Apenas Escritos escrita por Th Roberta


Capítulo 1
Apenas 1


Notas iniciais do capítulo

Não sei explicar como essa "história" surgiu na minha cabeça. Estava apenas andando pela casa e algo me fez imaginar uma cena: um homem observando sua amada dançando e cantando e a frase "você nem era tudo o que eu imaginava". Apenas isso. E decidi escrever o que me veio no momento. Não sei se gostarão ou não, mas está aí. Onrigada a quem aparecer aqui para ler esta história kkk



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Demorei mas percebi: eu exagerava. Exagerava ao ver alguém que não existia, em sentir mais do que podia. Talvez era isso o que você mais queria ouvir e agora eu digo: você tinha razão. Quer que eu repita? Você tinha razão. Sempre teve. Eu que não percebi os consecutivos erros que cometi. Cito ao menos três desses erros.

O primeiro deles foi te conhecer. Não, deixe-me corrigir: te conhecer não foi um erro, foi algo natural, algo "do acaso", como dizem. O meu erro foi tentar me aproximar de você. Ou não ter feito nada enquanto você se aproximava, tímida e delicada. Errei quando não percebi que sua intenção era das piores, mesmo que não parecesse. Errei quando te dei acesso aos meus mais profundos segredos e errei quando projetei minha felicidade em você. Errei por ter te tornado minha amiga, minha vida, apenas minha.

Meu segundo erro foi ter te perguntado como fazer aquela conta matemática. Maldita conta. Sempre odiei exatas, mas sempre as amei em você. Contigo eu sabia que poderia voar se quisesse, te levando junto comigo. Talvez em um tapete voador no qual nós dois discutiríamos a possibilidade de ele aguentar nossos pesos e depois calcularíamos a velocidade que poderíamos alcançar de acordo com a velocidade do vento. Depois eu mergulharia em um oceano, observando sua formação química e o "percurso da água na terra": o Sol a evapora, ela vira nuvenzinha, chove na floresta e desce de volta ao mar.

Eu poderia fazer qualquer coisa, ser mais que Einstein apenas para impressionar você. Eu poderia criar e "desinventar" coisas somente para ver seu espanto. Eu poderia fazer de tudo, contanto que você estivesse ao meu lado. Mas sem você eu não tinha aquela força, aquela imaginação, vontade ou energia... Poxa, como você fazia isso? Isso vai ser sempre um mistério pra mim.

E esse foi meu segundo erro: ser tudo apenas ao seu lado. Em casa eu já não podia ser alguém; só era alguém ao seu lado.
       E meu terceiro erro foi depender de você, te transformar na minha felicidade. Eu já não era eu mesmo, minha identidade havia se escondido em sua beleza, me incitando a procurá-la em ti e desistir ao te encontrar. Ah, quantas vezes eu desisti de me encontrar em você... Eu não mais me possuía; você me tinha por inteiro em suas mãos: você tinha meu egoísmo, meus medos, meus sonhos e devaneios. E tudo isso se misturava (ou continuava tudo do mesmo jeito?), formando uma nova sensação, sensação que só você conseguia me fazer sentir.

Eu era eu mesmo apenas contigo, vivia ao seu lado enquanto morria para os outros. Você era meu vício, a única coisa que eu mais desejava; meus sonhos já eram pouca coisa diante de tudo o que você era e significava pra mim. Em pouco tempo, meus sonhos sumiram e o único que ficou foi você.

Errei, meu bem, quando te tornei o oxigênio que enchia meus pulmões, a proteína de que eu precisava para viver ou o Sol que iluminava meu pobre mundo. Errei por não perceber que você ocupava mais espaço do que deveria dentro de mim.
       Você era perfeita, a pessoa que eu jamais poderia ter imaginado para mim... Era nais do que minha cara metade, mais do que minha alma gêmea: era a minha própria vida (que eu, em algum descuido, deixei cair por aí). Você era tudo o que eu queria e nada do que eu conseguiria imaginar nem em duzentos mil anos de estudo de "perfeição em pessoa".

Lembro-me de quando você sorria e eu parecia um bobo, inútil, uma coisa qualquer jogada a seus pés. Seu sorriso me desmontava e me juntava em milésimos de segundos. Não é algo que eu consiga explicar, mas apenas sentir. Seu olhar carinhoso era o Sol depois de uma tempestade cruel que parecia interminável. Sua voz era o mais doce cântico que eu poderia ouvir...

Como eu poderia prever que, tempos depois, estaria como estou hoje? Eu dizia o quanto te amava e você abria um sorriso lindo e eu me perdia em mim mesmo. Noto, hoje, que você nunca me disse o mesmo - e percebo que, se dissesse, estaria mentindo. Percebo também o quanto eu era burro: estava mais que claro tudo o que você queria comigo e eu não percebi.

Me recordo de quando você cantava para mim: eu dizia que você era a mais nova estrela do mundo da música. Você sempre me dizia que era exagero. E lembro de quando eu tratava seus atos como coisas geniais e nunca vistas por mim, como se fossem coisas memoráveis e dignas de aplausos e admirações - coisas que qualquer pessoa poderia fazer tranquilamente. Percebo que não era você, mas eu que errava em não perceber nada.

Por fim, teve apenas mais um erro do qual não me perdoarei tão facilmente. Sim, eu sei que já citei três dos meus piores erros, mas esse também merece ser citado. Meu erro irreparável foi não ter percebido quem você realmente era antes que fosse tarde. Meu erro irreparável foi não ter visto seu lado podre disfarçado nas roupas simples combinadas de forma tão casual e elegante. Meu erro foi não ter percebido nada, apenas ter acreditado que você era real e me amava. Meu erro foi achar que você era minha enquanto você era de tantos outros. Meu erro foi ter pensado que um dia seria verdadeiro aquilo que eu via apenas na minha fantasia. Meu erro foi ter te amado.

Você sempre dizia que tinha razão em relação a tudo e eu acreditava, não porque você tinha mesmo razão, mas porque eu apenas concordava com o que você dizia e fazia. Mas você tinha razão, confesso que nisso você se manteve fiel. Eu realmente exagerava. Eu realmente "via coisas". Eu realmente viajava muito nos meus sonhos. Eu viajava em você. Você tinha razão em tudo o que dizia. "E se isso um dia acabar? É melhor você parar de viajar tanto, querido", "Você voa tão alto... Ponha seus pés no chão e acorde para a realidade, que não é tão bela como você a imagina", "Você exagera... Sou só uma pessoa comum".

Sim, eu exagerei. Você era apenas mais uma, com o diferencial de que foi até pior do que todas as outras pessoas. Você foi um monstro, tomou consigo meus sonhos e minhas emoções, me deixando só, com a realidade e a razão a rirem de mim. Você era uma pessoa como tantas outras... No fundo você era normal. E você tinha razão: eu exagerava.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela leitura e peço desculpas se isso não foi tudo o que você esperava... Peço apenas que comente: que comente o que sentiu, suas expectativas antes de ler e seus pensamentos depois da leitura, suas emoções. Comente também sua crítica (construtiva, por favor. Se falhei em algo, me ajude e tentarei melhorar). Enfim, até a próxima "história". S2