Les Crimes de Grindelwald escrita por themuggleriddle


Capítulo 5
Paczki


Notas iniciais do capítulo

Estou me superando com os nomes de capítulos horríveis.



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O dia no Ministério fora entediante. Na verdade, quase todos os dias no Ministério eram entediantes e, em geral, a coisa mais excitante que podia acontecer era algum funcionário do departamento aparecer com um espécime vivo e ter que chamar Newt para ajudar a conter e cuidar deste. Era incrível como ninguém sabia lidar com animais de forma decente em um departamento que visava o controle e cuidado deles.

 

Naquele dia específico, um de seus superiores chegou com uma caixa cheia de gira-giras mortos, perguntando quem gostaria de tentar descobrir o que havia acontecido com eles. Como ninguém se manifestou e todos sabiam que Newt era a pessoa que mais gostava de colocar coisas em prática, ele acabou por ganhar uma caixa com cadáveres de gira-gira, os quais ele tentou estudar em uma sala separada, para não perturbar Norton Wolfhood, um de seus colegas que estava reclamando do cheiro dos animais.

 

No fim do expediente, Scamander havia analisado e descrito todos os espécimes, preenchido folhas de relatórios e não chegado a conclusão nenhuma. As possibilidades para causas das mortes envolviam o calor do verão que se aproximava ou algum parasita. Ele se prontificou a levar dois gira-giras para casa a fim de abri-los e ver se encontrava algo em seus tubos digestivos.

 

Foi assim que Newt chegou em casa e encontrou seu irmão sentado na cozinha, dividindo um pedaço de bolo com Queenie, Jacob e Bunty: segurando uma caixa com dois defuntos de gira-gira que, agora, realmente estavam começando a cheirar mal.

 

“Não sabia que tinha hóspedes,” disse Theseus, sorrindo para o irmão.

 

“Eles chegaram ontem a noite.”

 

“Foi uma surpresa,” Jacob falou, chamando a atenção do auror outra vez.

 

“Aposto que Newt adorou.” O jeito que Theseus o olhou deixou o bruxo em dúvida sobre o que ele estava realmente pensando: estava feliz com o fato de que o irmão mais novo parecia realmente gostar de ter visitas em casa ou estava desconfiando de algo? Provavelmente estava desconfiando, pois Newt sempre detestara visitas surpresas de parentes na casa dos pais. “Ele adora surpresas.”

 

“Tudo certo com os animais, Bunty?” ele perguntou, vendo a assistente se levantar.

 

“Sim, falta só o kelpie.” Ela se aproximou e Scamander lhe entregou a caixa, vendo-a fazer uma careta.

 

“Pode levar isso aqui lá pra baixo? Obrigado.” Bunty assentiu. “Pode ir para casa depois. E pode usar a lareira.”

 

“O que tem ai dentro?” Theseus perguntou, acompanhando a bruxa com o olhar enquanto ela ia para o porão. “Está fedendo.”

 

“Gira-giras mortos. Querem saber o que foi que matou eles,” Newt explicou, indo até os três. “Ahm, esses são Queenie Goldstein e Jacob Kowalski, eu os conheci em Nova York.”

 

“Lembro deles dos relatórios.” O mais velho sorriu. “E também já nos apresentamos enquanto você não chegava.”

 

Jacob cortou um pedaço do bolo e o ofereceu para Newt em um guardanapo. O bruxo aceitou, apesar de não comer o doce de imediato. Um nó havia se formado em sua garganta ao ver Theseus ali e ele não sabia a razão. Seria medo de que o irmão denunciasse a memória intacta de Jacob ou medo de que ele não aprovasse a sua amizade com eles? Ou ainda, um pedacinho de sua mente murmurou, medo de que o casal percebesse que ele era bem patético ao lado do irmão auror e herói de guerra?

 

Bunty voltou do porão, esbaforida, e foi até a lareira. A bruxa se despediu de todos e acendeu o fogo com um aceno da varinha, antes de pegar um punhado de Pó de Flu de um pote em cima do aparador e jogar nas chamas. Kowalski soltou um barulho assustado quando viu a mulher entrar nas labaredas esverdeadas e sumir.

 

“Mamãe que a mandou?” o Scamander mais velho perguntou, apontando para a lareira, onde Bunty havia estado havia pouco tempo.

 

“Sim, ela queria aprender mais sobre criaturas.” Um tanto hesitante, o magizoologista deu uma mordida no bolo. Estava delicioso. “Estou pensando em indicar ela para ser professora em Hogwarts.”

 

“E o que ela ensinaria, Newt?”

 

“Eu... Quero propor ao Diretor Dippet que introduza uma matéria sobre animais mágicos no currículo da escola.” Ele viu como o rosto de Theseus se contraiu com aquela expressão de pena de sempre. “É algo importante, Theseus.”

 

“E o que vão usar para ensinar, Newt? O seu livro?”

 

“É um bom começo, afinal, ele foi escrito para isso: ensinar bruxos e bruxas sobre animais mágicos para que eles os entendam e cuidem deles. E também tem outro vindo! Tem um pesquisador no Brasil que também está preparando um livro sobre criaturas...”

 

O mais velho ergueu as mãos, como se dissesse que desistia de argumentar.

 

“Espero que dê certo, apesar de que você poderia se candidatar ao cargo de professor.”

 

“Não sou bom para dar aulas. Não era bom nem mesmo para ir nas aulas.” Newt deu de ombros. “E também não iriam aceitar como professor alguém que foi expulso.”

 

Ele viu Jacob arregalar os olhos e Queenie apoiar uma mão no ombro do homem.

 

“Eles mantiveram a sua varinha-“

 

“Porque você e papai convenceram eles de que eu seria útil na guerra.”

 

O silêncio que tomou conta do apartamento foi pesado e constrangedor. Newt terminou de comer o pedaço de bolo e sorriu para o casal, não sabendo exatamente qual dos dois havia cozinhado.

 

“Estava falando para a Srta. Goldstein e ao Sr. Kowalski que Leta e eu iremos fazer um jantar amanhã a noite,” disse Theseus, usando um guardanapo para limpar dos lábios os resquícios de farelos de bolo. “Ficaríamos muito felizes de ter vocês lá.” Ele olhou para o casal. “É difícil conhecermos os amigos do Newt. Além disso, vi que gostam de cozinhar... Bom, a madrinha de Leta insistiu em trazer os seus elfos para prepararem o jantar e todos dizem que a comida dos elfos de Madame Nott é a melhor que existe.”

 

Scamander estreitou os olhos. Theseus conseguia ser irritantemente calculista quando queria. Ele sabia que Newt iria fugir de qualquer jantar ou festa e não demorou nem um pouco para perceber que convidar os seus amigos talvez fosse uma boa tática para convencê-lo de ir. O bruxo viu os olhos de Queenie parecerem desfocados por um momento e soube que ela estava na sua mente.

 

“Aposto que eles vão gostar,” disse Newt.

Pelo menos, se ele fosse, Theseus iria parar de lhe irritar com aqueles convites e, dessa vez, ele teria alguma companhia humana e não apenas Pickett no bolso.

 

***

 

“Você não precisa ir se não quiser.”

 

Newt manteve a cabeça baixa, ocupado em tirar o tubo digestivo do gira-gira que estava aberto sobre a mesa. Ele ouviu os saltos de Queenie estalarem contra o chão de madeira do barraco e, ao longe, a voz de Jacob enquanto este conversava com os bezerros-do-amor que estava alimentando com bolinhas.

 

“Theseus vai parar de dizer que eu nunca aceito os convites dele,” ele explicou, puxando os órgãos delicados para fora da criatura e os depositando ao lado desta. “Faz meses que ele repete isso.”

 

“Ainda assim, se não estiver se sentindo confortável em ir-“

 

“Vai ser melhor ir.” Scamander ergueu o rosto e sorriu. Ele estava nervoso, sempre ficava quando precisava comparecer a algum evento, mas também estava pensando que dessa vez teria Queenie e Jacob por perto. “Como estão as coisas em Nova York? A padaria, seu trabalho no MACUSA...”

 

“O trabalho continua chato.” A mulher encolheu os ombros. “Jacob ficou famoso com os doces e pães. De vez em quando eu o ajudo na padaria.”

 

“Que bom que está tudo bem,” disse Newt, logo antes de franzir o cenho ao ver a bruxa cruzar os braços na frente do peito de um jeito desconfortável. “O que foi?”

 

“As coisas estão esquisitas. Sabe, as pessoas cochicham por todos os cantos: os bruxos falam sobre Grindelwald e os no-majs, sobre outras coisas...” Queenie explicou, torcendo o nariz. “É engraçado como, entre os bruxos, o que mais importa é o sangue puro ou não. Com os trouxas, é tanta coisa: pele, religião, dinheiro... Sabe, algumas pessoas não gostam da gente.”

 

O bruxo inclinou a cabeça para o lado enquanto observava a mulher, tentando entender o que ela estava querendo dizer.

 

“Vocês?”

 

“Sabe, judeus. Tina e eu nunca tivemos problemas com os bruxos, mas eu vi como alguns no-majs tratam Jacob. Na maioria das vezes, é sutil, mas já aconteceu de o maldizerem só por isso," a mulher explicou, mordendo o lábio inferior e inclinando a cabeça para o lado. "Sem contar o que eles pensam."

 

Newt permaneceu em silêncio, apenas observando a mulher enquanto ela se aproximava o suficiente para esticar a mão e afagar Pickett, que estava no ombro do bruxo, olhando enquanto ele trabalhava. Scamander voltou a se concentrar no gira-gira, segurando o tubo digestivo com uma pinça e usando uma tesoura pequena para corta-lo.

 

“Não se preocupe, sei que não entende.” Queenie falou, depois de um momento de silêncio durante o qual apenas os barulhos de Pickett se faziam presentes. O bruxo sacudiu a cabeça, como se pudesse tirar a mulher de seus pensamentos. “O que você acha dele? De Grindelwald?”

 

“Acho que ele é uma pessoa ruim,” Newt murmurou, correndo a tesoura ao longo dos órgãos e o abrindo.

 

“Por quê?” Goldstein perguntou e apoiou a mão no ombro do outro. “Seu irmão também matou pessoas. E Jacob.” Scamander sentiu o corpo inteiro travar e tentou limpar a mente. “E você... Quantas pessoas morreram por conta dos dragões que você treinou?”

 

“Foi diferente,” ele sussurrou, encolhendo-se em uma tentativa frustrada de se afastar da mulher. “Era uma guerra.”

 

“Desculpe.” A mão de Queenie em seu ombro o apertou e, antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, os braços dela estavam ao redor dele em um abraço leve, porém carinhoso. “Desculpe, eu não pensei antes de falar.”

 

Outra vez, ele congelou, mantendo os olhos fixos no gira-gira e tentando ignorar o desconforto. A bruxa deve ter entendido o seu corpo ou lido os seus pensamentos, pois logo o soltou, murmurando um último pedido de desculpas.

 

“Os bezerrinhos estão de barriga cheia!” A voz de Jacob surgiu próxima a eles e logo o trouxa apareceu, trazendo um balde vazio. “Foram tão carinhosos que até parecem que lembrar de mim.”

 

“Eles lembram. São criaturas muito gentis e se afeiçoam rápido às pessoas.” Newt sorriu, lembrando-se da primeira vez que Kowalski vira as criaturas dentro de sua maleta. Aquele era o trabalho que queria ter, cuidando de criaturas e mostrando para outras pessoas o quão boas elas eram. Nunca mais queria ter que treinar um animal para que este encontrasse a morte logo em seguida.

 

“Sabia que Jacob faz doces inspirados nas suas criaturas?” Queenie falou, indo até o trouxa e segurando a mão dele. “Meu favorito é o paczki de pelúcio.”

 

“É uma receita da minha avó, eu só decorei para parecer com o seu amiguinho.”

 

“Ah!” Goldstein sorriu largo e deu um pulinho no lugar. “O que acha que fazermos uma porção deles para levar no jantar do seu irmão, Newt?”

 

A princípio, o homem quis dizer que talvez não fosse uma boa ideia levar bolos em formato de pelúcios para um jantar organizado por Theseus com a ajuda de Madame Nott e que, provavelmente, teria várias famílias nobres entre os convidados. Porém, bastou imaginar a expressão confusa no rosto do irmão ao ver os doces que a sugestão pareceu muito interessante. Aquilo o lembrou de quando ele e Leta, de férias, decidiram transformar as varinhas de alcaçuz de Theseus e seus amigos em lagartos de açúcar que saíram correndo pelo jardim da casa de seus pais.

 

O sorriso de Queenie se expandiu quando ela, muito provavelmente, entendeu a resposta do magizoologista pelos seus pensamentos.

 

***

 

No dia em que teria que comparecer à casa do irmão, Newt chegou em seu apartamento e o encontrou tomado por um cheiro doce que parecia transformar o lugar em um “lar”. Na cozinha, Jacob e Queenie alternavam entre diferentes tarefas, misturando as habilidades independentes de magia do trouxa e os feitiços da bruxa para preparar os bolinhos. Goldstein estava ocupada tirando outra bandeja de bolos do forno enquanto o padeiro decorava aqueles que já estavam prontos, fazendo olhos de glacê, bicos de chocolate e jogando açúcar de confeiteiro sobre as suas criações.

 

“Leve um para a menina que está lá embaixo,” disse Jacob, entregando um doce para Newt. “Ela veio perguntar o que era esse cheiro.”

 

O magizoologista desceu para o porão, levando consigo o pelúcio saído a pouco tempo do forno. Bunty ficou encantada com o doce e não parou de agradecer até voltar para cima a fim de atravessar a lareira para ir embora.

 

“A Sra. Fenella disse para a minha mãe que seu irmão vai dar uma festa hoje,” ela falou, guardando o bolo na bolsa e esticando a mão para pegar o Pó de Flu. “Parece que vai ser algo grande. Talvez eu apareça lá... Tinha falado que não ia – mamãe foi convidada -, mas já que vocês vão ir...”

 

Newt assentiu, desconcertado. Ele sabia que aquele jantar de certo não seria uma pequena reunião de família, mas tinha esperanças de que não fosse algo tão grande. Bunty, no entanto, estava lhe confirmando o seu medo.

 

“Nos encontramos lá, Bunty.”

 

A garota se despediu do casal, que continuava ocupado na cozinha, e logo desapareceu na lareira. Scamander deixou os ombros caírem e suspirou, olhando para Jacob e Queenie. Eles pareciam estar se divertindo, sujos de farinha e açúcar enquanto cozinhavam, de vez em quando trocando um beijo, alguns dos quais eram mais apaixonados e prolongados, fazendo com que Newt lhe desse as costas e fosse se entreter com alguns artigos que havia recebido pelo correio.

 

“Newt,” Goldstein o chamou e, quando apareceu ao seu lado na escrivaninha, não havia mais farinha em seu rosto. “Roupas. Que tipo de roupas temos que usar?”

 

“Ah... Algo formal?”

 

“Ótimo. Você tem algo formal, querido? Se quiser, posso arrumar uma de suas roupas para parecer mais ajeitada,” ela sugeriu, dando uma piscadela. “Faço isso em um pulo.”

 

“Não precisa, Queenie. Obrigado.” O magizoologista sorriu, se virando para ver Jacob terminar de decorar os últimos bolos. “Eu... Preciso só cuidar de um kelpie, antes de sair. Ele ainda é um pouco agressivo e sempre peço para Bunty não mexer com ele.”

 

A bruxa assentiu e foi atrás de sua mala de viagem. Newt se apressou para o porão, permitindo-se respirar fundo e expirar o ar com calma uma vez no pé das escadas, longe do casal. Ele gostava muito dos amigos, mas ainda era estranho ter gente em casa por tanto tempo. Aquilo o deixava cansado e ele se sentia um tanto mal por isso.

 

O kelpie estava mais calmo naquele dia e Scamander se sentou no patamar ao lado do viveiro deste, tirando os sapatos e enfiando os pés na água enquanto tratava do olho machucado do animal. O bruxo sorriu ao perceber que a criatura deitou a cabeça em seu colo, deixando que ele acariciasse o seu focinho e desembaraçasse a sua crina de algas. De vez em quando, ele apoiava as mãos no pescoço do kelpie, sentindo a pulsação dele sob a sua palma e se deixando acalmar com o ritmo estável desta.

 

Newt não prestou atenção em quanto tempo ficou ali, olhando a paisagem das Terras Altas enquanto dava carinho para o animal e tentava relaxar. Aos poucos, seus ombros foram se soltando e seu maxilar, destravando. Era incrível como ele estava nervoso com a perspectiva de encontrar com duas pessoas que, por muito tempo, ele ficava animado e feliz de ver: voltar para Hogwarts era uma alegria, pois lá ele podia ver Leta, mas ir para casa também era bom, porque teria Theseus de volta. Agora, ele tinha medo de ver os dois. 


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Notas finais do capítulo

Em nenhum momento, que eu lembre, os filmes ou informações extras falam sobre o Jacob ser judeu, mas eu sempre imaginei ele sendo por... alguma razão? Talvez porque o Dan Fogler seja. As irmãs Goldstein são confirmadas pelo sobrenome.

De qualquer jeito, eu espero que nos próximos filmes isso seja mais explorado, mas né. Vamos ver.



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