O reino de Giarthio. escrita por Carenzinha


Capítulo 5
Capítulo 1- Opção 4




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Você procuraria um abrigo. Afinal, por descarte de opções essa parecia a mais segura. Você estava com medo da casa da senhora podia estar fechada e, como Teabyt disse que todos o odiavam, tinha chances da senhora também não ir com a cara dele, ou dela ser uma total maníaca. Fora isso tinha a escalada, que era íngreme, e você não parecia estar nas condições necessárias, e com certeza você não queria ficar caminhando por muito tempo até um rio e ainda ter que se esgotar para fazer um abrigo. Nisky não era alguém que você conhecia, mas não era justo desconfiar logo de cara do, aparentemente, o único que estava perto para te ajudar. Além disso você não sabia o motivo para ele estar sendo perseguido, poderia ser por algo bobo que você perguntaria mais tarde, você confiaria em Teabyt.

“Vamos procurar um abrigo.” Você disse. Sabia que estava dependendo da sorte, mas a possibilidade de achar um lugar quentinho soava melhor do que morrer nas outras opções.

Jeanisky olhou para o céu atentamente e respondeu:

“Cerrto, a gente tem um tempo, talvez a gente consiga.”

Você sorriu, “talvez” era melhor do que nada. Olhou para a paisagem e só viu neve. Torceu para que a escolha rendesse um bom abrigo.

“Então, para onde vamos?” Perguntou e Nisky deu de ombros.

“Me desculpe, eu não tenho ideia.”

“Mas, eu achei que você conhecesse aqui.” Arriscou a falar, um bônus de ter escolhido procurar um abrigo foi o fato de que você pensou que Jeanisky fosse ser um guia.

“Eu sou bom em fugir de encrrrencas, mas isso não significa que eu consigo achar bons lugarrres para ficar. Geralmente eu me virro em qualquer canto e nem sempre guarrrdo onde estou.”

“Ah.” Disse desapontado.

“É, mas, se quer um conselho, vamos para a esquerda. O oeste me dá sorrrte.”

 Você então resolveu ir para a esquerda, pois mesmo vendo que Nisky parecia perdido também, você não saberia o que fazer. Uma sugestão de alguém que pelo menos sabia o nome do reino seria melhor do que qualquer coisa que você escolhesse.

Teabyt assentiu e vocês começaram a andar por um tempo, sem nenhum sucesso. A única coisa que aparecia era neve e frio, sem sinal de ajuda ou abrigo. Você suspirou desapontado enquanto seus dentes batiam de frio. Só esperava não ter escolhido a opção errada.

Jeanisky tinha os olhos apertados, checando constantemente o céu e olhando atentamente para todos os lados procurando qualquer coisa que pudesse abrigar. Mas, ele não estava obtendo sucesso.

Nisky te olhava apreensivo a cada checada e você não podia fazer nada sem ser se culpar por ter preferido vagar ao invés de tentar outra coisa que pelo menos garantia um pouco sua chance de sobreviver.

Você estava sem memória e não podia ajudar na parte do tentar achar algo, pois, há alguns minutos nem sabia o nome do lugar em que estava. Tinha que ir na sorte.

O frio aumentava cada fez mais, sentia seu braços e pernas congelarem. Teabyt batia os dentes e tremia os cascos enquanto murmurava “a gente devia ter ido para a direita”. Você olhava para ele pensando se deveria ou não culpá-lo. Afinal, você poderia ter escolhido a direita, mas também poderia ter escolhido a esquerda, Nisky estava nessa situação também. Você se lembrou de quando Jeanisky disse que estava sendo procurado, mas ele não seria vilão, seria? Ele não estaria armando tudo para te matar, estaria? Em todo caso você resolveu fazer uma observação.

“Sem ofensas mas... achei que estivesse sendo procurado.”

Teabyt te encarou um tanto surpreso com sua fala e respondeu:

“E estou. Por que irria me ofenderr?” Logo em seguida ele olhou para o céu e fez uma expressão que não era uma das melhores.

Você então hesitou e tratou de formular as melhores palavras para a frase que viria a seguir:

“Então... achei que você devesse conhecer alguns abrigos.” Você parou ao ver a expressão ofendida de Nisky e tratou de se explicar. “Não, não! Eu não estou menosprezando sua ajuda e não quero que pense isso, e que... se você está sendo procurado por alguém você não devia saber como... como...” Suas palavras morreram, você sabia que não era totalmente certo reclamar da ajuda dele, pois você podia tê-lo dispensado se quisesse. Porém, Teabyt completou a frase para você.

“Como não se perrrder?” Ele sorriu, embora ainda um tanto ofendido.

Você assentiu.

“Bom...” Falava intercalando o olhar para frente e para o céu. “De verrdade eu te falei os três abrrrigos que eu mais uso, você que não aceitou.” Ele suspirou. “Clarrro que eu busco caminhos aleatórrios quando vejo necessidade, mas por horra não me lembrrro de nenhum.”

A neve aumentava cada vez mais. A cada minuto Nisky falava que faltava cada vez menos tempo para a tempestade de neve. Você estava cansado de caminhar e ver sempre a mesma paisagem, sem abrigo novo, sem nada por perto.

O vento ficava mais forte, você ficava com mais frio. Teabyt ficava mais quieto, ele estava tenso. A paisagem não mudava e você se perguntava se uma outra opção teria sido melhor. Seus dentes batiam e você tremia ao ver apenas a neve branca.

A nevasca começou.

“Eu sinto muito.” Falou Jeanisky depois de um longo silêncio, sua voz estava melancólica. “Eu achei que fosse ajudar, mas eu não me lembrrei de nada.” Abaixou a cabeça. “Agorra a gente vai morrer por minha culpa!”

Você olhava para ele, que estava com frio e sentindo culpa, e pensava em falar algo como “a escolha foi minha” ou “eu também teria escolhido a esquerda”. Mas, ao ver uma árvore torta aparecer repentinamente no cenário de neve, exclamou confuso:

“Uma arvore?! Aqui?!”

Foi quando Nisky parou de andar e encarou aquela árvore com uma cara sugestiva e pensativa. Você também parou e se perguntou o que estaria acontecendo. Alguns segundos depois Teabyt baliu de modo irado e exclamou para si mesmo:

“TEABYT JEANISKY COMO VOCÊ É UM OTÁRRRIO!”

Logo depois Nisky se virou para você e disse em tom de urgência:

“Prrecisamos correr!” Ele disse segurando em seu braço e te puxando rapidamente até a árvore e depois, ainda segurando seu braço, virou à direita. “Tinha me esquecido que a dirrreita também me dava sorte!”

Teabyt corria segurando seu braço como um desesperado, checava constantemente o céu enquanto cobria seu nariz com a mão livre para se proteger da nevasca. Muitas vezes Nisky tropeçava em pedras devido à rapidez. Além disso você estava esgotado, com frio e despreparado para encarar uma nevasca pois estava desmaiado há pouco tempo.

“PARA NISKY!” Gritou para ele. “EU CANSEI!”

“Eu sabia que você estaria cansado!” Gritou entre balidos. “Então eu estou te puxando para o abrrrigo! Desculpe, mas não dá para parrar pois não quero morrer e nem te matar!”

Você e Nisky correram até uma casa de madeira velha, porém útil. Seu coração pulou de felicidade. Tinham achado abrigo!

Um Teabyt ofegante rapidamente escancarou a porta e disse para você entrar com rapidez. Logo depois fechou a porta com força e sorriu.

“Conseguimos!”

Retribuiu o sorriso, embora estivesse esgotado.

Você então decidiu olhar atentamente a casa. Sua aparência velha por fora combinava com o cheiro de mofo por dentro. Você aparentemente estava na sala, que possuía um único sofá rasgado e com pedaços faltando. Dava para ver o próximo cômodo, a cozinha, pois a porta parecia bruscamente arrancada. A janela estava quebrada, mas um pano fora colocado no lugar do pedaço de vidro faltando. A lareira estava apagada, com alguns gravetos velhos que com sorte fariam fogo. Não era um lugar tão quente, mas era incrivelmente melhor do que a neve lá fora.

“Nem consigo acreditar que tinha me esquecido desse lugar.” Disse Teabyt enquanto limpava os cascos com a mão despreocupadamente e jogava a neve em um montinho no chão.

“Então, onde exatamente estamos?”

“Na verrrdade eu não sei, só sei que é uma casa abandonada, chequei isso antes de invadir a primeira vez.”

“Você já esteve aqui antes?” Perguntou curioso. “É que você não se lembrou de primeira...”

“Eu já vim algumas vezes, foi útil para fugir, mas deixou logo de ser minha melhor opção e acabei me esquecendo.” Nisky trocou o peso de casco e rapidamente o chão rangeu. Ele fez uma careta. “Um dos motivos foram esses barrrulhos, o cheirro de mofo e o medo que tudo desabe.”

Você engoliu a seco.

“Mas não se prrreocupe! Tenho cerrrteza que isso é melhor do que a nevasca.”

Você assentiu sorrindo.

“Mas, sinto em te dizer que se você estiver procurando comida, não vai acontecer! Tá tudo vazio.” Ele disse, pois viu você olhando de relance para o armário.

Você suspirou desapontado.

“Agorra, vamos ver se esses grrravetos funcionam.” Teabyt se agachou no chão e começou a esfregar os gravetos velhos um no outro, enquanto você sentia suas pernas bambas de cansaço e começava a bocejar. “Ah pode deitar no sofá se quiser.” Ele disse ainda olhando para os gravetos. “Pode deixar que eu me arranjo depois.”

Você a principio pensou em negar, afinal Jeanisky tinha te trazido para a casa. Porém você estava tão cansado que aceitou. Se deitou no sofá marrom que fez um grande barulho de molas soltas e de algo velho. Torceu para aguentar seu peso.

Apesar de ouvir os estridentes balidos de raiva por não ter sucesso com a lareira, estava com tanto sono que quando se deu conta, estava dormindo.

(...)

Você acordou com um fraco raio de sol batendo em seu rosto. Olhou de relance e viu que o pano da janela tinha caído. Depois olhou para a lareira, que estava acesa, e para Jeanisky, que dormia profundamente, deitado no chão. Você resolveu não acordá-lo, pois não sabia quanto tempo demorou para a lareira ser acesa, além disso ele estava dormindo no chão.

Então, cuidadosamente você colocou seu pé no chão mas...

O chão rangeu.

“BÉÉ! FOI SEM- BÉE! QUERRER- BÉÉ! EU JURRO!” Teabyt gritou ainda sem abrir os olhos. Ele começou a tremer.

Você rapidamente ajoelhou e o cutucou de leve. Viu o quanto estava aflito.

“Ei Nisky? Sou eu, pode me ouvir?”

Ele lentamente abriu os olhos enquanto uma gota de suor escorria do rosto dele.

“Ah é você?” Perguntou com um sorriso aliviado. “Que bom eu achei que fosse alguém querendo me matar.”

“Nunca se sabe.” Disse com um sorriso, mas ao ver a expressão assustada no rosto de Teabyt, completou entre risadas. “É brincadeira.”

Nisky sorriu fraco e te encarou desafiando a negar e dizer que era verdade, mas você não fez isso, pois estava mesmo brincando. Ele, parecendo mais aliviado, resolveu apagar a lareira com sopro e depois se virou para você.

“Então, você realmente não se lembrra de nada?”

“Não.” Você respondeu.

Jeanisky te mandou uma expressão desapontada, mas seguida de um sorriso determinado.

“Então vamos achar seu passado!”

Você a principio achou que ele estivesse brincando, mas percebeu que não. Estava surpreso, pois duvidava que alguém fosse tão desocupado a ponto de procurar seu passado com você.

“O que?! Por que?!” Perguntou confuso. “Você deve ter um monte de coisa pra fazer, não precisa me ajudar.”

Teabyt te mandou um sorriso terno.

“Fugir o tempo todo não é interessante e eu meio que não tenho obrrigações além dessas. Porrtanto fugir com alguém enquanto eu procurro o passado desse alguém é mais diverrtido do que fugir sozinho.”

Você assentiu, até que fazia sentido.

Nisky estava sorrindo assim como você. Ainda não tinha recorrido na sua mente a ideia de procurar quem você era, aquilo soava interessante. Você precisava de respostas.

Teabyt então abriu a porta, fazendo careta cada vez que o chão rangia conforme ele caminhava, e você o seguiu. Chegando lá fora você percebeu que o frio ainda continuava o mesmo, embora a nevasca tivesse passado, os fracos raios de sol não eram capaz de te esquentar. Você pode ver de longe a árvore torta cheia de neve e percebeu que não tinham corrido tanto assim, ontem você só estava cansado para reparar.

Nisky então olhou para você e disse.

“Temos três novos caminhos. Podemos ir para a dirreita, para a esquerda e para a frente.” Ele apontou para as três direção e nenhuma delas tinha nada de especial, apenas neve no chão. “Ou podemos voltar parra onde eu te encontrrei, mas eu não sei se ajudaria muito.”

“Certo.” Você disse enquanto olhava os quatro caminhos e a paisagem branca e fria era idêntica. “Então?”

Ele te olhou confuso e respondeu:

“É você que tem que decidir, o passado é seu, você pode se lembrrar de algo nesses caminhos.”

Você assentiu, pois aquele comentário fazia sentido. Olhou para todos os caminhos, iguais, sem nada de especial. Você não sabia o que fazer, mas respirou fundo e decidiu.

Letra:

A- Ir para a frente.

B- Ir para a esquerda.

C- Ir para a direita.

D- Voltar para onde você acordou.


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