Galactica escrita por G V Gomes


Capítulo 3
Capitulo 3 - Sony


Notas iniciais do capítulo

Feliz ano novo!!!! Desculpem a demora, tive um probleminha com a internet e um bloqueio criativo.
Agradeço a minha querida revisora Nince.



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AVENIDA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES, NO CENTRO DA COLÔNIA RÔMULO.
LOCALIZAÇÃO:MARTE

O Porsche Presidencial branco plana na avenida principal de Rômulo, a frente dele dois carros pesados pretos geração ômega, atrás do veículo, que orgulhosamente desfilava com não só as bandeiras da Federação Galáctica mas a própria Presidente e seu assessor, vinham uma ambulância e mais dois carros pesados, a avenida havia sido interditada para que a Presidente fizesse seu caminho até a cobertura de Axl McConnor, o governador do planeta.

Ela nunca gostou de falar com ele, era como se tivesse de explicar a teoria das cordas para uma criança imatura. Não entendia como a Federação Galáctica havia permitido a campanha eleitoral dele. “A política não funciona como seus shows, as vezes coisas que não gostaríamos de fazer devem ser feitas”, foi a última coisa que ela disse quando o mimado governador de vinte e nove anos choramingava por não querer ir na abertura de um museu na Colônia de Galilei.

Por mais que pensasse no estresse que passaria com o “astro”, sua atenção estava voltada para as costas do banco do motorista, por onde ela conversava com Christian, enquanto seu assessor confirmava seus compromissos durante todo o mês de comemoração marciana.

—Você deve estar ficando louca. Confiar uma coisa dessas a seis fedelhos de dedo frouxo!? -Christian exclama do outro lado da tela após ouvir a última frase de Katharine. Diferente dela, ele não estava em um carro, era possível ver que devia estar em uma sala privada. -Sinceramente, Katherine, a política está fazendo você “variar das idéias”…

O homem tinha um histórico péssimo com recrutas, por causa disso fora transferido quinze vezes nos últimos dois anos e agora era responsável pela segurança do Governador de Marte, o que para ele era uma dor de cabeça, enquanto para Katherine era uma diversão, pelo menos nos dias em que o Governador não ligava pra ela, fosse para reclamar das coisas que Christian não o deixava fazer, ou para implorar para desmarcar compromissos que ocorreriam nos horários das apresentações do roqueiro.

— Acha que é um erro confiar em um grupo de jovens para manter a ordem e a paz? - Katherine indagou erguendo levemente a sobrancelha, em outrora ele próprio junto dela fizeram parte de um grupo de “fedelhos de dedo frouxo” para manter a ordem. - O que faria no meu lugar? - olha para o teto do carro e se lembra de uma conversa que teve com ele, anos atrás sobre a situação delicada entre Terra e Júpiter. -Você emitiria uma ordem de ataque, sem provas ou evidências, a um planeta em que o governo luta para que a população confie na Federação, colocando em risco todos os acordos e tratados assinados ao longo de todos esses anos!?

O sarcasmo na voz dela o fez tremer internamente. Christian não gostava de dividir, e quando teve que dividir seu amor com a Federação ficou nervoso e culpou a tudo e a todos, pra ele os problemas se resolveriam com uma guerra, já tinha pensado até em um nome; Guerra dos Titãs.

—Falando assim, parece uma ideia ruim…

Katherine já havia escutado Christian sugerir que deixasse a Terra e Júpiter resolverem a situação sozinhos, mas para ela era impossível; acreditava que a pena deveria ser sempre mais pesada do que a espada. Porém sua vida na Federação fazia seu pensamento se abalar, já havia pensado, não ia negar, que às vezes a força era a única opção, mas não ali. Sua família já havia perdido muito com a guerra.

—É uma ideia ruim. E eles não vão estar sozinhos… - o rosto de Katherine ganha um rubor, como se estivesse prestes a contar um grande segredo.

—Quem vai cuidar deles? EU não vou… -Christian interrompe, após olhar para o lado. Estava na cobertura do Governador de Marte, que no momento jazia estirado no sofá com óculos escuros e um pano molhado na cabeça, tentando se recuperar de uma ressaca.

—Não foi você que disse que se imaginava com filhos!? - sua resposta o pega de surpresa, não esperava que estivesse dando atenção pra ele no Restaurante, por isso falou aquelas coisas. -Mas você já está sendo de grande ajuda sendo babá desse astro do rock.

Katherine sente um arrepio correr pelo corpo, em breve estaria no condomínio fechado de Olympus Mons, uma verdadeira comunidade residencial de magnatas erguida nas proximidades do Vulcão Monte Olimpo, uma clara forma de mostrar que os homens haviam conquistado até o lar dos deuses; porém a lembrança de ter que falar com o governador tirava toda e qualquer sensação de conforto e luxo.

—Quem vai servir de babá deles? -Christian pergunta tentando esconder o comunicador, provavelmente Axl tentava ver com quem o militar conversava já que era possível ouvir; “manda um abraço pra ela”.

—Sony. -Katherine diz, na esperança de levar Christian em uma viagem através da memória. Sony era um android da quadragésima geração que muitas vezes ajudou o Esquadrão Estrela-que-cai, o android foi responsável pelo sucesso de muitas missões.

—Aquela sucata velha, ela não tinha explodido!? - de fato tinha, na última missão, Christian entrou numa discussão com outro membro do esquadrão, a discussão evoluiu para uma briga e quando um deles foi tentar atirar no outro acabaram a acertando com uma pistola laser, a fazendo explodir em milhares de pedaços.

—Sony recebeu atualizações. - diz, tentando amenizar a lembrança do colega, era difícil, mas sua voz sempre tivera esse poder sobre Christian, de modo que todos do antigo Esquadrão sabiam que ele, por mais que fosse cabeça dura, era só ter uma conversa com a mulher que cedia em segundos.

—Não sei se confio nisso… - a voz dele volta ao que era antes, talvez Axl tivesse ido para o quarto ou para o banheiro, ela não sabia ao certo, mas tinha certeza que Christian estava sozinho, sem Axl, a secretária/namorada do governador, os membros da banda e qualquer coisa que seguisse o homem, fosse por ser governador ou por ser cantor.

—Então os ajude! -Katherine pareceu implorar, não tinha jeito para tal, seu assessor olhou por cima do ombro dela para ver com quem falava, mas foi em vão, seu comunicador recebeu uma ligação da Organização das Nações Unidas.

—Não, não. - ele diz gesticulando “nãos”. Não era pela designação de cuidar dos jovens, mas por ter de deixá-la só em Marte, em meio a “cortina de ferro política”.-Fizemos um acordo, eu iria atrás da “melequenta” pra você. - o plano traçado era ir atrás de uma jovem em Galilei, levá-la até Katherine para que a jovem se unisse ao esquadrão em algum lugar de Saturno, e conseguir informações. Mas era claro, Katherine deveria estar escondendo alguma coisa a mais e não dizia nada com receio de incriminá-lo, então se ele ao menos conseguisse ficar ao lado dela, lhe protegendo já seria uma grande coisa.

—Se você soubesse…

—Fica fria, e se concentra em ajudar esse cabeça de vento aqui. – tenta tranquilizar, mas foi mais uma forma de consolá-la. Christian sabia que seja lá o que Katherine fosse tratar com Axl, precisaria de uma mente forte e “boa”, do contrário faria uma besteira; como na vez que Christian trancou o Governador no banheiro por quatro dias inteiros, tudo por que o astro do rock queria ir em uma balada para esquecer de uma “DR” que teve com a secretária.

—Ele é o menor dos menores problemas agora. - a Presidente observa os olhos dele brilhando, não tentou evitar de lembrar daquele dia; vinte e três de Junho, quando estavam sendo treinados na Terra e deram o primeiro beijo. Tudo parecia tão possível, era mágico, tudo era fácil e excitante, era tudo… impossível. -Em dez minutos estarei chegando.- avisa voltando a seriedade na voz.

—Até log.... mas que… -antes de terminar a despedida ela vê que Axl puxou o transmissor cortando a ligação.

ESTAÇÃO ESPACIAL PALAS,
LOCALIZAÇÃO: CONFIDENCIAL

—E então… o que fazemos agora? -Em fim alguém venceu o silêncio que imperou por longos minutos dentro do dormitório. Érika fala e começa a caminhar saltitando com as mãos para trás, era como se treinasse algum passo de dança.

—Acho que faltam duas horas. -Calliope diz olhando para um dos armários que indicava as horas através de uma tela preta. Estava inquieta; o garoto não parava de a olhar, e quando olhava de volta ele tentava disfarçar.

—Poderíamos… -Ludi caminha até o meio do dormitório, estava de costas para a parede do fundo da sala quando lá de trás ouviu um som seguido de um feixe de luz azulado.

—Saudações, novos patrulheiros. -do fundo da sala uma android humanoid, o corpo dela era feito de placas brancas com detalhes em azul. -Eu sou Sony, Android de Protocolos. - a android estende a mão para Ludi, que assim com as Calliope e Érika estava assustado pelo fato da robô, ter saído diretamente da parede.

—O quê é você!? -Calliope diz entre soluços assustados.

—Sou assistente pessoal do Esquadrão Estrela-que-cai, mas a senhorita Kath me designou para cuidar pessoalmente de vocês seis… - os olha lentamente e vira a cabeça, como se recebesse uma nova informação. - ou melhor, dos cinco que estão aqui na estação. – se dirige para Ludi que estava quase debaixo da cama. - Senhor Ludi Royalfield, em nome da Federação Galáctica e de Katherine Striker, eu peço desculpas pelo inconveniente. -Quando Ludi se levanta, analisa a parede, nela havia um sarcófago robótico, típico dos que a Federação usava para guardar os robôs diplomatas. - Senhorita  Érika Montgomery, como está a recuperação de seu pai? -Sony caminha até Érika e lhe aperta a mão com cuidado, deixando os três ali boquiabertos. Porém a pergunta que Sony fez a Erika tocou em uma ferida interna. Uma ferida que ela guardava com muito cuidado e amor...

HOSPITAL PATRICK SOON SHIONG, COLÔNIA GALILEI.
LOCALIZAÇÃO:MARTE

6 anos/Terra atrás...

 Galilei foi erguida no período de expansão colonial do espaço.  Cada prédio brilha quando o astro rei ilumina o céu avermelhado do planeta. A colônia se tornou um exemplo em desenvolvimento tecnológico, dizem que enquanto as demais colônias viviam em cúpulas habitacionais, foi Galilei que projetou o Reator Ox, que depois de muito tempo foi incorporado nas demais colônias para gerar oxigênio. Ali a Federação Galáctica mantém um laboratório militar secreto; Drica desenvolvia sistemas defensivos para serem utilizados pelas colônias enquanto seu esposo,  Andros desenvolvia uma arma a pedido de Orpheus Montre Roy , o vice-presidente da Federação Galáctica. Houve uma forte explosão e muitos feridos, entre eles o casal de cientistas, a Federação julgou melhor transferi-los para o Hospital Willem, em Júpiter.

—Eu vim visitar Drica e Andros Montgomery. - anuncia uma jovem de corpo curvilíneo, com um longo cabelo castanho chocolate e com algumas mechas avermelhadas. Ela tinha o uniforme militar da Federação Galáctica, devia ter acabado de se trocar pois a saia padrão das mulheres estava com a frente para trás. Uma das mulheres ali havia servido na Federação e era uma das responsáveis pela recuperação dos cientistas, porém o quadro da mulher havia piorado.

—Com licença, qual é o seu nome? – a mulher de plantão se aproxima com cuidado, um antigo hábito de seus dias na Federação. Ao se aproximar da garota, a médica percebe um pequeno sotaque marciano na voz dela.  -Sou a doutora Royalfield. - ao ver que a garota pareceu reclusa, a médica se apresenta estendendo a mão, de forma educada e convidativa.

—Érika Montgomery. -Érika aceita o aperto, apesar de ter recebido um sorriso modesto não o retribuiu, estava preocupada; havia acabado de terminar um treinamento intensivo na unidade local de Júpiter. Quando se identificou, a médica que tinha cabelos quase azulados a conduziu por um corredor de salas e médicos correndo de um lado para o outro, lhe informando tudo sobre a recuperação do pai da garota.

—Doutor, a filha de Drica Montgomery está aqui… -Doutora Royalfield diz ao abrir a porta de uma das salas de recuperação, seu pai estava deitado com faixas e uma máquina que o ajudava a comer, sua mãe por outro lado não estava no quarto, a cama onde deveria estar estava vazia, ao lado de seu pai estava um homem velho de jaleco branco com um iPad na mão.

 -Senhorita Montgomery, podemos conversar…

Foi aí que seu mundo virou de cabeça pra baixo. Sua mãe devia estar próxima da bomba quando ela explodiu, pois vários destroços perfuraram seu corpo, o problema era que um dos destroços estava coberto de ferrugem e cortou uma artéria, contaminando não só o sangue, mas o corpo dela. Drica faleceu cinco meses depois, deixando seu esposo em recuperação no hospital e sua pequena Éris [...]

—Senhorita Calliope Rutherford Dayne, é bom vê-la aqui.- a Android pisca os leds azuis, como se desse um sorriso, estava tentando ser amigável, aquilo já tinha acontecido antes, há mais trinta anos atrás com o Esquadrão de Christian e Katherine, só que naquela época eles tentaram atirar nela, que teve de lutar para poder ser ouvida.

—Como sabe meu nome?-Calliope questionou com estranheza, sabia que os Android diplomatas eram muito usados no Centurião, mas aquela era a primeira vez que via na estação espacial.

—Estou conectada com a rede da Federação e… -Sony para de falar de repente, seus olhos viam pelas milhares de câmeras de segurança -Os demais cavalheiros estão se aproximando.

—Como assim!?

—Posso acessar os sistemas criptografados da Federação. -explica indo até o centro do dormitório. Ludi mal acreditava no que via; ele tinha nascido em um bairro barra pesada e os robôs eram bem diferentes por lá, sua maioria era de segurança e não eram humanoides, pareciam uma mistura de peças sobressalentes, o único que era mais avançado era o de seu primo, Argus que era um robô animal….. Argus, sua mãe sempre disse que ele não era boa influência, infelizmente estava certa. Para Érika, Sony era um exemplo do grande esforço que os cientistas, como seus pais, realizavam.

—A comandante falou sobre um treinamento? -Calliope pergunta, afinal se a comandante fosse guiar os treinos, a garota deveria mostrar realmente que era a escolha certa para estar ali.

—Sim, mas devo esperar mais setenta e nove segundos até que os dois cavalheiros passem por aquela porta. -Sony diz olhando para a porta, provavelmente seus sensores captavam movimento. Aguardaram. -Oh, eles pararam.

—Quem vai entrar?-Ludi pergunta aos gritos.

—Senhor Yoon Sung-woo e Senhor Dominic Kyeza. -Sony introduz aos ver a porta se abrindo para os dois integrantes do esquadrão. Um deles tinha o corpo bem definido e musculoso, tinha pele pálida e olhos puxados típicos de uma região específica terráquea, o outro era negro, um pouco menor que o asiático, tinha cabelo bem curto, carregava um sorriso largo e seu nariz era levemente torto.

—Hã… -os dois exclamaram ao darem de cara com os três os olhando assustados.-O que foi?

—A robô estava dizendo que… -Ludi tenta entrar em uma explicação plausível para o que tinha visto.

—O termo correto é Android. -Erika corrige Ludi antes que a própria Sony o fizesse.

—Agora que os cinco estão aqui, posso dar as instruções que recebi da senhorita Kath.- a humanóide faz o rosto piscar três vezes. -Por favor, caminhem para seus armários, pressionem a porta levemente, isso ativará o reconhecimento de retina. Basta ficarem parados à frente dele enquanto se configura. -Cada um se direciona para frente de um armário, assim que o fazem um laser ilumina o rosto deles, reconhecendo o formato do rosto e gravando a retina de cada um em seu banco de dados, após o término do scanner os armários se abrem revelando os pertences deles.- Os vestiários são dois, divididos da seguinte forma, A-1 designado para o sexo masculino e o B-1 para o sexo feminino.- as luzes dos vestiários se acendem conforme ela indica seu propósito. -Fui autorizada a advertir violentamente tentativas de “bisbilhotadas”. As luzes se apagam no horário normal e se acendem meia hora antes, o desjejum será servido vinte minutos depois.- Ao terminar o curto discurso Sony se senta no chão, aguardando qualquer decisão ou iniciativa do grupo. -Hoje, vocês realizarão um treino em conjunto.

—Como assim “...em conjunto “? Calliope pergunta se jogando na cama que havia escolhido, entre a cama de Ludi e a cama de Erika.

—Simples, senhorita Dayne. A comandante Lisher planejou um jogo chamado “Rouba-Bandeira…”

—”Rouba-Bandeira”!? -Dominic repete se lembrando do jogo que jogava quando criança na fazenda de seu falecido avô, o fato era que Sony não havia terminado de falar quando fez o comentário.

—...com pistolas… - a Android completa a frase e olha para Dominic, não só ele mas todos encaravam-na impressionados com o nível do treinamento.

—Com pistolas!?- Érika repete duvidando da informação passada por Sony.

—Queria que fosse com paus e pedras? Estamos no século vinte e seis. – o tom sarcástico na voz robótica de Sony foi engraçado, pois ninguém ali jamais poderia imaginar que um Android possuísse esse recurso.

—Ela foi sarcástica!? -Callie diz segurando o riso.

—Tenho certeza, eu acessei meu banco de dados para o uso de sarcasmo, o senhor Christian me ensinou a fazer isso. -Sony afirma, ela passou por diversas atualizações ao longo dos anos, por sorte sua placa mãe fora preservada após explodir salvando tudo o que ela aprendeu com o Esquadrão Estrela-que-cai. -Faltam uma hora, quarenta e oito minutos e trinta segundos, vinte nove segundos… vocês irão jogar contra o Esquadrão Anã-Branca; cinco contra cinco. -Sony sabia que o Esquadrão em questão era formado por um grupo que seria enviado para compor a guarda do Death Star, eles teriam que ser um, se quisessem vencer aqueles que eram liderados pelo prodígio Ryan Io.

—Acho que, se vamos fazer parte de um time, devemos nos conhecer. -Yoon anuncia se sentando na cama mais próxima, no caso era a cama de Ludi.

—De fato… -Sony concorda exibindo um sorriso no rosto holográfico.

—Meu tenente me ensinou uma forma bem divertida de se apresentar. -Yoon se levanta e  abre seu armário e lá de dentro puxa um bloco de páginas em branco. -Cada um se senta em uma cama e diz seu nome, idade e origem… -Dominic e Érika obedeceram com relutância, não eram fãs de receber ordens. Calliope viu que seria uma forma de conhecer melhor o grupo. Ludi por sua vez queria conhecer melhor Calliope. -Meu nome é Yoon, tenho T-26 anos. Sou de Seoul Coreia Unida. - houve um silêncio constrangedor no local, então Ludi se manifestou.

—Sou Ludi, T-19. Sou de Remo, Marte.

—Erika, T-23, Galilei. - ele parecia estar seguindo o sentido anti-horário, Erika não viu como escapar já que estava ao lado de Ludi.

—Callie; Calliope, na verdade. Tenho 18 anos terrestres, sou de Eros. - Callie foi a próxima, todos estavam atentos às palavras dela; pelo que já sabia o grupo tinha um terráqueo, dois marcianos e ela sendo de Vênus, um grupo um tanto peculiar, como se fosse um começo de piada.

—Dominic, T-23. Sou do Arizona…. -Dominic se introduz, ele não gostava daquilo, todo aquele blá,blá,blá, era irritante, mas pelo menos havia uma garota interessante por perto.

—Eu sou Sony X35AF7005/2, podem de chamar de Sony.- Sony fala quando todos olhavam para Yoon continuar sua atividade de apresentação, de fato ninguém estava pronto ou esperando que Sony falasse algo, então quando sua voz robótica começo causou um espanto. - Tenho 378 anos terrestres federais. Fui construída nas fábricas Sony em Pallos, mas meu pé direito veio de Cibele, também tenho motivos para crer que sete fusíveis meus vieram de Nagoya, Japão.- novamente o silêncio cresceu, mas foi quebrado quando Ludi começou a gargalhar por causa de Sony, o que contagiou a todos.

—Agora cada um pega uma tira de papel, -Yoon rasga uma folha em tiras e passa para quem estava mais próximo, bem como uma caneta ou lápis. O estranhamento que existia antes estava se desfazendo aos poucos, já não eram desconhecidos.- escrevam uma pergunta para a pessoa, nós iremos misturar os papéis e responder em voz alta. Escrevam anonimamente.

Como era o primeiro e o responsável pela atividade, Yoon tinha de fazer uma pergunta que não fosse formal, mas que respeitasse a privacidade da pessoa que fosse ler, então escrever algo simples e que revelasse um desejo futuro da pessoa.

Erika ficou curiosa com o desenvolvimento físico de um dos integrantes, ele parecia ser fruto de uma experiência tipo super soldados das revistas das crianças em Marte, mas isso não seria possível, talvez tivesse se alistado muito cedo.

Ludi ainda queria saber mais sobre Calliope então viu que essa era a oportunidade perfeita para conhecê-la sem que ela soubesse. Dominic também parecia estar de olho nas garotas então quis fazer uma pergunta um pouco mais reveladora. Quando todos terminaram de escrever, Yoon recolheu os papéis, os dobrou e colocou na mão. Ludi esticou a mão e se ofereceu para começar, estava animado para saber qual seria sua pergunta, talvez isso o fizesse esquecer das coisas que teve de passar mais cedo.

—Minha pergunta é; se você fosse visitar a Terra, que país você visitaria?- Ludi nunca estivera na Terra e o que conhecia do planeta havia aprendido na escola e nos programas terráqueos, após uma longa pausa ele encontra um lugar. -Safari.

—Safari não é um país. -Dominic fala com deboche, rindo de Ludi que cometera um erro que para ele era tão idiota.  

—O que é então? -Ludi pergunta inocente, fazendo Dominic parar de rir, afinal indicou que realmente não sabia o que era um safari.

—Safari é uma expedição para observar animais selvagens em seu habitat natural. -Yoon explica paciente para Ludi que pareceu ter um sonho infantil desfeito, havia feito a mesma cara quando na infância seu primo lhe dissera que Papai Natal; como é chamado em Marte, não passava de uma lenda, um mito que os pais contavam para as crianças não causarem problemas.

—Ah, ainda quero ir. -Ludi anuncia rindo.

—Com quantos anos você se alistou? -Yoon lê a pergunta em voz alta, fazendo os demais prestarem atenção. -12 anos terrestres.

—Quais são seus hobbies? - a próxima foi Callie. -Ler, comer doces e pintar minhas unhas, mas não me interpretem mal, não sou uma dondoca, só adoro pintar minhas unhas.

—Qual seu bairro em Eros?- Erika pega o papel que claramente era para Callie. -Acho que essa era pra você… mas minha família... meu pai, está em Júpiter agora.

—Você já teve namorados? -Sony lê uma pergunta e fica irritada. -Que ideia ridícula, uma robô como eu é programada para auxiliar na diplomacia e ações militares, não para flertar com carros e caminhões…

O último era Dominic e pelo que via faltava apenas uma pergunta.

—Quantas vezes os ponteiros do relógio se sobrepõem por dia?- a pergunta era de matemática, e Dominic odiava matemática, por que alguém faria uma pergunta tão desnecessária… -Eu não sei.- quem poderia ter feito aquela pergun...-Sony! -Dominic grita como se recriminasse a android pela pergunta de exatas, fazendo com que os demais dessem risada novamente.

—Oficial se aproximando. -Sony anuncia ficando em pé, provavelmente alguém estava do outro lado da porta ouvindo as risadas.


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Notas finais do capítulo

O que acharam????