bufo irritada, sentando-me ao pé da janela e olhando por grande parte da viagem o lado de fora, ignorando a maior parte das conversas ao meu redor.

Percebo de quando em quando olhares de Rony, mas ao contrário do que pensei, não me sinto lisonjeada. A cada minuto que passa, quando o encontro observando a minha mudança, me sinto mais enjoada, e não pelo balanço constante do trem.

Penso em dormir para ignorar a ânsia, mas não me parece uma ideia boa deixar Harry sem olhos que o vigiem. Então, abro um livro e tento ignorar a queimação na bochecha, como se os olhos de todos lançassem raios ao olhar para mim.

Passados exatos cinquenta minutos de viagem, Harry se levanta com a capa de invisibilidade em mãos e diz que vai dar uma volta pelo trem. Os outros, concentrados em seus respectivos afazeres, não notam realmente o que ele fará.

Uma vantagem de ser melhor amiga dele há anos é que sei exatamente quais serão seus movimentos. Primeiro colocar veritasserum no café de Draco, deixá-lo beber tudo, aguardar sua ida ao banheiro e, quando abrisse a porta para sair, o empurraria para dentro novamente para que assim pudesse arrancar informações. A previsibilidade dos movimentos dele chega a ser tosca.

Decorridos cinco minutos da saída de Harry, eu me levanto para sair também. Calculo que ele já esteja no vagão da Slytherin, muito provavelmente apenas esperando o momento em que Draco ficará sozinho para ir ao banheiro. Então, eu mesma me dirijo ao banheiro para pegar Harry desprevenido. Fico parada na janela perto da porta, observando a paisagem passar enquanto aguardo que Draco apareça.

O dia ainda brilha lá fora e constato que é meio-dia. A neve cai como um tapete branco por todo o chão e o uniforme mais curto me deixa com muito frio, apesar do ar quente dentro do trem. Finalmente ali, sozinha, me parece um bom espaço para chorar, não fosse os constantes comentários daqueles que passam para ir ao banheiro.

Finalmente, após cerca de quinze minutos e quase desistência da minha parte, vejo o cabelo loiro de Draco reluzente ao final do corredor. Ele vem apressado, claramente atordoado, e sei muito bem que Harry está pouco atrás dele, porém com a capa de invisibilidade. Preciso ser mais rápida que ele.

Respiro fundo, enquanto as feições de Draco ficam cada vez mais nítidas no grande corredor. Dou as costas para os dois antes que notem a minha presença e corro rápido para o banheiro, me escondendo no lugar mais ridículo possível: atrás da porta, na escuridão.

Quase apanho quando Malfoy entra no cubículo, liga a luz e dá de cara comigo dentro do banheiro ao fechar a porta.

— Granger, o que você...

Calo sua boca com a mão, trancando a porta do banheiro manualmente. Harry não pode usar magia fora de Hogwarts, então nem me preocupei com o uso do Alohomora para abrir. Encosto Draco, quase duas vezes maior que eu, na parede do banheiro, sempre com minha mão em sua boca e indicando com os dedos que é para mantes o silêncio e não gritar.

Quando percebo que está mais calmo, retiro calmamente minha mão de sua boca, me preparando para um bombardeamento de perguntas sobre o que eu estava fazendo no banheiro masculino, lhe tocando com minha pele suja.

Fico surpresa ao me deparar com uma risada vinda de sua boca, enquanto me olhava de cima a baixo com cara de confusão, porém de clara diversão também. Passa as mãos no próprio cabelo, como se não pudesse controlar as próprias feições, e quando menos percebo, fala algo que nunca me parecera tão típico do Malfoy:

— Que porra você fez consigo mesma, Granger?

E é assim que eu percebo que estou trancada com um Malfoy extremamente honesto até o efeito da poção passar.

Maldita Veritasserum.


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Notas finais do capítulo

Espero que curtam esse início de fic! O resto será postado em breve! Um beijão pra vocês ♥



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