No dia seguinte...

P.O.V Da Jade

— A família toda está ansiosa para conhecê-la, querida. - Dona Rachel estava preparando um almoço especial para receber os parentes deles que moravam no Canadá.

— Também estou ansiosa para conhecer todos da família. Sei que isso significa muito para o Beck. - Forcei um sorriso.

Eu não estava nenhum um pouco animada para estar rodeada por um bando de membros da família Oliver, me enchendo o saco com perguntas, querendo saber tudo sobre mim.

— Aqui está a carne para o churrasco, também comprei frango. O Anderson vem trazendo os engradados de refrigerante e cerveja. A Rayne falou que a sobremesa fica por conta dela. - Ben avisou.

— Onde está o seu pai? É melhor ele ir logo preparando a churrasqueira! - Ela falou.

— Ele foi alugar mesas e cadeiras. Acho que não vai demorar, mãe! - Respondeu e se aproximou de mim. - E você, cunhadinha, sabe cozinhar? - Me olhou super interessado.

— Sei, é claro que eu sei. - Menti.

Eu só sabia preparar café e alimentos pré-cozidos. Mas eu até que sabia me virar na cozinha, apesar da minha comida não ser nota 10.

— Qual é a sua especialidade? - Se encostou na bancada, ainda mais interessado.

— A Jade faz uma macarronada divina. - O idiota do Beck chegou na cozinha e se intrometeu na nossa conversa. - O seu tempero é especial, não é amor? - Me abraçou pela cintura e beijou o meu pescoço.

Senti um formigamento no local onde ele beijou, e eu fiquei até arrepiada.

— É sim, a minha macarronada é a melhor. - Tive que concordar.

— Ótimo! Você prepara a macarronada, querida! Estou louca para experimentar. - A mãe dele sorriu.

— Eu também, fiquei com água na boca agora... - Ben lambeu o lábio inferior.

Olhei para o Oliver, minha vontade era de dar uns tabefes nele. Eu nunca tinha feito macarronada na vida. Por quê ele tinha que inventar aquilo?

— Aqui está a lista, ainda falta ingredientes para a salada e para a lasanha. Comprem frutas, eu vou fazer suco para as crianças. - Minha "sogra" entregou a lista para o Beck.

— Tá bom, mãe. - Ele assentiu.

— Levem as crianças. Não quero ninguém me atrapalhando. Os seus avós estão dormindo e as crianças estão fazendo muita bagunça. - Falou abrindo a geladeira.

Tinha muita comida para fazer.

— O Ben pode tomar conta...

— Eu vou me ocupar agora, maninho. E quando a Rayne chegar, ela vai se ocupar na cozinha também! - Ele logo se livrou daquela tarefa de bancar a babá.

— Vamos, amor, a gente da conta de ir no supermercado e levar as crianças. - Falei o puxando.

[...]

P.O.V Do Beck

Eu empurrava o carrinho de compras enquanto a West empurrava o carrinho de bebê. Claire estava me ajudando a pegar os ingredientes que estavam na lista. Ron e Ally corriam na frente, pegando tudo o que não deviam pegar.

Guloseimas e mais guloseimas.

— Tio, pega o cereal do Little Bear para mim. - A pequena correu em minha direção. 

— Do Little Bear não! O do Shrek é mais gostoso. Tá ali em cima, tio! - Ron apontou para o topo da prateleira.

— Não é para levar, a mamãe disse que são doce demais e faz mal. - Claire avisou.

Ela pegou três caixas de cereais mais saudáveis e colocou no carrinho.

— NÃO! - Meu sobrinho gritou. - EU QUERO! COMPRA! COMPRA! COMPRA! - Ele começou a fazer birra.

— Eu quero do Little Bear... - A pequena começou a chorar.

As pessoas que estavam ali começaram a olhar para a gente, incomodados com a choradeira.

Olhei para a Jade que estava com uma cara nada boa... O bebê estava quietinho no carrinho, com a chupeta na boca.

— Tia, o tio Beck é mau. - Ally correu para a morena e se agarrou nas pernas dela. 

Meu sobrinho birrento se jogou no chão e começou a espernear.

— Meu Deus! O que faço? - Massageei as têmporas.

— Ronald, levanta agora! - Jade usou um tom autoritário.

Aquilo só fez ele piorar.

Meu sobrinho começou a rolar no chão e tentou chutar ela.

— BRUXA! - Gritou.

Ally continuava chorando. Claire pegou o bebê no colo, ele estava choramingando.

Aquilo bastou para eu perder a paciência.

— PARE JÁ COM ISSO E LEVANTA DAÍ AGORA MESMO, RONALD! - Gritei autoritário.

Ally enguliu o choro, a Claire e o bebê se assustaram também e Jade me olhou de olhos arregalados.

O pequeno levantou e me olhou assustado. 

— Pare de chorar e peça desculpas a sua tia! - Mandei.

Ele olhou para a morena, tentando engulir o choro.

— D-desculpa, t-tia, J-Jade. - Soluçou.

Ela se abaixou ficando da altura dele.

— Está desculpado. Agora vamos limpar esse rostinho. - Tirou um lenço da bolsa.

Ele assentiu e ela enxugou as lágrimas dele.

— Desculpa, tio Beck, eu não vou mais pedir nada... - Ally abraçou as minhas pernas.

— Tá tudo bem, pequena, tudo bem... - Acariciei seus cabelos.

— Sempre que fazemos compras, eles fazem o papai e a mamãe passarem vergonha. - Comentou Claire.

Pelo visto, a minha irmã e o meu cunhado não tinham pulso firme.

— Me dá ele aqui, ele deve estar com fome... - A morena tirou uma mamadeira da bolsa térmica.

Observei ela pegar o Richard e o aninhar no colo, enquanto dava a mamadeira. Ela tinha jeito com crianças e seria uma ótima mãe...

[...]

P.O.V Da Jade

As crianças acabaram se comportando depois de tanta birra, eu mesma decidi comprar algumas guloseimas para elas que ficaram felizes e me agradeceram. Oliver não falou nada, o Rich adormeceu e o coloquei no bebê-conforto.

— Nunca pensei que fazer compras com crianças seria tão trabalhoso. - Resmungou colocando as sacolas no porta-malas.

— A mulher do caixa achou que eles fossem nossos filhos! Deus me livre! - Falei abrindo um pacotinho de balas sabor café.

Beck me olhou e acabou achando graça.

— Nossos filhos não se comportariam assim! - Disse para a minha surpresa.

— O quê? - Perguntei.

— Nada não... Me dá uma aí. - Desconversou.

— Devia ter comprado para você também. Toma! - Lhe dei uma balinha.

Coloquei uma na boca e prendi o Ron e a Ally nas cadeirinhas. Claire já estava sentada no banco traseiro, perto deles. Estava com o cinto de segurança, ela comia jujubas enquanto mexia no vídeo-game portátil.

— Ela é uma criança maravilhosa. - Oliver parou ao meu lado.

— Sim, ela é... - Concordei.

A sobrinha mais velha dele era tímida e muito meiga, não dava trabalho algum.

Fechamos a porta traseira, eu abri a porta frontal e me acomodei no banco de carona. Oliver foi ocupar o de motorista, colocamos os cintos.

Liguei o rádio e coloquei mais uma balinha deliciosa na boca.

— Você pensa em casar e formar uma família? - Perguntou após dar partida.

— Eu nunca me imaginei subindo ao altar e nem dando a luz à um bebê... Sei lá, nunca sonhei com essas coisas... - Falei.

— Entendo. - Assentiu.

— Mas se eu encontrar um cara certo que me ame e me aceite do jeito que eu sou, eu sou capaz de casar e ter filhos com ele. - Confessei.

— E com certeza esse cara vai ser muito sortudo! - Comentou.

— Você acha? - Olhei para ele mais uma vez surpresa.

— Claro, se ele não enlouquecer, com certeza vai ser um cara sortudo. Caras que não enlouquecem após casar com mulheres surtadas, são caras bem sortudos. - Fez uma piada rindo da minha cara.

— Ha, ha muito engraçado! - Ironizei. - Idiota! - Bati no braço dele. - Espero que você acabe casando com uma mulher bem surtada e psicótica! - Falei cruzando os braços.

Ele parou de rir e me olhou.

— Se for uma psicótica linda, eu caso mesmo! - Afirmou sorrindo malicioso.

[...]

P.O.V Do Beck

— Eu não sei fazer macarronada. - Jade sussurrou para mim quando estávamos na cozinha.

— Aqui está a receita, se vira! - Lhe entreguei um livrinho de receitas de massa.

Ela estava linda de cabelo amarrado e usando um avental com estampa de frutas.

Pegou o livrinho de receitas e me fuzilou.

— Você me ajuda? - Me olhou com aqueles olhos claros encantadores.

— Eu até ajudaria, mas não vai dar, tenho que fazer umas coisas agora. - Expliquei. - Mas vou pedir para a Claire te ajudar, beleza? - Sugeri.

— Tá bom. - Assentiu e pegou uma panela grande.

Saí da cozinha e chamei a minha sobrinha. Ela topou dar uma forcinha para a morena.

Fui para a área onde ficava a churrasqueira. Minha mãe e a minha irmã estavam colocando as toalhas nas mesas. Meu pai estava arrumando o carvão e meu cunhado estava enchendo o castelo inflável para as crianças se divertirem.

Peguei a bomba de encher para inflar a piscina de bolinhas. 

Meus avós estavam jogando cartas numa mesa, ambos concentrados em seus jogos.

— GANHEI! YUHUUUL! - Vovó gritou e bateu palmas alegre.

— Você roubou de novo, sua velha trambiqueira! - Vovô se irritou e jogou as cartas em cima da mesa.

Os dois começaram a discutir, aquilo já eram bem típico deles. Pareciam duas crianças. 

Fazia frio no Canadá, por isso não tínhamos piscina.

Apesar de estar ensolarado, ainda tínhamos que nos manter aquecidos. Jade ainda não tinha se acostumado com o clima e eu preferia o clima ensolarado de L.A.

As crianças estavam na sala assistindo um DVD infantil, e o caçula estava no bebê-conforto num sono profundo.

Terminei de encher a piscina inflável e despejei as bolinhas coloridas. Eram moles e bem macias.

— A macarronada vai rolar mesmo? - Ben me cutucou.

— Vai sim. Por quê? - Me virei para ele.

— Estou louco para experimentar. Deve ser uma delícia. - Esfregou as mãos.

— Pode ter certeza que é! - Garanti confiante que a morena ia cozinhar bem.

— Sabe quem vem? - Indagou.

— Nossos avós paternos? - Chutei.

— Eles também. - Confirmou. - Mas a nossa adorável priminha Evangeline vem também. Ela tá louca para te ver! - Contou.

— Mas o quê? - Indaguei não acreditando.

Evangeline era a nossa prima insuportável.

— Quêm mandou ficar com ela no Natal do ano passado? Agora ela tá gamadona em você! - Riu de mim.

— Ah! Merda! - Praguejei.

— Só quero ver quando ela e a Jade se conhecerem... - Sorriu maldoso.

— Isso com certeza não vai prestar! - Eu não queria nem imaginar na merda que ia dar...