Les Crimes de Grindelwald escrita por themuggleriddle


Capítulo 3
Os Telhados de Londres




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Newt Scamander sempre fora uma pessoa distraída. Desde menino, ele se perdia em suas brincadeiras, em seus livros e em seus animais, ignorando todo o mundo ao seu redor. Ele havia perdido inúmeros pontos para a sua casa em Hogwarts por conta das vezes nas quais os professores o pegavam distraído e ele também perdera a conta de quantas vezes, ainda no castelo, ele havia caído no maldito degrau falso que todos os alunos lembravam de pular, menos ele.

 

Porém, quando queria prestar atenção em algo, Scamander era cuidadoso e atento. Ele só precisava saber para onde direcionar a sua atenção e, desde que Theseus havia lhe falado que estava sendo seguido, ele tinha encontrado um foco. Agora, ele conseguia sempre notar alguém em um canto o observando, sempre alguns passos atrás, escondido em esquinas e por trás de jornais. Eram três bruxos diferentes e eles o acompanhavam do Ministério até a sua casa, da casa até a padaria, da padaria até o campo, do campo de volta para casa e assim por diante.

 

Naquele final de tarde, Newt não sabia exatamente o que o estava irritando tanto ao ponto de o fato de estar sendo monitorado o tirar do sério. Talvez fosse porque ele tinha uma pilha de relatórios sobre ovos de agoureiros contrabandeados para corrigir em cima da sua mesa ou talvez porque os pelúcios filhotes estivessem destruindo a sua casa. No final das contas, não importava, ele só sabia que estava irritado e sem vontade de ver uma sombra distante o acompanhando ao longo das ruas de Londres.

 

O magizoologista aproveitou o momento em que um grupo de homens engravatados passou por si e pulou para a rua, atravessando-a com passos rápidos enquanto desviava dos carros. Pelo canto do olho, viu a sua sombra se agitar e, antes que ela pudesse o alcançar, o bruxo puxou a varinha rapidamente.

 

Ventus,” ele sussurrou e ouviu uma rajada de ar assoviar atrás de si.

 

Ele não ficou para ver o resultado, apesar de imaginar que tenha sido divertido. Correu para um beco e se pressionou contra a parede, tentando sumir de vista. Respirando fundo e soltando o ar, Newt não conteve o riso, lembrando-se de quando ele e Leta corriam pelos corredores de Hogwarts para fugir de professores e do zelador. Quando a risada morreu e o homem se virou para continuar o seu caminho para casa, levou um susto ao ver um dedo apontando para o seu rosto.

 

Não era exatamente um dedo. Era uma luva vazia flutuando no ar, um dedo esticado na sua direção, antes de se virar e apontar para algo a distância. Estreitando os olhos, o bruxo viu uma silhueta no topo de um telhado. A luva esticou os dedos, oferecendo um aperto. O magizoologista suspirou a sacudiu a cabeça, vendo a figura no topo do prédio acenar.

 

O mundo girou por um segundo, depois de Newt segurar a luva. Quando tudo ficou claro outra vez, o homem viu Londres se estender aos seus pés, um mar de cinza gigantesco. Ao erguer o rosto, viu outro homem parado na sua frente, distraído enquanto observava a cidade.

 

“Precisava ser aqui?” o mais jovem perguntou, esticando a mão e devolvendo a luva ao outro.

 

“Gosto da vista,” o homem falou, sorrindo.

 

Dumbledore nunca aprendia como os trouxas se vestiam. Era verdade que o próprio Newt tinha suas falhas quando se tratava de andar entre os trouxas, mas seu antigo professor conseguia superá-lo: no momento, vestia um conjunto de terno e calças verde piscina, além de um colete amarelo ovo. No meio de todo o cinza de Londres, o bruxo parecia um pavão, apesar de que o seu jeito de falar e andar não demonstrasse nada da atitude convencida daquela ave.

 

“Ouvi falar que teve mais uma audiência há uns dias,” disse Dumbledore, erguendo a varinha e fazendo um movimento amplo e longo com o braço. “Nebulus.”

 

Scamander observou as ruas da capital sumirem diante de seus olhos, engolidas por uma névoa densa que se esgueirava por todas as esquinas até estar cobrindo tudo. O homem mais velho sorriu satisfeito enquanto observava o mar de neblina.

 

“Dessa vez não falaram do senhor,” disse o magizoologista. “Queriam que eu fosse atrás de Credence Barebone, o obscurus.”

 

“Oh, falam muito de mim, é?”

 

“Eles parecem insistir que foi o senhor quem me mandou para a América, mesmo eu já falando mais de mil vezes que não foi.” Newt acompanhou o outro enquanto este caminhava ao longo do parapeito do telhado. “Apesar de saber que foi.”

 

“Eu não mandei nada.” Dumbledore se virou, apoiando uma mão no peito e fingindo estar ofendido.

 

“Não, mas foi você quem me disse onde encontrar o pássaro-trovão, Dumbledore.” O mais jovem estreitou os olhos, vendo um sorriso curvar os cantos dos lábios do outro. “Você sabia que eu iria para os Estados Unidos para devolver Frank ao seu habitat.”

 

“Sabia?” O professor sorriu. “Eu sempre tive uma grande afeição por pássaros mágicos grandiosos. Existe uma história na minha família que diz que uma fênix irá sempre encontrar um Dumbledore que estiver em apuros. Dizem que meu tatara-avô tinha uma de estimação, mas que ela foi embora quando ele morreu e nunca mais apareceu.”

 

“Com todo o respeito, professor, não acredito que tenha sido essa a razão para você ter me falado sobre o pássaro-trovão.” O magizoologista estreitou os olhos. “Você sabia que Grindelwald estava lá? Sabia de Credence?”

 

“Não sei do que está falando, Newt. Eu só quis ajudar com o pássaro.”

 

O magizoologista abriu a boca para retrucar, mas, antes que pudesse fazer isso, sentiu a mão do professor na sua e o telhado sumiu sob os seus pés. Eles reapareceram em uma rua enevoada, ao lado de vários ônibus estacionados e vazios.

 

“Já deve ter percebido que muita gente está atrás de Credence Barebone,” o professor falou, puxando o jovem para dentro de um dos ônibus. Ele olhou em volta por um momento, antes de se sentar em um dos muitos bancos vazios. “Ele está em perigo, Newt.”

 

“Dumbledore, não...”

 

“Você é uma das poucas pessoas que enxergam Credence pelo que ele realmente é: um menino assustado e em perigo. Os ministérios o veem como uma arma perigosa demais para ser deixada perdida no mundo,” Dumbledore continuou. “Ele está em Paris e está perdido, procurando pela mãe biológica. Ele precisa de ajuda, Newt.”

 

“Por que o senhor não vai?” Scamander perguntou, ocupando-se em olhar os bordados na lapela do terno do outro bruxo: figuras de pássaros alçando voo decoravam o tecido, todos em fios coloridos que brilhavam à luz da lamparina do lado de fora.

 

“Eu não posso.” A resposta foi curta e sem espaço para qualquer outro questionamento. “E confio em você, Newt. Acredito que ouviu os rumores sobre quem Credence realmente é?”

 

“Não.”

 

“Os sangue-puros acreditam que ele é o último herdeiro de uma família francesa muito importante, um bebê que todos acreditavam ter se perdido...”

 

Newt ergueu os olhos para encarar Dumbledore.

 

“O irmão de Leta?”

 

“É o que cochicham por aí. Puro-sangue ou não, eu sei de uma coisa: um obscurus cresce na ausência de amor, como um irmão gêmeo sombrio, um amigo. Se Credence encontrar um irmão verdadeiro, alguém que tome o lugar dessa entidade, ele talvez possa ser salvo.”

 

Scamander viu a mão de Dumbledore girar e lhe oferecer um pequeno pedaço de papel. Franzindo o cenho, ele apanhou o bilhete, notando que se tratava de um cartão, apesar de não ter nada escrito nele, apenas um símbolo em dourado que parecia brilhar discretamente: um círculo atravessado por uma seta.

 

“O que é isso?”

 

“Vai te levar até um lugar seguro em Paris,” o professor explicou.

 

“Um lugar seguro? Por que eu precisaria de um lugar seguro em Paris?”

 

“Caso as coisas desandem um pouquinho,” ele falou, sorrindo. “Como em Nova York.”

 

O bruxo se sentiu um aluno cujo professor havia descoberto alguma travessura. O magizoologista girou o cartão entre os dedos, vendo o símbolo brilhar com mais intensidade e a flecha acompanhar o movimento.

 

“Desculpe, Dumbledore.” Newt suspirou. “Eu tenho muita coisa para fazer por aqui: o meu livro, os animais... Se eu for, o Ministério vai me seguir e vai encontrar Credence. Eles estão de olho em mim. Além disso, estou proibido de fazer viagens internacionais. Se eu colocar o pé para fora do Reino Unido, eles me jogam em Azkaban e somem com a chave.”

 

“Sabe o que eu admiro em você, Newt? Mais do que qualquer outro homem que eu conheço?” o bruxo perguntou com a voz calma, a voz que usava quando não queria alarmar os alunos, fazendo o outro ficar surpreso. “Você não está atrás de poder ou fama. Você só quer fazer o que é certo, não importa como.”

 

Um momento de silêncio ficou suspenso entre eles, Newt mantendo o olhar fixo em Dumbledore, que agora sorria de forma gentil, os olhos azuis brilhando.

 

“Ainda não entendo a razão de você não fazer isso, Dumbledore.”

 

“Eu não posso ir contra Grindelwald. Precisa ser você,” ele explicou. O professor esticou a mão e tirou o cartão dos dedos do outro rapidamente, antes de ficar em pé e se dirigir para a porta do ônibus vazio. “Entendo o seu lado, Newt. No seu lugar, eu provavelmente recusaria também.”

 

O bruxo inclinou a cabeça em um rápido aceno, antes de descer os degraus do ônibus. O estalo da aparatação ecoou antes que ele chegasse ao asfalto, fazendo Scamander se ver sozinho outra vez.

 

Newt soltou um muxoxo e se escorou contra a janela do veículo, observando a rua enevoada do lado de fora. Não entendia a razão de todos acharem que ele era uma ótima pessoa para ir atrás de Credence Barebone. Se lhe fosse dada a oportunidade, Scamander se esconderia do mundo em casa ou em cantos remotos do planeta, estudando as criaturas que nunca esperavam nada dele. Talvez fosse por isso que ele gostasse tanto delas: animais não criam expectativas e não esperam grandes feitos uns dos outros, diferente de Dumbledore, que acreditava que ele fosse um bruxo admirável, ou seu irmão, que esperava vê-lo surpreender os seus colegas do Ministério.

 

O homem se sobressaltou quando alguém bateu na janela do ônibus. Na rua, um policial o olhava de cara feia, antes de bater mais uma vez no vidro com os nós dos dedos e o mandar sair.

 

***

 

Newt Scamander havia crescido em Gloucestershire, em meio a campos e bosques pelos quais ele e o irmão correram e se esconderam durante toda a infância. A casa onde moravam não era muito grande, mas tinha um jardim lindo, fruto da dedicação de seu pai, e os terrenos abrigavam uma vasta criação de hipogrifos, os tesouros de sua mãe. Quando chegou a hora de ir para Hogwarts, o jovem encontrou mais lugares para correr e explorar nos arredores do castelo, nas margens do lago e na Floresta Proibida. Newt se sentia bem no meio do mato ou afundado até a cintura na água, porém tinha horror a ficar muito tempo preso dentro de algum lugar.

 

Londres era um caos e não haviam casas com grandes jardins no meio da cidade, pelo menos nada que custasse menos que uma pequena fortuna. O seu apartamento era pequeno e seu departamento no Ministério, enterrado no meio de Londres. Por isso, quando seu peito ficava apertado de saudades do campo e de um céu azul, Newt corria para o seu porão.

 

O senhorio, um homem trouxa que vivia no norte com a esposa e o filho, não lhe causou dificuldade alguma quando ele decidiu transformar o porão do local em um viveiro e Theseus lhe deu uma mãozinha na hora de convencer o Ministério de que cuidar de criaturas fantásticas no meio de Londres não era algo horrível e de que ele seria cuidadoso. Talvez, Newt pensava, o irmão tenha dado uma ajudinha com o senhorio trouxa também, mas nunca teve coragem de tirar essa dúvida.

 

Porém, mesmo com um viveiro completo, é claro que os pelúcios adoravam escapar.

 

Naquela noite, depois de uma caminhada no meio da neblina, Scamander encontrou as pequenas bolas de pelo tentando roubar toda e qualquer coisa brilhante que ele tinha em casa: Harry tentava arrancar a corrente de um abajur, Lily estava escondendo um par de abotoaduras e sua bolsa e Ginny arrastava um relógio de bolso pelo chão. O homem suspirou, mas deixou uma risada escapar, antes de começar a correr atrás dos bichinhos. Depois de quinze minutos tentando apanhar os filhotes, o que resultou em muitos tombos e uma cadeira jogada no chão, Newt se viu finalmente descendo para o porão com três pelúcios muito irritados nas mãos.

 

“Bunty! Os pelúcios escaparam de novo!” ele gritou, antes de puxar o ar ao sentir os dentinhos de um dos animais em seus dedos. “Não faça isso.”

 

O porão não era mais um porão, mas sim um grande espaço subterrâneo contendo diversos ambientes que ele criara para os seus animais. No centro de tudo, havia um barraco de madeira, onde deixava a maioria de seus instrumentos e rações, e ao lado do qual ficava o viveiro dos pelúcios. O bruxo guardou as criaturinhas ali dentro e fechou a portinha, vendo-as correr pelo local em busca de seus tesouros. Ao se virar, encontrou o seu pelúcio mais velho encarapitado no topo de uma das prateleiras externas do barraco.

 

“Você podia ensinar eles a serem mais educados,” disse Scamander, mas o animal não pareceu muito interessado na sua lição.

 

“Newt?”

 

Uma mulher ruiva surgiu nas escadas que levavam para o andar inferior do porão. Ela parecia sem fôlego, depois de correr pelos degraus, e trazia nas mãos dois baldes vazios, ainda um pouco sujos de ração.

 

“Os filhotes.” Ele apontou para o viveiro, antes de olhar para o pelúcio mais velho. “Estou achando que esse delinquente aprendeu a abrir a gaiola e está soltando eles.”

 

“Não acredito,” a bruxa murmurou, enfiando um balde no outro, antes de se aproximar das prateleiras e pegar o animal nas mãos. “Não acredito!”

 

O pelúcio a encarou por um segundo, antes de pender a cabeça e se esticar até estar com a barriga exposta, pedindo carinho. Scamander sacudiu a cabeça. Bunty havia caído naquele teatro de fofura na primeira vez que o viu e agora ele repetia aquilo sempre que aprontava alguma coisa na frente dela.

 

“Está tudo bem, já foram todos recolhidos e já recuperei tudo o que pegaram,” disse Newt, batendo no bolso do casaco, onde os objetos roubados tilintaram uns contra os outros. “Pode ir, Bunty, já está tarde.”

 

“Não precisa de mais nada?” ela perguntou, vendo-o se aproximar e pegar o pelúcio de suas mãos.

 

“Pode ficar tranquila.” Scamander franziu o cenho ao ver um dos dedos da mulher enrolados em bandagens. “Você tentou mexer com o kelpie?”

 

“Precisava passar a pomada no olho dele,” disse Bunty em voz baixa.

 

“Ele ainda não está acostumado. Podia ter te arrastado para a água.”

 

“Desculpe...”

 

“Não, tudo bem, só não quero que você se machuque.” Newt afagou a cabeça do pelúcio. “Pode ir. Lave bem o ferimento. Se precisar, passamos algo para cicatrizar mais rápido amanhã.”

 

“Tudo bem.” A mulher sorriu. “Já dei comida para todos, menos o kelpie. Ah, posso usar a lareira?”

 

“Fique à vontade. Até amanhã.”

 

O homem observou a bruxa sumir no topo da escada. Bunty era uma boa auxiliar, gentil com os animais e dedicada. Ela havia se formado em Hogwarts há três anos e queria estudar mais sobre criaturas mágicas, mas, infelizmente, não havia muitas pessoas ao redor do mundo que se dedicassem a estudar aqueles animais sem estarem voltados para reprodução ou extermínio. Na verdade, Newt conhecia apenas mais um magizoologista, um rapaz brasileiro que conhecera quando visitou o país durante suas viagens de pesquisas. Bunty Kettleburn conhecia os seus pais e, a contragosto, a Sra. Scamander indicou o filho como um possível tutor para a jovem bruxa que queria tanto saber mais sobre bestas.

 

Scamander deixou o pelúcio sobre a gaiola dos filhotes, lançando um olhar feio para ele antes de se afastar. Ele passou por Tito, o agoureiro, encarapitado em um dos arcos que sustentavam o porão e Gillian, a claberto, pendurada em um galho que escapava para fora de um viveiro. Quando alcançou o patamar que queria, o homem respirou fundo e sorriu, ouvindo a água bater contra o encantamento que ele havia colocado naquele viveiro.

 

Na sua frente, havia um lago com água esverdeada e escura, brilhando sob o céu azulado enfeitiçado. Ao fundo, era possível ver montanhas recobertas por gramados verdes. Newt se sentia em Hogwarts outra vez toda vez que entrava naquele ambiente, o mais próximo que conseguira reproduzir das Terras-Altas escocesas. Ao lado da água, havia um balde cheio de carne crua picada, o qual Scamander apanhou e bateu na lateral, fazendo barulho.

 

A água esverdeada se agitou a alguns metros de onde ele estava, pouco antes de um chumaço de algas aparecer boiando na superfície. Por entre as algas, era possível, para o olho treinado, ver um par de olhos escuros e atentos.

 

“Vai ter que vir até aqui,” Newt gritou, batendo mais uma vez no balde.

 

A cabeça cheia de algas afundou outra vez e, depois de alguns segundos, emergiu logo na sua frente. O kelpie bufou, espirrando água no homem.

 

“Deixa eu ver o seu olho primeiro.”

 

Newt esticou as mãos para alcançar a cabeça do animal e logo as puxou para si outra vez quando este avançou e tentou mordê-lo. Ele ainda estava arredio, depois de ter sido resgatado do Lago Morar, na Escócia, onde havia sido ferido por um caçador trouxa. Newt suspirou e tirou o casaco, deixando-o pendurado no corrimão do patamar, antes de erguer as mãos, vendo a criatura esticar a cabeça para cheira-lo. O bafo quente bateu em seu rosto e o fez rir.

 

“Tudo bem, não vou te machucar,” ele falou, mantendo a voz baixa e calma. Quando sentiu o kelpie encostar o focinho molhado em seu peito, o homem se permitiu tocá-lo, acariciando a cabeça coberta de algas. “Pronto.”

 

O animal bufou outra vez e Scamander afastou as algas dos olhos dele, vendo o corte já meio cicatrizado que passava rente ao olho esquerdo. Com uma mão, o homem puxou a varinha do bolso da calça e murmurou ‘Accio’, fazendo o vidro de pomada voar na sua direção. Newt segurou a varinha entre os dentes e usou as mãos para aplicar a pomada no ferimento com calma, de vez em quando tendo que firmar os braços ao redor da cabeça do animal, quando este tentava se afastar.

 

“Pronto, pronto,” ele falou por entre os dentes e a varinha, finalmente se afastando.

 

O homem tirou a varinha da boca e a guardou no bolso outra vez, antes de bater no balde de comida com a lateral do pé, chamando a atenção do kelpie outra vez. Sorrindo ao ver os olhos escuros em si, Newt deixou o vidro de pomada no chão e pegou o balde, girando-o no ar para lançar os pedaços de carne o mais longe possível na água. O animal saltou na água, tentando pegar a comida no ar, antes de afundar outra vez, indo atrás dela.

 

Scamander riu e apanhou o vidro no chão. Quando olhou para si mesmo, viu a frente de suas roupas encharcadas.

 

Com todos os animais devidamente tratados, Newt agora podia descansar. Em meia hora, estava de pijamas, enfiado em um robe, tentando redigir a resposta para uma carta que recebera do colega brasileiro enquanto comia um prato de legumes cozidos. Ao lado da maquina de escrever, Pickett estava se divertindo com a corrente da luminária, a mesma que o filhote de pelúcio havia tentado roubar mais cedo. O magizoologista estava na metade do texto sobre botos cor-de-rosa, tentando encontrar referências que indicassem uma possível atração de um boto por um homem, quando alguém bateu na porta.

 

Theseus foi a primeira pessoa que lhe veio em mente como sendo capaz de aparecer naquele horário. O irmão devia ter saído do Ministério e ido até ali para tentar fazer com que ele repensasse a sua recusa da proposta dos auditores. Pensar naquela possibilidade fez com que Newt se sentisse tentado a fingir não estar em casa, mas a luz estava acesa e a escrivaninha ficava de frente para a janela. Theseus já o teria visto.

 

Respirando filme e fechando o robe ao redor do corpo, o homem se levantou e foi até a porta, já com a recusa na ponta da língua para quando visse o irmão parado ali.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

1 frustração: Dumbledore mais novo não usando roupas coloridas e extravagantes.



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