Galactica escrita por G V Gomes


Capítulo 9
Capitulo 9 - A Simulação Neural. pt1


Notas iniciais do capítulo

A simulação mais perigosa de todas vai começar......



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Cibele, Saturno,

Apartamento Trump Tower, quarto número 37-A

As luzes de néon da cidade inundavam a sala, pareciam nem se importar com as cortinas de cor amarelas, era noite em Cibele, a lua Titã estava próxima do anel, as estrelas brilhavam como se a vida ainda estivesse pulsando. Ron estava cansado, para manter seu disfarce de fotógrafo teve de tirar mais de 589 fotografias de uma linha de carros e de motores de espaço naves durante todo o dia. Só queria tomar uma ducha fria e dormir até as 21:30, quando Aleshaeva lhe encontraria para discutir mudanças na forma que o marketing da Manchester seria feito, estava analisando as fotos tiradas recentemente;  produtos da Manchester, Gráficos e Esquemas financeiros, o pessoal na mesa de trabalho e Aleshaeva, ela era fotogênica, não podia negar o fato... Seu comunicador começou a tocar. Era a Presidente, assim que aceitou a chamada a imagem da sala de estar de Katherine surge holograficamente.

—Senhora Presidente. - Ron anuncia após receber uma transmissão feita em circuito fechado. A mulher estava ao lado de Naneki, que parecia entediada, como uma criança que acompanha a mãe nas compras no supermercado, Thales também estava lá, parecia falar com alguém pelo telefone; e realmente estava, Christian o havia ligado para repassar algumas instruções.

—Ron,-Katherine fez uma pausa antes de começar o discurso, havia notado que tinha interrompido algo. - irei transmitir para você a simulação dos agentes que você encontrará dentro de três dias-Terra. -ao ouvir as palavras da presidente,  Ron se arruma na poltrona, queria estar confortável para a tarefa; eram raras as chances de analisar outros em ação, mesmo estando cansado aquilo o animava.

—O que devo analisar? -Ron questiona quase puxando um bloquinho de notas, sempre que era pedido para analisar treinos, suas função era diagnosticar e analisar o tempo de reação do grupo.

—Ele estão no simulador Neural de Wallace. -a sobrancelha dela arqueou, ele conhecia a fama do cientista dentro da Federação, ainda mais depois que ele sofreu o acidente.

—Ele realmente concluiu o projeto!? - A probabilidade de tal resultado era absurda, Luis Wallace havia perdido metade do cérebro em uma explosão dentro de seu próprio laboratório.

—Luís pode não ser mais o gênio que era, mas mesmo assim é o homem mais inteligente que conheço. -ela o conhecia desde seus dias de academia, ele foi única pessoa que foi capaz de lhe surpreender.

—Ele também foi um estrela? -a indagação a irritou de tal forma que Naneki se sentiu compelida a se levantar e deixar os dois falando em particular, talvez tenha ido beber alguma coisa e comer mais um pedaço de lagosta. - Desculpe, a pergunta é irrelevante. -houve um silêncio sólido durante exatos cinco minutos, ele sabia que tinha “pisado na bola” com ela, e ela sabia que ele não tinha culpa, mas não queria parecer fraca naquele momento. -Senhora, apenas conseguirei assistir parte da transmissão, a filha de Nikolaevich quer que eu a ajude com alguma coisa. -A aproximação desses dois podia ser um perigo para a missão, e as regras da Federação eram muito específicas quanto ao relacionamento civil/espião.

—Ron, não devo lembrá-lo da primeira regra de um agente secreto. -Katherine tinha Ron como seu próprio filho, zelava por ele assim como Christian para com Thales. Porém confiava sua vida ao ruivo, sabia que podia contar com ele, mas que às vezes, talvez por impulso ou pelo calor do momento, Ron se deixava levar nas missões, isso não podia acontecer; o plano era mais importante.

—Não excelência.-Ron desculpa-se, sabia de como a Presidente prezava por sua segurança, era uma mãe para ele. E lhe havia dado uma missão muito importante, uma missão que poderia mudar o curso da história humana. -Porém,  devo manter o disfarce.

—Está certo. -ele estava correto, manter o disfarce perante os demais era de suma importância para Ron naquele momento, afinal descobrira a localização de Astréia, o que levantavam muitas questões; por que ele estava na festa de aniversário de Alesha? E por que aquilo havia se tornado o motivo das noites mal dormidas de Ron?

........................................INICIANDO........................................

—Saudações bravos soldados, eu sou Dyo, - assim que a imagem do garoto se torna nítida, do outro lado do sistema solar, Katherine se levanta de seu assento, como se fugisse da imagem holográfica. -sou o Sistema de Inteligência Artificial responsável pelo simulador neural.  -o grupo ouve uma voz artificial bem suave, era uma criança falava com eles, a mesma criança morreu nos braços de Katherine anos atrás. Ao abrirem os olhos lentamente veem que estão dentro de um transporte blindado, parecia que andavam por um terreno acidentado devido aos movimentos e balanços que aconteciam. -Vocês são nossa esperança, há uma semana atrás a Presidente da Federação Galactic, Katherine Striker foi sequestrada por um grupo terrorista, -a cada palavra dita por Dyo, informações surgiam em painéis holográfico. -nós conseguimos rastreá-los até essa região na Terra. A missão de vocês é resgatar a Presidente Striker das mãos inimigas. Aqui vocês terão tudo o que irão precisar. Boa sorte. -o garoto holográfico olha fixamente para eles e acena dando adeus, ele sorria assim como na amada fotografia de sua mãe; o sorriso não era para eles, mas para ela.

—Senhores, é agora. -Ryan anuncia apos a imagem do garoto desaparecer. Ele caminha pelo caminhão checando todos os membros da equipe.

—Sim, senhor. -Henzo responde a uma das perguntas que Ryan faz a ela, queria mostrar que estava bem, apesar de seu mal-estar estomacal devido a transição.

—Nós temos que usar essas máscaras de oxigênio, o ar da Terra é diferente dos demais planetas... -Ryan começa a distribuir mascaras de oxigênio para cada membro da equipe, alem de dar uma explicação muito longa e chata sobre o motivo de precisarem usar mascaras ali.

—Muita composição química. -Dominic resumi todo os quinze minutos da palestra química de Ryan nas poucas palavras dirigidas à Érika.

—Quando as portas se abrirem, respirem duas vezes fora da máscara,  depois prendam a respiração e coloquem a máscara,  isso vai ativar o filtro. -ele estava concentrado, preocupava-se muito com o sucesso desta missão, já havia falhado antes, e não queria decepcionar a Comandante, nem a lendária Rosalyn Middleton. -Agora, vamos as compras. -ele aciona um dos botoes no painel, um dos baus de aço de abrem. 

—Armas do século XXI!? -Zyra diz em tom de desaprovação, o seculo 21 havia feito muitas escolhas erradas, tanto na politica quanto nos armamentos, era um momento histórico que todos tinham apagado da história. E Zyra até pensou que seria melhor usar armas do seculo 13 do que daquele fatídico seculo.

—Senhor, estamos chegando no local de extração. -o motorista, que a muito tempo estava imóvel volta sua atenção para os garotos.

—Preparar. -a porta traseira do transporte blindado se abre aos poucos, revelando uma mata densa, tipicamente amazônica, porém uma poeira grossa entra pela fresta que crescia a cada segundo. O ar da Terra não era igual ao oxigênio produzido pelas máquinas de Ox, de forma limpa e pura, o ar da Terra já estava contaminado com diversos poluentes, e utilizava uma composição criada em laboratório,  um fator novo para o pulmão da maioria ali, somente Yoon, Dominic e Zyra não tiveram crises asmáticas quando a porta se abriu totalmente se transformando em rampa. -Res....Respirem...-Ryan lutava com os pulmões para conseguir verificar se todos haviam ativado o filtro de ar antes dele o fazer. Dominic e Yoon tiveram que convencê-lo a deixar que eles verificassem os filtros no lugar dele, que no momento já estava ficando roxo. -Todos estão bem?

—O que vamos fazer agora? -Érika diz se acostumando com o ar e com a região. Diferente da simulação colorida e "alegre" refeita anteriormente, Dyo havia colocado eles próximos de uma colina, no meio de uma floresta de pinheiros cinzentos altos, as luzes das estrelas eram ofuscadas pelas folhagens escuras e tristes das arvores. A uma face do planeta Terra que só os habitantes conheciam.

—Capitão, conseguimos ligar o drone de reconhecimento aéreo.- uma caixa deslisa para fora do carro forte, era onde o painel de comando do drone estava localizado. O grupo havia se distanciado um pouco do carro, queriam fazer um reconhecimento do local.

—Augustus, reconhecimento é a sua especialidade.- assim que ouviu a ordem Augustus para de escalar um dos pinheiro e caminha até o painel, estava um pouco irritado com a ordem, mas ao passar por Érika tentou dar um tapa na bunda dela, que por segundos desviou.

—Como quiser, Branca-de-Neve. -Augustus diz provocando Ryan e lhe dando um tapa na bunda.

—Do que você chamou ele!?

—Vamos colocar essa coisa no ar.-ele parecia aminado, animado demais para mexer no drone, e pelo histórico dele, aquilo significava que faria uma besteira.

—Foco Augustus. -Octavius repreende o irmão, já caminhava para monitorar o trabalho do gêmeo quando viu um movimento na floresta; um esquilo.

—Ludi, vou precisar de uma força aqui. - Augustus pareceu estar brincando, afinal um piloto do nivel da academia militar não devia precisar de ajudar em guiar um simples drone para reconhecimento, talvez ele quisesse algo mais... Talvez continuar o papo sobre o jogo de Thunder Sky.

—E aí? -foi o que Augustus disse, deixando Ludi mais confuso ainda, o que esse "E aí?" significava. Em Marte, isso significava "como você está?", mas em Jupiter esse "E aí" significava "e então", qualquer coisa seria possível. Então se limitou apenas em repetir a frase e esperar para saber o que iria acontecer em seguida.

—A Érika tem falado de mim? -o drone içou voo silenciosamente, como o vento na noite, as imagens da câmera transmitiam clareira com uma casa de dois andares no centro havia uma piscina e um caminho de pedra que corria para fora da clareira. 

—O que!? Por quê!?

—Chiu.... Olha pra mim e finge que está me ajudando. - o truque era mais imbecil do que a ideia, pois na posições em que estavam dava a intender Augustus estava apertando a bunda de Ludi, que parecia gostar. 

—Está certo.  Mas por que você não pergunta pra ela?

—Não se faz isso. -Augustus anuncia, tentando não gritar. - Não se chega em uma "miza"  e diz pra ela que você está afim dela. -Ludi pensou em Harley, ele havia tido que gostava dela, será que Érika não gostaria de saber que alguém estava "caidinho" por ela.

—Você está afim dela? -o marciano começa a somar um mais um, suas memorias em Marte eram bem conturbadas, mas nenhuma dela confirmava a teoria de Augustus. 

—Ludi, nós somos pilotos. -ele passa o braço pelo pescoço de Ludi. - Você não é como o mala do meu irmão,  você é meio radical, -Ludi havia contado para Augustus como era estar na gangue Asters, e o motivo de sua primeira prisão, por mais esquisito que fosse, ele havia gostado muito do passado de Ludi em Remo. -é por isso que eu quero sua ajuda com a Érika.

—Vai pra direita... -antes da conversa continuar Ludi arruma a coordenada com drone.

—Pronto! -o mapeamento fora concluído, poderia explorar a casa e pegar os terroristas de surpresa.–Ludi, me ajuda e eu te ajudo com a Calliope. -Ludi o encarou assustado, como é que ele podia saber que Callie havia mexido com ele. –Eu sei quando alguém está caidinho por uma mulher. Não te culpo, até o Capitão tinha um crush nela quando os dois estudavam juntos. Mas ela não faz meu tipo, muito nova.

—Como sabe sobre Ryan e... -Ludi não recebeu muito bem aquilo, Ryan, o prodígio, será que tinha uma chance com ela?

—Ontem depois do treinamento,  ele não parava de falar nela.

—Rapazes venham! -antes que outra pergunta acontecesse Calliope os chama para que o grupo se reunissem  para passar as instruções e as ordens.

—Essa estrutura é muito igual a fazenda onde morava nos Estados Unidos. -ao ver a planta da casa, Dominic se lembra de sua casa, a conhecia muito bem, era exatamente a casa principal da fazenda Kyeza.

—E aí (E então)? -Yoon pergunta para Dominic aguardando as informações, e era o que todos estavam aguardando também.

—Ela tem um acesso ao porão, do lado da parede leste. -As mascaras reagiam conforme as palavras de Dominic se relacionavam com o mapeamento em 3D feito pelo drone para que todos pudessem ver do que se tratavam as informações. -São três andares;  porão, térreo e segundo andar, talvez eles a estejam mantendo no porão.

—Ryan,  veja. -Octavius chama a atenção para a casa, as mascaras ampliam a visão deles por um breve momento.

—São dez homem do lado de fora, armamento pesado. -As mascaras diagnosticavam e analisavam as armas e os homens armados do lado de fora.

—Vamos dividir o grupo;  Yoon, você, Zyra, Octavius, Érika e Ludi, vocês vão tomar o primeiro andar, eu e o restante vamos pelo porão; nos encontramos em 25 minutos prontos para tomar o segundo andar. -Ryan passou as ordens com seriedade e firmeza, não deixando duvidas. Dois grupos, duas limpezas de área, e dois líderes. -Yoon, você vai liderar eles.

 

GRUPO YOON

—Qual é o plano? -Dominic lhe questiona, parecia que a disputa dos dois pela liderança havia ficado para trás, ou talvez a pressão fosse tanta que eles não conseguiam "bater os chifres". 

—Derrubamos eles sem que percebam. Usem a mira focal. -Cada um estava com uma arma diferente; Yoon tinha um fuzil chamado de "Plano C", um fuzil de precisão com uma faca acoplada. Zyra tinha um fuzil de carga, uma arma que necessitava de cinco segundo para que o projetil fosse disparado. Octavius segurava uma escopeta com desenhos celtas, a "Dama da noite", capaz acertar um alvo a vinte metros de distancia. Érika e Ludi carregavam dois Rifles de precisão, armas perfeitas para tiros fatais. Todas elas somadas a mira focal se tornavam armas precisas e destrutivas. –Agora... -rapidamente todos derrubaram dois homens que estavam do lado de fora.-Tem mais um vindo. -Yoon estava com ele na mira, quando vê Augustus estourar os miolos dele. –Avançar com cuidado.

 

Grupo Ryan

Assim que se separaram dos outros, Ryan e os seus abriram caminho pelas sombras,  a casa estava no topo de uma pequena colina, assim que chegaram próximos da varanda viram as balas disparadas pelos demais derrubarem os que estavam de tocaia, seria fácil sem os vigias, esse era o pensamento de Ryan, até que dobrou a esquerda da casa e deu de cara com um homem vestido de preto,  antes que pudesse pensar no que fazer ouviu um disparo passar do seu lado acertando a cabeça do inimigo, o sangue expirou em seu rosto; agradeceu por estar usando uma mascara de oxigênio.

—Vamos. -eles caminham à espreita, pelos cantos até chegarem na estrada do porão,  estava trancada com um cadeado. -Henzo, é com você.

—Feito. -Henzo quebro o cadeado apenas com um golpe de sua pistola Shiro-9.

—Avançar. -Ao descerem as escadas eles se deparam com um cômodo totalmente branco,  similar à cadeia da Estação Espacial, haviam cinco portas, pareciam correr para longe.  A única forma racional de verificarem as portas e seus conteúdos era se aventurando dentro delas. Ryan para no centro da sala, queria analisar as opções antes de dar as ordens. -Preciso pensar...

—Não temos muito tempo pra isso. -Henzo abaixa a arma e caminha pelo salão branco, tentando encontrar alguma coisa além da escuridão, naquele momento só pensava em resgatar a Presidente de seu cárcere de dois meses;  aquilo era uma memória falsas, criada por Dyo, porém a maioria dos membros do grupo estavam acreditando nela, ignorando o conselho que receberam antes.

—Acho que temos que nos separar. -A ideia surgiu automaticamente, era tão obvia que só podia ser errada, mas mesmo assim Augustus a compartilhou.

—Acho que deveríamos ficar juntos. -Callie confessa seu sentimento, era um pensamento que praticamente gritava dentro de sua cabeça, se separar era a forma mais rápida de seu perder e de serem pegos, ou pior.

—Separados podemos averiguar os cinco corredores de forma rápida e eficiente. -Ryan sabia que o relógio corria para eles, não sabia quando tempo levaria até que os corpos lá forem fossem vistos, precisavam correr.  

—Eu concordo com a Callie. -Dominic informa tentnado iluminar o corredor negro.

—Acho que Ry e Augustus estão certos,  será mais rápido dessa forma. -Henzo afirma já impaciente.

—Temos três contra dois... -Augustus conta. Eles respiram fundo, cada um se vira para uma passagem, e caminham relutantes rumo a uma das portas,  podiam uns aos outros também encararem suas respectivas entradas, uma delas daria no primeiro andar. Nenhum deles sabia o que iriam encontrar ali dentro, suavam,  tremiam por dentro, seus corações batiam acelerados. Quando enfim dão o primeiro passo rumo ao vazio, ao desconhecido... Era úmido e frio, Callie carregava uma escopeta nas mãos com lanterna embutida,  a luz era fraca, iluminava o chão e parte das paredes, eram feitas de forma semelhante nos túneis férreos de Eros, as pedras e até os grafites desenhados nelas; aquilo sem dúvida era venusiano. Seu coração batia a cada segundo que avançava para frente,  uma vez ou outra pensou em recuar, mas sentia que estava perto do final do túnel e realmente estava. Callie adentrou em uma sala com papel de parede rosa e repleto de cavalos, parecia até seu quarto quando tinha cinco anos de idade, porém sem sua cama, guarda roupa e qualquer outra mobília que já preencherá seu quarto,  só havia o papel de parede, seu tapete felpudo e um som fraco de choro. O som vinha do canto do quarto, uma figura infantil agarrava os próprios joelhos e se desfazia em lágrimas.

—Você está sozinha? Por que está chorando? -perguntou com baixa voz, não queria assustar a garotinha mais do que já estava assustada.

—Ele matou o papai.... eu disse para ele que eu não sabia onde Rob estava. -Ela parecia estar em estado de choque, como se houve presenciado um massacre. Quando a criança a encara, Calliope sente o coração falhar, era ela, como se houvesse viajado no tempo e retornado para sua vida aos cinco ou sete anos de idade.

—Onde a mamãe está? -Sua respiração se tornou pesada, era como se as cenas que a criança presenciara, fossem transmitidas para sua mente.

—O agente Seth está com ela. Ajude a mamãe Callie. -Seu coração parecia que pronto para romper o peito, sua versão infantil apontou para o corredor negro e sombrio, seu olhar acompanhou os dedos fracos e de unhas pintadas de vermelho carmim,  não sabia se era a cor do esmalte ou a cor do sangue de seu pai, temia descobrir a resposta. Quando voltou o olhar para a criança, havia um enorme espelho refletindo a si mesma onde antes chorava a doce Calliope de cinco anos, as lágrimas que corriam dos olhos da criança agora eram dela, o aperto no peito que fazia a respiração da criança falhar agora era dela, a memória da morte do pai da criança agora era dela. Então ela choro. Chorou pela dor, pela perda e por medo. Então olhou novamente e viu que não era mais indefesa, podia fazer algo para salvar a vida de sua mãe. Ergueu - se e correu para o corredor, a lanterna ainda não lhe dava uma clara visão,  estava caminhando por seis minutos quando tropeça em alguma coisa estirada no chão, um corpo. Era o corpo de seu pai, morto. Novamente a criança quis se desfazer, ela teve de lutar para se manter ativa. Enquanto se mantinha em tal conflito interno ouve os gritos de sua mãe, vindo do fim do túnel…

 

Dominic já caminhava por horas pelo corredor negro,  as paredes pareciam ser feitas de madeira recém cortada, ainda cheiravam como pinheiros,  apesar de estar com uma bota grossa, podia jurar que pisava em grama. Não pode evitar de lembrar da fazenda,  o vento que corria naquela passagem de ar era igual ao... ao cozido que sua mãe preparava para o jantar. Tomado pela nostalgia ele corre para o fim do corredor,  era um bosque de árvores numa noite de outono, parecia ter se distanciado quilômetros, pensou até que poderia ter encontrado a forma de viagem rápida dos sequestradores, porém ao ouvir um som em particular o fez esquecer de tudo, esquecer dos sequestradores,  da missão, dos esquadrão e até mesmo da simulação. A voz de sua mãe chamava por ele. Era uma voz que fazia muito tempo que ouvia, o som dela teve o poder de fazê-lo chorar. Dominic correu para a origem da voz como uma águia ao ir até os choramingos dos filhotes. Ao chegar se depara com a fazenda Kyeza; o celeiro das vacas leiteiras,  o galinheiro, o pasto e o lago, as plantações de milho e trigo, a horta, a casinha do velho Tyler e a casa da família, foi onde ele entrou em velocidade.

A casa estava iluminada por dentro, havia risadas e músicas,  o primeiro a lhe dar boas vindas foi o velho Tyler, um labrador que ajudava com o rebanho de ovelhas. Havia muito tempo que os dois não se viam, apos brincar um pouco com o cachorro, uma voz lhe chama da cozinha.

—Domi. -a morena lhe dá um forte abraço, o cheiro do cabelo dela era de morango, fazia muito tempo que não abraçado daquela forma, com aquela emoção. 

—Mãe!? -Ele foi pego de surpresa, não esperava andar até a Terra, e ver sua mãe e os demais... ele acabara de........ o que estava fazendo mesmo.... antes de chegar em casa...... por que havia saído de casa?

—O que está acontecendo? -Seu pai surge atras dela, carregava seu óculos retangular e um jornal velho nas mãos. –Filho o que foi... -Antes que terminasse a frase, Dominic o abraçou da mesma forma que havia feito com a mãe.

—Esses jovens estão ficando cada vez mais estranhos. -O ultimo membro surge da cozinha, seu avó. Um ex-militar, aposentado e agora fazendeiro, Dominic o abraçou mais forte, mais carinhosamente. O amava, e sentia que havia muito tempo que não se viam.

—Está com fome Domi? -Sua mãe diz o levando para a cozinha –Como foi o jogo? -Ela o questiona lhe servindo um prato saboroso e cheiroso, mas a pergunta fez a memoria ir para longe. -Vocês venceram?

—O jogo... -Ele se lembra do dia, o jogo no time local, havia insistido para que sua mãe e para se avó fossem assisti-lo. O jogo terminou empatado, houverem os penaltis, o time ganhou por causa de uma batida mal feita pelo capitão, eles haviam vencido. Mas quando voltavam do jogo, o acidente..... -Isso não é real. -Sua mãe e seu haviam morrido no acidente, não poderia estar ali....

—O que foi que disse Domi? -Sua mãe questiona confusa.

—Vocês não são reais, isso não é real.  -As memorias falsas começam a ser desfeitas em sua mente. -A simulação... -A realidade falsa criada por Dyo se estilhaça como um espelho caindo no chão.  Só então que Dominic se vê na sala branca de frente para a escada para o andar superior e de costas para a escada que seu grupo utilizou para entrar na casa, não haviam corredores como tinham visto antes,  apenas o acesso ao térreo. O coração batia forte, as lágrimas marcavam o rosto, seu corpo era tomado pela lembrança de seu passado, até que sons de disparos cortam o silêncio; algo estava acontecendo no andar de cima.

 


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Notas finais do capítulo

Postado pelo celular.


Qualquer duvida, estou aqui...... Bom, estou no ônibus voltando da faculdade, qualquer pergunta, duvida, questão. Ideia, recomendação de enredo e etc..... É só dizer. Até o próximo capitulo, onde veremos o que Dyo fará com os demais....