Apenas Escritos escrita por Th Roberta


Capítulo 10
Apenas 9


Notas iniciais do capítulo

Huuuum, esse eu realmente amei escrever ^.^ Espero que gostem
Quero agradecer imensamente a duas amigas minhas: M. F. Morningstar, que fez essa capa linda para Apenas Escritos... AMEI A CAPA, muito obrigada pelo carinho ^.^S2
E Nicolly, por estar sempre acompanhando minhas histórias e me apoiando em cada uma delas, mesmo que você não comente aqui S2 obrigada a vocês duas por serem tão especiais na minha vida e no meu caminho da escrita S2



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É verdade que aquele prédio era grande e antigo, mas ele nunca se acostumava com a quantidade de pessoas dentro dele, vivas ou mortas. Em uma de suas salas brancas, um jovem buscava, de todas as formas, ter esperanças. Me pergunto como é ter esperanças quando elas não mais existem.

O rapaz, ao lado dela, não compreendia. Chorava como se nunca tivesse chorado; a tristeza era nítida. Segurou uma de suas mãos, mas seu gesto não foi retribuído. Com um nó na garganta, dizia seu nome baixinho.

— Por favor... Volta... - Ele clamava.

Não sentia o calor que era tão presente na garota; ele desaparecia vagarosamente. Lhe pediu diversas vezes para que voltasse, e outras milhares de vezes se desculpou por não ter sido melhor, por ter fracassado naquilo, por ter se esquecido de tal coisa. Ela pode ter ouvido alguma coisa ou outra, mas não respondia. Quando ele entendeu, fechou os olhos. Uma parte dele estava faltando. E como ia fazer falta... Disse o nome dela baixinho uma última vez. Perto do ouvido dela, disse que a amava.

As lágrimas caíram sobre o rosto pálido da garota. Tomado pela emoção, beijou-lhe os lábios, tão conhecidos por ele.

"Tão frios...", percebeu.

Se afastou lentamente, as lágrimas corriam em abundância.

"Como vou dizer isso para os seus pais? Para os seus amigos? Você vai e me deixa essa difícil missão... Por quê?...", ele se perguntava aos prantos.

Deixando a sala, andou por todo o hospital, se perdendo entre seus corredores e elevadores. Buscava calma onde só havia desespero. Procurava forças de outras dimensões. Tentava controlar as lágrimas; quando achava ter conseguido, elas recomeçavam a cair. Viu médicos e macas, pessoas e fantasmas. Viu quem compartilhava de tristeza parecida com a dele. Quando essas duas almas de dores semelhantes se encontravam, apenas se olhavam, davam um aceno de cabeça e desejavam força uma para a outra, como se se entendessem. De certa forma, se entendiam. Fez isso diversas vezes até ter coragem de cumprir a missão para ele deixada.                                           

*   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *

— Por que insiste em me atrapalhar? Não vê que sua presença me incomoda? Eu quero estar só! Sai! SAI!

Ele saiu, me deixando sozinha naquele ambiente mal iluminado. Olhei em volta enquanto as lágrimas caíam dos meus olhos. Jogada no chão, observei as paredes mal pintadas, o mofo que as cobria; ouvi o riacho ao fundo, sem pressa de ir embora. A pouca luz que entrava brilhava fracamente, sem aquecer o local, me fazendo sentir a frieza presente em meu coração. Talvez fosse essa frieza que não me deixasse sentir o calor; talvez o problema não fosse o calor do local, mas a frieza dentro de mim.

As lágrimas caíam como se quisessem concorrer com o riacho que corria atrás de mim.

"Quem sabe elas não tenham chance?".

Fechei os olhos abraçando a mim mesma. Não era como antes: já não sentia o calor que minhas mãos emanavam naturalmente. Os pensamentos giravam, me deixavam tonta. Quando pensei que viraria um peão de tanto rodar em minhas lembranças, uma se destacou entre todas. Percebendo-a, preferia continuar a rodar e rodar entre minhas memórias até cansar do que encará-la, mas não pude controlá-la. Ela brilhou, se fez visível e audível.

"Sai! Eu quero ficar só! Sai! SAI!", eu gritava. Ele, sem reação, saiu e me deixou. Cega pela raiva, nem vi sua expressão de tristeza, uma das mais amargas imagens que já pude ver. Suas mãos tremiam, percebi. Entretanto, ele não me abandonou: foi se sentar próximo ao riacho, me observando de longe.

"Por favor, me deixe te ajudar...", ele disse baixinho.

Vi duas pérolas rolarem em sua face. Queria enxugá-las, mas não podia, era apenas uma visão. Ao tentar abraçá-lo, a imagem se desfez.

Abri os olhos para procurá-lo, mas ele não estava ali.

"Onde estaria?".

Me abraçando novamente, me encolhi no chão.

"Você sabe ser grossa quando quer, hein?", uma voz dizia ao longe.

"Por favor, me deixe te ajudar...", disse outra.

"Por que você é tão fechada? Só quero ser sua amiga...", uma outra disse.

"Pensei que você fosse melhor... Me enganei.", disse mais uma.

— Vocês nunca me conheceram! Não sabem quem sou. - Respondi.

Elas se calaram.

"Você nunca nos deixou te conhecer".

Senti meu coração apertar.

— Deixei sim! Vocês que nunca souberam como se aproximar. - Rebati.

Um momento de silêncio se fez. Assustada e angustiada, esperei por uma resposta.

"Quantas vezes nós tentamos e você nos expulsou... Mas você nunca notou, não é?".

Mais um momento de silêncio se fez, sendo quebrado apenas pelos meus batimentos cardíacos.

"Você construiu um muro em torno de si. Só você nos via. Nunca conseguíamos te alcançar".

Mais lágrimas rolavam de meus olhos.

"Você era tão fria, tão distante... Hoje essa frieza toma conta do seu ser", a mesma voz continuou.

Engoli em seco, preocupada.

— Como assim? - Perguntei.

"Nada mais podemos fazer por ti".

Esperava mais respostas, uma frase qualquer, mas não houve um barulho sequer. Esse silêncio se estendeu por longos minutos, talvez horas. Quando decidi me levantar, não tinha forças. Fiz um esforço e, quando estive de pé, senti o chão tremer. Olhei apavorada para todos os lados, percebendo que todo o local tremia. Perto do riacho, ouvi alguém gritar meu nome.

"É ele... É ele!".

Procurava vê-lo, mas não o via. Aflita, corri na direção de sua voz, mas pouco a pouco o chão se desfez sob meus pés. Quando senti meu corpo cair, o vi: as mãos estendidas na minha direção, o olhar desesperado, as lágrimas.

Gritei seu nome, mas não saiu nenhum som de minha boca. Caindo no infinito, esperei o impacto da queda, que nunca veio. Era como se eu flutuasse no nada. E naquele nada eu permaneci por dias, meses, anos. E quando chegou a hora, comecei a me desintegrar. Já não pensava, meu corpo estava dormente. Ouvi algo ao longe, mas não consegui distinguir os sons com clareza. Talvez fosse um nome... Talvez fosse o meu nome. Consegui entender algumas palavras, como "volta" e "amo", mas não tinha certeza do que ouvia. Não entendi as outras palavras e nem conseguiria. Ainda ouvi algo como um sussurro, que não consegui entender.

Senti algo molhado em meu rosto, um calor nos lábios e depois o frio. O nada.

Já não existia.

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam??? Como disse, amei escrever isso XD os pontos de vista de cada personagem, a mudança que pude fazer com o narrador :P E vocês, o que acharam?? Comentem aí ^.^



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