Apenas Um Olhar escrita por SunLight


Capítulo 2
CAP II – Querida vizinhança , malditos sapatos


Notas iniciais do capítulo

Enfim, capitulo dois aí ! Boa Leitura .



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8:00 da noite, eu esperava no térreo por Hinata e sua colega de quarto, Ten Ten. Estava ansiosa para conhecer os amigos de Hina, afinal, onde morava eu sempre andava com a mesma turma meia-boca. Seria legal mudar os ares.

Fiquei lá olhando um quadro de arte abstrata, era tipo, um cachorro molhado que espirrou mostarda numa tela em branco e depois um trator pisou em cima. Maneiro esse negócio de abstrato, sabe ? O cara faz a maior cagada, coloca num quadro, expões numa galeria de arte abstrata e fatura o maior money das tiazinhas que compram essas coisas, admiradoras de arte. Fácil, até eu em meus dias criativos sou capaz. A minha crítica mental continuava , quando eu senti uma mão no ombro. Me virei devagar e vi, Hinata e Ten Ten.

- Demoramos ? – perguntou me abraçando , Hinata.

- Não que nada! Eu acabei de chegar. – respondi me virando para a garota atrás de Hinata.

 - Sakura, essa é a minha amiga Ten Ten. – Hinata simplesmente pegou meu braço e me ‘atirou’ na frente da garota , tipo uma esponja molhada.

Dei um passo em falso, me desequilibrei um pouco e levantei a cabeça sem graça.

- Oi, Haruno Sakura, prazer em conhecê-la. Hinata me falou muito de você. – sorri e estendi a mão até ela.

- Espero que tenha falado bem! Prazer eu sou Mitsashi Ten Ten, é muito legal te conhecer! – ela rapidamente puxou a minha mão e me deu um abraço quebra costela com um sorriso enorme na face. Ela era totalmente diferente de Hinata.

Tinha olhos de um castanho claro vibrante, uma face bem rosada, expressão feliz, o cabelo, também castanho claro, era preso em dois coques simétricos. Seu jeito era mais extrovertido, descolado. Realmente diferentes.

- Não vamos mais perder tempo! Vamos logo até o café. Todos já devem estar esperando. – falou rapidamente Ten Ten enquanto puxava Hinata e eu pelo corredor, Hinata apenas sorriu sem graça e eu fui levada com a maior cara de idiotas.

No caminho, Ten Ten contou que todos eram muito maneiros, que tinha um tal de Chico Mário que perdeu o cd favorito dela e outro fulano lá Taruto, Haruto, Charuto... sei lá, que ela ia matar por que ficou com uma amiga da vizinha da tia de uma amiga dela que não valia nada, igual um porshe apostando corrida com uma lambreta 84. Eu fiquei informada desde a climatologia em Titicaca até os iglus do círculo polar ártico. Ela só parava pra respirar porque precisava mesmo, minha visão estava até turva e eu só conseguia ouvir um zumbido.

- Chegamos. Não se preocupe, vai ficar tudo bem. – me consolou Hinata, ela percebeu que eu estava mais rodada do que juízo de doido.

- Ei, pessoal! Essa aqui é a nova moradora lá do prédio, o nome dela é Sakura. – apresentou-me Ten Ten para uma galera que estava sentada ao redor da mesa.

- Oi! – um coro respondeu e eu apenas assenti sorrindo.

Três lugares foram vagos, e eu sentei entre Hinata e um moreno com rabo de cavalo, seria esse o tal Charuto ?

- Pessoal por favor se apresentem. – falou Hinata.

Na ordem :

Uma garota loira de cabelo comprido e olhos azuis se apresentou como Yamanaka Ino, um garoto moreno de pele alva e um sorriso um tanto estranho e incomodador se chamava Sai, o loirinho de olhos azuis com cara de bobo era... Naruto! Do lado dele estava uma loira de olhos verdes, era Sabaku no Temari, depois a Ten Ten e o moreno do meu lado era Shikamaru. Mas Chico Mário não me saía da cabeça.

- De onde você veio ? É raro as pessoas se mudarem nesse período de férias por aqui. – perguntou  animadamente, Temari, enquanto os outros conversavam normalmente seus assuntos do dia-a-dia.

- É que minha mãe achou que seria melhor a mudança agora do que esperar mais. Ela não é muito paciente, sabe ? – respondi ainda acanhada no meio deles.

- Ei, Sakura-chan! Você é muito bonita, sabia? Parece até atriz principal de seriado americano! – soltou espalhafatoso, Naruto, olhando pra mim.

- Puxa, valeu. Eu acho. Se bem que eu gosto de uns seriados mesmo. – respondi a pergunta sem muito entusiasmo.

- Ah, eu gostava muito de Friends, vez ou outra eu assisto uma reprise! – comentou Temari, prestando mais atenção no nosso assunto super-hiper-mega-giga-extra interessante.

- Eu também gosto de Friends, todos da série são hilários. De qual você gosta mais Sakura? – perguntou Ten Ten.

- Depende. Das mulheres, eu gosto mais da Mônica e dos homens eu fico entre os três! – respondi – o Ross tem um tic e começa a gaguejar quando fica nervoso – imitei o jeito do personagem do seriado. Não era coisa pra se gabar, mas eu imitava igualzinho – é muito engraçado.

- O meu preferido é o Ross! Ele é o maior gatinho. Gritou Ino do outro lado da mesa.

- Eu prefiro as piadas do Chandler – retrucou Shikamaru.

- Eu acho o jeito da Pheebs muito show, é hippie meio strondado – começou Temari.

E de repente, todos na mesa falavam de seus personagens, seriados, programas ou filmes favoritos. Uma bagunça, mas eu adorava estar no meio.

- Ih, galera. Eu já tenho que ir. Eu disse que não podia demorar, é que eu vou passar na casa da minha mãe senão ela pira! – se despedia de nós, Ino. – Que vida né! Thau gente. Foi ótimo conhecê-la Sakura, até a próxima. – educadamente acenou e sorriu para mim.

- Igualmente- respondi, sorrindo.

- Eu deixo você em casa Ino. – pela primeira vez na noite ouvi a voz de Sai, ele era meio estranho, será que ele era complexado ?

- Então, eu vou de carona com vocês. Thauzinho amores! – despediu-se Temari saindo juntamente  com Sai e Ino.

Agora só estavam na mesa, eu, Hinata, Shikamaru, Ten Ten e Naruto.

- Puxa a mesa esvaziou, né? – suspirou Ten Ten com um tom de desapontamento na voz.

- Pois é Ten-chan, eles foram embora cedo – respondeu Hinata calmamente.

- Então, Sakura, você já sabe em qual escola estudar quando suas férias acabarem? – perguntou Shikamaru, tomando um gole de refrigerante.

- Escola? Mas eu acabei de entrar de férias! – indaguei espantada. – ne tive tempo de me recuperar da situação mais estressante da minha vida e já terei que passar por isso de novo ? Oh, céus! – levei a mão na altura da testa e encenei uma lamentação. Todos gargalharam.

- Você mora no mesmo prédio das meninas né? Qual é o seu quarto? – perguntou Naruto.

- Quarto 71 – respondi alegremente.

- Ei ! O quarto 71 não fica do lado do... AI! – Naruto foi interrompido e não pode continuar, parecia estar com dor.

- O que foi? Que aconteceu? Ta tudo bem? O que tem no quarto ao lado? Alguém foi morto há uns 30 anos atrás e assombra por lá é? – as perguntas saíram desenfreadas, acho que foi por que eu havia ingerido muito açúcar. Talvez.

 - Ah, não nada! É que o Naruto quando começa a falar besteira não consegue mais parar. Você viu como é – tentou me enganar Ten Ten.

- Não gente, sério. O que é que tem lá? Já que eu sou a vizinha ‘disso’ eu deveria saber né? – perguntei de novo. Dessa vez tranqüilamente. Eu não tinha medo de fantasma mesmo.

- Não é nada de mais, apenas um colega nosso mora lá – ele apenas não gosta muito de fazer uma social. Por isso não veio.

- E por que vocês não queriam me contar ? – continuei, curiosa. Afinal, o que será que aquele colega tinha de tão misterioso que eu não podia saber?

- É que o teme é antissocial, idiota – bufou Naruto, numa cara zangada.

- Você não gosta dele ? – indaguei.

- Não, Sakura-san. Eles são amigos. – disse Hinata.

- Hinata! Eu não sou amigo daquele teme convencido, sabe-tudo, metido a gostosão! Odeio ele! – Naruto ficou enfezado quando ouviu aquelas palavras saírem da boca de Hinata. No mundo de Godofredo, seria como se alguém tivesse ralado o seu cd da Witney Houston ou do Enrique Iglesias.

- De... desculpe, Naruto-kun. É que... eu – Hinata ficou lá, batendo os dedos , olhando pra baixo.

 

Todo mundo ficou em silêncio por um instante.

 

- Não, Hinata. Por favor, me desculpe por ter gritado com você. Fui um idiota – pediu Naruto segurando a mão de Hinata, a olhando nos olhos.

- Na... Naruto-kun! – todo mundo tava olhando e de repente, a Hinata tava ficando verde, roxa, azul, amarela, vermelha e todas as outras cores.

 

CLIMA PESADO NO AR DE NOVO

 

- Aaah ! – e ela simplesmente deu uma ‘testada’ no garoto. E que testada, parceiro. Depois que eu pisquei, eu só vi o Naruto no chão com os olhinhos rodando.

- Anh... Hinata... – e foram as últimas palavras dele. Naquela noite galera! Caalma.

- Hunf, que droga. É melhor ir pra casa. Carregar esse encosto vai ser complicado. – bocejou Shikamaru – até meninas – e saiu do café com Naruto maio desacordado, balbuciando algo do tipo “Lámen de churrasco” ou coisa parecida.

- Bom, então acho que o que nos resta é ir pra casa também . – suspirei, foi uma noite e tanto. Queria logo chegar em casa, tomar um banho bem demorado, ir pra caminha e sonhar com Orlando Bloom. Meu futuro marido.

No caminho, eu ainda conversei um pouco com as meninas, falei o que achei de todo mundo, fiz umas brincadeiras e tropecei numa lajota solta. Normal. Deixei-as em casa, com a promessa de repetir a dose. Claro, porque não ? Subi as escadas. Cara, que canseira. Nem me agüentava mais.

Já no corredor, com as chaves em mãos, na porta do quarto 71 eu lembrei:

” Não é nada de mais, apenas um colega nosso mora lá, ele não gosta muito de fazer uma social. Por isso não veio”.

“É que o teme é antissocial, idiota”.

 

 

Sabe como é né? A curiosidade matou o gato e levou a Sakura a bisbilhotar o vizinho.

Mas se eu tiver cuidado, o que pode acontecer?

 

E lá estava eu, parada, no corredor. Entre as portas 70 e 71. Só imaginando o que fazer para conseguir descobrir mais sobre o misterioso, idiota, antissocial do meu vizinho. Eu poderia, na maior cara-de-pau, chegar com uma xícarazinha pedindo açúcar, afinal, eu acabara de me mudar, ou podia pedir ajuda por que eu estava sentindo cheiro de gás no meu apê, ou ainda, chutar a porta e fazer parecer que sou uma assassina profissional mandada pela máfia. Provavelmente, nenhuma das teorias funcionaria. Então o quê?

Fui no meu apê e voltei com a idéia mais clichê: o famoso copo de vidro. Coloquei a boca do copo na porta e encostei o ouvido, tampei o ouvido que estava livre com a outra mão para tentar ouvir melhor e, nada. Nem ruído de rato saía daquele apartamento. Deixei o copo de lado, não tava ajudando em nada aquela merda.

Outra idéia! Cartão de crédito! Entrei no apê e voltei de novo com o cartão em mãos. Ele não servia pra comprar nada, mas poderia servir para abrir a porta do meu vizinho.

Enfiei o cartão na fissura entre a porta e a fechadura. A tranca fez um barulhinho, outro barulhinho. Tirei o cartão, coloquei a mão na maçaneta e... fechada! Aquele cartão não servia pra nada mesmo.

Sem mais idéias brilhantes, sentei em frente às duas portas, abraçando as pernas. Droga. Se eu tivesse assistido mais filmes de espião eu não estaria nessa situação. Onde é que ta o Mc Gaiver essas horas? Ele teria aberto essa maldita porta com um chiclete e um grampo de cabelo. E o pior de tudo é que, quanto mais difícil ficava, mais interessante ficava também. O que será que esse tal de “Teme” seria? Primeiro, a mãe dele deve ter cheirado uns “baguio” antes de colocar o nome do filho. Segundo, ele deve ser baixinho, careca, dentuço, bicudo, magrelo ou gorducho e gostar de Calypso, pra se esconder das pessoas. Terceiro, ele deve participar de alguma seita satânica, ou alguma organização adoradora do Demônio, coisa assim. Eram as únicas explicações (i)lógicas para tal comportamento. Suspirei.

Olhei para para o telhado e encostei minha cabeça na parede. Levantei o pulso e olhei desanimada para o relógio. Eram 11: 48. Tarde. Mas eu não teria que acordar cedo mesmo. Que droga, cara.

Estiquei um pouco as pernas, levantei, dei umas batidinhas na roupa para tirar o pó. Eu tinha desistido. Tirei os sapatos, depois as meias e peguei o chaveirinho em formato de cereja, procurei a chave da porta, coloquei na fechadura e girei. Antes de entrar olhei de novo para aquela porta, com o número 70 em números grandes e dourados no alto da porta branca. Todas as partes do meu corpo começaram a esquentar, a ferver na verdade, do dedo mindinho até o último fio da cabelo rosa da minha cabeça. Não acredito que fui derrotada pó uma porta! Que ódio! Finalmente uma intriga, alguma coisa a mais para minha vida e aquela porta no meu caminho. Devia ser chumbada ou endemoniada. Praguejei comigo mesma e olhei para aquela porta de novo.

- Isso não vai ficar assim ta me ouvindo? – gritei com a porta – Eu ainda vou te abrir e você vai ver!

...

- O quê ?

...

- Ah , é ?

...

- Não, eu não vou te abrir. Eu vou te derrubar, demolir, destruir a machadadas sua porta do inferno! – gritei de novo, eu deveria estar com a maior cara de demônio, afinal, eu estava gritando com uma porta.

- Não vai ficar assim, não vai! – xinguei a porta, lá, sozinha. Mas acho que a vovó que mora no andar de baixo ouviu.

- Não vai! – no meu ato de pleno controle e consciência joguei um dos sapatos que eu tinha nas mãos na porta, fazendo um barulho meio que abafado.

- Sua porcaria de porta! – bati os pés no chão, me virei e joguei o outro sapato para o nada.

 

POFT!

 

Será? 

 

 

“Ai meu deus! Quem será que eu matei?” – pensei, parada de costas, para a pessoa que eu acabei de dar uma sapatada.

Bom, não deve ter dado tempo dele ter olhado meu rosto, eu podia correr e deixar esse alguém lá, morto ou vivo, não sei. Mas eu adorava aqueles all stars! Não daria tempo de pegá-los e correr. Já eram de estimação. Ah, e eu também tinha que ajudar quem eu acertei.

Eu não ouvia nenhum barulho, então, me virei em câmera lenta para ver os estragos. E estirado no chão, estava o corpo de quem eu acertei. Febem aí vou eu. Cheguei mais perto, para ver o rosto da pessoa, e, Jesus me carregue! Era um homem. E que homem, meninas. Observando-o desacordado, eu o analisei. Era mais alto que eu, com um físico perfeito, sua pele era branca, parecia que ele nunca saía à luz do sol – podia ser um vampiro – ou o fator de proteção do seu protetor solar era muito, muito bom. Fiquei de joelhos ao seu lado, virei meu rosto para encontrar o seu, era lindo, a linha que saía de suas sobrancelhas e chegava aos seus lábios era simplesmente indescritível. Seus cabelos eram negros, bagunçados, rebeldes. Meus Deus, com tanto homem feio por aí eu fui matar logo um como esses?

Chega Sakura! Ajuda o homem e deixa pra pensar besteira depois!

Com dificuldade, muita dificuldade na verdade, eu ergui o corpo dele. Sua pele estava fria – gente! Eu matei ele mesmo! – ele era pesado. Puxei-o até a porta de minha casa, que já estava aberta, e levei-o até o sofá na sala. Joguei seu corpo no sofá, apoiei sua cabeça em uma almofada e, rapidamente voltei ao corredor para pegar os sapatos. Eram de estimação gente. Voltei para casa, joguei os sapatos num canto qualquer, e me dirigi até a cozinha para fazer uma bolsinha com gelo – eu lhe acertei em cheio na cabeça – mas, na minha geladeira não tinha muita coisa além de água, gelo e leite condensado. Ainda não havia tido tempo para compras, a faxina tinha me tomado a tarde inteira. Cheguei na sala, com a bolsa de gelo na mão, me agachei ao lado do sofá e coloquei-a em cima da área, que estava ficando com uma coloração arroxeada, no alto da testa. O garoto deu uns gemidos de dor. Eu fiquei um tempo lá com a mão segurando a bolsa de gelo na testa dele. Alguma coisa caiu no chão, fazendo barulho. Olhei para os lados, procurando o que havia caído, e à minha esquerda, estava uma chave, idêntica a do meu apartamento, que provavelmente caíra do bolso do garoto.

Peguei a chave no chão, e lá estava escrito: APART. 70 – BLOCO A.

 

Caraça! Matei o meu vizinho!

 

Que coincidência nada agradável, eu louca para saber o mistério que se desenrolava no meu vizinho, e eu acabei por quase matá-lo com uma sapatada. Boa Sakura!

Isso não é nada bom, quando – ou se – ele acordar vai achar que quero matá-lo. Mas outra coisa, aquela criatura desacordada no meu sofá era perfeita. Porque ou o quê era o motivo do comportamento descrito por seus amigos?

-Unh...

Seus olhos estavam crispindo-se, ele voltava à consciência.

-Onde... onde... – devagar seus olhos se abriram, se acostumando à luz.

-Você está bem? – perguntei ainda segurando a bolsa de gelo na sua testa.

Ao ouvir minha voz, instintivamente ele me olhou. Seus olhos eram de um ônix enlouquecedor, profundos, tais olhos me analisavam minuciosamente.

-Quem é...? – ele não terminou a pergunta, ainda parecia confuso. Cara eu sou muito forte! 8)

-Sou sua nova vizinha, meu nome é Sakura. Está doendo muito? – perguntei preocupada olhando a área roxa em sua testa. – Aquele tênis era feito de quê? WFT ?

Ele não respondeu a pergunta. Apenas ficou quieto, sentou-se devagar e olhou o apartamento. Seus olhos, se arregalaram ao encontrar algo na direção da porta.

 

Ai, merda.

 

Ele bruscamente segurou o braço da mão que apoiava a bolsa e me olhou. Parecia furioso. Ele apontou para os tênis jogados no canto, ao lado da porta e meus olhos apenas seguiram seus dedos.

 

-Aqueles sapatos são seus? – perguntou friamente, apertando meu braço. Droga! Porque não guardei eles em meu quarto? Vai feder.

-Sim, el...

-Você é louca? Poderia ter me matado! Porque não tirou as porcarias de tênis dentro de casa? Sua irresponsável. Não sabe medir as conseqüências de seus atos? – ele começou a gritaria, mas era preciso tanto? Ele não tava ali, vivinho, e ainda por cima gritando e brigando? Estava mais do que saudável a meu ponto de vista.

-Desculpe, foi um acidente...

-Acidente? Se isso acontecer de novo, o que farei com você será um acidente. – ele manteve o tom de voz, apertando mais o meu braço... mexe com quem ta quieto, parceiro!

-Peraí, eu já pedi desculpas ook? Não seja tão chorão! Você não ta vivo? E solta meu braço que já ta machucando, Chuck Norris! – respondi, aumentando o meu tom ao mesmo timbre do dele. Agora ambos gritavam.

Ele jogou meu braço e se levantou. Eu levantei junto, nós nos encaramos por um momento.

-Chorão? Eu não vou nem perder meu tempo discutindo com alguém como você. – ele se virou e saiu batendo a porta.

- Ah é, é? Alguém como eu... – dei um sorrisinho, sozinha, caminhei até a porta e girei a chave, trancando-a.

 

3,2,1...

 

As batidas na porta começaram.

 

-Abre essa porta agora! – grunhia do lado de fora.

-Ué! Pensei que o ilustríssimo não queria perder seu tempo com um reles ser humano! – sorri em tom de deboche, balançando as chaves do apartamento dele entre os dedos.

-Me dá essas chaves! – continuou batendo na porta e gritando. Tanto escândalo.

-Que violência! Deveria pelo menos me dar a honra de saber o seu nome, vizinho. – falei com a cabeça perto da porta.

-Abra a porta e eu lhe direi o meu nome. – a voz dele tinha se acalmado.

“Menina, abre a porta que o bofe é dos bons, não perde essa chance!”

Cala a boca Godofredo!

Girei a chave para o lado contrário e abri a porta devagar, sorrindo, com as chaves em mãos.

Não deu tempo nem de piscar, eu apenas senti seu hálito em meu pescoço. Ele estava atrás de mim, mas eu não vi nada. Fiquei paralisada.

Ele apenas pegou as chaves de minha mão, sorriu ironicamente e falou e  meu ouvido, com aquela voz rouca irritante:

-Sou alguém, com o qual você não deve se fazer de engraçadinha. Sou muito melhor do que você. – ele se virou e caminhou em direção à porta.

-Meu nome é Sasuke. Uchiha Sasuke. – e saiu, abrindo a porta de sua casa.

Eu só fiquei lá, parada, hipnotizada. Como diabos ele fez aquilo? Será que ele era o Flash? Não, não o Flash é mais legal. Fechei a porta, ainda meio que “Madrugada dos mortos”. Foi aí que caiu a ficha.

Quem ele pensa que é? Nem o [b]meu[/b] Orlando pode falar assim comigo! Aquele... James Bond paraguaio! Até parece que ele é melhor que eu! Só quando maconha se cheirar e cocaína se fumar. Nem a pau, Juvenal.

E a resposta para todas as minhas perguntas apareceu. Caiu do céu, direto em uma árvore e bateu em todos os galhos antes de eu perceber.

 

Uchiha Sasuke, era um grande idiota.

 

Naruto’s narration

 

-Você não vai para de comer? – perguntou Shikamaru olhando pra mim.

Estávamos sentados na mesa da cozinha. Eu estava comendo um copo de macarrão instantâneo. Qual era a desse cara? Agora que eu estava no quarto copo. Depois da entrada vem o prato principal.

 

-Só quando eu não ver mais nenhum copo de Cup Noodles nessa cozinha. É um desafio que faço a mim mesmo! – respondi, convicto. Apontando os palitinhos no nariz dele.

Ele suspirou, como de costume – e tirou os palitinhos do seu rosto.

 

-Então espera aí, eu vou montar um acampamento. Só tem miojo nessa casa. – falou irritado, com a cabeça encostada na palma da mão e o cotovelo na mesa.

-E o que precisa mais?! – bati a mão na mesa – essa belezinha é uma ambróvia. – apontei para o copo, com água na boca.

-Não quis dizer Ambrósia? – arqueou as sobrancelhas – Dexter.

-Foi o que eu disse. Tendo isso, nada mais é necessário. – continuei.

-Você nunca mais fará compras sozinho. Definitivamente, nunca.

-Hunf.

 

Não liguei para o que ele havia falado, eu sempre poderia comprar lámen no mercado negro (que na verdade, era apenas o Tio que me vende lámen no Ichiraku). Que lesado, né?

-Amanhã pelo menos, você vai acordar cedinho – falou rindo, aquele palerma. O quê?

-Hein?

-O galo na sua testa vai começar a cantar cedinho, Romeu. – ele colocou o dedo na parte esquerda de sua testa. Eu imitei o movimento, e cheguei numa parte alta. Era como comparar o Shaq com um anão de jardim.

-Cara, que cabeçada a Hinata me deu. – dei um gemido abafado ao tocar no lugar inchado, doía de verdade.

-Claro, você praticamente enfia essa sua língua na boca dela (exagerado). Sorte sua ela não carregar spray de pimenta na bolsa. – respondeu incrédulo.

-Dá um tempo, Shikamaru! – eu tava com dor de cabeça, meu lámen tinha acabado e atropelei um cachorro na volta pra casa. A última coisa de que eu precisava era os sermões daquele preguiçoso.

-Você não agüenta a verdade, Narutinho? – perguntou imitando uma voz ridícula.

-Em primeiro lugar... – interrompi a fala para engolir um pouco de macarrão, bom, eu achei um copinho lá no meio da gaveta dos talheres. Era pra ser apenas um pouco de lámen, mas eu coloquei muito na boca e quando tentei engolir, a comida desceu rasgando, cara isso dói demais! Saiu até água do meu nariz. – em... em primeiro lugar... – as lágrimas se formaram no canto de meus olhos. – a verdade é que eu apenas estava me desculpando pelo que eu havia dito. Não transforme isso numa notícia do TV fama.

- Ótimo jeito de se pedir desculpas, hein? Por falar nisso, eu tenho que pedir desculpas à Ino por que eu quebrei uma pulseira dela. Foi sem querer... e se eu der o maior amasso nela? Acho que o Sai não vai se importar não é? – debochou ironicamente da minha resposta.

-Há, há. Você é tão engraçado que eu acho que devia fazer um teste pro Zorra Total, idiota. – sugeri, dando um tapinha no braço dele que estava encostado na mesa, fazendo sua cabeça balançar. – E além do mais, você sabe muito bem que eu não me aproveitaria da Hinata, ela é minha amiga. – terminei, voltando a minha atenção para meu último copo de lámen sabor churrasco.

-Só pra você ver o como é tão burro! A situação perfeita aparece e você não aproveita! – falou enquanto tomava o copo de lámen da minha mão.

-o que é que você ta falando, panaca?

-De você e a Hinata. Óbvio não?

-Eu e a Hinata?

-Não, eu e o Michael Jackson... Claro que você e a Hinata! Como pode ser tão cego? – grunhiu entre dentes sacudindo minha cabeça. – só tem vento dentro dessa sua cabeçona?

-Como você é estúpido! Eu e ela nunca daríamos certo.

-Só no seu mundozinho laranja, feito de miojo e vídeo game de ninja. – bufou imutável.

-A garota é apaixonada por você desde os tempos que você era mais feio do que agora e tu me vem com esse papo merdinha? – ele parecia muito frustrado.

-A Hinata? Apaixonada por mim? E... peraí! Como assim mais feio do que agora? Eu sou mais bonito do que você! – gritei com ele. – Dattebayo!

-Claro que é! Até um tuberculoso paralítico surdo-mudo perceberia isso mais rápido do que você. – falou baixo, no seu tom de voz desinteressado e preguiçoso normal. – E o pior é que vocês dois são os que mais perdem com essa história.

-Mas, como ela é apaixonada por mim? – perguntei, confuso.

-E eu é que vou saber? O que uma garota veria em você? Idiota, retardado, inútil, tagarela, guloso e... tantas outras coisas. – respirou fundo – mas o que posso dizer? Você é o idiota bobo, e ela é a garota tímida e legal que é apaixonada pelo idiota bobo, mas não tem coragem de se declarar.

-É que... a Hinata? Não acha estranho? Nós dois? – perguntei, eu queria sua opinião.

-Não, quer saber o que acho estranho? Vocês separados.

-O que eu faço? Ela sempre esteve do meu lado, e sempre me apoiou quando mais precisei. Foi a única que nunca deixou de acreditar em mim. – pensei comigo mesmo, baixinho. Mas acho que audível o suficiente aos ouvidos de Shikamaru. – O que eu faço?

-Sabe o que você vai fazer? – falou com um sorriso no rosto. – Conquiste a sua garota, loirão! E faça ela muito feliz. – ele deu uns tapinhas em minhas costas e me deixou sozinho na cozinha.

-Fazê-la feliz. Hinata...  

 

Sakura’s Narration

Já era tarde, eu não conseguia dormir. Estava pensando no incidente que tinha ocorrido com meu vizinho, e isso não me deixava em paz. Que saco.

Queria analisar os fatos, agora, que estava mais calma, depois de um bom e demorado banho e deitada na minha caminha. Talvez a culpa fosse realmente minha. Afinal, fui eu quem jogou o tênis, que o deixei desacordado, mas ele também não facilitou as coisas, não podia ser um pouco mais educado? Do tipo, tudo bem, foi um acidente e tal... e não do tipo “Vou chamar a minha gangue e te dar o maior coça da próxima vez!”. E quer saber o que eu descobri? A culpa era toda, todinha, daquela porta estúpida. Quem mandou ela não abrir? Se fazer de difícil? Pois é, era culpa da porta. Eu devia dormir, pelo menos um pouco, mas eu não conseguia. Por quê? Por quê aquele mal-humorado, anti-social e lindo do meu vizinho não saía da minha cabeça? Quando fechava os olhos, eu podia ver, seus olhos, ônix penetrantes, me analisando, observando, tentando entender o que tinha contecido. Aqueles olhos... Chega, Sakura! Dorme que eu já cansei minha beleza, ok? Esquece o bofe, pelo menos por hoje, dorme e amanhã a gente conversa, gata. Boa noite!

 

Tudo bem Godofredo, boa noite pra você também. – eu fechei os olhos e tentei dormir, até que o cansaço me venceu e,enfim eu fechei os olhos.

 

 

Era sábado. O melhor dia da semana – tirando o domingo – hoje o Shikamaru e o Naruto me convidaram para assistir um filme na casa deles. O resto do pessoal também iria. Depois da semana tert passado, eu já me sentia mais enturmada com todos eles. Eram totalmente, completamente, inevitavelmente – e o resto dos mente – malucos. Acho que esse foi o motivo do entrosamento tão rápido. Doido com doido se entende. Depois de tomar um banho, escovar os dentes, pentear os cabelos e tal, fui à cozinha preparar o meu café da ,manhã. Peguei um suco de laranja na geladeira e uns biscoitos cream cracker. Café da manhã super. Estilo mendigo-viciado-reggueiro de esquina de farmácia clandestina. Os tempos estão difíceis. Crise econômica, queda da bolsa, queda do avião, queda dos atributos da vovó, lei da gravidade, CD novo do Michael Jackson. O apocalipse está próximo, é verdade.

Depois de meu desjejum, fui até o quarto escolher uma roupa. Peguei uma babylook branca com vermelha – ou será que vermelha com branca? – um short jeans preto com uma fitinha de lado e – óbvio – meus inseparáveis all stars. Pronto.

Dei uma última bagunçada no cabelo e olhei meu relógio de sapinho em cima da mesinha de cabeceira do lado de um livro jogado e meio que empoeirado – “Don’t kill yourself” – brincadeira – “As crônicas de Bruna Surfistinha” – brincadeira de novo – “Como satisfazer a você e seu parceiro” – calma que agora vem o título de verdade: “Cara, cadê meu namorado?” – era uma comédia romântica muito fofa, os personagens principais se conheceram quando a garota meio que “perde” o namorado e eles se odeiam de primeira vista. Fazem da vida um do outro um inferno, mas no final... bom, na verdade, eu não sei o que acontece no final, porque sempre durmo no antepenúltimo capítulo. Mas ou eles são felizes para sempre e vão morar num castelo encantado com pôneis rosas e muita purpurina, ou o homem mata a mulher, vira um fugitivo da polícia, se envolve com o tráfico de drogas oriental e faz uma participação nos filmes do Jack Chan e do Bruce Lee.

 

 

Oopa! 9:48, hora de buscar a Hinata e a Ten Ten.

Hoje vai ser um dia daqueles!

 

Na casa dos meninos:

 

-Oi, gente! – entrei na sala, junto com Hinata e Shikamaru que fora abrir a porta para nós.

-Hey, Sakura-chan! Cadê a Ten Ten? – chegou o mais espalhafatoso – Naruto – para nos cumprimentar.

-A Ten-san disse que não estava muito disposta, Naruto-kun. Ela preferiu ficar em casa hoje. – respondeu Hinata, arrastando o pé no chão, em um dos seus famosos gestos embaraçosos. Eu descobri – não foi muito difícil – que ela nutria uma paixonite pelo Naruto, há muito, muito tempo. Tipo, far far away.

-Bom dia! Todo mundo. – todos estavam na varanda, conversando. Consegui ver à distância a Ino e a Temari, de ladinho estava o Sai. Coloquei a cabeça para fora da casa e cumprimentei-os. Virei-me para procurar um lugar para sentar, e de repente, eu podia acreditar que naquele dia, eu pagaria todos – mas todos mesmo – os meus pecados.

Uma figura conhecida estava sentada num sofá de couro marfim. E o pior, uma figura conhecida – e desagradável – aquele homem insensível do meu vizinho. Uchiha Sasuke.

Eu acho que naquela hora, eu tinha ficado meio azul. Não podia ser, era final de semana! Porque essas coisas não acontecem em dias úteis? O que ele tava fazendo ali? Pensei que aquela criatura nem de casa saísse. Que merda. Vida de Sakura.

-Sakura-chan, esse aqui é o teme, Sasuke. Ele que é o seu vizinho. Ele é meu amigo. E Teme, essa aqui é a Sakura-chan, de quem eu te falei. – Naruto fez umas apresentações desnecessárias, tudo bem que ele não sabia do que tinha acontecido, mas isso não tornava a situação menos insuportável.

-Prazer. – falou aquele filhote de demônio com a maior cara de cínico.

-Igualmente – eu também sei fazer cara de cínica, ora! Se ele quer começar a fingir, eu também consigo.

-Senta aí, Sakura! Ou vai ficar em pé que nem nossa vigia? – comentou Shikamaru, bom eu era a única ainda em pé. Droga, Sakura, sua lesada.

-Aqui tem lugar, Sáh. Senta aqui do meu lado. – a garota dos cabelos longos e loiros me convidou para sentar ao seu lado.

-Anh, tudo bem, Ino. Obrigada. – sorri um sorriso amarelo, e fui sentar ao lado dela sem graça.

-Qual o filme que vocês locaram, meninos? – perguntou Temari, mascando um chiclete.

-Eu disse para o Naruto locar “Presságio”, um suspense novo. Mas pergunta o que ele locou, pergunta! – falou Shikamaru, indignado. Parece que Naruto sempre fazia tudo ao contrário do que ele pedia. Com ele era preciso usar psicologia inversa, ou coisa parecida, pena que ninguém naquela varanda sabia como utilizar isso.

-Qual ele locou, Shikamaru-san? – com toda aquela tranqüilidade, e o sorriso que nunca abandonava seu rosto, Sai fez a pergunta.

-Eu loquei uns filmes japoneses de ninja! Muito show, cara! Tem uns socos e uns efitos no final... – respondeu o débi, fazendo uns movimentos de kung fu misturado com uma dancinha ridícula.

-Mas, Naruto, você já sabe esses filmes de cor e salteado! Não acredito, Shikamaru! – Ino gesticulou e levou as mãos até a cabeça, estava decepcionada.

-O que você quer que eu faça? Eu não podia ir até a locadora, tinha que terminar um relatório para o meu pai. Sabe como essas coisas são complicadas? – o rapaz tentou se defender, mas ele estava lutando contra algo mais forte do que a vontade dos simples humanos, a tagarelagem da Ino.

-Você não tinha sequer 15 minutos para ir até a locadora? Ela fica a dois quarteirões daqui! Ou a preguiça não deixou você tentar? – pronto, provocou agora agüenta, ela não aceita ser deixada para trás.

-Eu não vou começar uma discurssão por isso, Ino. – Shikamaru suspirou, ele já sabia como ela era. Estudaram juntos praticamente a vida toda, ele a conhecia muito bem.

-Como é que é? – Ino já estava com uma cara nada agradável de se ver, ela queria era brigar mesmo.

-Ino, se acalma por favor. – eu –a idiota, burra, estúpida – tentei acalmar a onça em pele de porco. E o que sobra pra mim? Um tapão na cara.

 

TAP !

 

-Me deixa, Sakura! Shikamaru, o que você está querendo me dizer? Que eu sou burra demais pra entender essas merdas de relatórios só porque eu sou loira? – meu deus, agora baixou o espírito mesmo – ou que eu sou muito loira pra entender sua vida problemática? Me explica seu retardado! – Ela agora estava em pé, em pé não, tava dando umas piruetas e uns socos, chutes que o corajoso Sai estava segurando. Ele a segurava para que ela não mordesse o amigo – podia trasmitir raiva :D brincadeira – e ela tava lá, encapetada.

-Tá louca, Yamanaka? Contém os hormônios! – falou o rapaz, atrás do outro que tentava conter o furacão chamado, Ino.

 

A próxima fala contém palavreado chulo ou incomum, favor retire as crianças do recinto.

 

 

-Como é? Seu filho de uma puta! Pau no cu! Eu vou te matar e depois pendurar esse teu cabeção na minha sala de estar. Seu cuzão! E depois eu vou jogar o resto para os meus cachorros comerem, não para os cachorros não, eles morreriam se comessem carne de cobra! Eu te mato seu infeliz.

 

JESUSMARIAEJOSÉ, abriram as portas do inferno!

 

-Eu to legal, to legal – falei meio que puta da vida com a loirinha. Minha bochecha tava vermelha e com a marca de cinco dedos. Filha da mãe!

-Sakura-san! O que eu faço? Estou com medo. – chegou a Hinata agachada do meu lado, com uma cara de “me ajuda, eu caí do caminhão de mudança”.

-Tudo bem, Hinata, ela vai se acalmar. Assim espero, porque ela tem um tapa muito bom e eu não quero sair daqui com mais hematomas. – respondi com um tom engraçado e logo a feição dela havia melhorado. Eu era boa em acalmar a Hina, pena que meus métodos não eram eficientes com todo mundo.

 

E o meu vizinho tava lá, rindo da situação, sem mover um músculo para ajudar. Que diabos! Tira a bunda da cadeira e ajuda também inferno. Ele era mesmo um cínico.

 

Já sabia como escapar daquela.

 

-Bom, eu e a Hina vamos lá na locadora e pegamos o filme de Terror, assim tudo fica na boa. Ta bom? Vamos Hina! – peguei o braço dela e puxei para tentar tirá-la daquela briga de cão de rua.

-Vai mesmo, Sakura-chan, Teme faz alguma coisa e leva elas! AI PORRA! – Naruto gritou ao levar uma bolsada na cabeça de Ino.

 

-Hunf... tudo bem. – ele apenas concordou se levantou e saiu em direção à porta.

 

Por que ELE tinha que levar a gente?

 

Bom, como eu já havia comentado era sábado. Dia pra comemorar, ficar com os amigos, falar besteira, comer besteira, se divertir e ficar lado a lado com o seu vizinho insurpotavelmente insuportável.

Nós fomos caminhando mesmo, não era longe no fim das contas.

-Então, Sasuke-san, é verdade que a empresa está sob nova direção? – tipo, do nada ela começou a falar com ELE, como se fosse uma pessoa comum.

-Pois é, agora está tudo sob o controle de Madara, não se preocupe, ele sabe o que está fazendo. – ele respondeu normalmente. Porque comigo ele não fala como gente?

-Tem certeza, Sasuke-san? O Itachi sair assim de repente, não pode causar alguns problemas? – ela parecia preocupada com algo que estava acontecendo – e é claro, eu não sabia e nem estava interessada em saber.

-Já disse, não se preocupe. Além disso, Itachi saiu por conta própria. – ele respondeu. Eu imagino que, querendo encerrar aquela conversa.

-Ah, tudo bem, desculpe. – ela simplesmente continuou a andar. Ah vai! Ela fala com esse vampiro mafioso egoísta e com um ego do tamanho da bundona do pai do Chouji – um amigo meu da minha cidade, seu pai tem uma bundona maior do que a da mulher melancia, ele é o homem botijão! – Mas quando é pra dizer thau para o Naruto ela falta desmaiar! Isso era mais do que um simples caso a se estudar. Depois eu é que era a louca dessa história!

Como os outros disseram, a locadora não estava tão distante da casa dos meninos, chegamos lá uns 10 minutos depois.

-Sakura, você pode procurar na prateleira de lançamentos enquanto u procuro na de terror? – perguntou ela olhando para mim, sorrindo como sempre.

-Claro. Mas porque o Sasuke não pode ajudar mesmo, hein? – perguntei de volta, porque ele não podia fazer algo para ajudar de vez em quando? Os braços dele não iam cair se ele ajudasse. Mas eu acho que ele temia que isso acontecesse.

-Nós conseguimos Sakura! Não precisamos de mais ninguém, além disso, ele prefere esperar por nós lá fora. Eu já vou procurar, ta! – ela meio que se despediu de mim e foi em direção à prateleira com o nome TERROR.

É, ele deve ter pavor de se relacionar com outras pessoas, ou entrar em locadoras é proibido pela sua seita maligna de adoração ao demo.

Eu vasculhei a prateleira de lançamentos e nada de achar aquele tal filme. E eu o achei adivinha onde? Bem no comecinho da prateleira de suspenses. Cara, sempre nessas locadoras colocam o filme na prateleira errada. Outro dia, tinha O FILHO DE CHUCK na prateleira de terror. Só se for terror para garotos do jardim de infância, e eu duvido que hoje eles se assustem com um boneco endemoniado assassino que é ator de Hollywood.

Dei a volta e caminhei até a prateleira de terror, onde a coitada da Hinata tentava encontrar o filme. Eu acho que ela já tinha visto aquela prateleira umas 13 vezes e decidiu ver de novo pra ter certeza.

-Ei Hinata! Eu achei o filme, vamos. – cutuquei o ombro dela mostrando o filme na minha mão.

-Ah, que bom Sakura! Cheguei a pensar que esse filme não existia! – suspirou aliviada, quando olhou a capinha do DVD na minha mão.

-Você me ama né? Sem mim você não acharia – ou já teria netos quando já o tivesse encontrado.

-Tudo bem, tudo bem, eu te amo e você sabe. Vamos pagar logo, por favor. – pediu ela, com uma cara de menina Cinderela que trabalhou o dia inteiro e está muito cansada para tagarelar.

-Mas antes, olha ali... – falei baixinho perto dela apontando para a seção de clássicos.

-A seção de clássicos, o que é que tem? – perguntou ela sem entender aonde chegaria aquela conversa.

-Não tem aquele cara, de jaqueta vermelha, mexendo nos filmes? – cochichei em seu ouvido.

-Sim, e daí? – ela realmente não se interessou por aquela pequena conversação.

-Eu aposto um almoço com você, que assim que nós duas sairmos daqui, ele vai direto pra seção dos filmes pornôs. – cochichei rindo em seu ouvido.

-Sakura! – ela deu um tapinha na minha barriga com a cara mais vermelha do que assadura de neném. Era engraçado fazer aquilo com ela.

-To brincando! Credo, que falta de senso de humor de sua parte hein! – respondi. – Vamos logo pagar esses filmes.

Chegamos até o caixa, Shikamaru tinha nos dado o seu cartão da locadora para que pudéssemos alugar o filme.

 

-São 2,50. Obrigada, tenha um bom dia.

 

Saímos da locadora e lá estava ele, com aquela cara emburrada de sempre. Já estava acostumada até.

 

-Desculpa a demora, Sasuke. Eu não conseguia achar o filme. – desculpou-se Hinata para aquele idiota.

-Tudo bem. – murmurou naquele tom de voz monótono e insurpotavelmente roucamente sexy e estúpido.

 

Voltamos ao nosso caminho, normalmente até que a Hinata parou.

-O que foi Hinata? – perguntei me virando para ver sua face.

-É que, ai que burra! Esqueci o cartão da locadora do Shikamaru na loja! – falou levando a mão até a testa.

-Tudo bem, a atendente deve ter guardado, vamos buscar. – falei tranquilamente, me virando e já retomando o caminho de volta até a locadora.

-Não, não precisa Sakura! Pega aqui o filme, e vocês me esperam aqui que eu vou voltar lá correndo. – titubeou rápido e me jogou a sacolinha com o filme dentro.

-Mas...

-Tudo bem eu já volto! – gritou já dobrando a esquina.

Era só o que me faltava. Mas a locadora não era longe, dava pra sobreviver uns 5 minutos perto do meu vizinho otário.

 

Era o que eu pensava.

 

Depois de 10 segundos perto dele, sabe como eu me sentia? Como um pintinho molhado dentro do congelador. Temperaturas abaixo de zero realmente não combinam comigo. Meus dentes deviam estar até trincando.

Eu não agüentava ficar apenas lá parada, com seus olhos profundos e misteriosos me encarando, me julgando. Era pressão demais pra uma Sakura só. Eu não conseguia nem responder a tabuada pra professora sem ficar nauseada. A Hinata devia ter se perdido, só pode. Então minha única saída era sair dali e ir atrás dela.

 

E foi o que eu fiz. Virei-me e comecei a caminhar. Pra minha desgraça.

 

-Aonde você vai? – aquela voz gélida atravessou meu peito como uma agulha.

-Vou atrás dela, está demorando. – respondi meio sem graça.

-Será que além de assassina, você também é surda? Ela mandou esperar aqui. – falou de maneira áspera e fria.

-Eu sei que ela mandou esperar aqui, mas eu não vou obedecer e vou atrás dela, porque ela está demorando. E quantas vezes terei que repetir que o que aconteceu foi um acidente? – falei sem paciência, ele nunca tenta compreender o outro lado?

-Você não tem paciência e muito menos consciência. – falou num tom mesquinho. – Por isso pessoas como você nunca conseguem nada.

-Ah, perai. Pessoas como eu? – repeti aquela desfeita no mesmo tom de voz do indivíduo. – O que quer dizer com isso?

-Pessoas como você: atrapalhadas, as que sempre são as incompreendidas, as que nunca levam nada a sério, que nunca obedecem. Pessoas assim. Como você. – respondeu vagarosamente, como se estivesse pisando em cada palavra que saía de sua boca estúpida e nojenta.

-Sério? Então essas são as conclusões que tirou de mim? Pois está muito enganado, e por isso você me enoja. Sempre está com essa sua pose de “Sou o poderoso, não me toque” e não percebe que as coisas mudam. Pois quer saber o quais foram as minhas conclusões de você? – ele realmente tinha me ofendido com aquela baixaria e aquele papo de “Pessoas como você”.

...

-Pois mesmo não se interessando, eu digo. Pra mim você só parece um filhinho de papai mimado, orgulhoso, idiota, que só pensa no seu próprio nariz. Que não se importa com os outros e nem gosta de outros a não ser você mesmo.  Pessoas como você me deixam enjoada. – falei bem devagar e olhando em seus olhos, cada palavra saiu bem como eu queria que saísse, fortes, decididas e verdadeiras. Eu nem gaguejei!

-Hunf, sua opinião não me afeta de nenhuma maneira. Quem é você para falar coisas que não sabe? – respondeu sem mudar sua expressão.

-Tudo bem eu não sei nada sobre você, nem te conheço direito também. – falei com uma voz mais calma. – Mas foi você quem começou, tirando conclusões precipitadas sobre mim, já que do mesmo jeito, você não me conhece também. – continuei. – O que aconteceu no corredor, eu vou repetir pela milionésima vez, foi um acidente e já pedi desculpas por isso, então não me importo mais, já fiz a minha parte, sinto muito pelo galo que fiz na sua cabeça, não vai acontecer de novo, mas não quero que isso faça com que meu vizinho me odeie. – suspirei com pesar e procurei as palavras certas. – Não vou mais me culpar pelo que aconteceu.

Uma pausa desconfortável se estabeleceu e eu realmente estava rezando para que Hinata aparecesse e acabasse com aquele diálogo de uma vez.

-DESCULPAA!

 

Uma voz estrondosa ecoou e eu senti que hoje, eu realmente não devia ter saído de casa.

 

POFT!

 

Um garotinho esbarrou em mim, e com o choque, os dois caíram. Os filmes foram parar longe e eu fiquei estirada no chão.

 

-Ai, ai eu mereço! Está feliz agora? Acho que depois dessa devemos estar quites. – falei afagando meu próprio joelho, eu havia esfolado, agora sentada na calçada.

 

-Desculpa, moça. – o garoto se levantou rápido e saiu correndo. Mas o pé do Sasuke “O devorador de criancinhas”, fez com que ele desabasse de novo.

 

-Por que fez isso? – perguntei incrédula.

 

Ele não respondeu – novidade – apenas pegou a camiseta do garoto e levantou-o até que seus pés não tocassem mais o chão.

 

-Sério o que você ta fazendo? Solta o menino! – briguei zangada, qual era o problema daquele cara? Foi um [b] acidente [/b], de novo, ele não acreditava em má sorte é?

 

-Devolva. – sua voz firme fez com que o pobre garoto estremecesse, ele estava suando frio.

 

-Do que você está falando? – perguntei sem saber do que ele falava com o garoto.

 

-Des... desculpe. – gaguejou o garoto e ergueu a mão, onde estava a minha carteira.

 

Fiz uma cara de “QUE PORRA É ESSA?”.

 

Sasuke soltou sua camisa e ele saiu correndo.

 

Eu apalpei meu bolso, para constar, e ela não estava lá mesmo. Mas que garoto rápido dos infernos! Se bem que, a única coisa que tinha naquela carteira era uma foto 3x4 da mamãe e uns 45 centavos. O garoto ia morrer de fome mesmo.

 

Ele estendeu a carteira até mim, com a maior cara de trouxa, e eu simplesmente peguei.

 

-Puxa, obrigado – falei sem graça. Levantando do chão e dando umas batidinhas no short para limpar a sujeira.

 

Ele como sempre não falou nada.

 

-Cheguei! Desculpa a demora! É que tinha gente na frente e eu tive que entrar na fila e a atendente ainda... – Hinata chegou parecendo jogador de futebol no final de partida. Ela parou e olhou para minha perna apontando para o machucado em meu joelho. – Mas o quê...

 

-É que eu tropecei no meu pé e caí. – ri sem graça pra ela. – Mas ta tudo bem, foi só um arranhão Hinata, não se preocupe eu não vou morrer, ta. – Mas uma pessoa tão idiota a ponto de tropeçar nos seus próprios pés, deveria morrer. Santa ignorância.

 

-Mas, está sangrando Sakura. Você tem que passar alguma coisa no ferimento senão pode inflamar. – falou ela preocupada dando uma olhada na minha perna.

 

-A nossa casa tá mais perto, mas acho que na minha não tem nada que possa passar nesse machucado. – falou preocupada. – E na sua tem? – perguntou pra mim de volta.

 

-Hum, não eu não comprei nada de remédios ainda, acredita! Eu sempre esqueço de passar na farmácia desde o dia que a gente fez as compras do mês. – respondi. – Eu passo alguma coisa na casa dos meninos, Hinata.

 

-Não, tem que ser agora Sakura. Não seja medrosa. – falou ela olhando com aquela cara de “não adianta você não vai fugir”. – Sasuke, na sua casa tem alguma coisa pra machucados? Algum antiinflamatório? – perguntou.

 

-Acho que tem. – respondeu não dando uma importância maior do que a que eu havia dado.

 

-Ótimo, vamos lá para fazer um curativo nesse corte. – falou pegando a sacola com o filme. – Consegue andar Sakura?

 

-Claro, é só um cortezinho, eu não quebrei a perna. Não sei pra que tanta preocupação por isso. – falei querendo contornar a situação.

 

-Não adianta, Sakura. Vamos logo.

 

E nós três caminhamos até o nosso prédio, subimos as escadas e chegamos até o quarto 70.

 

Bom, lá estava eu, no apartamento do Uchiha. Era arrumado, limpo, organizado. Na verdade, bem diferente do que ele era em meus mais obscuros pensamentos – algo tipo: cruzes de cabeça pra baixo, figuras demoníacas, pouca luz, um ambiente sujo, mofado e mal-cheiroso – mas a casa dele era mais bonita do que a minha. Bonitinha até demais para um homem. Ou será que não?

 

-Sakura.

 

-Sakura?

 

-Sakuraaa!

 

-Hein o que foi Hinata? Tá Louca? – espantei-me e voltei do meu pequeno devaneio.

 

-Você estava dormindo acordada. Desculpe. Pode se sentar lá na cozinha? Vou fazer um curativo – disse ela, diretamente ao ponto, decididamente disposta a me fazer passar por aquilo, ai meu santo protetor das meninas de cabelo rosa.

 

-Qual é? Eu já disse que isso foi só um arranhãozinho de nada. Eu vou lá em casa, passo um mertiolato e tudo fica bem – resmungava insatisfeita enquanto seguia os passos de Hinata lentamente, em direção à cozinha.

 

-Não, Sakura. O ferimento precisa ser limpo direito para não infeccionar. Caladinha e se sente aqui – ela puxou uma cadeira e me joguei desapontada – Vai ficar tudo bem – ela falava comigo como se eu fosse uma pirralha banguela gorducha e piolhenta da 3ª série.

 

-Hunf.

 

-Aqui está o kit de primeiros socorros – falou Sasuke enquanto adentrava na cozinha com aquela maletinha branca desprezível.

 

-Ótimo. Obrigada, Sasuke-san – ela delicadamente abriu a caixa e mexeu nela de um jeito agonizantemente devagar.

 

-Pronto. Ponha a perna estendida nessa outra cadeira, Sakura – disse com um pedaço de algodão e um frasco na mão

.

Meio que involuntariamente, eu fiz o que ela disse, mas era uma situação pra lá de constrangedora, ainda mais com Sasuke lá. Estava suando frio.

-Não precisa ter medo Sakura – falou docemente com aquele algodão na mão. Com a intenção de acalmar-me.

 

-Medo? Até parece Hinata é só um arranhãozinho de nada! Nem tá doendo, eu só acho que não era necessária tanta frescura – bufei em sinal de contradição. Cruzei os braços e fechei meus olhos, zangada. E hoje percebo que, foi um grande, estúpido e óbvio erro.

 

Enquanto resmungava sozinha, Hinata ia aproximando o algodão do machucado.

 

-Medo! Ora, eu já passei por coisa bem pior que isso e eu nunca...

 

 

MANHÊÊÊÊÊEEEE !

 

 

Saltei da cadeira quando ela passou aquele líquido branco na ferida. Ardia, e como ardia. A verdade verdadeira era que eu era mais medrosa do que cachorro perdido, tudo relacionado a feridas, remédios, hospitais me dava uma certa paranóia. Tinha intolerância à dor.

 

Hinata tentava me pegar para terminar o “serviço”, mas eu comecei a correr de um lado pro outro daquela cozinha. Ela achava mesmo que eu deixaria? Tão ingênua...

 

E enquanto eu fugia, pude ver uma ponta de sorriso no rosto daquele idiota. O sofrimento e a dor alheia pareciam engraçados para ele. Grande surpresa.

 

-Sasuke-san! Segure ela, por favor! – pediu Hinata, já ofegante e desesperançosa de me alcançar. Pois é, eu fazia educação física na escola e hoje eu posso dizer que valeu totalmente a pena.

 

-Não se atreva, Sasuke! – gritei para ele – ou vai se arrepender.

 

-Nossa, que medo, o que a garota que corre de um antiinflamatório vai fazer comigo? – debochou da minha cara, o pilantra. E me alcançou depressa, tinha que fazer um exame antidoping nele, que desgraçado! O covarde me pegou pelas costas, apertou-me contra o peito e levantou-me do chão sem esforço.

 

-Me larga! – me debatia numa tentativa frustrada de sair de seus braços, mas ele era mais forte que eu – Idiota!

 

-Rápido Hinata!

 

-Lá vai!

 

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAII!

 

 

-Calma neném já passou. Agora você vai ganhar um pirulito – riu Sasuke, ainda me segurando, me colocando no chão devagar.

 

-E você vai ganhar uma passagem só de ida para o inferno seu miserável – assim que me livrei dele, juntei minhas forças e dei-lhe um puto de um chute nas áreas mais sensíveis.

 

-Unh... merda, Sakura – imediatamente ele caiu no chão, sem fôlego, sem forças, com os olhos lacrimejando e uma dor que, felizmente, eu nunca sentiria, pois mulheres são demais. E que venha o próximo para a castração!

 

Mas eu fiquei desprevenida e não percebi que Sasuke se levantara antes de meus planos. Enquanto isso, Hinata estava no mesmo lugar, aparentemente chocada, imóvel e rezando para que ele esquecesse que havia uma criatura na sua cozinha, com cabelos cor de rosa que escondiam os chifrizinhos e um rabo pontudo – Quando eu quero, eu sou mesmo um demônio – mas ela sabia que isso não aconteceria.

 

Ele tentou me puxar de novo, dessa vez pelo braço, mas consegui me esquivar e saí correndo.

 

-Volta aqui sua... Estúpida! – gritou enquanto saiu correndo atrás de mim. Eu acho que ele queria falar uma coisa mais ofensiva do que estúpida, mas ele era um gentleman pessoas. Coitado, pior do que palavrão de nerd.

 

-Ah claro, já estou aí parada só esperando que você puxe minha orelha, me dê um sermão e depois me dê umas palmadas no bumbum e me deixe de castigo sem comer doce e ver TV. Vai sonhando, papai – mostrei a língua, pulei no sofá para cortar caminho, dei a volta na sala e derrubei uns livros que estavam numa prateleira.

 

-Podemos pular a parte chata e ir direto à que interessa – ele falou baixo, quando tentei voltar à cozinha ele me alcançou, com força me jogou na parede e segurou meus pulsos. Estava presa de novo, aquele verme vagabundo – que seria, bom eu não sou fã de sadomasoquismo, mas se é o que você quer, te dar umas boas palmadas concorda? – O quê? Aquele pervertido não sabia o que o aguardava.

 

-Encarei-o e vi aquela face irradiando sobre mim um olhar meio que luxurioso misturado com um escárnio, o que me deixou ainda mais furiosa.

 

-Bom, respondi mostrando a ele um olhar de superioridade e indiferença – você até que é bonitinho sabe? – dei uma risada irônica – mas depois do que eu fiz, acho que não tem nada a me oferecer, Sasukezinho. Nem a mim e nem a nenhum das prostitutas que você arranja por aí nos becos.

 

-Ora, não me subjugue assim. Tenho mais a oferecer do que você imagina. Tenho mais do que certeza de que mesmo nesse estado em que você me deixou – ele pressionou meus pulsos com mais força ainda, já tava doendo, e depois ele diz que não gosta de sadomasoquismo – sou mais que o suficiente para satisfazê-la – ele sussurrou em meu ouvido com aquela voz rouca e loucamente irresistível – Não quer ter certeza do que diz? – perguntou mordendo o lóbulo da minha orelha, fazendo com que eu me arrepiasse até os cabelinhos do pé e que meu coração acelerasse. Ele começou a beijar meu pescoço, subindo, subindo, chegando a centímetros – milímetros talvez – da minha boca – E então Sakura, o que diz? – perguntou com aquele olhar de “cara, como eu sou gostoso”.

 

Fiquei olhando para ele, um pouco sem ação. Porque vamos combinar, não é todo dia que seu vizinho gostoso te dá uns pegas no apartamento dele. Até porque com ele me segurando só tinha uma coisa a fazer.

 

-Sasuke? Sakura?

 

A minha salvação se chamava: Hyuuga Hinata.

 

-Bom – respondi, agora já com os braços livres – quem sabe na próxima, gigolô – sorri tranqüilamente para ele – quem imaginaria que você é um safado Sasuke! Com maior jeitão de moço direito né!

 

-Ele apenas sorriu de um jeito encantador e não me respondeu, como sempre.

 

-Estamos aqui, Hinata – falei sentando no sofá em que antes eu havia pulado – e está tudo bem – eu acho.

 

-Vocês não podem ficar no mesmo cômodo ou respirar o mesmo ar é? – ralhou conosco – da próxima vez eu vou sozinha e deixo vocês com uma coleira para poder controlá-los – sentou-se do meu lado e com um gesto chamou Sasuke para perto de onde estávamos, já que ele estava do outro lado da sala.

 

Ele chegou mais perto e ela levantou-se e disse para eu fazer o mesmo. O que ela ia fazer agora? Tomara que ela passasse aquele negócio no Sasuke também. Eu aposto que ele também ia fazer alguma coisa, porque aquilo doía. Se eu pudesse, jogava dentro das calças dele, pra ver se ele parava se ser safado.

 

-Olha aqui – falou séria, olhando para nós dois e pegando uma mão de cada um – a partir de agora não quero ver vocês dois brigando, me entenderam? Vão ter que aprender a ficarem juntos. Nem que seja só quando eu ou os outros estiverem por perto. Agora dêem as mãos e prometam para mim.

Tanto eu como Sasuke ficamos com uma cara de merda. Mas era a Hinata, e principalmente, era a Hinata dando sermão. Queria dizer que ela estava certa e nós errados.

 

Hinata juntou nossas mãos e disse:

 

-Se não puderem fazer isso um pelo outro, por favor, façam isso por mim – com aquela carinha do gatinho do Shrek, difícil de ser dizer não.

 

-Só por você, Hina – falei baixinho a contragosto.

 

-Obrigado Sakura. É importante para mim que meus dois amigos possam ficar comigo. Ao mesmo tempo.

 

-Tudo bem – falou ele também não muito feliz com a idéia de Hinata.

 

Ela soltou nossas mãos e nós as apertamos. Em sinal de trégua, e não de fim de guerra.

 

-Então, uma trégua Sasuke? – perguntei para ele com o sorriso mais falso que eu tinha numa hora como aquelas.

 

-Trégua Sakura – respondeu, mas na verdade ele queria me estrangular bem ali se a Hinata não impedisse.

 


 

FIM DO CAPITULO


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Notas finais do capítulo

Esperamos que tenham gostado ! Ass: SunL. e Driving You Insane