Apenas Escritos escrita por Th Roberta


Capítulo 9
Apenas 8 - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Bem, aqui está a continuação da história. Vamos ver o que vocês acham e que reflexões isso causou em vocês :P Essa parte é bem menor que a outra, mas achei melhor dividir a história para tão ficar tão grande ou cansativo para vocês.



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As horas passaram rápido, mesmo que eu sentisse o efeito de cada segundo naquele ambiente seco e quente sobre mim. Quando a noite se aproximou, procurei por uma caverna próxima ao rio, levando o rapaz comigo. Fiz uma fogueira para nos mantermos aquecidos.

Olhava para as chamas, que me fizeram me perder em meus pensamentos. Recordei o dia duro que tive, as palavras de meu ex-parceiro. Essas lembranças doíam, mas dentro de mim, pensava ter feito o certo. Não podia decidir sobre a vida de alguém e todos merecem uma nova chance. E mesmo que esse rapaz não viesse a confiar em mim, estava decidida a tentar explicar-lhe o que aconteceu e ajudá-lo a se tornar alguém melhor.

Pensava em tudo isso, espantando as frases de meu parceiro de minha mente. “Você é estúpida! Não merece viver”, “Não vai sobreviver muito tempo nessa região”. Podia até imaginá-lo caso conseguisse voltar ao meu reino... Seu olhar devastador sobre mim, sua espada pronta para me atacar. Essa imagem que se formou na minha cabeça não se desfez por mais esforço que fizesse para deixá-la de lado; ela tinha vida própria.

Tentei olhar para o chão, mas meu corpo não me obedecia; via apenas meu ex-parceiro com sua espada na mão. Minha visão passeou pelo local contra minha vontade. Pude ver meus chefes, a dureza em seus olhares. Vi minha família também: minha mãe só chorava; meus irmãos se conformavam, mesmo que algumas lágrimas rolassem de seus olhos, e meu pai... Meu pai estava logo atrás de mim. Suportei seu olhar o máximo que pude, entendendo o que aconteceria: ele seria morto comigo. Eu era uma negação para a família e para o reino. Assim sendo, aquele que me criou deveria ser morto para que outros como eu não aparecessem no reino. O destino de meus irmãos seria decidido durante a semana e minha mãe deveria ver todas as execuções (caso eles fossem mortos também) para que lhe servissem de exemplo. Caso fosse vista conversando com alguém, seria torturada e morta.

Não aguentando mais ver meu pai e seu olhar pesado, lhe virei as costas, olhando para meu ex-parceiro. Ele se aproximava com calma, se divertindo com o desespero que crescia em mim a cada passo que dava em minha direção. Quando finalmente estávamos cara a cara, ele pegou meu pescoço com força, me sufocando. Senti a preocupação de meu pai atrás de mim e ouvi minha mãe chorar mais alto, tentando, em vão, conter os soluços.

— O que aconteceu? – A voz dele quase não saiu.

Pude perceber que seu olhar variava entre ódio e decepção.

— Eu não podia deixá-lo morrer... – Respondi com dificuldade para respirar.

— Quem não é nosso amigo, é nosso inimigo. – Ele disse ainda baixo, apertando mais o meu pescoço.

Mantive meus olhos nos seus esperando sua ação.

— Ele merecia uma chance.

— Quantas chances ele teve e desperdiçou...

— Ele pode mudar.

— Ninguém muda assim do nada.

— Eu poderia ajudá-lo. 

Minha voz quase não saía de minha garganta. Meus pulmões precisavam desesperadamente de ar.

— Ele jamais aceitaria a sua ajuda. - Ele disse com certeza do que falava.

— Por que não?

— Porque ele é seu inimigo.

Ele apertou ainda mais o meu pescoço.

— Garota estúpida... Você merece morrer.

Ele me soltou, me deixando cair no chão. Coloquei a mão sobre meu pescoço, aliviada por poder respirar novamente. Infelizmente, meu alívio durou pouco: logo senti algo frio atravessar meu corpo, meus órgãos em confusão, meu sangue escorrendo para fora de mim, manchando minhas roupas. A dor era intensa. Ele tirou a espada de mim sem muito cuidado, me deixando cair para o lado. Senti gosto de sangue na minha boca e minha visão ficar turva.

Nesse momento, essa imagem se desfez de minha mente. Pisquei meus olhos algumas vezes até conseguir focar minha visão em alguma coisa, mesmo que a dor que senti enquanto via a imagem em minha mente não tivesse me abandonado. Olhando para o lado, vi o desconhecido que trouxe para a caverna comigo. Me afastei dele rapidamente, me arrependendo em seguida ao sentir uma dor nas costas. Me observando, vi o sangue que manchava minhas roupas, a dor aguda que senti enquanto via aquela imagem que não tinha me abandonado; ela era real.

Encarando o rapaz, me deixei deitar no chão, perdendo minhas forças pouco a pouco.

— Por quê?... – Perguntei.

Ele apenas continuou me olhando, desviando seus olhos dos meus instantes depois. Ele passou as mãos pelas minhas roupas, guardando para si a faca de meu ex-companheiro. De pé na caverna, ainda procurou por outras coisas que não sabia o que era.

Lágrimas escorreram de meus olhos. As frases do meu ex-parceiro voltaram, martelando meus ouvidos. “Por que escolheu vir se nunca presenciou algo assim?”, “A vida não vale nada!”, “Não se trata das pessoas, mas de si mesmo”, “Não estamos em um conto de fadas!”, “Você merece morrer”.

Com os olhos fechados e sem forças para dizer qualquer coisa, ouvi o rapaz se afastar para deixar a caverna. Ouvi-o parar e se virar, sentindo seus olhos sobre mim. Pela frieza que me atingiu, percebi que ele não se arrependera do ato.

Com a respiração curta e sentindo que estava deixando meu corpo, pensei meu penúltimo pensamento: "Eu só queria ajudá-lo...".

Escutei sua voz pela primeira e última vez, que se misturava à voz de meu ex-companheiro como resposta ao meu pensamento:

— Garota estúpida.

“Realmente, eu mereço morrer...”.


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Notas finais do capítulo

... É,nem sempre temos finais felizes... Mas quero saber de uma coisa: vocês gostariam que isso tivesse uma continuação? Ou deixo acabado aqui mesmo? Além disso, quero saber também de suas impressões quanto à história. Comentem aí S2



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