Halloween kiss - Hayffie escrita por F Lovett


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

OLÁ MORES!!!

Voltei rapidão com essa one shot que comecei a escrever no Halloween mesmo, mas bateu aquele famoso bloqueio e agora eu peguei pra finalizar haha

Espero que gostem!

Boa leitura ;)



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É noite de Halloween e, assim como qualquer outra festa aqui na Capital, é comemorado em grande estilo. No nosso caso, a cada ano alguém do nosso grupo de amigos cede sua casa para fazer a festa e desta vez será Cinna.  

Uma das poucas coisas boas que os Jogos nos deram foram os amigos. Nossa equipe de preparação acabou levando a convivência mais para frente, nascendo uma amizade quase que inseparável. Eu, por exemplo, não consigo mais me imaginar sem minhas conversas diárias com Cinna.  

Mas não só essas amizades se firmaram com os Jogos. Até Haymitch se tornou mais sociável quando não estamos na época de trabalho. Ultimamente sociável até demais, se posso assim dizer. Nós temos nos falado bastante desde os últimos Jogos. Desde que decidi me abrir com ele sobre como me sentia nessa época, o mentor deixou de ser um “mala” para se tornar, de fato, um amigo. 

— ...maioria das vezes que encontro você, você está meio que... - dou de ombros quando dou por mim e ele parece se divertir com o que vê. - fora do ar. 

— Não estou fora do ar – protesto sem firmeza. Desencosto um pouco da mesa ainda com um copo com o resto de uma batida na mão. - Só estava pensando em umas coisas. 

Haymitch cruza os braços e dá de ombros, fitando o meu copo. Ele não tem nada nas mãos, o que me faz imaginar se ele já bebeu ou ainda vai começar. 

— O que é isso? - pergunta, curioso. 

— É uma batida – respondo. Ele levanta uma sobrancelha. - É de morango – acrescento. Ele parece se interessar. - Você quer? 

Ele abre um pequeno sorriso. Era o que ele queria. 

— Se não me oferecesse eu pegaria mesmo assim – ele diz, tomando o resto da bebida em seguida. Haymitch franze o cenho e olha para mim. - Você sabe que isso está bem forte, não sabe? 

— Por que está dizendo isso? 

— Está doce demais – ele diz, simplesmente. - Quanto mais doce, menos você sente o álcool - explica. - Não vai me dizer que não sabia dessa. 

Mordo o lábio, pensativa.  

— Devo ter esquecido. 

Haymitch ri do meu comentário. Não é tão fácil assim mentir para ele, principalmente se o assunto envolver bebidas alcoólicas. Sua dependência o transformou num expert. 

Atualmente ele diz que tenta se controlar. Eu costumo fazer vista grossa apenas para confirmar se ele está levando isso a sério. Às vezes até me pergunto se ele está fazendo isso porque eu pedi. 

— Ta bom, deixa eu olhar pra você - ele diz, se afastando um pouco e estendendo uma mão para mim. Seguro-a e ele me induz a dar uma volta. - Uma bruxa sexy. Você fica muito bem de preto. 

— Eu tiraria o “sexy” - tento corrigir. Seguindo o assunto, olho-o de cima a baixo, avaliando-o. Ele usa roupas sociais com uma capa por cima. No canto da boca dá pra ver uma pequena mancha vermelha. - Drácula? - arrisco. 

— Achei que não fosse adivinhar – ele diz.  

— Você está sem presas – observo. Haymitch parece aceitar minha breve explicação. 

— Elas incomodam muito. Não consigo mastigar direito. 

Levanto uma sobrancelha em consentimento.  

— Poderia ter mais sangue na sua boca – aponto para o canto da minha. 

— Pode ser sangue de bruxa? - sugere com um sorriso ladino ao qual eu retribuo.  

— Sangue de bruxa é mágico - digo, dando de ombros para pegar mais um copo na mesa. - Vai ter que se esforçar se quiser um pouco. 

Tomo um pequeno gole e o líquido doce desce quente pela minha garganta. Haymitch pega o copo da minha mão e toma mais um pouco, me devolvendo com ainda uma pequena quantidade da bebida, o que me deixou surpresa. Acabo tomando o restante antes de descartar o copo no lixeiro ao lado da mesa.  

Haymitch me guia pela sala, onde algumas pessoas dançam ao som de um rock. “Hey” da banda Pixels toca ao fundo. Uma música que foi incluída na lista por mim. Cantarolo enquanto caminhamos entre os demais até encontrarmos a nossa turma conversando perto da cozinha. Os olhares na nossa direção. 

Franzo o cenho quando nos aproximamos deles. 

— O que foi? - pergunto, olhando para Cinna, que carrega um copo pela metade do que acredito que seja vodca pura. Ou misturada com limonada. 

— Estávamos observando vocês - ele diz, simplesmente. Ele sorri sutilmente, sem malícia, sem brincadeiras. Mas isso dura alguns poucos segundos e logo seu semblante muda e seu sorriso se alarga um pouco. - Essa troca de cantadas aí vai até que horas? 

Tento conter uma breve risada. Haymitch também ri do comentário ao meu lado. Imagino qual seria a reação deles se nos beijássemos aqui e agora. Pelo visto, Haymitch parece ter pensado quase a mesma coisa que eu, já que logo a seguir ele passa um braço ao meu redor, pousando-o na minha cintura.  

— Só estou tentando beber um pouco de sangue – ele diz e sua voz está tão próxima que tenho certeza de que se eu der de ombros, estará perto demais. - Mas parece que sangue de bruxa é muito difícil de conseguir. 

Mordo o lábio e então olho para Haymitch. Como eu já imaginava, estava perto demais. 

— Talvez não seja mais – murmuro tão baixo que de imediato me pergunto se ele ouviu. Mas ouviu e não só ele ouviu. Haymitch me olha um pouco desacreditado enquanto Octavia soa um “uhhh”, e olhar de Haymitch vai de mim para o pessoal em seguida. 

— Peço licença, meus amigos – diz Haymitch em um cumprimento forçado -, mas precisarei me ausentar com esta... - ele dá uma pausa para me avaliar – dama para saciar um pouco da minha sede. 

— Se precisarem, o quarto de hóspedes está à disposição - Cinna comenta com o semblante totalmente sério. Às vezes fico na dúvida se ele está falando sério ou brincando. Algumas dessas vezes acabo sem saber mesmo, como agora. 

— Agora não - Haymitch responde. Cinna finalmente sorri e olha para mim, acenando com a cabeça para que possamos ir. Haymitch segura a minha mão e me conduz novamente pela sala. “Hey” ainda está tocando e o ritmo do final da música me dá a sensação de estar andando em câmera lenta. 

Haymitch me leva até a varanda do apartamento de Cinna, onde já vejo um casal num canto entretido demais para reparar que estávamos chegando. Vamos até a outra ponta da varanda, onde não há ninguém agora. A música se torna mais abafada, o som distante vindo da porta da sala e agora conseguimos ouvir os carros lá embaixo. A brisa noturna nos recebe com seu frio aconchegante batendo na nossa pele.  

Sinto uma súbita vontade de roer a unha, mas me contenho. Por que tão nervosa, Effie? 

Haymitch se vira de frente para mim e se encosta na parede. Suas mãos seguram as minhas, puxando-me para si. Ele me envolve num abraço e eu descanso a minha cabeça no seu ombro enquanto sinto suas mãos subindo e descendo pelas minhas costas. Seu cheiro está diferente hoje. Ele não cheia a whisky como costumava ser nos Jogos. Sinto apenas um perfume, um bom perfume. Inalo seu cheiro com os olhos fechados, tentando memorizar o aroma que, talvez, leve um bom tempo até estar assim novamente. 

— Você tá com um cheiro bom – comento, com o rosto próximo ao seu pescoço. 

— Ainda bem que notou – ele diz. - Não foi fácil ficar sóbrio hoje. 

— Quase sóbrio - corrijo-o, fazendo-o rir um pouco. Me afasto um pouco para olhar nos seus olhos e ponho uma mão no seu rosto. - Mas assim tá bom. 

— Ah, é? - indaga. Confirmo com um menear de cabeça e volto a me aproximar dele, sentindo seu abraço ficar um pouco mais firme. Ele está tão perto que posso sentir seu hálito, mas dessa vez não posso reclamar do álcool, já que eu também bebi um pouco. Não o suficiente para me deixar embriagada, mas para me dar um pouco de coragem. Aquele pouco de coragem que me faltava para levar isso para frente, e acredito que ele também precisava. Por isso a troca de cantadas. Estávamos jogando para saber se ambos estavam dispostos a isso. E quando sinto os seus lábios nos meus, sinto que tomei a decisão certa. Talvez eu não me perdoasse caso não arriscasse dessa vez, pois, talvez, a coragem não viesse de novo como veio hoje.  

Seguro seu rosto em minhas mãos, então deslizo uma delas até chegar ao seu ombro, apertando-o em alguns momentos, tentando trazê-lo para ainda mais perto, como se isso fosse possível. Enquanto isso, nossas línguas iniciam uma batalha longa e intensa, sem previsão de término por ora. Suas mãos deslizam pelo meu corpo como se em resposta a cada movimento meu. Uma comunicação silenciosa, exceto pelo som das nossas respirações quase que em sintonia. Um rock antigo, uma música indie com uma letra que diz “diga-me que você se importa”. 

Rimos entre um beijo e outro como se isso não passasse de um simples devaneio. Imagino se os nossos amigos estão parados à porta nos observando agora, mas resisto a curiosidade de abrir os olhos e procurar por eles. Isso quebraria todo o clima que surgiu entre nós, e essa é a última coisa que quero agora. Então Haymitch desce as suas mãos e aperta a minha bunda, fazendo com que eu deixe escapar um gemido, apertando o abraço em resposta. Ele parece ter gostado disso.  

Trocamos mais alguns beijos até ficarmos apenas abraçados novamente. Ficamos em silêncio por alguns instantes, apenas degustando a sensação de lábios inchados e respirações ofegantes. Estou com a cabeça encostada em seu ombro novamente e as suas mãos voltam a percorrer as minhas costas. 

— Para um bêbado até que você não beija tão mal – comento, movendo uma mão pelo seu rosto, sentindo sua barba. Haymitch ri. 

— Era tudo o que eu queria ouvir agora – responde no mesmo tom de piada. - Você quer entrar? 

— Não - digo. Por mim, a festa poderia acabar ali mesmo. - Vamos ficar aqui mais um pouco. 

Não precisei insistir. Haymitch se acomodou encostado na parede. Conversamos sobre coisas aleatórias, coisas engraçadas. Ele me fez rir e depois voltou a me beijar. Não voltaríamos a festa tão cedo. Ali fora estava ótimo. Sem barulho demais, sem olhares sobre nós. Estávamos tendo um pouco de privacidade numa festa e isso era realmente raro, então precisávamos aproveitar a oportunidade. 

Haymitch me abraçou forte e tudo que eu queria era que ele não voltasse para casa depois daquilo. Eu queria que ele ficasse mais um pouco.  

Eu o pedi para ficar. E ele não recusou.


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Notas finais do capítulo

Comentem e deixem a Lovett feliz ♥