Apenas Um Olhar escrita por SunLight


Capítulo 3
CAP IV – Amigos a parte, inimigos quem sabe


Notas iniciais do capítulo

GENTE, OCORREU UM ERRO ! ME PERDOEM, É QUE EU POSTEI O CAPITULO 3 JUNTOS COM O 2. TAVA SEM SEPARAÇÃO, -Q ENTÃO AÍ ESTA O CAPITULO 4.



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Depois do episódio desconfortável na casa do Uchiha, eu, ele e Hinata nos dirigimos à casa de Naruto e Shikamaru para assistirmos as bendito filme. Ao chegar lá, todos estavam jogando banco imobiliário, e quando eu digo todos, quero dizer todos menos a Ino e o Sai. Depois do acidente infeliz que quase me fez uma logotomia Sai achou melhor levá-la para casa. Jura?

-Onde vocês foram locar esse filme? Não tinha na locadora e vocês decidiram ir até o cinema fazer uma cópia pirata é? – perguntou Shikamaru olhando para nós e, rapidamente conferindo o que Naruto fazia após jogar os dados.

-Temari... pega logo os dados e joga, vai! – cochichou Naruto para a garota, tentando ser discreto, mas convenhamos, ele é tão discreto quanto duas tiazinhas fofoqueiras falando da vida alheia sentadas na porta de casa. Shikamaru percebeu, óbvio.

-Paga Naruto! – gritou, batendo a mão na mesa uns segundos antes de Temari jogar os dados – Ah! Ipanema, aluguel mais três casas dá... 320 reais! Pode ir passando a grana – riu, agora com a mão fazendo um gesto para ele entregar o dinheiro logo.

-Toma otário, droga Temari, você demorou demais dattebayo – resmungou enquanto puxava as notas falsas de um bolo e entregava ao amigo.

-Nossa, imagine se fosse dinheiro de verdade – bocejou entediada, já que parecia que ela jogava porque não tinha nada de mais divertido (ou interessante) para fazer – vocês dois é que são uns otários.

-Anh, desculpe interromper o jogo – disse Hinata baixinho, engraçado, porque ela também não dava lição de moral neles? Puxava a orelha deles e mandava pro tapetinho da Supernany? Devia ser porque o Naruto tava no meio da coisa... – nós demoramos porque a Sakura caiu e eu e Sasuke a levamos até o apartamento dele para fazer um curativo – respondeu a pergunta antes feita por Shikamaru.

-Nossa Sah! Você tá legal? – perguntou Ten Ten que também estava jogando, ela se levantou e foi até o local onde eu estava.

-Está tudo bem Ten Ten – falei sorrindo, mas ela ou não me deu muita garantia ou tava tirando uma com a minha cara. Começou a me cutucar com aquela carinha de cutie muito fofa, mas aquilo enche o saco – É sério, to legal! – dei um passo para trás sacudindo a cabeça afirmativamente – não quebrei nenhum osso.

-Ah desculpa – pediu coçando a cabeça.

-Nós vamos assistir ao filme ou não gente? – perguntei mostrando a sacolinha da locadora na mão da Hinata.

-Nós já estamos indo, Sakura-chan – respondeu Naruto com os olhos vidrados no tabuleiro – eu só vou acabar com esses perdedores aqui, é um segundo só.

-Até parece bobão! – ele levou um soco da Ten Ten, que fez com que ele caísse da cadeira e se estatelasse no chão.

-Naruto-kun! – Hinata correu para socorrer, ver como ele estava, fazer respiração boca-a-boca (brincadeira), de onde eu estava dava pra ver os olhos dele girando em espiral.

-Essa foi boa Ten – riu Temari.

-Boa não, perfeita! – completou Shikamaru.

-Não digam isso, por favor, ele se machucou de verdade – brigou Hinata que ficou lá do lado dele abanando com as mãos para ver se ele reagia.


-Chega, Hinata – levantou Naruto tirando as mãos dela do caminho – obrigado.

-Anh tu-tudo bem, Na-naruto-kun eu... – ela se levantou e ficou com as mãos na frente do corpo, uma em frente à boca, ficou balbuciando algumas palavras que nem mesmo eu que estava ao seu lado pude decifrar.

-Bom, ta tudo bem, o Naruto ta aí vivinho e chato como sempre – sorriu Temari com uma carinha sapeca e de volta Naruto ficou todo emburrado e se afundou no sofá da sala, um marrom meio antigo e bem fofo, dava pra nadar dentro do sofá. Ele cruzou os braços e fez um biquinho infantil – então, meninas vamos à cozinha preparar algo para comer.

-Ook.
-Vamos.
-Parabéns Naruto, não precisa se preocupar, o prêmio de desligado do ano já é seu – suspirou Shikamaru se aconchegando na poltrona ao lado do sofá onde o Naruto tava dando uma de “Naruto” sabe? Sasuke sentou-se no mesmo sofá, na ponta contrária a de Naruto e ficou quieto enquanto Shikamaru pegou o controle remoto na mesinha de centro de vidro e começou a zapear os canais.

-Não enche Shikamaru – resmungou ainda com aquela birra infantil que dá vontade da gente pegar uma corda, amarrar uma ponta num táxi, a outra ponta ao redor da cintura dele e mandar o motorista do táxi ir até Massachussets, sem paradas, a 140 km/h – o que eu fiz agora?

-O nome Hinata não te lembra nada? – falou apertando o botão de mudar o canal impacientemente – droga! Pago a TV a cabo pra ver 200 canais com leilões de bunda de bois que valem mais do que a minha casa.

-O que é que tem a Hinata?

-Você deveria ter sido mais gentil, já que é muito claro que ela se preocupa com você – respondeu Shikamaru, finalmente encontrando um canal de seu interesse.

-Eu disse obrigado, que mais você queria? – disse-lhe Naruto descruzando os braços.

-Você não disse aquilo, né? Não foi nem comigo e eu fiquei até com medo! Você poderia ter dito um obrigado de verdade – continuou – cara, você empurrou as mãos dela para longe de você, ela ficou sem jeito, Débi.

-Eu não empurrei, eu tirei as mãos dela com as minhas e, eu disse OBRIGADO. Qual é cara?

-Mas tu é uma mula mesmo. E o que conversamos aquele dia hein? Que ela é a garota bonita e legal que gosta do babaca? E sobre fazê-la feliz, lembra? – cochichou atravessado para que nenhuma de nós garotas que estávamos na cozinhas ouvisse a conversa, seus olhos arregalados e os pulmões sem ar.

-Ela não gosta de mim.

-O quê?

-Eu pensei no que conversamos e...

-Sério, você pensa? É que depois dessa revelação eu vou me trancar no quarto porque, sei lá, você deve ter sido abduzido ou bateu a cabeça na maçaneta da porta de novo, ou coisa parecida.

-Me deixa terminar – respirou fundo, passou as mãos no cabelo loiro, bagunçando-o – Eu sou amigo da Hinata há muito tempo, tanto ou mais do que vocês. E eu sei que ela não sente nada por mim, somos muito diferentes. Uma garota como ela jamais se interessaria por alguém como eu. O Teme concorda comigo, né Teme? – terminou inclinando a cabeça para ver Sasuke, este que assistia um jogo de futebol e não parecia interessado na conversa.

-Não. Ela é apaixonada por você – respondeu convicto e monotonamente, como se estivesse pedindo um copo d’água.

-Quer saber? Não to nem aí pra vocês, eu sei de mim – concluiu mesmo perdedor entre os amigos. Com uma expressão entristecida pela derrota unânime.

-Yare, yare... – bocejou Shikamaru, no seu estilo preguiçoso que eu acho meio charmoso. 




-O que é? É charmoso né?

-Num mundo de bichos preguiça pode ser, colega – e como meu dia ainda não tinha acabado, Godofredo veio fazer uma visita – Menina, o bofe quase te agarra e você não fez nada? Porque não arrancou aquela camiseta branca para ver os músculos bem definidos do bofe? Não sabe o que perdeu – falou a voz da minha consciência, pra você ver como eu sou louca, a minha consciência está na forma de gay de 35 anos, solteiro e de cabelos verdes. A morte.

-Cala a boca Godofredo! – cochichei para mim mesma dando uns tapinhas na cabeça de leve.

-O quê, Sakura? – perguntou Temari, meio confusa ao ver aquela menina aparentemente normal se batendo, com a cabeça dentro de um armário de cozinha. Ela devia estar pensando que a manteiga estava sendo muito malvadinha comigo.

-Nada não, Temari. Nada não – respondi com a maior cara de pau.

-E então qual vai ser o prato especial que nós vamos fazer? – perguntou Ten Ten animadamente, com os olhos brilhando e tudo.

 

-Bom, vejamos – disse Temari com a mão no queixo, para mostrar que ela estava pensando e os pés batendo ritmadamente no chão – o prato especial que nós vamos preparar é “acopip” – respondeu.

-Nossa! E isso é uma iguaria arabiana ou sueca ou sei lá! Coisa do tipo? – perguntou novamente, e eu juro, uma das faíscas que saltavam de seus olhos queimou em meu rosto. Eu tenho o pequeno palpite de que ela se empolga muito fácil. Sonhadora.

-Não, é só pipoca de trás pra frente – respondeu contínua e automaticamente, Temari, com o maior sorriso colgate. A pobre Ten Ten até tombou para trás de decepção.

A cozinha dos rapazes era bem organizada – para uma cozinha “masculina” vamos colocar assim, era nota dez – um balcão de mármore bem a frente, onde se encontravam copos, taças e tigelas de vidro, adiante a geladeira branca ao lado do fogão com algumas panelas, do que deveria ser o jantar da noite anterior e dois armários dispostos uniformemente nas duas paredes da cozinha, sendo que abaixo de um deles se encontrava a pia, com algumas louças sujas dentro, nada de mais, eu mesma não lavei a minha louça do jantar e não sou uma criminosa procurada – não por isso, abafa.

-O milho para pipoca deve estar na geladeira – disse Ten Ten emburrada, ela sentou-se em uma cadeira e ficou batendo os dedos no balcão, mas o que ela esperava? “Lagosta a lá frescurinha” para assistir a um filme? Fala sério.

-Tudo bem, eu pego – falou Hinata abrindo a porta da geladeira. Lá dentro tinha umas frutas, uma caixa de pizza dobrada ao meio, água é claro e um depósito de plástico laranja onde tinha um bilhetinho em cima dizendo: “EU CUSPI AQUI”. Tive a ligeira impressão de que era do Naruto. Hinata olhou alguns segundos para a porta que ela acabara de abrir e achou um saquinho com milho para pipoca atrás do copo de requeijão – era o ingrediente secreto .

 

-Você precisa de ajuda ou consegue fazer tudo sozinha? – perguntei para Temari, que já estava com a panela em mãos.

-Bom, eu posso fazer isso, mas tem a louça de ontem, se você quiser lavar... – respondeu sorrindo. Naquela hora um maníaco foragido com uma serra elétrica e um tapa olho furado usando uma camiseta do Che Guevara podia me matar com a faca da cozinha.

-Pode deixar Sakura-san. Eu lavo – disse Hinata sorrindo, como sempre, minha salvadora.

-Eu te amo – sorri, dei um beijinho na testa dela e corri para me sentar do lado de Ten Ten.

-E aí Ten? – disse colocando a mão em seu ombro e me sentando – parece que eu não sou a pessoa mais indicada para ajudar na cozinha – ri sapecamente.

-Tirando sua preguiça – respondeu aborrecida – você até ajudaria.

-Era pra me consolar? – falei com uma face tristonha – você é péssima nisso – gargalhei baixinho.

-Eu sei, mas funcionou – disse com um sorriso torto.

-Vamos melhorar essa cara? – cruzei os braços e olhei firmemente em seus olhos – quem é que te ama, benzinho? – perguntei fazendo uma voz melosa e um biquinho.

-Para, é sério. Eu odeio quando você faz isso – revirou os olhos e ralhou comigo – dá vontade de furar meus tímpanos com a ponta de uma caneta.

-Nossa essa foi lá no útero – falei chateada – depois dessa só faltou um travesseiro e um leitinho quente.

-Desculpa Sáh, eu não tenho que descontar em você o que me deixa zangada.

-Também acho – suspirei com os olhos fechados, balançando a cabeça afirmativamente.

-Quem é que te ama benzinho? – dessa vez ela fez aquilo tudo para mim.

-É verdade Ten – respondi com os olhos cerrados – dá vontade de pular do 17° andar – terminei sorrindo.

-Só nos resta esperar né? – perguntou ela olhando para as meninas que estavam ocupadas com os seus afazeres culinários.

-É, só nos resta esperar – respondi com um biquinho.

Quando não fazemos nada o tempo parece parar. Os segundos viram minutos e os minutos, horas. Temari e Hinata continuavam fazendo os seus serviços, agora com a pipoca já encaminhada, Hinata lavava e Temari enxugava e guardava a louça. Eu e Ten Ten continuávamos no mesmo lugar, apenas jogando conversa afora. Os garotos, na sala, tagarelavam enquanto assistiam a um jogo de futebol. Não ligo muito para esportes, nem sou a pessoa mais certinha do mundo, longe disso. Mas fiquei com uma profunda e sincera pena da mãe do juiz, a orelha dessa senhora devia estar em brasas. Era só imaginar o palavreado chulo dos meninos multiplicado por 1000.

-Você lembra da primeira noite que passou lá em casa? – perguntou-me Ten Ten brincando com os copos de vidro.

-Claro, como me esqueceria – respondi calmamente – não foi tão ruim, né? – perguntei penosamente. Já sabia a resposta que seria dada.

-Não foi tão ruim? Você só pode estar tirando uma comigo – afirmou de forma exacerbada e irônica, para ela, minha pequena visita não foi lá muito divertida – você quase incendiou a casa!

-Foi um acidente ok? Eu não podia adivinhar que a tomada ia entrar em curto – cochichei rapidamente a minha autodefesa. Vocês já devem perceber que eu não me formaria em direito nem na galáxia mais remota, mesmo que ela sendo cheia de macacos roxos peludos com bolinhas verdes, olhos de cobra, tromba de elefante e cauda de peixe. 

-Sério? Bom, pensando melhor, apenas duas extensões, o seu frisador, o carregador do seu celular, seu recarregador de bateria e a TV não fariam isso – falou me olhando de canto de olho – qual é? Você quase causou um black-out na vizinhança

 

-Exagerada – resmunguei aborrecida, até porque aquilo só interessava a nós três, eu, ela e Hinata. Ela falou tão baixinho que até meu primo que mora na Noruega já sabe que eu não sou cuidadosa com eletricidade. Nem ligo mesmo – eu só me sinto culpada pela cortina, porque foi um presente da mãe da Hina para ela. E ela ficou triste quando viu que as faíscas que saíam queimaram até o último fio de linho virar cinza.

-Eu não acho que ela ficou chateada – falou com um sorriso no rosto – na verdade, eu e ela odiávamos aquela cortina, só a colocávamos porque foi presente da mãe dela – suspirou sinceramente.

-O quê? Então o que eu fiz não foi nada mais que um favor? – gritei espantada com os olhos tão arregalados que se encheram de água – e eu fiquei me sentindo tão culpada por nada – soltei os ombros desapontada e aliviada ao mesmo tempo.

-Esquece isso agora, foguinho – disse a futura comediante do subúrbio – eu tenho um assunto mais importante pra gente conversar.

-Hunf – cruzei os braços irritada – e o que é então?

-Você precisa me ajudar com uma coisinha bem pequenininha – falou com aquela voz de criança que quebrou o vaso caríssimo da mãe – é sobre a Hina.

-O que é que ela tem? – perguntei agora mais interessada na conversa – tem alguma coisa de errado?

-Tem.

-O quê criatura? Ta me matando de curiosidade – cochichei arfando de ansiosidade.


-Ela e o Naruto ainda não se acertaram – respondeu com a cara mais limpa do mundo. E eu preocupada, pensando que fosse problema de saúde ou sei lá mais que merda podia ser.

 

-Eu sei disso, e também acho que eles deviam se entender, mas não é melhor deixarmos que eles se entendam por eles mesmos? – falei toda desconfiada, bom, eu estava tentando dizer o que minha mãe sempre me dizia quando eu tinha uma idéia de Sakura, como ela mesma intitulava. Como quando eu quis pintar meu cabelo de laranja pra ficar igual ao do Ichigo, porque ele é gatinho *-* ou quando eu pedi um panda de bichinho de estimação. É que aquela carinha fofa com umas manchinhas pretas ao redor dos olhos derrete até calota polar. Depois que ela não deixou que eu tivesse o panda eu tentei virar emo e fugir com uma galera que eu tinha conhecido. Mas ela descobriu, e também não deixou, então eu desisti. Pois é, voltando ao assunto...

-O quê? Você ouviu o que acabou de dizer? E sabe de quem eu to falando? Lembra? Naruto... Hinata... – respondeu Ten Ten, ela pareceu insatisfeita com a minha colocação – Se você concordar em me ajudar, eu deixo você fazer o primeiro plano. Irrecusável hein? – disse tentadoramente, ela queria acabar com a minha onda de “conselho de mãe”, e ela sabia exatamente o que fazer.

...


-Okay! Eu já tenho umas idéias, vai ser demais! – rendi-me à deliciosa sensação de me meter em confusão. A carne é fraca e a oferta muito boa.

-Okay então! Vamos ver os melhores planos e depois pôr em prática. Essa sim é a Sakura que eu conheço – falou com um sorriso faceiro. Hei, eu não tenho culpa se foi essa a Sakura que ela conheceu, valeu? E não, eu não tenho dupla personalidade.

-Sakura, Ten Ten, já está tudo pronto – disse Temari com uma vasilha enorme cheia de pipoca, ou acopip para os mais empolgados e Hinata com um refrigerante na mão – leva os copos, por favor.

 

-Tudo bem Temari – respondi sorrindo calmamente pegando alguns copos de vidro empilhando-os um em cima do outro, e dentro da minha cabecinha maquinando planos e procurando idéias criativas.

Ao chegar na sala a seguinte cena: Naruto sem camisa deitado no sofá maior com uma perna na parte superior e a outra jogada de qualquer jeito, mascando chiclete. Shikamaru estava dormindo no chão, com a cabeça embaixo da mesinha de centro, coberta por uma almofada e um pé apoiado na estante da TV, Sasuke, como sempre, sentado na poltrona sozinho, no seu cantinho preto e branco.

-Tudo bem, quem são vocês, de onde vieram, o que querem e onde estão o Naruto e o Shikamaru? – perguntei ironicamente horrorizada com aquela “coisa”, aquela não era para agora. Os galãs do subúrbio.

-Peguem tudo o que quiserem, mas por favor não nos machuque! – Ten Ten levantou os braços, como se aquilo se tratasse de um assalto, e todas as garotas no recinto gargalharam.

-Nossa, quem imaginaria que no nosso grupo existem duas comediantes, hã? – respondeu Shikamaru bocejando, tirando sua cabeça de baixo da mesa – eu dormi e acordei três vezes até essa pipoca ficar pronta, podemos assistir ao filme logo, por favor?

-Nós demoramos porque parece que essa casa foi abandonada há dois anos atrás, e os donos deixaram toda a louça suja aqui para alimentar suas baratinhas de estimação – respondeu Temari com uma sobrancelha arqueada e uma ruga no meio da testa – mas, se não quiserem pipoca eu entendo, sobra mais pra gente.


Yare, yare...


-Calma gente, calma – disse Hinata com um sorriso forçado e a certeza de que essas sete pessoas deveriam tomar certos medicamentos antes de se confinarem juntos. 



-Quem aí adora um filme de terror?

 

Olha, na minha opinião, filme de terror é a maior enrolação. Umas paradas tão otárias, coisas tão clichês e truques digitais. Não é que eu sou contra, imagina, eu até curto derramamento de sangue, decapitamentos, carnificina, trituradores e todas essas maneiras doentias de se cometer um assassinato. Mas é que ninguém realmente merece. É muita crueldade. Primeiro, um grupo de adolescentes vai fazer uma viagem para a casa de campo, conseqüentemente localizada no meio da floresta, isolada da pequena e misteriosa cidadezinha do interior que tem uns 10 habitantes, o local perfeito para um final de semana tranqüilo e normal. Claro que antes rola uma sacanagem logo de cara, acontece em todo caso. Então eles escutam um ruído estranho e vêem um vulto pela janela, ficam preocupados, começam a sentir medo. O que acontece? Querem saber? Mesmo?

Bom, o mais bonitão, popular, convencido e metido a corajoso se oferece para dar uma olhada lá fora da casa. E nunca volta. Os outros do grupo, ficam aflitos, nervosos e cometem o maior, mais óbvio, estúpido e idiota erro característico dos filmes de terror: separam-se para procurar o bombadão esquartejado.

Pessoal, pelo amor de Deus, se vocês estiverem numa maldita casa isolada no meio da floresta, e com um serial killer à solta; não saiam da casa, não se separem, não tentem ligar o carro e não corram para a floresta à noite procurando o Matt, ele já foi dessa para uma melhor, morreu, vestiu paletó de madeira. É uma armadilha! Com o passar dos anos, será que não deu pra perceber que tudo começa quando vocês resolvem se separar? O maníaco assassino com uma máscara de jogador de hóquei, uma serra elétrica e um gancho quer isso.

 

No final, a garota certinha, paranóica e que escuta vozes de uma pessoa que morreu naquele mesmo lugar há 30 anos desmascara o assassino, que é ninguém menos do que aquele nerd que a galera toda zoava na escola, sedento por vingança. A garota é internada numa clinica psiquiátrica, e o nerd escapa, deixando a certeza de que haverá uma continuação do filme: Como um nerd se livra dos idiotas populares perseguidores da escola em 10 passos fáceis. Assustador né? Eu imaginei um best seller praticamente.

Voltando à nossa história:

Todos nós estávamos acomodados na sala de estar, assistindo ao filme, comendo pipoca com refrigerante, Ten Ten dando uns gritos e quase arrancando o braço do Naruto que estava sentado ao lado dela no sofá. Eu, Hinata e Temari sentadas no chão, encostadas no sofá. Hinata parecia um tanto enojada com as cenas dos homicídios, então de vez em quando eu tampava seus olhos e ela escondia o rosto em meus fios rosados. Temari e Naruto, quase não piscavam assistindo ao filme, tamanha era a empolgação. Shikamaru suspirava desanimadamente, após cada grito de Ten Ten e Sasuke sozinho na sua poltrona, se deliciava com cada gota de sangue derramada. Talvez, só talvez, ele estivesse aprendendo para aplicar tais técnicas em mim, Haruno Sakura, pobre ser humano vitima das circunstancias.

-Não corre para o cais, NÃO, ele vai te... ai já era! – gritava Temari com a TV, na esperança de modificar o triste fim de seu ator favorito – com o retalhador de carne! Seu maldito.

-Eu já sei quem é o assassino! – afirmava Naruto, gabando-se para os demais – querem saber?

-Você não faz idéia – respondeu Shikamaru, irônico.

-É o jogador de futebol americano! 8)

-Hã, Naruto? Oõ

-O que foi, Sakura-chan?

-Esse aí foi o que acabou de morrer – falei incrédula com aquela revelação. Com o jogador de futebol, já foram sete as deduções de Naruto. E todas acabaram em morte.

-Nani!

 

-Cala a boca e assiste dobe – resmungou Sasuke, já irritado com a tagarelagem de Naruto – daqui a pouco você deduz que a garota de óculos é o assassino, idiota.

-O quê, SASUKE! – Naruto trincou os dentes e arregalou os olhos, seu sangue fervia – “Ah, Sasuke, como sempre querendo me deixar mal na frente de todo mundo, ele me deixa louco quando faz isso!

Relâmpagos foram trocados naquele momento.

Os dois ficaram trocando olhares enfurecidos, e eu cheguei a pensar que os assassinatos iriam deixar a tv e viriam até a sala de estar de Naruto e Shikamaru. A morte de algum dos dois só foi adiada graças ao toque de um celular. Todos, menos Naruto e Sasuke, se entreolharam e Ten Ten deu um pulo do sofá. Os dois amiguinhos viraram o rosto e ficaram emburrados.

-É o meu, com licença.

Ela se retirou da sala e foi atender ao telefone na cozinha.

O filme foi parado com 1h 47 min de duração. Já estava quase terminando.

-Hei, Hinata o que você vai fazer no fim de semana? – começou o assunto, Temari.

-Eu e Sakura-san amos ver uma galeria de arte urbana – respondeu animadamente – nós vemos a propaganda na tv, e vai ter várias exibições, desde o grafite até o...

Ela foi interrompida por uma tosse seca de Temari e depois um sorriso maroto.

-Tá bom, ta bom, parece legal até mas vocês não querem ir até a inauguração do hotel novo da empresa onde o Gaara trabalha? O final de semana inteiro vai ser como uma demonstração dos serviços oferecidos lá. E eu, claro, consegui convidar todos vocês, isso mesmo, eu disse TODOS.

-Nossa Temari-san! Parece incrível, mas eu tinha prometido ir a essa exposição com a Sakura, se ela ainda estiver interessada, eu irei com ela – falou subitamente decidida, ela não queria furar o compromisso que tinha comigo.

Instantaneamente, todos olharam para mim, me deixando numa situação constrangedora. Mas eu já sabia a resposta, não precisava exercer tanta pressão psicológica.

 

-Olha, Hinata – suspirei reconfortante – eu sei que você achou legal essa exposição, e eu também – olha só, depois a mamãe disse que as aulas de teatro foram um desperdício de dinheiro. Quando vimos essa propaganda lá em casa, na verdade só ela viu. Ela perguntou-me se eu queria ir dar uma olhada. Eu apenas acenei com a cabeça, mas não fazia idéia do que ela estava falando, na minha cabeça estava um garoto muito bonitinho que eu tinha visto no caixa do supermercado – mas, o final de semana nesse hotel é uma oportunidade que dificilmente a gente consegue, e a exposição só vai sair de cartaz no fim do mês. A gente vai, curte o fim de semana, volta, e aí sim a gente vê a exposição. O que você acha?

-Por mim tudo bem! – respondeu contente.

-Okay! Então, todos vamos até o novo hotel de praia! Vai ser legal – balbuciava Temari com a boca cheia de pipoca – sábado, todo mundo vai pra minha casa e de lá a gente sai pro hotel.

Todos afirmaram num coro, e os planos para o fim de semana já começaram a fervilhar nas cabeças e nas línguas. O filme até fora esquecido. O burburinho só foi interrompido pela presença de Ten Ten voltando da cozinha.

-Bom gente, eu tenho que ir agora, parece que acidentalmente – ela deu uma boa ênfase no acidentalmente – alguém desconfigurou o computador do meu pai. Eu vou lá ver o que eu posso fazer – disse desanimada.

-Mas você vai com a gente pro hotel? – perguntou Naruto.

-Ainda não sei, tenho que pedir uma folga lá na cafeteria, talvez eu não possa sair no sábado, mas de qualquer maneira, eu dou um jeito de ir domingo – exclamou apressadamente – então eu já vou indo, beijo.

-Beijo – eu, Hinata e Temari respondemos. Os garotos apenas acenaram. Tem Ten pegou sua bolsa e saiu apressada.

-Ei Sakura-chan, você já pode apertar play – disse Naruto cortando o nosso assunto do final de semana incrível que nós passaríamos, pra voltar a um filme de terror qualquer.

 

-Hã, o quê? Ah claro o filme! – surpreendi-me e procurei o controle remoto do aparelho de DVD para continuar o bendito filme – já tinha até esquecido.

O filme continuou e o final foi óbvio, como o de todos os outros filmes de terror. Óbvio para todos, menos Naruto. Incrível, mas como Sasuke tinha comentado ele realmente acreditava que a garota de óculos (a mocinha) era a vilã. Santa ignorância, ele ficou embasbacado e, devo dizer, decepcionado. Eu e Hinata e Temari ajudamos a arrumar as coisas, e já era fim de tarde quando nós estávamos prontas para ir para casa. Temari foi à frente, pois ela tinha que resolver os últimos detalhes dos bilhetes de todos. Eu e Hinata fomos as últimas garotas a sair da casa.

-Eu levo vocês até a porta – falou Shikamaru gentilmente nos acompanhando até a saída.

-E o Naruto, Shikamaru? – perguntei preocupada com o loirinho tão ingênuo.

-Ele? Não se preocupe, ele vai ficar assim até a ficha cair.

-Não se preocupe, é?

Falei isso porque depois que o filme acabou ele ficou tão surpreso com a revelação, que até agora estava sentado no mesmo lugar, incrédulo, balbuciando coisas sem sentido.

-Fique bem, Naruto-kun – sussurrou Hinata olhando para ele com um sorriso discreto, a maneira de olhar com que ela sempre se reserva a ele. Ela falou de uma forma tão meiga, que eu tenho certeza cara, o Naruto é lesado de não perceber os sentimentos dela por ele – Sasuke, você vem com a gente?
Quando ela falou esse nome é que eu fui me tocar de que o Sasuke ainda estava lá com a gente, também pudera, até um mudinho conseguiria impor sua presença mais do que ele. E sem tentar assassinar alguém. Ele ficou a tarde inteira sem dar uma palavra – com exceção dos comentários maldosos para com o Naruto. É difícil acreditar que eles se conhecem desde pequenininhos e são amigos desde então, amizade colorida a deles, hein? – eu não conseguiria, tenho uma certa necessidade de comunicação, então, quando estou sozinha e preciso dialogar eu chamo o Godofredo.

 

-Hã, o quê? Ah claro o filme! – surpreendi-me e procurei o controle remoto do aparelho de DVD para continuar o bendito filme – já tinha até esquecido.

O filme continuou e o final foi óbvio, como o de todos os outros filmes de terror. Óbvio para todos, menos Naruto. Incrível, mas como Sasuke tinha comentado ele realmente acreditava que a garota de óculos (a mocinha) era a vilã. Santa ignorância, ele ficou embasbacado e, devo dizer, decepcionado. Eu e Hinata e Temari ajudamos a arrumar as coisas, e já era fim de tarde quando nós estávamos prontas para ir para casa. Temari foi à frente, pois ela tinha que resolver os últimos detalhes dos bilhetes de todos. Eu e Hinata fomos as últimas garotas a sair da casa.

-Eu levo vocês até a porta – falou Shikamaru gentilmente nos acompanhando até a saída.

-E o Naruto, Shikamaru? – perguntei preocupada com o loirinho tão ingênuo.

-Ele? Não se preocupe, ele vai ficar assim até a ficha cair.

-Não se preocupe, é?

Falei isso porque depois que o filme acabou ele ficou tão surpreso com a revelação, que até agora estava sentado no mesmo lugar, incrédulo, balbuciando coisas sem sentido.

-Fique bem, Naruto-kun – sussurrou Hinata olhando para ele com um sorriso discreto, a maneira de olhar com que ela sempre se reserva a ele. Ela falou de uma forma tão meiga, que eu tenho certeza cara, o Naruto é lesado de não perceber os sentimentos dela por ele – Sasuke, você vem com a gente?
Quando ela falou esse nome é que eu fui me tocar de que o Sasuke ainda estava lá com a gente, também pudera, até um mudinho conseguiria impor sua presença mais do que ele. E sem tentar assassinar alguém. Ele ficou a tarde inteira sem dar uma palavra – com exceção dos comentários maldosos para com o Naruto. É difícil acreditar que eles se conhecem desde pequenininhos e são amigos desde então, amizade colorida a deles, hein? – eu não conseguiria, tenho uma certa necessidade de comunicação, então, quando estou sozinha e preciso dialogar eu chamo o Godofredo.

 

Nós já estávamos no terceiro andar, quando aconteceu – desgraça quando vem, não quer deixar serviço a desejar, te rouba desde a dignidade até a aquela sua pantufa do pateta que ninguém sabe que você tem – uma garotinha vinha descendo, pulando degrau por degrau, com lacinho na cabeça, uma bonequinha de pano e um vestido rodado azul pra esconder o rabo. Ela passou pelo Sasuke, e tudo bem continuou descendo, cantando um tra lá lá. Quando ela me olhou subindo, ela parou e ficou me encarando, com a maior cara de curiosidade. Tinha um bilhete na minha testa dizendo “Eu odeio os Backyardigans” ou coisa parecida?

-Anh, algum problema? – perguntei com a maior boa intenção do mundo.

-É que, moça, - ela falou com os olhos brilhando – me dá a sua peruca? – pediu do nada, ora claro eu raspo a minha cabeça e dou os fios pra ela fazer uma peruca e não chorar e virar uma criança traumatizada, até parece.

-Ah, não é peruca não, é meu mesmo – respondi sem graça. Não foi a primeira vez que meu cabelo diferente foi um problema.

-Então você não vai me dar? – falou com um choro engolido na garganta.

-Não posso ele é meu, amor – respondi sorrindo calmamente, tentando dizer de um modo que ela entendesse.

Ela não disse nada, só continuou a caminhar. Eu pensei que ela tinha entendido, que nada, crianças são muito vingativas, demônios em corpos de porquinhos da índia.

Eu continuei a subir os degraus, Sasuke agora já estava bem à frente. Ao chegar na metade do caminho para o quarto andar eu ouvi a voz da menininha lá em baixo, gritando: “Você é uma bruxa e é feia também! Idiota!” – ela não aprendeu a falar desse jeito com o Barney.

 

Gritando isso ela atirou aquela boneca em mim, e a pestinha tinha pontaria porque me acertou na cabaça. A pancada fez com que eu me desequilibrasse, meu pé escorregou do degrau e eu caí. Igual jabuticaba madura. Rodei as escadas até voltar ao terceiro andar. E a garota saiu correndo, nem me ajudar a desgraça foi. Quando eu finalmente parei, fiquei de mau jeito com a cabeça encostada na parede e o cabelo, antes amarrado, agora totalmente bagunçado. Eu sentia uma dor aguda no pé direito, o machucado do meu joelho abriu e eu devia ter quebrado algumas costelas. Mesmo com toda aquela dor puxei tudo que me sobrava de forças e gritei o mais alto que meus pulmões permitiam: VOCÊ NUNVA VAI ACHAR TINTA DE CABELO DESSA COR, PIRRALHA DO INFERNO!

E lá estava eu, faltando três andares para subir, parecendo uma cortocionista paraguaia. Eu percebi a sombra de alguém sobre mim. Papai Noel?

-Você está bem? – era a voz do Sasuke, provavelmente ele viu a situação e voltou para me ajudar, menos mal.

-Sim estou ótima. Na verdade achei essa posição tão confortável que eu vou ficar assim mais um pouquinho se você não se importar – aquilo lá era hora pra pergunta idiota?

 

-’Ela deve estar ótima se tem tempo para piadinhas, essa garota é louca”. Sem sarcasmos. Consegue caminhar? – perguntou me ajudando a desenrolar as penas e os braços.
-Claro que eu consigo, eu já até estou... – eu tentei me levantar sozinha, mas senti uma dor horrível soltei um gemido indesejado – me sentando bem aqui para te mostrar que eu estou muito bem.

-Espera não se mexe, deixe-me ver seu tornozelo – disse se agachando e com a mão erguida – deve estar torcido – agora virou House é?

-Não precisa to legal.

-Sério?

Ele apertou meu tornozelo e eu gemi outra vez. Mas se eu chutasse ele nas áreas baixas ele também iria gemer.

-Você tem que colocar gelo aqui.

-Tudo bem, quando eu chegar em casa eu coloco – falei com a expressão de alguém que tinha acabado de chupar um limão bem azedo – valeu.

Ele suspirou descontente e abaixou-se de costas para mim.

-Sobe aqui nas minhas costas que eu te levo – falou desanimado – você não vai conseguir sozinha.

-Mas é que...

-Sobe logo, chega de ser teimosa – disse com um tom de voz passivo e firme.

Eu pisquei algumas vezes e totalmente embaraçada, subi nas costas dele devagar. Ele segurou minhas pernas e eu passei os braços por sobre seus ombros. Depois ele levantou-se e começou a subir os degraus, com cuidado e aleatoriamente.

Nenhuma palavra a mais foi trocada enquanto ele me carregava.

 

Nem posso descrever o quanto foi estranho. Pensando bem, acho que até posso, é tipo, sei lá, comer doce com salgado, chupar limão, beber pimenta, assistir novela mexicana. Tudo isso junto e misturado. Ele foi muito gentil comigo, e eu achava que ele me odiava, pela historia da sapatada sabe? Ele me chamou de tudo aquilo, eu fiquei puta com ele, disse também que ele era um filhinho de papai que me dava nojo. Se bem que ele não deu a mínima para meus insultos, e eu ficava odiada quando ele fazia cara de “To nem aí” para mim. Eu às vezes me pegava pensando nas suas atitudes – uma vez na vida, viu - tão intransigentes, tão estúpidas, e sempre acabavam deixando ele e Naruto em pé de guerra. E o mais engraçado é que, só na companhia de Naruto ele era diferente, não diferente sorrindo, conversando, brincando, fazendo palhaçadas como os outros. Diferente não sendo tão vilão de novela, não sendo tão sem sentimentos, ele era mais sincero, e Naruto sabia como se portar com ele – claro, sempre existe um período de vale-tudo onde eles se encaravam, faziam cara feia, se espancavam e ficavam todos cheios de machucados, mas eles superavam – era também frustrante não compreender o que se passa com essa criatura. O que o mundo havia feito com ele para acabar ficando daquele jeito. Será que comeram o último pedaço de pizza dele? Não sei, era um mistério. Mistério. Era exatamente a palavra exata com a qual eu poderia descrevê-lo, além de estúpido, bobão, chatão, cara-de-pau, etc.

 

Mas, pelo menos nos últimos minutos, ele estava sendo gentil comigo pela primeira vez desde que cheguei. Não vou mentir e dizer que não gostei. Ele era tudo que eu mais odiava, mas eu sentia uma certa atração por aquele Uchiha. Pode ser só besteira minha, não eu tenho certeza de que é pura besteira minha. Afinal, vai me dizer que ninguém nunca reparou que ele tem aqueles cabelos sedosos, brilhantes – acho que mais até do que os meus, saco – com aquele perfume que dá até para tirar a concentração? As garotas daqui deviam babar em cima dele, eu sei como é esse tipo de coisa. Eu não sou assim, nem nunca fui. Sempre achei ridículo aquelas líderes de torcida, com seus pompons e pulando com seus peitões balançando para chamar a tenção dos meninos. Nunca fui de correr atrás de ninguém, faço muito mais o estilo independente, sem depender de ninguém, muito menos de um namorado querendo saber onde estou, com quem estou, a que horas eu volto, querendo discutir a relação e mandar na minha vida. Até parece. Era mais fácil eu virar solteirona para o resto da minha vida, nem me importava. Sérinho.

Enquanto estava sendo carregada, também pensei que seria necessária uma quantidade industrial de analgésico. Eu estava precisando era de anestesia geral, apagar por uma semana e acordar desmemoriada desse infeliz acidente com a garotinha demoníaca. O que eu fiz de errado para as crianças do mundo? Porque todas me odeiam? Porque? PORQUE?

Meu devaneio foi interrompido pela inconfundível voz dele:

-Onde está a chave de seu apartamento? – falou num tom calmo e ritmado. Cara, ele subiu uns três andares comigo nas costas dele e não ficou nem sequer ofegante? Será que ele era um andróide?
-Está aqui – respondi automaticamente entregando a chave com o chaveiro de cereja na mão dele.

Ele abriu a porta e entrou em meu apartamento comigo nas costas.

 

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-O que eu vou fazer? – pensou Hinata consigo mesma – eu não sei se tenho coragem de dizer a ele o que sinto mas...

A garota suspirou desanimada, deitada em sua cama, procurando uma resposta para seus problemas.

-Eu o amo – falou baixinho.

-Talvez ele precise saber, se eu falasse... – continuou balbuciando – mas isso poderia estragar nossa amizade... não, não quero que isso aconteça – agitou a cabeça espantando as imagens ruins que vinham à sua cabeça – se ele disser algo que eu não quero ouvir, prefiro ficar em silêncio.

Um sorriso melancólico invadiu sua face alva.

-Eu prefiro amá-lo em silêncio, a perdê-lo para sempre.

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-Atcho!

-Será que eu vou ficar resfriado? – falou Naruto, esfregando o nariz.

Shikamaru instantaneamente olhou-o assustadoramente e disse:

-Suína? 

Naruto apavorou-se, e ficou com o rosto pálido como neve.

-Eu estou só brincando! – sorriu Shikamaru alegremente, dizem que quando você espirra é porque alguém está pensando ou falando em você.

-É? E eu digo que quando a gente espirra, temos que procurar um médico ou tomar um xarope, dattebayo! - falou indo a direção à cozinha procurar um xarope que bobeava por lá há muito, muito tempo.


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Depois que entramos em meu apartamento, Sasuke me colocou no sofá – a meu pedido, eu não queria ficar na cama, mas no fundo era desculpa era desculpa pra ele não ver meu quarto, tava mais bagunçado do que vestiário masculino depois de jogo de futebol.
Eu estava lá, morrendo de dor e implorando por uma morte indolor no sofá da minha própria residência. Uma palavra. Deplorável.
A dor era mais aguda na região do tórax, eu devia ter batido bem forte enquanto rolava os degraus, o ferimento do meu joelho tinha sido aberto e sangrava de novo. E estava com os cotovelos esfolados, um quadro médico de moleque de doze anos que quase morreu caindo de skate. Eu não queria ir para o hospital, era uma das coisas que mais me apavorava. Agulhas, injeções, facas e outros acessórios pontiagudos. O fim. Prefiro ficar desse jeito mesmo.

Sasuke havia ido até seu apartamento pegar a maleta de primeiros socorros e já voltara.

-Primeiro eu vou fazer um curativo novo no seu joelho, depois eu vou limpar as outras feridas – falou o açougueiro, estava tirando um monte de frascos daquela maleta, o que ele ia fazer? Colocar álcool, merthiolate, fazer um curativo e depois passar talquinho no bumbum?

-Você não vai passar aquele troço branco que a Hinata passou em mim mais cedo, vai? – perguntei desconfiada, vendo aqueles frascos, gazes e esparadrapos.


-Olha, não vai fazer aquela birra toda de novo, okay? – disse rigidamente – você precisa que eu passe isso, senão as feridas irão infeccionar e você pode até morrer – ele deixa tudo muito pior do que parece, ta? Não dava pra morrer com aquilo.

-Que é isso Sasuke? – falei choramingando, me afastando para o fim do sofá cuidadosamente – eu nem to tão mal assim, isso sempre acontece, amanhã eu já estarei muito bem – tentei convencê-lo de não me fazer passar por aquela tortura novamente.

 

-Você é louca? ’Porque ainda pergunto?’ Não importa o que diga, não quero ir preso por não prestar socorro a você! – bradou intransigente – nunca vi pessoa mais desastrada do que você, Sakura. Como pode? Só hoje, levou um soco, te esfolaram o joelho e te jogaram de uma escada. Nem sei como ainda está viva – disse calmamente, qual é? Ele devia era me ver quando eu morava com meu pai, esse dia não foi nada – por favor, deixe-me fazer o curativo, estou cansado e ainda tenho que trabalhar, não tenho tempo para ficar cuidando de vizinhas malucas.

Ao ouvir suas últimas palavras, choquei-me de surpresa.

-Como é que pode? 

-Hn?

-É incrível. Ao mesmo tempo você é legal, gentil e extremamente idiota – sorri com a minha descoberta, era verdade.

Ele não esboçou nenhuma reação. Devia estar acostumado a tais comentários.

Ele estendeu a mão, que estava segurando um algodão molhado.

-Me dá o seu joelho.

-Com uma condição – respondi penosamente.

Ele suspirou exausto, não era sempre que ele tinha que ficar insistindo para conseguir algo, nunca precisara debater tanto quanto comigo.

-O quê?

-Me diz ’PORQUÊ’.

Ele não entendeu a minha pergunta. Não estava sendo clara o suficiente. Mas não desisti.

-Porque você é assim, Sasuke? – perguntei calmamente, eu sinceramente queria entendê-lo, se fosse possível, claro.

 

 

FIM

-Porque você é assim, Sasuke? – perguntei calmamente, eu sinceramente queria entendê-lo, se fosse possível, claro.


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Notas finais do capítulo

Um big post pessoal, ta aí ! esperamos que gostem. ;*