A Ascenção de Hades escrita por Sapphire


Capítulo 8
Ellaria II


Notas iniciais do capítulo

Olá, quanto tempo não é?

Eu não sei se eu cheguei a comentar, mas eu comecei a faculdade nos últimos meses, e isso me impossibilitou muito de continuar escrevendo e postando com certa regularidade.
No momento eu estou de férias, então vou postar o máximo capítulos que eu conseguir! É isto, boa leitura a todos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/772003/chapter/8

 

A reunião havia sido pesada, mas naquele momento todos já deviam estar em suas respectivas cabanas, descansando para a missão mais importante do acampamento. Porém Ellaria não conseguia dormir, sempre que fechava seus olhos a filha de Tique via os caminhos e alternativas que dariam errado, um verdadeiro pesadelo. 

Escondida atrás de cortinas, ela mantinha seus olhos fechados e pernas cruzadas, respirando fundo, meditando, colocando sua cabeça no lugar. Se ainda fosse possível ver o sol, ele provavelmente estaria nascendo, dizendo a todos que a missão estava prestes a começar. Callisto e Juliet já haviam saído a tempos do local, enquanto Calíope não tinha nem aparecido na cabana durante a noite, talvez estivesse nervosa demais para olhar nos olhos de qualquer um. 

Por alguns instantes, Ellaria foi levada para o início da guerra, meses depois da morte de Apolo. O Acampamento ainda estava se acostumando com a ideia de morar no monte olimpo, sendo alvo de ataques a todo momento. 

 A jovem ellaria estava sentada em frente a fogueira, sozinha. Colocou a ponta de sua espada nas labaredas vermelhas que aumentavam cada vez mais. Era estranho a sensação de não sentir o calor do sol todos os dias, mesmo depois de tanto tempo ainda não havia se acostumado.  

Muita coisa acontecia ao seu redor, semideuses iam para o treinamento com Domênica, filha de Ares, e Atrius, filho de Poseidon. Do outro lado, as Amazonas faziam uma reunião que parecia ser de suma importância, sempre admirou muito tais mulheres, elas eram tão lindas e fortes. Em 25 anos de vida, a primeira vez que havia visto uma delas foi quando a guerra começou, pelo menos ela tiraria algo bom daquilo tudo, não só ela, mas todos ali, o Acampamento era enorme, vários semideuses e demais guerreiros juntos ali, algo que nunca aconteceria em um dia normal. 

Olhou para trás apenas para ver Marv se aproximar com um sorriso no rosto, o filho de Dionísio sentou do lado dela, e Ellaria fitou o castanho que eram seus cabelos curtos.  

 - Seu turno chegou – Colocou a mão no ombro da filha de Tique.  

Fez que sim com a cabeça e se levantou, levantou a espada e fitou o metal avermelhado, por conta do fogo a alguns segundos atrás, que já começava a desaparecer. Acenou com a cabeça para Viktor, filho de Afrodite, que também estava saindo de seu turno. 

O que separava o Acampamento dos bosques do Monte Olimpo era uma muralha feita de estacas de madeira, parte dela ainda estava em construção, mas não era algo a se preocupar já que os filhos e filhas de Hefesto trabalhavam rápido. Haviam várias torres espalhadas no limite dessa muralha, e naquele momento Ellaria subia a principal, que ficava ao lado do portão. 

Albus estava parado, apoiado na estrutura, observando tudo ao seu redor, quando a filha de Tique surgiu, ele virou-se para trás com um sorriso.  A versão mais jovem do rapaz tinha cabelos curtos e um corpo com menos cicatrizes. 

— Olá– Ele cumprimentou.  

A jovem acenou com a cabeça, gostaria de não fazer nada, mas sabia que seria falta de educação não responder o garoto, então achou melhor dizer algo.  

— Como está indo? 

 - Normal, mas precisamos ficar atentos, a qualquer momento algo pode acontecer – O semideus respondeu.  

Ellaria não via mais necessidade em perguntar algo ou desenrolar um assunto, não queria se distrair, era pressão demais ficar ali na equipe de segurança, qualquer desviou seria fatal, mas o filho de Hecate não pensava desse jeito. 

 - Como você acha que estão as pessoas lá embaixo? 

 - Sofrendo, confusas,  sem entender. - Os semideuses do Acampamento Greekus haviam sido convocados assim que a guerra começou, sem tempo de conversar ou se despedir de seus familiares mortais, e desde que Apolo morreu ninguém tinha a coragem ou forças para descer do Olimpo. Se estava difícil ali, Ellaria não conseguia imaginar como estava sendo difícil para os humanos, viver sem o sol, apenas com nuvens escuras e uma chuva fraca. - Você não consegue ver com seus poderes?  

— Se eu me esforçar muito sim, mas é doloroso demais ver pessoas inocentes morrerem... Me preocupo também com os semideuses que ficaram. 

  - Você acha que tem algum? - Ellaria sabia que haviam outros semideuses espalhados pelo mundo, mas sempre havia pensado que eles foram convocados também.  

— Soube que nem todos aceitaram o convite... - Deu uma pausa. - Como a Casa para semideusas, na cidade de Creta.  

Nunca tinha ouvido muito falar sobre aquele lugar, mas sabia que era real, uma espécie de lugar que só aceitavam semideuses mulheres, e lá elas eram treinadas desde criança, deviam ser tão fortes e astutas quanto as amazonas. 

 - Talvez acharam melhor ficar e lutar pela própria cidade – Ellaria disse, não achava uma má ideia, talvez fizesse o mesmo no lugar delas. 

Ele fez que sim com a cabeça. 

 A filha de Tique sentiu uma sensação estranha, quase como se alguém estivesse sussurrando em seu ouvido sobre algo que viria, e pouco tempo depois aconteceu. Entre as árvores na frente do Acampamento de Batalha, surgiram duas figuras sujas de sangue e lama. 

 - Albus  - Ela engoliu um seco.  

— Eu vi – O filho de Hecate parecia estar tão nervoso quanto a jovem.  

Na torre do outro lado do Portão, dois arqueiros já começavam a se preparar. 

 - Não! - Ellaria gritou. - Precisamos saber quem são antes. 

Os dois se olharam, não atiraram, mas também não abaixaram a guarda.  

— Identifiquem-se! - Albus gritou. 

 - Eu.. Eu.. Sou Étrus! Filho de Apolo – A voz do garoto estava cansada, mal conseguia gritar. - Nos meus braços está minha irmãzinha! Por favor nos ajudem! 

Os dois permanecerem em silêncio, apenas com o som do vento indo de encontro a seus ouvidos. 

 - Nós temos que abrir os portões -  Ellaria disse. - Eles vão morrer. 

Albus respirou fundo, após alguns segundos desceu as escadas correndo e gritando.  

— Abram os portões! 

Logo alguns semideuses começavam a se reunir na entrada, curiosos para ver o que estava acontecendo. Os dois semideuses entraram completamente desolados no acampamento. Os arqueiros continuavam apontando suas flechas para eles, apenas esperando um movimento em falso. 

— O que está acontecendo?! - Era Domênica, filha de Ares, uma das líderes do Acampamento. Os cachos ruivos da garota voavam enquanto ela empurrava as pessoas, abrindo caminho para que ela mesma passasse. - Quem deu ordens para abrir o portão?   

— Eles estão morrendo, Domênica– Albus ficou na frente de Étrus, como se estivesse protegendo-o dos olhos nervosos da filha de Ares. - O que queria que fizéssemos?  

Um silêncio mortal se instalou no local, Ellaria olhou para o rosto da menina no colo do irmão, mostrava um olhar de medo, o rosto com alguns machucados superficiais, devia ter sido uma viagem difícil.  

A Filha de Ares suspirou, após um sinal todas as armas apontadas baixaram a guarda, ela fitou os semideuses ao redor olhando seu rosto, e disse: 

 - Levem-nos a enfermaria – Virou-se para trás, mas continuou falando. - Se eles forem espiões, já sabem de quem será a culpa. - Logo depois sumiu na multidão de semideuses, mas dessa vez ela não precisou empurrar, um caminho se abriu para que ela conseguisse sair dali. 

— Vamos galera, não tem mais nada pra ver aqui -  Albus gritou e em questão de segundo os semideuses foram desformando o círculo, indo para seus afazeres comuns. 

Ellaria fitou Étrus e disse:  

— Deixe que eu a levo – Observou o medo no olhar do rapaz. - Vai ficar tudo bem, vocês estão a salvo agora. 

Em pouco tempo a garota estava nos braços de Ellaria, ela não era pequena, tinha o tamanho de uma criança normal. Observou os olhos claros dela abrindo, era realmente uma filha de Apolo.   

— Vai ficar tudo bem agora... Tenha certeza – Deu um sorriso fitando os olhos lindos que se abriam lentamente.  

Saiu do transe assim que passos invadiram sua cabana. Logo depois a cortina que a separava do resto da estrutura foi aberta pela Filha de Apolo, seus cabelos loiros estavam um pouco embolados, e os olhos inchados e vermelhos.  

— Hm... Ellaria? - Fez uma pausa.  - Espero não estar incomodando... Queria me despedir 

— Você nunca é um incômodo, Calíope. - Pronunciou, abrindo os olhos lentamente. Se levantou e caminhou até a direção da prole de Apolo, colocando as mãos sob seus ombros. As duas trocaram um abraço caloroso, e naquele contato Ellaria viu tudo novamente, ela gostaria de morar naquele sentimento recíproco só para que aquelas memórias nunca se esvaíssem de sua mente. – Eu te conheço desde que era uma garotinha e agora você já é uma mulher.  

Observou o rosto dela e deu um pequeno sorriso. 

Étrus entrou pela porta, usava sua armadura e parecia estar pronto para partir. Os olhos dois irmãos se encontraram, e Ellaria sabia reconhecer a hora de sair. A filha da deusa da sorte deu um beijo na testa de Calíope.  

— Estou esperando você na entrada – Disse para Étrus antes de sair da cabana, deixando os dois irmãos a sós para conversar. 

Enquanto atravessava o acampamento, as pessoas olhavam em seus olhos com um sorriso, orgulhosos ou talvez com pena. Em poucos minutos, Ellaria sairia do acampamento em busca de um novo lar para todos, e as expectativas não eram muito boas, a verdade é que ela sentia medo, mas não o medo de morrer, medo de falhar e deixar todos no acampamento na mão. 

Caso ela e os outros não voltassem, isso significava que haveria um ataque, e todos deviam estar preparados para o pior. Observou Callisto conversar com Déspios, provavelmente algo relacionado aos suprimentos do acampamento, a amazona era bem maior que o filho de deméter, que também não era pequeno, e a relação dos dois era engraçada, pareciam familiares distantes que voltaram a se falar recentemente mas não tinham intimidade o suficiente.  

Do outro lado Albus, Mandy, Órion e Romeo tinham uma conversa calorosa. O filho de Hecate havia formado uma bela equipe de segurança, com certeza o acampamento não ficaria desprotegido caso eles desaparecessem do mapa. 

Enquanto se aproximava da entrada, seu coração acelerava ainda mais, gostaria que nada daquilo estivesse acontecendo, mas não se referia a missão, e sim a guerra. Lembrava quando ainda esperava que tudo um dia acabaria, mas com os anos tudo foi desabando, e assim como o mundo, a esperança de Ellaria havia se desestabilizado a muito tempo.  

Ao se aproximar do lado de fora, sentiu o cheiro da lama criada pela constante chuva que caía fazia 10 anos, o zumbindo as moscas começava a ficar mais próximo, assim como o clarão dos raios que se formavam no céu. 

Observou Albus e Callisto se aproximarem, logo depois Étrus. Todos com suas devidas armas e armaduras, preparadas para tudo. Um aglomerado de semideuses se formava na entrada, observando com temor os quatro semideuses que iriam para longe. 

Eles ficaram assim durante um tempo, observando em silêncio os semideuses, Ellaria não pensava que aquele dia chegaria, mas tinha chegado, e a sensação que subia na sua espinha não era nada boa, gostaria de voltar no tempo e impedir que tudo aquilo acontecesse, mas era impossível, sabia que tinha que lidar com tudo aquilo, mas não sabia por onde começar. 

Sentiu a mão de Étrus em seu ombro e ela respirou fundo. 

 - Continuem firmes, continuem treinando – Ellaria observou os olhos de cada um. Ficou feliz ao ver o filho de Ares que possuía longos cabelos ruivos se aproximar da multidão. - Ática, Koth, Órion, Juliet... Contamos com vocês para treinar os semideuses. Mandy, tenho certeza que vai conseguir proteger o acampamento enquanto Albus estiver fora, Déspios, seus suprimentos continuarão sendo os melhores!  

Deu uma pausa, apenas para observar os olhos de Calíope. 

 - Continue firme – Disse para a garota. - Respirou fundo. - Todos vocês, continuem firmes!.  

— Pelo Olimpo! - Callisto gritou, socando o ar. 

Em seguida todos gritaram em um forte coral.  

— Pelo Olimpo! 

Enquanto se afastavam, via os olhos amarelos de Albus brilharem, estava conjurando um feitiço de proteção, talvez forte o suficiente para eles passarem pelo bosque sem nenhum monstro interferir.  

Étrus estava na frente, suas mãos brilhavam em uma luz amarela, iluminando o caminho pelas árvores, revelando corpos de monstros e semideuses que nunca conseguiram chegar ao acampamento.  

Callisto carregava em suas mãos o grande Arco da deusa da caça, Ártemis. Quando a deusa morreu, ele foi entregue para a líder das Amazonas, Pasifae. Mas em seu último suspiro de vida, a mulher entregou a arma nas mãos de Callisto, que a mantém até hoje. Ele era lindo e reluzente, tinha a forma de uma língua minguante, e as vezes Ellaria pensava que era a própria lua em miniatura, e pensando bem, poderia até ser. Haviam vários pontos brilhantes espalhados, tal como estrelas que poderiam facilmente terem sido roubadas do céu. 

E a mulher não era a única a possuir uma arma que antes pertencia a um deus, Ática havia herdado de Ares uma de suas principais armas de guerra, duas lâminas de ferro do tártaro, guiados por duas correntes que nas mãos de alguém que não era um filho de Ares queimavam como lava. E também haviam boatos de que Eros, usava o arco do primeiro deus caído, Apolo. 

De qualquer forma, haviam várias armas de deuses e deusas espalhadas por todo o Olimpo, apenas esperando serem achadas. 

 - Estamos sendo ofuscados - Os olhos do filho de Hecate voltaram ao amarelo normal. - Mas não sei ao certo como funciona esse tipo de feitiço do lado de fora, podemos ser atacados a qualquer momento. 

Ellaria fez que sim com a cabeça, retirou duas pedras de ouro de sua armadura, e elas foram derretendo, aos poucos seu corpo começou a ser coberto por uma fina camada de ouro. Havia descoberto que podia fazer isso a alguns anos atrás, estava lendo sobre os deuses menores, e encontrou a forma que sua mãe, Tique, era adorada por trazer a riqueza para as cidades, e aquilo foi como uma explosão na cabeça da mulher, em pouco tempo ela descobriu que havia mais ouro em baixo da terra do que ela pensava.  

— Em cima! - Étrus virou suas mãos para as árvores a tempo de ver várias Harpias descendo dos céus na direção deles. Os monstros que eram híbridos de mulheres com pássaros de grandes asas ferrenhas. Ele aumentou a intensidade do brilho sobre elas, e em uma explosão de claridade elas começaram a bater umas nas outras desnorteadas sem conseguirem enxergar. 

— Μετακινήστε τη Γη– Albus moveu a palma a frente do corpo e várias pedras que estavam no chão foram na direção dos monstros. 

Uma delas caíu em pé próxima de Ellaria, que endureceu a camada de ouro sob seus punhos, mirou um soco bem no meio de seu rosto, de forma que a criatura fosse lançada com força contra uma árvore. 

Callisto ergueu seu arco e puxou a corda prateada, que quanto mais se distânciava, maior era a flecha de energia formada. Após alguns segundos ela lançou em uma das harpias, a flecha voou deixando um rastro de luz roxa por onde passava, e ao encostar na Harpia explodiu, criando uma onda que também atingiria outras harpias.  

Após alguns minutos com a respiração ofegante, Albus foi o primeiro a falar: 

 - Precisamos continuar. 

 - Faz tanto tempo que não saio do acampamento que não atravesso esse bosque que tenho medo do que vou encontrar – Étrus disse, ainda iluminando o caminho com suas mãos. 

 - Se dermos sorte, um novo lar – Callisto disse. 

Esse era o problema, Ellaria era filha da deusa da sorte, e naquele momento ela não se sentia nem um pouco sortuda. 

Aos poucos a copa das árvores foram diminuindo, e as árvores tortas foram tomando o lugar de uma estrutura destruída. As vezes a filha de Tique esquecia que estava vivendo em uma Montanha, e naquele momento ela lembrou. Conseguia ver as várias casas, templos, torres de mármore, tudo abandonado. Era difícil ver um lugar que havia sido um exemplo de sociedade estar daquele jeito.  

— Chegamos - Étrus respirou fundo. 

 - Cidade de Olímpia - Ellaria respirou fundo, agora era pra valer. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Não deixem de me falar as suas opiniões! Bjs ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Ascenção de Hades" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.