I'm sorry escrita por Lyhshi


Capítulo 7
Malditas flores


Notas iniciais do capítulo

Gente do céu, que lindo. Atrasei dois meses certinho, o último cap foi 30/08 e hoje é 30/10
Vou parar de pedir desculpas pelos atrasos porque sei que não adianta, mas continuo agradecendo quem ainda tem paciencia
Boa sorte pra quem for ler, acabei de escrever e to morrendo de dor nos dedos. Pra ler 6000 palavras direto tem que ser guerreiro viu



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/771760/chapter/7

Então, eu fugi para o único lugar que senti que me pertencia.

E foi tão rápido quanto um gato fugindo da água.

E talvez tenha sido tão desesperado quanto um gato foge da mordida de um cachorro raivoso.

E talvez, só talvez, agora eu seja este gato: molhado e mastigado.

 

ᨖ Asuna ᨖ

 

Agora a chuva havia passado, e a sua frente o sol brilhava como nunca, de forma que iluminava até as menores partes da grama existente no chão tocado pelos seus sapatos. A planície solitária era como um gentil convite a seguir em frente, talvez tentando mostrar que após a chuva o sol sempre aparece. Ou, pelo menos, foi assim que interpretou.

O sol batia diretamente em seu rosto e se espalhava por todo seu corpo, esquentando-a. Sem dúvidas o dia estava quente, mas a brisa que acompanhou o brilho do sol no céu a mantinha refrescada da cabeça aos pés. Qualquer um que a visse nesta situação, com esta paisagem, parada em pé, com o vento suave balançando seus longos cabelos azuis (que se soltaram do penteado durante a batalha) e uma postura impecável ficaria admirado em como parecia uma pintura, feito com cuidado até mesmo nos mínimos detalhes.

            Sem dúvidas tudo isto foi uma distração perfeita para o que acabara de acontecer no mundo real, afinal, o que seria melhor para recuperar as energias do que um dia como este? Mesmo que fosse falso, sentia que era mais real do que qualquer relação que um dia teve. Tentou se lembrar o que ela planejava fazer da última vez que esteve online, mas percebeu que estivera tão cansada que a memória simplesmente havia se apagado.

Bem, não havia outra opção além de encontrar um novo objetivo, nem que este fosse temporário. Então, para variar, seguiu seu caminho, tentando se manter atenta apenas ao que a cercasse e ignorando qualquer problema que estivesse fora do mundo virtual.

 

...

 

Depois de cerca de duas horas caminhando e parando para descansar sob a sombra das poucas árvores que encontrou, finalmente havia chegado a um bioma diferente. Antes, estava sozinha em uma planície, agora, está em uma floresta com diversas elevações e algumas montanhas. Tinha sua visão totalmente bloqueada por árvores, as quais eram de uma espécie que ela não conhecia (até porque nunca se interessou em procurar os nomes): caules grossos e em um marrom acinzentado, com folhas em um verde vibrante, que, junto ao sol, quase a cegavam. Mesmo de fora da floresta, uma árvore imensa se destacava —  tinha o quádruplo de tamanho e grossura em comparação as árvores que a rodeavam. Estava bem centralizada.

Pelo menos agora havia achado seu objetivo temporário. Uma árvore deste tamanho não estaria ali atoa, com certeza encontraria algum item raro ou desafio. É bom, me faz subir de nível mais rápido e me distrair.

Adentrei a floresta, a qual não tinha nenhum caminho para seguir. Conforme caminhava percebi que as árvores se distribuíam por todas as partes e cantos, então, de certa forma, fui costurando entre os espaços que conseguia me enfiar. A todo momento pisava com cuidado, tentando sempre estar de olho a minha volta com todos os sentidos possíveis: cheiros, sons, marcas, pegadas, ou qualquer outra coisa que entregasse que havia alguém ali além de mim e os besouros.

Diversas vezes utilizei os galhos como apoio para passar por partes mais apertadas, ou tive que mudar a minha rota para evitar poças de lama que me deixariam imunda. Não nego que algumas vezes tive que desviar de insetos voando para o meu rosto ou ignorar barulhos irritantes que os mesmos faziam, mas, de certa forma, o meu caminho até a grande árvore ocorreu bem.

 

 

E agora, estava parada bem em sua frente. Se tivesse um rosto, talvez eu conseguisse olha-la diretamente nos olhos, mas, me livrando deste pensamento totalmente aleatório, comecei a olhar para as suas folhas em busca de algo que pudesse ser útil para mim.

Mesmo que eu seja péssima com medidas, chuto que ela deveria ter em torno de 30 metros e, infelizmente, a maioria dos seus galhos se encontrava no topo —  os que não estavam lá estavam poucos metros abaixo, o que continuava sendo inacessível para mim. Ela tinha graciosas flores abertas viradas para baixo, em sua maioria em um rosa bebê com um degrade suave para amarelo. Em outros galhos — forcei a visão — consegui ver pequenas frutinhas do tamanho e formato de um tomate, algumas amarelas e outras rosas. Sem dúvidas, eram originadas das flores que as rodeavam.

Falando em flores, enquanto eu as observava em silêncio, uma delas se soltou da árvore. Veio caindo levemente, da mesma forma que uma pena em minha direção. Tomei o cuidado de pega-la delicadamente com as duas mãos quando esta estava alcançando a minha altura e descobri que ela conseguia ser ainda maior que as minhas duas mãos juntas. Talvez o fruto dela fosse maior do que eu pensava, mas é difícil de definir devido a altura.

Hesitante, a aproximei de meu rosto e senti seu aroma. Era um cheiro doce mas não enjoativo, como se se misturasse a algo tropical. Por alguma razão, meu nariz ardeu, mas não consegui focar nesta sensação devido a um barulho alto vindo a minha esquerda.

 

Mesmo assim, não foi uma surpresa. O quão burro esse jogo pensa que uma pessoa pode ser? É óbvio que uma árvore discreta como esta vai ter no mínimo monstros ou qualquer outro desafio.

 

Rapidamente, guardo a flor no mini baú na minha cintura ao mesmo tempo que puxo o florete e tento prestar atenção nos movimentos a minha volta, mesmo que eu ainda não tenha conseguido ver nada. Agora, um som a direita.

Outro atrás de mim.

Outro na frente.

Outro em cima.

E vários e vários ao meu redor, em todas as direções.

 

Então, um grito se sobressaiu diante de tantos barulhos de movimentação nas folhas. Um berro raivoso, então outro e outro. Até que todos os seres que me cercaram se juntaram em um barulho infernal de latejar a cabeça. Mas eu não posso sair da minha posição antes de saber o que está acontecendo a minha volta, o quão perigosos são, seu tamanho ou qualquer outra informação que possa me ajudar a enfrenta-los.

 

—Ah! — Me surpreendo quando desta vez o grito saiu da minha própria garganta ao mesmo tempo que desvio de algo que foi jogado e se espatifou atrás de mim. Com uma rápida olhada percebo que é a mesma fruta da árvore que estive observando, porém ela não caiu do topo. Foi arremessada por um dos seres que ainda se escondiam nas sombras.

 

Então, o primeiro atacou com garras e dentes. E assim que ele veio, os outros seguiram suas ordens.

 

Em meio a tanto caos, fiz o que qualquer pessoa minimamente sensata faria: corri como se não houvesse amanhã, desviando de todas as criaturas que consegui e cortando alguns, que, simplesmente ignoraram meu corte, sem sequer uma mínima animação que mostrasse que fez efeito. Talvez uma de suas habilidades fosse uma superproteção, ou só ser atingido em algum ponto específico? Não sei, continuei correndo, passando reto ao lado esquerdo da árvore enorme e adentrando novamente a densa floresta. Passei por várias árvores iguais, ao lado de um riacho e até mesmo por uma parte com lindas flores magenta surgindo do chão.

Com a respiração tão acelerada quanto meus batimentos cardíacos, tentei organizar meus pensamentos mesmo com uma multidão imensa e barulhenta atrás e acima de mim — tive pouco tempo para pensar em sua aparência, mas pareciam muito com macacos cartoonizados, e infelizmente tinham a mesma habilidade em escalar. Eram um pouco mais baixos que macacos comuns, como uma versão chibi: o seu tamanho era, no máximo, até o meu quadril e tinham pelos marrons, com uma tiara dourada na cabeça. Por mais que pareçam inofensivos, atacavam com fúria.

 

Mas, óbvio que eu tinha que tropeçar, né?

 

Estava tão desesperada que mal notei a raiz de uma planta qualquer firmemente no solo, então, mal pisquei e já estava caída no chão. Desde o momento que tropecei até chegar ao chão deve ter levado cinco segundos, e, por incrível que pareça, este foi o tempo exato que os animais atrás de mim precisaram até me alcançar caída.

 

Isso que dá inventar de se aventurar sozinha...

 

Tentei pensar e descobrir se a melhor opção era tentar golpeá-los ou tentar me reerguer e torcer para não perder tanta vida. Bem, de qualquer jeito, descobri que não precisava escolher: rapidamente emergiu das sombras outro jogador, se colocando bem entre as criaturas e eu. Com sua espada e uma skill brilhante, cortou, no mínimo, 8 de uma só vez. Mal tive tempo para pensar como ele fez isso, pois aproveitei o momento de distração de todos e fiquei em pé. Imediatamente reconheci a silhueta que estava a minha frente.

 

— Kirito? Mas como você... Ai, esquece. Obrigada. O que fazemos agora?! — Eu estava tão agitada e ele olhava para mim com um olhar tão sereno que me acalmei pelo menos um pouco.

— O ponto fraco deles é a cabeça. Agora! — Odeio ser mandada, mas entendi a ordem imediatamente ao ver que de alguma forma algum deles tratou de me atacar pelas costas. Fiz como ele disse e, em um só golpe, dispersou-se em pequenos cristais brilhantes ao vento.

 

Não havia tempo e nem clima para conversa, e muito menos para entender como ele havia chegado ali e me reencontrado sendo que a lista de amigos não oferece a localização. Obviamente, a prioridade estava a nossa frente — e em todos os lados. Como a maioria dos players que joga em dupla, ficamos de costas um para o outro, porém sem nos encostarmos, sempre cuidando da retaguarda e dando o apoio necessário. Os animais, na verdade, eram tão frágeis quanto aparentavam, mesmo que fossem fortes.

Aos poucos, eliminamos um a um, sem grandes riscos. Quando utilizávamos habilidades especiais facilmente acabávamos com oito a dez animais. E finalmente chegou o momento em que não sobrou nenhum. Olhei mais uma vez para todas as direções e para cima, então fui para perto da primeira árvore que vi e me escorei no seu tronco, sentando no chão. Ele fez o mesmo com a árvore ao lado.

 

— Então... como chegou aqui? — Perguntei e tentei respirar mais um pouco, pois ainda estava sem fôlego, diferente dele —  O que aconteceu com o seu grupo?

— Eu... Nós... Digamos que agora sou um jogador solitário. —  Riu, mas uma risada triste. Como não quis contar o que aconteceu, achei melhor deixar assim. Melhor não meter o dedo na ferida.

— Ah, sei.. Acontece, né? Mas você veio parar aqui por acaso ou sabe de algo sobre esta floresta? Eu estava procurando algum item raro ou algo que me ajudasse a subir de nível rápido, e como você pôde ver este é um lugar que parece ter coisas assim.

— Eita, que coincidência estranha. Eu vim aqui pelo mesmo motivo, mas não sei nada não. — Então, Kirito olhou para o topo da árvore enorme, que era a única parte ainda visível dela do ponto que estávamos — Mas aquela árvore tem cara de ter alguma coisa. Consigo sentir isso. E também não colocariam uma árvore daquele tamanho por acaso, eu acho.

— Pois é! Pensei o mesmo. O que você acha de irmos para lá? — Sugeri, também desviando o olhar para a árvore — É só passar por uma parte com umas flores, um riachozinho mixuruca e caminhar mais um pouco que chegamos. Não é tão longe. Vamos?

 

Kirito tratou de ficar em pé, bem na minha frente, uma resposta silenciosa. Fiz o mesmo que ele, então, sem nenhuma palavra, partimos. Enquanto caminhávamos, comecei a reparar melhor nele: estava com a mesma roupa de quando o encontrei a primeira vez. A mesma camiseta azul marinho, o mesmo peitoral de couro e a mesma calça marrom. A espada e a bainha em suas costas eram as mesmas também. Achei estranho, afinal, se passaram alguns dias desde que nos vimos e como somos de níveis baixos, não é difícil encontrar pelo menos um equipamento por aí. Mas achei melhor não comentar, vai que ele se ofenda.

Andamos, andamos e andamos. Tentamos ir em um ritmo lento, para caso precisássemos lutar estaríamos bem. Pelo menos alcançamos a primeira parte do caminho da volta: no chão e em todos os cantos haviam as flores magentas. Eram de um tamanho médio, mas tão lindas que quase sorri só de ver — ou talvez, eu que seja muito fã de plantas e, principalmente, flores. Elas deixavam o ar com um cheiro levemente adocicado, que admito que me levou a arrancar uma com cuidado.

Segurando a flor, que parecia ainda mais vibrante sob as luzes do sol, me senti tentada a cheirá-la. E assim o fiz. Era ainda mais doce do que o aroma presente no ar, mas, sem dúvidas, era ótimo. Então, fechei os olhos para senti-lo novamente. Nossa, muito bom! Pena que percebi um pouco tarde a vida de verde ficar roxa, a cabeça começar a latejar e a minha volta ficando cada vez mais embaçada. Confusa, soltei a planta, que caiu como uma pena ao chão. Olhei em volta e vi o garoto de cabelos negros me olhando, um pouco confuso, um pouco preocupado. Tentei andar até ele e cambaleei um pouco, me apoiando em um galho vindo de uma árvore ao lado.

 

— Ei, Asuki, o que houve? Você está bem? — Ele se aproximou de mim, mas em momento algum me tocou, ou fez algo. Ao mesmo tempo que parecia não saber como agir, também parecia não ter uma preocupação verdadeira em sua voz.

— Eu... Não sei. Eu cheirei a flor e... minha cabeça, ai. — Coloquei a mão na cabeça, que latejava. Senti desesperadamente uma vontade de me deitar, ou sentar em qualquer lugar que fosse possível, não conseguia mais pensar racionalmente. Aos poucos a minha visão escurecia. Tentei falar, mas já não era algo tão fácil. Ainda apoiada no galho, tentei me sentar no chão, mas antes que pudesse, cai e tudo escureceu.

 

...

 

Pisquei várias e várias vezes até conseguir entender o que estava acontecendo. Tentei me lembrar, ou pelo menos ver, mas tudo continuava embaçado. O dia havia se tornado noite, e eu sentia meu corpo suar ao mesmo tempo que tremia de frio. Me apoiei no cotovelo para levantar e minha cabeça latejou com força, imediatamente coloquei a mão na cabeça, como se isto fosse amenizar. Tudo se tornava mais claro, então olhei para todos os lados procurando a figura masculina que me fazia companhia. Realmente, fazia, mas agora não faz mais, porque não consigo o ver em lugar nenhum.

 

— Kirito!  Ei! Kirito! — Meus gritos saem um pouco mais fracos do que seria normalmente, mas ainda assim, se ele estivesse por perto, ouviria. Descobri que as flores que me cercavam brilhavam no escuro, assim como os frutos da maioria das árvores. Estava sozinha, mas pelo menos conseguia enxergar.

 

Sem opção, me apoiei em um buraco do tronco de uma árvore qualquer para ficar de pé. Senti um cansaço enorme no corpo, que estava tão pesado que a minha única vontade era permanecer deitada no chão. Mas isso não era uma opção, e se ele estivesse em perigo? E se eu sou a próxima vítima?

Fiz a única coisa que podia fazer: segui em frente no caminho que planejávamos ir em busca de alguma pista. Não havia pegadas, galhos quebrados ou nada que indicasse que ele ou algum monstro pudesse ter surgido de qualquer direção. Encontrar o riacho era minha única opção — sem contar que acho que talvez beber um pouco de água me ajude a lidar com esse veneno.

Caminhei em passos meio lentos, mas já é algo. Percebi que o que me atingiu era mais forte do que imaginava, já que a minha visão continuava tão turva quanto antes, todas as articulações estavam doloridas e a cabeça permanecia latejando. Achei graça ao pensar que se alguém me visse assim, talvez acabasse por me confundir com um monstro com aparência de zumbi.

 

...

30 minutos depois

 

Meu deus, que lerdeza. Achei que nunca fosse chegar, mas aqui estou eu. O riacho era raso e as árvores a sua volta formavam um teto tão transparente que em seu reflexo era possível ver as estrelas e até mesmo a própria lua. Dois ou três galhos formavam uma passagem para o outro lado, mas eram tão frágeis que apenas animais pequenos e leves conseguiriam passar. A junção de lua, estrelas e as estranhas frutas brilhantes formavam uma visão que encheria os olhos de qualquer um que tivesse o prazer de prestigia-la.

Mesmo tonta, perdi alguns segundos tentando gravar o brilho encantador e desfocado que me rodeava, mas não pude perder muito tempo nisso. Me agachei, e, enquanto tentava me manter alerta a qualquer ruído, deixei ambas mãos em formato de concha e trouxe um pouco de água até a minha boca. Hesitei ao beber — nunca se sabe o que pode ter na água, ainda mais em um jogo traiçoeiro como este. Por sorte, a única coisa que aconteceu foi a minha barra de vida passar para um roxo-esverdeado, o que mostrava que a água de alguma forma havia me ajudado. Não nego que me senti mais limpa imediatamente, e pelo menos agora conseguia enxergar claramente.

Mal consegui relaxar o corpo e senti um aperto no peito, ao mesmo tempo que meu coração começou a bater apressado. Por instinto, coloquei a mão sobre a bainha, mas nada a minha volta aconteceu. Com exceção de uma pequena coisa....

 

— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!

— SOCORRO!!

 

Os gritos vieram, sem dúvidas, de onde eu havia acabado de vir: algum lugar perto das malditas flores. A primeira voz era masculina, e a segunda feminina. Talvez o antigo grupo de Kirito...?

Comecei a correr para onde eu havia estado há pouco tempo atrás, um pouco mais revigorada pela água, ainda com algumas articulações doloridas e uma enxaqueca insuportável — mas a adrenalina falou mais alto do que qualquer dificuldade física.

 

...

 

O que antes levou 30 minutos, agora havia levado 5 ou 10. Neste momento, passava pelas últimas árvores e já conseguia ver alguns vultos diferentes de todo o resto da floresta. Primeiro senti alívio, depois surpresa e então terror.

 

— Como você teve coragem.... — Acho que minha voz saiu mais trêmula do que as minhas mãos.

 

Não sabia se ficava, se fugia ou tentava ajudar — se é que tinha como ajudar.

 

Uma mulher – não, uma menina. Ainda é uma adolescente assim como eu — sangrava ao chão, mas ainda respirava com dificuldade. O cabelo era vinho e cacheado, até pouco abaixo do ombro, combinando perfeitamente com sua pele negra. Seus olhos eram do mesmo tom do cabelo, e usava uma calça bege com uma camiseta manga longa preta, sem qualquer proteção, apenas uma espada caída ao lado de sua mão. Ela estava meio deitada no chão e encostada no tronco de uma das árvores, ofegante, com respingos de sangue no rosto e muitos no corpo inteiro. Sua cintura estava cortada profundamente e sem dúvidas era a parte que mais sangrava. Nas pernas alguns arranhões permaneciam.

Ao seu lado, caído no chão, estava um homem. Caído não, praticamente morto. Tinha cabelos loiros lisos até um pouco acima dos ombros, camiseta de manga comprida amarelo pastel e calça preta. Pelo menos ele tinha o mínimo de proteção: utilizava um peitoral marrom de couro falso e barato e não havia nenhum sinal dele ser portador de qualquer arma. Estava estirado no chão, com um corte em seu peito, muito mais profundo do que o da menina. Estava inconsciente e com uma dificuldade absurda para respirar.

E, de frente para os dois, a pior cena.

Kirito, com os cabelos caídos sob seus olhos estava virado diretamente para os dois. Com uma espada em mão. A única espada que estava encharcada de sangue. Ele não tinha um único ferimento, e não era difícil supor o que havia acontecido, mesmo que eu não entendesse como e nem o porquê.

Senti o peso de seu olhar em mim quando seu rosto se moveu em minha direção, um olhar parte sanguinário, parte doentil. Alguém que sentia prazer no que fazia ou, no mínimo, não se importava.

 

— O que você fez com eles? — Minha voz continuava trêmula, mas agora meu corpo se movia automaticamente em uma posição defensiva — Kirito! Me responda!

—  O mesmo que eu pretendia fazer com você — Disse sem nenhuma emoção ou hesitação.

— Kirito...? — A garota no chão falou baixo, como se para si mesma. Ignorei, talvez ela não tivesse parado para reparar em seu nickname ou algo assim.

 

Agindo tão rápido quanto eu esperava, ele veio correndo em minha direção o mais rápido possível. Saquei o florete com a mesma velocidade e então nossas lâminas colidiram em um barulho audível por qualquer um que estivesse por perto. Como em qualquer batalha, continuamos a dar golpes e desviar tão rápido quanto conseguíamos, o que resultou no som sendo repetido pelo menos quinze vezes.

Não havia muita diferença entre as nossas habilidades, mas o fato do meu corpo latejar desde os pés até a cabeça com certeza me deixava em uma desvantagem absurda: uma dor de cabeça aguda apareceu na pior hora e errei o golpe, por sorte, meus pés agiram e um salto curto para trás consegui manter-me sem cortes. Mas isso não ia levar a lugar nenhum. Se eu desviasse o olhar provavelmente correria um grande risco, então tentei dividir minha atenção entre meus pensamentos.

A garota atrás de mim... não reparei em seu nickname, mas se ela conseguisse se mexer e ficássemos duas contra ele venceríamos, mas para isso eu preciso ter tempo para abrir o inventário, escolher uma poção e entregar para ela...  Mas, espera! O baú na minha cintura, tenho certeza que eu coloquei uma poção ali! Agora só preciso de uma oportunidade...

 Mais uma vez ele avançou e me obrigou a dar mais passos para trás. Ele ataca, eu defendo, ele ataca e eu defendo novamente, e assim vai... Nenhum de nós tem uma abertura para usar alguma skill, já que precisamos realizar um movimento específico para que ela aconteça corretamente, se não é só desperdício de mana.

 

— Ah! — Um gemido de dor escapou inconscientemente quando fui golpeada com um soco de sua mão livre direto na boca do estômago. Que porra é essa? Não é realmente uma regra, mas geralmente em uma batalha entre jogadores eles procuram utilizar apenas as suas armas e nada além disso, a não ser quando ficam desarmados.

 

Não basta tentar assassinar outros jogadores, ainda é injusto. Que lindo.

 

Um de meus joelhos cede e tento me apoiar no outro, o que funciona com sucesso. Infelizmente, isso lhe proporciona uma oportunidade indispensável: tenho certeza que se ele utilizar qualquer skill a distância que estamos vai ser um dano imenso.

Realmente, qualquer skill que ele usasse nesta ocasião me tiraria pelo menos quase a metade da vida.

Qualquer uma.

 

Só que... ele não usa.

Nem umazinha.

 

Em vez disso, ele segura a própria espada com ambas as mãos e avança, cortando direto em meu peito, em um corte que atravessa desde o vão entre os seios até o lado direito do umbigo. Um pouco profundo, o suficiente para deixar meu HP 300/428, um verde amarelado. Olho para sua barra de mana: vazia. Agora tudo faz sentido.

Instintivamente coloco a mão livre pressionando o corte que sangrava, mesmo sabendo que isto não mudaria nada. A poção... Eu bebo agora? Ou dou para a garota e lutamos em dupla? Mas eu vou conseguir alcança-la?

 

De canto de olho sei que estamos a uma distância considerável, mas não inalcançável.

Eu já estou machucada e nesse ritmo não vou durar muito tempo, então eu só tenho uma opção...

 

Coloco o florete na bainha e corro em direção a garota sentindo o corte aberto arder em uma agonia profunda, que a todo momento observou tudo sem abrir a boca —  sua vida estava mais baixa do que a primeira vez que a vi, provavelmente pelo sangramento. Abro o baú com uma única mão e de dentro do novo universo existente dentro dele, puxo a poção que havia guardado antes. Não reparei no nome da poção antes e não iria ser agora que eu perderia tempo para isso.

A poção tem o formato padrão: um frasco transparente arredondado com um bocal comprido, e dentro um líquido vermelho. O coloco na boca da garota e começo a virar em um meio termo entre rápido e devagar, não havia tempo suficiente para nada. Meu olhar se volta as minhas costas, onde Kirito se aproxima rapidamente de nós, mas por algum motivo não corre. Isso me dá um pouco mais de tempo, e, quando sinto as mãos geladas da garota segurando o frasco, volto para enfrenta-lo novamente enquanto ela se recupera.

 

Tento imaginar alguma skill, qualquer uma que pudesse ser conjurada rapidamente enquanto pego o florete mais uma vez. Me lembro de uma que ganhei ao subir de nível e não usei: não memorizei o nome, mas era alguma-coisa-perfurante. O coração batia acelerado, o corte ardia e doía assim como todo meu corpo, mas mesmo assim, corri mais uma vez em direção ao garoto, usando tudo de mim para focar nesta habilidade e usa-la.

Conforme me aproximo, minha espada vai ganhando um brilho tão azul quanto meus cabelos até que me chego perto o suficiente de meu alvo. Infelizmente, ele foi mais rápido do que eu e nossas espadas se chocaram, mas a minha permanecia brilhando. Reajo rapidamente e chuto seu joelho com toda a força que consigo reunir, de forma que ele perde o equilíbrio e a força, me dando a oportunidade perfeita de cortar seu ombro. Literalmente, um corte profundo diretamente no ombro que segurava a espada — mas não profundo o suficiente para atravessar seu corpo, é claro.

Até porque, isso foi suficiente para que seu corpo se dispersasse em centenas de finos cristais brilhantes.

 

—— Mas... como? — Murmurei incrédula. Matar uma pessoa em um único golpe? Eu nem tenho um nível tão alto ou equipamentos tão bons, muito menos esta skill é tão forte. Todos os cristais de seu corpo se direcionaram a mim em forma de experiência e senti que subi dois níveis, mas mesmo assim, continuei parada ali, assustada.

 

O que eu senti foi o sentimento mais indescritível da minha vida inteira. Uma mistura de medo, pavor e muito arrependimento, como se não fosse um jogo. Eu sei que não é real. E eu sei que fiz isso por necessidade. Mas mesmo assim... Eu não sei como lidar, o que fazer, o que sentir...

Olhei para a garota e ela estava de joelhos ao lado de seu amigo caído no chão. O corte em sua cintura havia sumido, mas o garoto continuava desacordado e visivelmente sofrendo — ela nem parecia dar importância ao que eu havia feito, apenas se preocupava com a pessoa a sua frente e, em parte, parecia aliviada. Desta vez, vi o nome dos dois: a garota, Sylphia e o garoto Thyruth.

Tentei acordar pelo menos um pouco do estado de choque e pelo menos ajudar o homem. Me ajoelhei ao lado da garota de cabelos cacheados e comecei a caçar no baú algo que servisse para ajuda-lo, já que a minha última poção foi para ela — acabei encontrando apenas algumas bandagens e curativos, que quando utilizamos imediatamente fez com que seu HP subisse um pouco. Quando acabamos, nos afastamos e tentamos descansar na posição que ficasse mais confortável para cada uma: eu me deitei no chão e ela permaneceu sentada ao lado do garoto. Tentei puxar um assunto, nem que fosse para distrair a mente ou entender o que aconteceu:

 

— Seu amigo... Desculpa não conseguir fazer mais por ele. Se eu soubesse que iria conseguir vencer o Kirito sozinha, eu teria usado a poção no Thyruth e deixado os curativos para você. — Cada vez que eu mencionava Kirito ou pensava, o sentimento retornava. Nunca pensei que seria capaz de matar alguém, e o fato de me sentir tão mal por ter feito isto em um jogo só comprova.

— Tá tudo bem, sem você não teria nem as bandagens. Na verdade, sem você, nem viva eu estaria ainda. — Ela sorriu, mas era mais um sorriso de alívio do que de felicidade —  Mas assim, eu preciso perguntar: qual é o lance do Kirito? Desde que você chamou você fica chamando o Lanmus assim. Vocês se conhecem na vida real ou algo assim?

—— Oi? Como assim Lanmus? Não! Quer dizer, ele é o Kirito. Ai meu Deus, não tô entendendo o que você quis dizer! — Fiquei muito mais confusa, quem diabos é Lanmus? É o nome do Kirito na vida real? Ou ela tá confundindo com alguém?

— ...Você sabe que ele é um Transmorfo, né? — Ela disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— ...Não? — Assim que respondi ela deu um tapa na própria testa, como se dissesse “Agora tudo faz sentido” e “Meu Deus que garota burra” ao mesmo tempo.

— Olha, eu acho que antes de você jogar isso aqui você precisa pesquisar mais. Você pelo menos sabe o que a palavra “Transmorfo” significa? — Acenei negativamente com a cabeça — Lá vamos nós... Transmorfo são seres ficcionais que conseguem se transformar em alguma classe específica, em alguns livros transmorfos se transformam em qualquer tipo de animal, mas sabem agir melhor como alguns de determinada família, por exemplo: alguns transmorfos são melhores com felinos, outros com caninos, e por aí vai. No contexto do nosso jogo, Sword Art Online, transmorfos conseguem se transformar apenas em seres humanos — no caso, apenas jogadores, não podem fingir ser um NPC.

— Eu nunca ouvi sobre isso... — Estava incrédula, como eu não sabia disso? — Então o garoto... Ele estava fingindo ser o Kirito? E seu nickname é Lanmus? Eu entendi certo?

— Bem, neste caso em específico ele tinha uma habilidade especial. Esse consegue se transformar em qualquer pessoa da sua lista de amigos, só que não só da sua e ele também não consegue escolher qual pessoa vai ser. Vemos ele de forma diferente. Para mim, ele estava transformado no Thyruth, e para o Thyruth ele estava transformado em mim, já que na nossa lista de amigos só temos um ao outro. Como já estávamos em dupla, não foi difícil perceber que ele era um impostor. Pelo que entendi, para você ele fingiu ser esse tal de Kirito. Eu demorei a entender que ele realmente tinha uma habilidade diferente, pensei que o loirinho aqui tinha visto ele mesmo também, mas agora você deixou isso mais claro. Parece só que um a cada dez Transmorfos consegue parecer mais de uma pessoa ao mesmo tempo, ou seja, matamos um carinha super raro.

— Eu não sei dizer se você deixou as coisas mais ou menos confusas... Mas acho que entendi o suficiente. Mas um a cada dez ter esta habilidade é raro? Não deveria ser normal? Porque dez é um número bem baixo.

— Você provavelmente não sabe, a opção de jogar com esta classe aparece para um único jogador a cada 5.000 novos jogadores. Se meus cálculos estiverem certos, deve existir uns quatro no servidor inteiro. Quer dizer, agora devem existir uns três se a gente contar com a morte desse daí. — Ela falava em morte como se fosse algo simples. Bem... como é só dentro de um jogo, de certa forma, é. Mas mesmo assim, a sensação é horrível — O lado bom é que eles podem ter a vantagem de se esconder, mas são frágeis como uma pena. Você viu? Um golpezinho e ele se foi!

— Ah... sim. Ele planejava ir até a árvore enorme comigo, você acha que ele ia fazer alguma emboscada para tentar me matar ou algo assim?

— Meh, duvido. Ele parecia ser bem burro, devia ser uma daquelas pessoas que pensam que só porque é algo chamativo tem algum item dentro, devia querer te enganar para pegar o item pra ele e ai sim te matar. Esse jogo não funciona assim. Você acha itens raros nos lugares mais improváveis, o último que você pensa em procurar. Onde você arrumou esse bauzinho aí?

— É, verdade... Não sei como as pessoas podem pensar que só porque uma árvore é chamativa ela pode ter algum item por perto... — Ela ergueu uma sobrancelha, desconfio que talvez tenha percebido que eu era uma das pessoas que pensava assim — Encontrei ele no meio de uma planície, aleatoriamente.

— Viu, é o que eu disse. É bom você tomar cuidado pra ninguém tentar roubar ele, inclusive. Mesmo que só o dono tenha acesso, as pessoas fazem loucuras por inveja...

— Argh... — Nos interrompendo, o garoto deitado no chão gemeu se remexendo para o lado. Parecia um pouco mais consciente do que estava acontecendo, parecia querer se levantar mas não tinha força,  então apenas permaneceu parado.

— Ele está acordando! Que bom! — Falei da forma mais sincera possível. É um alívio saber que pelo menos havia conseguido salvar ele. Quando olhei para ver se Sylphia estava tão feliz quanto eu, ela havia levantado a sobrancelha novamente para mim.

— Foi só modo de dizer, né? Quer dizer, você sabe que ele sempre esteve acordado e muito consciente né? — Desde o início de nossa conversa ela falava as coisas como se fossem as mais óbvias do mundo, mas por mais que eu quisesse eu não era tão bem informada assim. Dei um sorriso amarelo. — Vou acabar cobrando pela aula particular. É só tentar pensar, Asuki: é um jogo de realidade virtual, se as pessoas desmaiassem dentro do jogo elas não conseguiriam acordar na vida real. Assim, a pessoa sempre tem que ter a opção de retornar a sua vida normal independente de como esteja no jogo, então ele só estava acordado em um sofrimento absurdo, mas não dormindo ou desmaiado. — Apenas acenei com a cabeça concordando.

— Mas como você sabe tanto essas coisas? Faz só uns dias que o jogo foi lançado.

— Pesquisando, ué. Jogo mmorpg há anos, já tenho certa experiência com isso, além de que algumas coisas, como o desmaio, é só pensar um pouquinho.

— Realmente... por mais que seja um jogo de fantasia, várias coisas aqui fazem sentido. Chega a ser um pouco assustador, né? Quer dizer, isso tudo do cara se transformar em alguém conhecido... e no meu caso, ver ele tentando assassinar alguém. Pode até traumatizar uma pessoa, não? — Falei, tentando não deixar o assunto morrer e ficar em um clima ruim.

— Você acha isso assustador? Você não sabe metade do quão obscuro esse jogo pode ser. É cada coisa que vemos por aqui... Por que você acha que para realizar a pré-inscrição e a inscrição oficial do jogo era necessário um laudo de um psicólogo comprovando que você está apto a jogar?

— Pois é... um jogo qualquer não pediria algo nesse nível, né? — Admito que tinha até esquecido disso. E também admito que o meu laudo foi comprado para que não corresse o risco de perder a chance de jogar o jogo que tanto esperei, mas acontece.

— Exatamente.

 

Mais uma vez, Thyruth se moveu, mas não se levantou, apenas parecia estar tentando ficar mais confortável. Parecia que tinha aceitado que precisava descansar e que isso recuperaria seu HP mais rápido, já que a barra dele já estava em 98/417.

 

— Você acha que ele vai demorar a ficar bem? — Perguntei, ainda um pouco preocupada, pois imagino quão chato deve estar sendo.

— Não, mais uma hora online deve ser o suficiente para que ele consiga caminhar. Devagar, mas já é ótimo. Podemos ir pegando algumas frutas nas árvores enquanto isso, talvez comer ajude a recuperar um pouco mais. Elas cheiram bem, pelo menos. — Ela falou, olhando para as frutas acima de nós que tinham o brilho um pouco ofuscado, já que o sol estava começando a nascer.

— Sim, vamos! Desde que não cheiremos as flores do chão to dentro! —  Falei, rindo um pouco da minha própria desgraça com as flores. Pelo menos o veneno tinha passado com tudo isso. Ela, pela terceira vez, levantou a sobrancelha sem entender — As flores, essas brilhantes aqui do lado... são venenosas. Cheirei uma e desmaiei. Espera! Você disse que não era possível desmaiar, então como isso aconteceu?!

— Mas... ué? Você desmaiou mesmo? Ficou insciente, tudo preto? — Acenei que sim com a cabeça — A quantas horas você está online?

— Umas quatro ou cinco só.

— E a quanto tempo você está sem dormir?

— Poucas horinhas, eu dormi a maior parte da noite.

— Mas... uma flor causar um desmaio assim? É impossível. Só se você acabou desmaiando na vida real também ou algo assim...

— Que? Como assim? O jogo conseguiu me fazer desmaiar de verdade?! — Comecei a me preocupar.

— O jogo, não. Mas sem dúvidas você desmaiou, a sua eu real. Tenta manter a calma, desmaios são normais de vez em quando: as vezes a sua pressão baixou ou subiu demais e você não sentiu e por coincidência foi ao mesmo tempo que você cheirou a flor. — Ela tentava me acalmar, e de certa forma até conseguiu.

— É... minha pressão cai quando eu não como há muito tempo. E eu não almocei nem tomei café. Deve ser isso. — Realmente, fazia sentido. Depois daquela discussão com meus pais sai da mesa antes de comer qualquer coisa.

— Meu Deus, já são 16 horas! Vai comer alguma coisa! — Era um pouco engraçado ver ela me dando sermão: eu mal a conhecia, e a garota era pelo menos oito centímetros menor que eu. Parecia uma mini-mãe dando sermão.

— Infelizmente tenho que concordar. Vou lá. Obrigada por se preocupar, e até mais. Quando eu voltar vocês vão estar por aqui? — Como era boa a sensação de ter alguém que se preocupe comigo. Meu coração chegou a ficar quentinho, tive até que controlar um sorriso.

— Provavelmente não, pretendemos seguir viagem assim que possível. Eu que agradeço pela sua ajuda, qualquer dúvida que quiser perguntar fica à vontade, viu? Gostei de você.

— Também gostei muito de vocês! Vou adicionar os dois! — Admito que no fundo aquele “vamos seguir viagem” doeu, pensei que tinha conseguido companheiros. Mas tudo bem. Até que eu gosto de ficar sozinha as vezes.

 

Puxei o menu e enviei uma solicitação de amizade para ambos. Sabia que o garoto não conseguiria responder agora, mas ela respondeu na mesma hora. Uma tela se abriu:

 

Parabéns! Agora você e Sylphia são amigos!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá! Espero que tenha gostado, tento me esforçar ao máximo sempre
Aceito críticas qualquer crítica, desde que seja com carinho e construtiva
Ando tão cansada e ocupada, espero mesmo que ninguem pense que eu atraso de propósito ou por preguiça, porque eu realmente me sinto bem mal em me comprometer com essa fanfic e não conseguir atualizar
Desculpa qualquer erro viu



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I'm sorry" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.