Galactica escrita por G V Gomes


Capítulo 8
Capitulo 8 - Preparar.... Apontar.....


Notas iniciais do capítulo

Obrigado, Eu voltei, pela recomendação.



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Ao fim do treinamento físico os membros do esquadrão estavam exaustos. O responsável por isto foi o Tenente Carey,  um militar jupitetiano criado na Terra. Era boa pinta e sorridente, não era muito alto, na verdade um pouco maior do que Callie; apesar da aparência relaxada e admirável,  exigia cem por cento do condicionamento físico dos soldados que treinava. Segundo Corey, nenhuma barreira seria tão forte, nenhum tiro tão destrutivo,  e nenhum golpe tão poderoso quando a vida; dizia a todos que foram com as pedras da vida que havia construído seu forte, seu castelo, sua família e amigos.

—Senhores, estão de parabéns. -o Tenente anuncia batendo as mãos, seu sorriso era um imã de garotas capaz de hipnotizar Érika e Calliope. -Fui informado que depois do almoço iremos treinar no estante de tiros, prometo que não teremos pneus de trator. Bom, não para carregar.

—Meus braços estão doendo.-Ludi dizia massageando o bíceps.

—Minhas pernas estão doendo. -Erika exclama esticando as pernas e tentando fazer um alongamento.

—Meu corpo está doendo. -foi a vez de Calliope se jogar no mar de cansaço e murmúrios,  na verdade ela se lançou em cima das costas de Ludi. Erika também se empoleirou no marciano,  estavam quase no chão quando ouviram Dominic gritar e xingar após perder uma queda de braço para Yoon.

—Soldados, dispensados.-A ordem do Tenente parecia mais um sino anunciando o intervalo após uma extensa aula de física quântica.

—Sim, senhor.-O grupo marcha para o refeitório,  porém as sombras dos corredores os fazem lembrar da noite anterior,  a malfadada simulação,  onde haviam sido massacrados pelo esquadrão A.B. cada membro parecia estar em estupor, andando como se estivessem sendo guiados automaticamente para o salão do refeitório.  Ludi pensava em como tinha sido derrotado tão rapidamente, isso o atormentava,  mas a informação revelada por Sony não saia de sua cabeça. Calliope pensava em Ryan, na infância haviam pertencido a sala de aula, ele era um tanto isolado dos demais,  talvez por prezar mais o intelecto do que o relacionamento interpessoal. Érika por sua vez era atormentada por seu sonho erótico com os gêmeos, e por isso os odiava. Dominic queria muito derrotar a outra equipe, seria uma ótima coisa para esfregar na cara de Henzo e Zyra. Por fim, Yoon que se concentrava em armazenar toda informação útil que o outro esquadrão fosse lhe transmitir. Assim que tiveram seus pratos impressos pela impressora alimentícia se puseram a caçar a mesa do esquadrão Anã-Branca. Eles estavam na mesa no meio do refeitório, Zyra estava deitada sobre o ombro de Henzo.

—Estamos aqui.-Zyra acena, ela estava alegre e sorridente,  diferente do dia anterior,  talvez tivesse sido apenas o desgaste físico e o cansaço que a tenham deixado irritada, mas na realidade só havia se lembrado de tomar seus remédios.

—Esquadrão Anã Branca. -Yoon faz uma leve reverência, um costume bastante familiar.

—E então... o que vão fazer no feriado? -Dominic tenta quebrar o gelo de alguma forma, sem esperar o convite se sentou a frente de Henzo e puxou uma das batatas fritas dele. Calliope se sentou ao lado de Ryan, Ludi ficou a frente de Octavius e ao lado Érika.

—Nós vamos organizar algumas coisas para nosso casamento. -Zyra responde em tom de censura a qualquer planejamento feito por Henzo,  não era culpa dela, tomava remédios fortes para controlar seu transtorno de personalidade.  A notícia deixou o Esquadrão Estrela boquiaberto; afinal eles pareciam ter menos de vinte e cinco anos.

—Faltam seis meses. -ele informa sorrindo,  provavelmente constrangido pela noiva. De fato eles tinham muitas coisas para fazer; a reserva de seu fato e ver, pela milésima, a listagem de lugares, mas gostaria muito de ir até o setor de jogos, ou até mesmo levá-la para jantar.

—Eu vou ir para o setor Sky, -Augustus assumiu a palavra sem que alguém perguntasse algo. -quero treinar um pouco mais antes de ir para o Death Star.-O setor Sky era um espaço dentro da academia de jogos da Estação Militar dedicado a simulação de vôos e combates aéreos. Ludi havia feito uma das simulações,  conseguiu ficar em segundo com sua pontuação, logo abaixo de SGB e acima de SKR199£, as pontuações deles eram bem próximas tendo apenas cinco milésimos de diferença entre o primeiro e o terceiro. Talvez gêmeos fossem os donos dos placares.

—Eu vou ficar livre.  –Octavius suspira, mas na verdade sabia que acabaria passando o feriado cuidando para que seu irmão não se metesse em confusão.

—Você cursou o ensino fundamental na Escola Scott Andrew Evans? –após todos se iniciarem conversas para se conhecer melhor, Calliope se aproxima do prodígio, queria acabar com as duvidas de uma vez por todas.

—Sim. -Ryan lhe responde olhando para dentro dos olhos dela, aquilo foi estranho e desconfortável. -Sabia que a conhecia de algum lugar. Você é a garota que andava com "o feto desertor".

—O nome dele é Robert. -ele o garoto em questão era seu melhor amigo.

—Incrível como o universo é pequeno.

Sim, o universo havia ficado pequeno,  mas para Calliope o universo parecia gigantesco,  nao importava onde ia, sempre sentia medo de descobrir que seu antigo amigo fora preso ou morto em alguma manifestação contra a Terra e a Federação. Estava no ensino fundamental. O dia parecia comum, com exceção da falta de Robb,  ele não havia ido para a aula. Ela se sentia sozinha, abandonada sem a presença dele; o capitão prodígio na época não falava com ninguém,  e também se o fizesse seria com frases ou perguntas curtas e objetivas. Callie lembrava de todos os detalhes daquele dia; o professor Lenhard escrevia diversas equações matemáticas seguidas de ax2+bx+c=0, ela olhava para o lugar vazio à sua direita,  se não estivesse com o olhar perdido teria visto um carro Chevrolet preto planando até a porta de entrada,  também veria que o outdoor holográfico do prédio da frente dançava ao ritmo de uma nova cantora POP. O diretor entrou na sala de aula, sério como sempre;  ele tinha idade avançada e poucos cabelos presos na cabeça,  mas o que o deixava assustador era que parte de seu rosto tinha sido reconstruído, deixando uma enorme cicatriz do lado esquerdo,  diziam até que o olho dele era um drone. Como o de se esperar, todos ficaram em silêncio. Ele a chamou com seu sotaque carregado; "Senhorita Dayne, podemos ter conversa no meu sala?", todos a olharam espantados; ela, a segunda melhor aluna da sala sendo chamada pelo diretor.  Isso significava problema.  Tinha um outro homem os esperando dentro da sala do diretor, usava terno e tinha os olhos de cores diferentes devido a heterocromia, na época pensou ser olho de vidro. "Meu nome é Seth, como você se chama, querida." Ela respondeu tão inocente,  se ao menos soubesse o que estava acontecendo..."Eu trabalho para a Federação,  Calliope", ele dizia com voz mansa, estava de joelho, seus olhos se mantinham na mesma linha que os dela. "Os pais de Robert estão preocupados com ele, ninguém consegue encontrá-lo. Calliope,  onde está Robert Astréia?", na memória dela, podia jurar que o olho esquerdo do diretor emitiu um flash quando o agente Seth lhe questionou. Ela não sabia a resposta,  mas sabia onde podia encontrar, disse para o homem do governo a verdade,  não sabia onde Robb poderia estar, foram horas de perguntas e mais perguntas.  Quando foi liberada para ir para casa, correu até o lugar secreto deles, onde ela e o garoto podiam ser eles mesmos,  onde haviam dado o primeiro beijo. Ela procurou e procurou,  procurou por ele e não o achou, procurou por uma carta e não achou, procurou por seu primeiro amor e nunca mais o encontrou... Porém o governo encontrou, encontrou provas da ideologia dele, encontrou troca de mensagens com pessoas tidas como perigosas e no fim, um registro de viagem; Robb havia deixado o útero para lutar em Júpiter por seus ideais,  mas quando mais ela pensava nisso,  mais sabia que ele estava disposto a morrer por aquilo. O tempo passou e as pessoas passaram a se referir a ele da mesma forma que Ryan havia feito;  "o feto desertor", passou a odiar o termo, era uma alusão a um recém nascido que despreza a mãe que o pariu. Foi exatamente sete meses depois que ela recebeu uma carta, escrita a mão e não rastreável tecnologicamente. A carta estava cheia de discursos carregados de ódio e preconceito contra a Federação e contra a Terra,  dizia coisas como; "A Terra não se importa conosco, somos apenas cães para eles", "A Federação é um boneco de cordas manipulado pelo Conselho das Nações Unidas", mas o que mais a assustou foi a frase; "Eu já escolhi um lado, a única opção é derrubar o sistema..."

—E você, Calliope,  qual sua especialidade? -a voz de Octavius tira Calliope de seu devaneio nostálgico, todos a estavam encarando aguardando sua resposta, e pela cara ele havia repetido a pergunta uma segunda vez.  

—Sou atiradora. -ela respondeu envergonhada por ter "viajado", mas em minutos outras coisas surgiram na mesa como;informações e boatos sobre Marte, a informação que Sony havia dito para Ludi, até mesmo que um membro do Setor de Auxiliar Humanitário estaria assistindo a simulação.

—Sinceramente,  não me importo muito. -Dominic diz levando as mãos na cabeça. -Deve ser alguém que nunca pegou em uma pistola Triônica. -Havia uma certa rixa entre os militares de frente e os militares humanitários, um dizia que o outro era desnecessário; para os militares de frente a guerra era ganha com soldados e para os militares humanitários a guerra é ganha sem o disparo de armas.  

—Geralmente o pessoal do SAH são um bando de bundões. -Augustus diz se lembrando de um agente humanitário que conheceu quando era criança em Saturno.

Horas depois, após passarem pelo estante de tiros junto de Corey,  ambos esquadrões se dirigem até o simulador,  assim que colocam os pés dentro da sala se assustam ao verem uma mulher de cabelos brancos curtos,  tinha olhos iguais aos de uma serpente, o rosto todo parecia ser uma obra cujo autor transmitia superioridade e elegância. Ela mostrou indiferença a presença deles, continuou a falar com uma outra mulher bem mais velha, apesar da indiferença para com eles, os jovens ali estavam nervosos, sabiam diante de quem estavam; Rosalyn Middleton, ex-membro de Estrela que Nasce, condecorada sete vezes militarmente e outras sete como ícone humanitário, hoje atuando como Líder do Setor de Auxílio Humanitário da Federação,  cargo ganho por indicação de uma velha amiga, Katherine Striker.

—Sentido.  -Lisher anuncia batendo sua bengala no chão. Todos lhe batem continência, com exceção de Rosalyn e da velha medica. -Descansar. -Lisher aguarda alguns segundos antes de dar as novas informações. -Hoje, vocês farão um treino diferente daquele de foi realizado ontem. Hoje vocês utilizarão o Simulador Neural. A doutora Tauri está aqui para auxiliar caso algum de vocês precise de cuidados médicos depois da simulação.

—Como assim, "depois da simulação"? -Henzo questiona sem entender, afinal todas as simulações eram inofensivas para a saúde física e para o cérebro.

—É só vocês lembrarem, que o que enfrentarão ali, não é real. -a velhota de jaleco branco e olhos azuis brilhante informa sorrindo, não alegre, mas inquieta com tudo aquilo.

—Acho que ficaria mais fácil se explicasse como o simulador vai funcionar. -foi o que a superior de Lisher disse, explicar a diferença os ajudaria a saber a necessidade da médica estar ali e quais seriam os riscos.

—Está certo. -ela aceita a ordem e começa a explicar, coisa que odiava fazer. -Esse simulador não mexe apenas com os cinco sentidos de vocês; eu presumo que na simulação anterior, vocês sabiam que estavam em um simulador.

—Esse simulador,  em especial,  se apega muito a realidade,  e estará conectado ao cérebro de vocês,  tentando moldar o cenário a sua volta para que se torne o mais próximo do real. -Tauria, havia trabalhado no desenvolvimento do projeto era a pessoa perfeita para dizer como aquilo iria ocorrer, Lisher deve sorte de Rosalyn tê-la levado para lá.

—Vocês só precisam se lembrar que estarão em uma simulação. -Rosalyn informa com seu tom firme e imponente, sua voz  não fez com a de Lisher, que parecia bater nas paredes e voltar, mas sim pareceu preencher todo o lugar e expandir para fora da sala.

—Quantas baixas a Federação já teve por causa desse simulador? -a pergunta veio de Yoon ao a forma como as três mulheres ali falavam sobre a simulação que estava para ocorrer. 

—Até ontem foram 489, com apenas um ano de utilização. -Lisher informa andando até os armários de EXOS.

—Só lembrem, "é só uma simulação". -foi a última coisa que Rosalyn os disse.

—Agora quero todos vestidos com o EXOS! -Lisher dá ua de suas ordens, batendo sua bengala no chão. A troca de roupas não foi tão desconfortável quanto a primeira, talvez para a maioria, pois Érika continuava tentando controlar sua mente  e sua imaginação ao ver os gêmeos de roupas intimas.

—Sony,  sei que está aí. -Rosa assusta Sony que assistia tudo secretamente pelo sistema.

—Senhorita Middleton, quanto tempo...-a voz de Sony diz pelo computador da sala, mas é interrompida pela mulher de cabelos brancos.

—Preciso que transmita essa simulação em circuito fechado para as seguintes coordenadas...-enquanto Rosalyn e Sony confabulavam secretamente,  Lisher verificava os EXOS do grupo e junto de Tauria, os levava para macas semelhantes a sarcófagos tecnológicos. Estavam prontos, com eles reunidos no centro da sala Lisher e Dra. Tauria entram para a salinha de comando, onde Rosalyn digitava no teclado holográfico,  no enorme vidro surge uma leitura de temperatura do corpo dos jovens ali presentes e seus status físicos e mentais.

—Estão prontos.  -Lisher anunciou trancando a porta, Rosalyn pressiona o botão que liga o simulador,  as paredes começam a girar, os sarcófagos se ligam e em segundos eles adormecem.

—Que missão os enviaremos? -

—Rescue,  nível Alpha. -Lisher anuncia firme, como se quisesse impressionar a mulher do auto escalão da Federação.

—Armas?-Tauria olha para as duas aguardando ordens.

—Armas com carga elétrica... -Lisher informa a doutora que mexia na configuração do simulador neural.

—Lisher, querida. -Rosalyn segura a mão da comandante que já estava quase iniciando a simulação. -Ninguém usa armas de mentira em uma guerra. -apos isso altera os comandos de armamento.

—Espero que saiba o que vai fazer. -Lisher lhe respondeu apreensiva, conhecia a personalidade do grupo, dar armas com munição poderia não ser uma boa ideia, mas falar isso para a mulher que abriu caminho ante uma guerra civil era desafiar a morte. 

Simulação iniciar


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Ficou um pouco mais curto do que era pra ser....