Apenas Escritos escrita por Th Roberta


Capítulo 5
Apenas 5


Notas iniciais do capítulo

Bem, essa história roi escrita no mês passado em um momento de muito estresse kkk bem, foi basicamente por pressão escolar e familiar, intensificada por uma TPM antecipada que só causou mais estragos ;-; Uma coisa que realmente não gosto é quando alguém não tenta me entender, porque faço um grande esforço para entender as outras pessoas também, e foi mais ou menos isso o que aconteceu. A história ia tomar um rumo mais triste, mas eu estava ouvindo música na hora, e como as músicas eram alegres, o final se tornou esperançoso kkkkk Eu jamais pensei em escrever uma história assim, com esse "tipo de personagem" :P Bem, espero que gostem ^.^
E Monique, melhoraaaaaaa S2



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"Já vou!”, eu digo, mas parecem não me entender. Será que de repente comecei a falar em outra língua? Que eu saiba, ainda não estou tão avançada no curso de inglês. Me chamam novamente e a raiva tenta me dominar. Respiro fundo uma, duas vezes pensando em algo para dizer, algo que não seja uma má resposta. Me conheço e sei muito bem que, se não tiver uma resposta, respondo qualquer coisa, o que me vier na cabeça, sem nem pensar se vai machucar a pessoa.
        Entram no meu quarto e têm uma surpresa: não estou ouvindo música como de costume, mas escutando a eles muito bem. “Quem sabe agora não entendam que, se não dei uma boa resposta até então foi porque não estou de bom humor?”. Mas não compreendem: chamam minha atenção, explodem suas raivas em cima de mim, que de raiva já estou cheia. Respiro fundo mais dez vezes, percebendo que respirar fundo não me ajuda em nada, não me acalma e nem me tranquiliza. Abro a boca para responder e, não importa quantas vezes pensasse em uma resposta, ela nunca sairia boa, sem uma ponta de angústia. No meu mundo era angústia, mas vi que no mundo deles minha resposta teve outro efeito: soou como indiferença ou ódio escondido.

Que culpa tenho se entendem errado? Quem mais pode saber o que eles carregam em seus corações para que venham tantas vezes em meu quarto me exigir a mesma coisa? Quem sabe o que sentem ou o que não sentem mais? Quem sabe o quão verdadeiros são ao me pedir algo, ou o quão preocupados estão ao me corrigir? Eu não sei, não aprendi a decifrar o mundo dos outros. Não decifro nem mesmo o meu, muito menos o dos outros. Apenas vejo, deduzo, mas não concluo por completo.

Saem e me deixam novamente. Percebo que já não sou eu mesma, mas uma pessoa bem pior, com um mundo ainda mais devastado e acabado. Procuro por algo que possa reconstruir esse mundo, mas não encontro nada. “Talvez pudesse usar algo do meu mundo destruído, inventar uma utilidade para isso”, tento me animar, mas o Desânimo me aparece outra vez: “E você consegue? Vale a pena se reconstruir sendo que logo estará aos pedaços novamente? Não perca seu tempo; logo estarão aqui te destruindo novamente”.

Sua voz tentadora me consome, me controla e, submissa a ele, juro não me animar tão brevemente, me escondendo em minhas tristezas e me fechando para todos. Comecei fechando as janelas do quarto, que sempre deixavam passagem para a luz do Sol.

“Por hoje você não brilhará para mim, Sol”.

Ao ver seu olhar interrogativo, me explico:

“Não é tempo para alegria, Sol. Não hoje, em que todos decidiram me desanimar”.

Ele me olha docemente. Sabia que queria me ajudar, mas sinto o olhar do Desânimo sobre mim. Encaro novamente o Sol, dizendo-lhe:

“Por hoje não...”.

Ele me olha uma última vez com seu olhar triste. Por mais que quisesse me ajudar, sei que ele respeitaria minha vontade. “Diferente de certas pessoas”, pensei.

O Desânimo, meu novo rei, sorri para mim.

“Fez bem. Vai poder pensar mais sobre a vida, refletir, minha filha”.

Concordei de cabeça baixa e me sentei novamente em minha cama.

“Não se sente aí. Por acaso ainda tem traços de Felicidade em ti? O chão representa onde estás, onde se encontra a tua Felicidade. Deite-se lá”, ele ordena e obedeço enquanto penso o quão irônico é ver o Desânimo sorrir.

Me deito no chão frio, aproveito o espaço tão grandioso que minha cama confortável não me ofereceria; no chão eu era livre, com todo o espaço para mim. E era isso que eu precisava: espaço. Mais uma vez entram em meu quarto. “E sem bater!”, resmungo mentalmente. Meu novo rei concorda, me ditando novas regras a seguir.

Tentam me animar, mas fecho a cara e, mais uma vez, seguimos o roteiro: chamam minha atenção, dizem estar decepcionados, fazem um leve drama; eu permaneço imóvel, inatingível. “Vocês não sabem o que tenho, quem sou. Sou filha do Desânimo, e não mais de vocês”, penso. Me encaram tristonhos e se vão. “E nem fecham a porta! Realmente não me entendem”.

Me levanto e bato a porta com força. Ouço as reclamações e permaneço quieta. Volto ao meu infinito chão, onde podia pensar em paz.

Depois de um tempo, Desânimo disse que logo voltaria. Para que não ficasse só, me deixaria com sua amiga, a Tristeza. Disse que era boa companhia e que logo estaríamos muito amigas.

“Amigas... Não preciso de amigas”, lhe disse.

“Mas essa é especial. Vai gostar dela. E ela vai respeitar seu espaço, fique tranquila”, ele diz saindo do quarto.

Fecho os olhos. Espero, espero e nada acontece. Quando decido me levantar e fazer algo, vejo ela, tão pálida quanto eu no outro lado do quarto. Nos encaramos por alguns minutos e ela desvia o olhar. “Parece tão mal quanto eu...”, observo.

Me desloco para perto dela, que permanece imóvel.

“Você é quieta”, digo a ela.

“Desânimo já te informou sobre isso”, ela responde.

“Não pensei que fosse tão... triste. Por que a tristeza?”.

“Tudo me entristece, garota. Não tenho motivos de ver a Felicidade. Eu e ela somos incompatíveis. Não sabia disso?”.

“Não... Nem sequer imaginava isso”.

“Eu e Desânimo somos irmãos. Ele insiste em dizer que não, me tem como amiga enquanto temos o mesmo sangue... Isso já me é um peso...”.

“Ele também se tornou o seu ‘guia’?”.

“Sim... Me conduziu por pensamentos que nunca tive antes... A partir dali percebi que não vale a pena sorrir. Percebi que a vida não tem belezas, não tem graça”.

Me lembrei do Sol. Ele não era sem vida e sem graça. Pelo contrário, era ele quem me animava com seus raios alegres.

"Você nunca tentou ver as coisas de outra forma?”.

“Desânimo tomou conta de minha identidade... Diria até que somos gêmeos! O que nos diferencia é a capacidade dele de se deliciar com as intrigas que cria. Já eu não sinto o mesmo, ao contrário, me sinto retraída, pequena, frágil... Inútil...”, ela sussurrou soltando uma lágrima.

“Você está me fazendo companhia agora, ou seja, não é inútil”, tentei lhe animar.

“Se eu não estivesse aqui, Desânimo estaria. Sou sempre uma segunda opção, querida...”, ela disse triste, colocando a cabeça no meio das pernas.

Me senti pior ainda. Nem tentando animá-la eu conseguia. “Se fosse com meus pais... Não, eles também não se animariam tão facilmente. Não depois de ter gritado com eles, decepcionado eles...”.

Voltei ao meu canto escuro deixando a Tristeza sozinha. Me deitei de barriga para cima contemplando o escuro imenso. “Imenso que acaba... Se ligar a luz, a escuridão já não é tão grande. Ela só se faz grande porque eu a deixo ser grande ao não ligar a luz. E pensar que para que essa imensidão exista, ela depende da minha vontade de deixá-la existir...”.

Ali deitada pensei muito. Revi muitas cenas, muitas falas, muitas brigas. Repensei sobre algumas atitudes minhas e deles. Enquanto revisava minha vida, senti outra presença. Com certo receio, olhei em volta e percebi que outra figura me observava. Tinha um olhar triste e trazia em uma das mãos um caderno. Me sentei, analisando-o.

“Quem é você?”, perguntei.

Ele não me respondeu.

“É tímido? Não precisa ficar com vergonha e nem com medo. Não vou te machucar”.

Ele continuou me olhando, ainda sem me responder. Me aproximei dele, que se afastou nervoso.

“Por que está com medo?... Já disse que não vou te machucar.”.

Ainda temeroso, ele apenas soltou o caderno que segurava e deixou-o no chão, se afastando de mim.

“Posso pegar?”.

Sem respostas, decidi folheá-lo. Tinha uma capa dura com um desenho de um porão com uma pequena lâmpada acesa. As demais páginas continham anotações em ordem alfabética. “De pessoas? Não... De famílias”. Continuei folheando até encontrar as páginas e anotações feitas sobre minha família.

“As anotações são suas?”, perguntei sem encará-lo.

Ele soltou um “uhum” afirmativo.

“Pelo menos ele me ouve”, pensei.

Li sobre meus pais. De acordo com as anotações, as coisas não iam bem: desentendimentos, desacordos, frustrações, falta de tempo... Tudo isso os cercava e os atrapalhava, segundo as informações do caderno. Sobre eu e meus irmãos, as palavras eram: desunião, ofensas, desavenças e falta de comunicação. “É fato que não conversamos muito, mas... Conversa interfere em algo?”, me consultei.

“Sim”, ele me disse pela primeira vez, arrancando minha atenção do caderno para ele.

Me decidi em continuar as observações. Vi que havia uma tabela de “problemas” e “soluções”, que li sem muito interesse. Vi também com bastante desinteresse um desenho, algum tipo de esquema que resumia tudo o que estava acontecendo com minha família.

Percebendo que o caderno era demasiado enganoso (quem acredita em informações de um estranho sobre sua família?), soltei-o no chão, analisando aquela figura à minha frente, ainda estática e parada. Não se movia com muita rapidez. Não porque era velho, mas porque era calmo. Era também pascácio: usava um roupão marrom com umas cordinhas dependuradas. As de Desânimo eram parecidas, porém mais “significativas”, atraentes até. As dessa criatura eram sem graça. Olhei com desdém para sua fisionomia: calado e deveras quieto. Desanimado? Não parecia. Talvez sério.

“Não sou parente do Desânimo” foi o que ele me disse percebendo meus pensamentos.

Duvidava. Tentava não deixar claro, mas no fundo duvidava.

“Sou um parente dele... Mas distante”, ele explicou com sua voz grossa e serena.

No silêncio do quarto, seu sussurro parecia um fundo musical fúnebre. Se antes ele não me respondeu, resolvi não respondê-lo agora, olhando em volta e mostrando a ele que sua presença me incomodava.

“Se não tivesse estado aqui antes, juraria que a Arrogância lhe tivesse visitado”, ele confessou, angustiando meu ser frágil e desanimado.

“Estava aqui antes?”.

“Aqui e em todos os lugares nos quais o Desânimo tem passado”, me explicou.

“Por que, se não são parentes próximos?”.

Ele hesitou em responder. Desviou os olhos dizendo que era algo como uma missão de desfazer os frutos do meu novo rei, o Desânimo. Estranhei e quis saber mais. Ele se calou, novamente se aquietando em sua quietude irritante.

Suspirei impaciente.

“Não...”, ele disse em tom de súplica.

Sem entender, permaneci em silêncio, à espera de uma explicação.

“Não hajas assim... Não viste quantos estragos foram alcançados com sua impaciência e a de sua família?”.

Ainda sem entendê-lo, continuei calada.

“Não viu minhas anotações com cautela...”, ele disse mantendo a serenidade.

“Não vi porque não me pareceram importantes”.

“Não te é importante analisar as coisas que te acontecem?”.

“Não quando elas são tão óbvias”.

“E se são tão óbvias, por que não procura mudança?”.

Ia responder, mas me calei. Mudança? O que precisava mudar?

“Jamais pensou que as brigas em sua casa pudessem se resolver? Nem ao menos pensaste que pode haver uma forma de reverter a situação? Ou me afirmas que gostas de viver nesse meio de intrigas e solidão? Não te é estranho que uma família more na mesma casa e seja tão desunida?”.

Suas palavras me atingiram de forma que não entendia, apenas sentia. Sentia que aquilo fora estranho e impactante. Sentia que aquilo fazia sentido. Sentia que tudo, de repente, parecia estar fora de lugar. Repentinamente, me senti perdida.

Olhei para ele procurando uma ajuda e ele me disse apenas que eu devia me concentrar. Me concentrar como havia me concentrado após minha conversa com a Tristeza e revisar minha vida.

Mesmo sem entender, fiz o que ele disse. Fechei os olhos e me concentrei em revisar minha vida. De início, via apenas um furacão: não conseguia me concentrar. Entretanto, em algum momento, a concentração me veio.

Vi novamente algumas cenas, a maioria de brigas minhas com meus irmãos. Vi quando gritei com eles e lhes disse coisas duras. Vi quando não me importei com seus pedidos de ajuda. Vi também uma chusma de desavenças com meus pais, quando lhes ignorei ou quando lhes desrespeitei. Repensei sobre algumas atitudes minhas e deles e vi o quanto fui arrogante, bruta. Lembrei do que aquela nova figura me dissera: “Se não estivesse aqui, juraria que a Arrogância lhe tivesse visitado”.

“Quem sabe não me visitou antes?”, me perguntei. “A Arrogância e a Audácia”.

Minha mente continuou a sua “viagem no tempo” e, dessa vez, não me vi dizendo-lhes coisas cruéis, mas me vi como eles ao me ouvirem. Vi o que sentiram, o que pensaram. Senti suas tristezas e incertezas. Qual foi meu espanto ao ver que minha irmã pensara em fazer atrocidades por me ver daquela forma, tão “selvagem”...

Em mais uma “viagem” – que já me estava cansando a alma e o coração -, vi que a Raiva, a Arrogância e muitos outros seres me visitaram naqueles momentos de histeria. Me senti mal ao rever tantas cenas, ao me ver nelas...

“Não somente eles te visitaram, mas também a seus familiares”, a figura calma, ainda à minha frente, me disse.

Como se pudesse controlar meus pensamentos, mostrou-me quando Raiva, Discórdia e Tristeza visitaram meus irmãos, dando-lhes péssimos conselhos. Vi que aceitaram seus conselhos quando, em outros momentos, continuei a gritar com eles. Vi que o Desânimo e Preocupação visitaram meus pais, dando-lhes ideias errôneas sobre mim. E vi suas ideias se fortalecerem quando fui grossa para com eles novamente.

Mostrou-me que, quando estava a dormir, o Desânimo tratou de entrar em meu quarto e preparar meus primeiros passos do dia, me manipulando. Mostrou-me quando ele ganhou forças no momento em que meus pais me vieram perguntar qualquer coisa e como se apoderara de minhas atitudes naquela manhã. Mostrou-me quando o Desânimo queria que me fechasse para o mundo e quando bati a porta do quarto. “Que devem ter pensado meus pais?...”, me perguntei amarga.

“Que seu dia estava ruim. E, ao perceberem isso, tentaram te animar, em vão. E tudo o que faziam, Desânimo distorcia sua visão para que entendesse tudo errado”, ele me disse.

Meu coração doía. As imagens se dissiparam, deixando-me com a alma abalada e a mente triste.

“Não vim para te transformar na filha da Tristeza. Por favor, não se deixe dominar com esse sentimento. Vim para te mostrar o que Desânimo anda fazendo contigo e sua família”, ele sussurrou fechando os olhos.

Por alguns instantes, permaneceu com os olhos fechados. Depois, me apontou a parede ao lado.

“Isso está acontecendo agora...”, ele sussurrou.

Olhei na direção indicada e vi que, na sala, meus pais se encontravam perdidos. Conversavam? Sim, conversavam. E sobre mim! Agucei meus ouvidos para ouvi-los. Vi minha mãe abraçada a meu pai, desconsolada, sem saber o que fazer comigo. Vi meu pai procurando esperança. Vi Desânimo ao lado deles  expulsando a Esperança do local, chamando a Tristeza e a Depressão para o ambiente. Vi que, nos outros quartos, minha irmã recebia a Angústia, e meu irmão, a Perdição.

Preocupada, me virei para o ser que me ajudava naquele momento, sem encontrá-lo. Olhei em volta procurando-o, encontrando apenas seu caderno no chão.

Peguei o caderno e encontrei a parte referente à minha família. Li tudo, analisei os desenhos e encontrei algumas respostas para alguns dos problemas. “Mas como vou fazer isso? Sou só eu contra todos esses sentimentos!”, pensei desesperada.

Por impulso, ia chorar. Me encostei na parede e fechei os olhos. Por um momento, prestei atenção na escuridão. “Imensidão que acaba... Se ligar a luz, a escuridão já não é tão grande. Ela só se faz grande porque eu a deixo ser grande ao não ligar a luz. E pensar que para que essa imensidão exista, ela depende de minha vontade de deixá-la existir...”.

Estava aí a resposta! Devia começar por mim, por minhas atitudes para depois conseguir afastar o Desânimo de casa. “Se começar por mim, não mais deixarei que ele exista em minha vida. E se conseguir, poderei ajudar aos outros”, concluí.

Fechei o caderno, decidida. Antes de continuar a fazer qualquer outra coisa, notei que ele brilhava na capa. E o brilho, cada vez mais forte, me deixou ver a capa inteira: o porão com a pequena lâmpada acesa.

“Faz sentido... O porão, lugar vazio e de tristezas... Seria minha casa?”, me perguntei.

Atrás de mim, a voz calma e grossa me respondeu: “Independente do que seja o porão, o importante é que você saiba quem é você dentro dele”.

Encarei-o, notando sua calma mais perceptível do que nunca. Depois, olhei para a capa do caderno mais uma vez.

“Um porão empoeirado, vazio... Prateleiras quebradas... A lâmpada acesa... Quem sou eu nesse porão?”.

“A luz”, ele respondeu.

“A luz...”, eu repeti encantada. “A luz que ilumina o porão, que mostra o que há dentro dele”.

“A luz que mostra onde estão os erros para que eles se consertem”, ele completou.

“A luz...”, ambos dissemos e sorrimos.

Pela primeira vez pude vê-lo sorrir. Um sorriso iluminado e belo.

“A luz... Eu devo ser a luz”, me deliciava ao pensar.

“Que tal começar abrindo a janela?”, ele me sugeriu.

Concordei, pulando de felicidade. Me dirigi à janela, abrindo-a e fechando meus olhos devido à claridade. “A luz...”, dizia comigo mesma. Ao me virar para receber uma nova ordem do meu companheiro, não o encontrei.

Com o caderno nas mãos, notei algo que até então não havia notado: ele tinha um título. “Culpa”, eu li, imaginando o ser calmo e tristonho à minha frente com aquele roupão marrom sem graça. No lado de trás do caderno, vi que estava escrito “Recomeço” e, ao ler a palavra, lembrei das explicações do ser calmo de roupão sem graça e de seu sorriso. Ele não era um, mas “dois em um”: Culpa e Recomeço.

Abracei o caderno animada, sentindo a presença dele ali, próxima a mim. Olhei para fora, vendo o Sol. Notei que ele estava risonho.

“Que foi, Sol? Nunca me viu abrindo a janela?”.

Ele riu. Me olhou carinhosamente e fitou o caderno, sorrindo. Eu, chocada, consegui apenas dizer:

 “É, Sol... Você toma conta de mim a todo momento não é? Assim fico envergonhada”.

Rimos juntos.

“Foi você quem mandou a Culpa, não foi? A Culpa e o Recomeço. Que espertinho! Mas sabe de uma coisa? Decidi ser filha sua. De agora em diante, sou filha do Sol: sou Luz”, confessei sorrindo.

Mantive o olhar para fora da janela por alguns instantes até que a porta se abrisse, chamando minha atenção. Entraram meus pais novamente. Pude sentir que com eles vinham a Tristeza, a Depressão, o Desânimo...

Eu e Desânimo nos encaramos. Ele, invejoso e decidido a me atrapalhar; eu, iluminada e decidida a expulsá-lo.  Sentia em mim os raios do Sol, a força que Ele me dava e o olhar de Culpa e Recomeço sobre mim, confiante. Inspirei buscando confiança.

“Agora começa um novo começo”.


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Notas finais do capítulo

Ficou grande o capítulo kkkkkk nem eu esperava por um capítulo grande assim. Aliás, uma sugestão de fanfic que dou a vocês que gostam de Turma da Mônica Jovem e Amor Doce é a fanfic "Together by chance", de Monique e Shiryu (que está sendo escrita aos poucos, mas é realmente incrível S2 super recomendo para quem gosta de aventuras, tretas, romances e ideias completamente novas e diferentes das temáticas de AD e TMJ ^.^).