Les Crimes de Grindelwald escrita por themuggleriddle


Capítulo 11
Um Esconderijo em Paris




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O cartão que Dumbledore havia entregado ao magizoologista não parou de brilhar até que Newt se rendeu a ele. Segurando a mão de Tina, que segurava o casaco de Jacob que, por fim, tentava carregar Yusuf Kama, o qual continuava desacordado, Scamander segurou o cartão entre os dedos e deu o impulso da aparatação, mas, ao invés de pensar em um destino, deixou que a magia do objeto o guiasse.

Quando o mundo voltou a ficar focado em frente aos seus olhos, eles estavam dentro do que parecia ser um laboratório antigo, porém ainda em funcionamento, a julgar pelas ferramentas antiquadas, mas muito limpas. Havia diversos frascos de vidro organizados e etiquetados sobre as bancadas e prateleiras, alguns encarapitados em pés de metal, suspensos sobre velas acesas com chamas pequenas demais para se tratar de fogo comum. Também havia livros, muitos livros, espalhados nas bancadas, nas estantes e no chão, a maioria deles marcados por pedaços de papéis ou marcadores de metal.

“Que lugar é esse?” perguntou Jacob em um sussurro.

“Algum tipo de laboratório,” disse Newt, atravessando o aposento e analisando o que conseguia ver sobre as mesas.

“Um laboratório do que e de quem?” Tina o seguiu, se abaixando para olhar mais de perto o conteúdo de um dos frascos que borbulhava sobre uma chama.

“A princípio, diria que é o laboratório de um mestre das poções, mas...” O homem arqueou uma sobrancelha enquanto olhava um livro aberto sobre a mesa. Ele deslizou os dedos sobre os símbolos pintados nas folhas antigas e gastas. “Alquimia.”

“Alquimia?” Goldstein sussurrou. “Onde foi que você conseguiu acesso ao laboratório de um alquimista?!”

“Woah, qual o problema disso? Alquimistas são algum tipo especial de bruxos?” Kowalski perguntou, apoiando melhor Yusuf nos braços, e olhou em volta. O trouxa sorriu ao ver um sofá na sala logo atrás do laboratório.

“Alquimistas são bruxos como qualquer outro,” Scamander explicou. “A diferença é que eles se arriscam em estudar alquimia, que é uma área... um tanto complexa.” O homem se esticou para olhar através da janela, vendo o que parecia ser uma placa pendurada sobre o batente da janela. O símbolo em metal que balançava discretamente com o vento era o mesmo do cartão. “Ela estuda... não apenas a magia como resultado, mas como... pequenas partes? Alquimistas quebram as coisas para estudá-las: plantas, pedras, metais, feitiços, maldições, até mesmo a própria magia no seu estado mais natural possível.”

“Eles tentam entender as coisas a partir de pequenos pedaços,” Tina falou, tentando ajudá-lo. “Mas isso é complexo. Quebrar uma poção em ingredientes é fácil, mas quanto menores forem as partes que você vai quebrando, mais complexas elas ficam. É como os trouxas que estudam... aqueles que olham nos microscópios ou que teorizam sobre partículas que formam cada coisa?” Goldstein respirou fundo, antes de se virar para o trouxa e acenar a varinha na direção dele, ajudando-o a colocar Yusuf no sofá. “E eles tem uma certa obsessão por coisas realmente complexas como... magia pura e a vida em si.”

Um gemido fez os três se voltarem para o bruxo desacordado. O rosto de Kama se contorceu em uma expressão de dor e, antes que ele pudesse abrir os olhos, Tina atravessou o laboratório até o alcançar, apontando a varinha para a cabeça dele:

Dormito,” ela murmurou e o rosto do bruxo relaxou outra vez.

“Talvez não seja muito bom deixar ele dormir depois da pancada na cabeça,” disse Newt.

Tina o encarou por alguns segundos, antes de soltar um muxoxo e voltar andar pelo laboratório, olhando tudo com muito cuidado.

“Eu... precisava da ajuda de alguém para ver como está o zouwu,” o magizoologista murmurou e viu Jacob se virar para ele com um sorriso no rosto, antes de piscar e franzir o cenho.

“Acho que Tina pode te ajudar, Newt.” O trouxa olhou Kama e ignorou o olhar confuso da mulher. “Eu fico tomando conta desse aqui. Ela tem magia, vai ser mais útil.”

A auror abriu a boca para argumentar, mas acabou apenas respirando fundo e cruzando os braços na frente do peito. Scamander colocou a maleta no chão e a abriu, abaixando o rosto enquanto descia para não ver a expressão irritada de Tina.

“O que seria um zouwu?” a bruxa perguntou, enquanto descia as escadas para o interior da mala. “Oh Mercy Lewis... Foi um desses que fez isso?”

O interior de seu armazém estava todo revirado. O que havia sido a sua cama agora era um amontoado de espuma e plumas e cobertas rasgadas; seus livros estavam jogados pelo chão, alguns destroçados, e a porta havia sido arrancada do batente.

“Ela estava nervosa. Havia acabado de ser resgatada,” explicou, tirando o casaco e o deixando pendurado na cabeceira da cama. Pickett se esticou para fora do bolso e o observou. “Fique aí, Pick.”

Os outros animais que ocupavam o interior de sua maleta não pareciam tão preocupados com a destruição que havia ocorrido dentro do armazém. O rastro do zouwu agora se resumia às pegadas enlameadas e algumas ferramentas derrubadas por onde ele havia passado. Newt seguiu esses traços até Tina soltar um grito quando eles fizeram uma curva entre dois habitats.

“Oh não.” Scamander correu na direção do nundu escondido entre o ninho de occamys e as árvores dos tronquilhos. A criatura emitiu um rosnado baixo, se encolhendo mais como se fosse conseguir esconder o seu corpanzil atrás dos troncos finos das árvores. “O que houve, Lucille?”

“Lucille!” O bruxo ouviu a voz de Tina murmurar, exasperada.

“Ela é um nundu. Foi ferida na perna por caçadores e até hoje não consegue correr direito,” o homem explicou, esticando a mão para afagar o pescoço do animal entre os espinhos que se projetavam deste. “Ela é bem assustada com tudo. Nunca sai do seu viveiro por ter medo até mesmo do Dougal, depois que ele puxou o rabo dela uma vez.”

“Se Lucille não sai do viveiro,” Goldstein murmurou. “Então por que ela está aqui?”

“Provavelmente porque tem outra coisa no cantinho dela.”

Newt acariciou o nundu mais uma vez, antes de se afastar, guiando tina até o ambiente que imitava uma vasta savana. Tudo estava quieto, até o bruxo dar um passo para dentro do viveiro e ouvir um rosnado.

“Não a ataque,” ele pediu, olhando para Tina. “Se ela tentar fazer algo comigo, apenas jogue água nela.”

***

Tina não precisou jogar água no zouwu, apesar de Newt perceber que a mulher estava mais tensa do que nunca quando o alcançou, depois do animal se acalmar. A criatura agora estava deitada sobre uma das pedras do viveiro que outrora pertencera a Frank, o pássaro-trovão. Tina observava enquanto o magizoologista tentava desenroscar os nós mais evidentes na juba do animal, que parecia estar gostando da atenção que recebia.

“Vou ter que mudar o ambiente depois,” o homem explicou, indicado a paisagem árida ao redor deles. “Zouwus gostam de florestas e um clima mais úmido... Não é?” A criatura ergueu o rosto e o esfregou contra o de Newt. “Ela vai precisar de muito cuidado.”

“Eu sabia que você iria ficar horrorizado se visse aquele circo,” Tina falou, encostando-se na pedra ao lado dele. “Foi a primeira coisa que pensei quando vi os pôsteres com os animais e... Fiquei feliz de saber que você não iria ver isso.”

“Por quê?”

“Porque não quis imaginar você... triste pelos animais, Sr. Scamander.” A bruxa encolheu os ombros. “É de cortar um pouquinho o coração. Parece que alguém machucou você, não os bichos.”

“Acho que todo mundo devia se sentir como se estivesse sendo machucado quando vê alguém maltratando quem não pode se defender,” Newt murmurou, correndo os dedos através dos pelos dourados do zouwu. “Aposto que existiriam menos guerras se fosse assim.”

Goldstein sorriu, inclinando a cabeça enquanto o observava. O bruxo soltou os pelos do animal e esticou a mão para alcançar a de Tina, que trancou a respiração por um segundo. Devagar, ele ergueu a mão dela até a cabeça do zouwu, segurando-a ali antes de a deslizar até a orelha do bicho, que estremeceu sob o toque e suspirou.

“Quando eu e Leta... viramos amigos,” ele começou, ainda guiando a mão da mulher pela cabeça do animal. “Ela morria de medo de gatos, porque tinha sido arranhada pelo gato da madrinha quando era pequena. E eu peguei um gato e tranquei os dois em uma sala.” O bruxo riu. “Fiquei junto, claro, e... Merlin, ela tremia tanto quando tocou nele a primeira vez. Leta ficou com o gato, chamou ele de Sr. Lestrange.” O sorriso no rosto dele desapareceu aos poucos. “O Sr. Lestrange verdadeiro não ficou feliz e mandou ela se livrar dele. Até hoje não sei como Leta conseguiu chantagear uma das empregadas para que ela levasse o gato até a minha casa nas férias. Theseus ficou com ele... Se você ver o meu irmão, nunca diria que ele gosta de gatos, mas ele adorava o Sr. Lestrange, apesar de ter trocado o nome dele para Thomas, porque Theseus tem uma criatividade horrível.”

“Você chamou um pássaro-trovão de Frank.”

Newt encarou a mulher, vendo-a comprimir os lábios para esconder um sorriso, pouco antes de uma risada curta escapar de sua boca. Ele riu junto, esquecendo de guiar o carinho no zouwu, que se esfregou contra a mão deles. Ao movimento do animal, Tina parou de rir e afastou-se do toque dele.

“Ela tem... gatos, hoje em dia? Leta Lestrange.”

“No momento, não, mas ela me disse que quer tentar começar uma criação de amassos depois de ter um filho,” disse Scamander e logo se repreendendo pelo jeito que formulara a frase. O sorriso escorrera pelos cantos dos lábios da mulher também e ela agora segurava a própria mão contra o peito. “Tina, eu fiquei de te falar... Sobre Leta-“

“Acho que é melhor eu ir,” ela murmurou, olhando o zouwu outra vez e sorrindo para o animal. “Tenho que informar o Ministério francês e o MACUSA do que descobri até agora.”

“Tina-“

“Melhor você ficar aqui com o Sr. Kowalski, para... ver como Yusuf vai acordar,” ela continuou, se afastando a passos largos. “Além disso, sei que o senhor não gosta muito de aurores, então é melhor não vir junto.”

“Não é que eu não goste deles, eu só acho que eles são-“

“Carreiristas hipócritas?” A mulher parou no meio do caminho para olhá-lo. “Acho que foram essas palavras que você usou em uma carta.”

“Desculpe, mas eu não consigo admirar pessoas que acreditam que a morte é a única alternativa para qualquer coisa da qual tenham medo ou não entendam!” disse Newt, dando as costas para o zouwu e se forçando a encontrar os olhos da bruxa.

“Eu sou uma auror e eu não-“

“Porque você tem uma cabeça do meio!”

Goldstein permaneceu com a boca aberta, como se alguma resposta estivesse pronta para sair.

“Desculpe?”

“É uma expressão... Inspirada pelas três cabeças dos runespoors. A cabeça do meio é a que faz planos.” O homem olhou para o chão, sentindo-se corar até a ponta das orelhas. “Todos os aurores da Europa querem matar Credence, menos você, porque você tem... a cabeça do meio.”

“Existe mais alguém que use essa expressão, Sr. Scamander?”

“Acho que só eu mesmo.”

Tina sacudiu a cabeça e voltou a se afastar. O homem se amaldiçoou enquanto a seguia, vendo-a acenar a varinha para colocar tudo no lugar dentro do armazém, antes de subir as escadas.

“O bicho está bem?” perguntou Jacob, quando eles emergiram no laboratório outra vez, observando Tina ir até a janela e espiar a rua lá fora. “Newt, Newt, você falou alguma coisa sobre salamandras?!”

“Não falei nada de salamandras,” o magizoologista sussurrou. “Tina.”

“Não saiam daqui. Vou até o Ministério antes que Kama acorde e fuja,” ela falou. “Se as informações da mente dele estiverem corretas, Credence é irmão dele e de Leta Lestrange, e Kama vai fazer qualquer coisa para matá-lo.”

“Ele quer matar o menino por causa de... uma herança?” perguntou Jacob, franzindo a testa e olhando para Scamander, que apenas sacudiu a cabeça. Ele também queria saber qual a razão de Yusuf repetir tantas vezes que precisava matar o garoto.

“O que mais você viu na mente dele, Tina?”

A auror encarou os dois e puxou o ar com força pelo nariz. Ela estava escondendo algo desde que saíram dos esgotos, mas Newt, até então preocupado como zouwu e com a chance de falar com Goldstein de novo, não havia percebido.

“O pai dele o fez prometer ir atrás de Credence e o matar,” ela falou, suspirando. “Yusuf tem que matar todas as pessoas que Corvus Lestrange ama e... ele acredita que Credence é o filho dele.”

“Esse Corvus é o pai da sua amiga?” Kowalski perguntou, se colocando entre os dois bruxos. “Você não devia avisar ela que tem alguém querendo matá-la?”

“Kama não quer matar Leta,” Tina falou, olhando rapidamente para o magizoologista, deixando claro que havia entendido a situação. “Ele precisa matar o filho de Corvus Lestrange. Por isso ele fala tanto d’As Profecias de Tycho Dodonus... Aquele verso escrito na parede é sobre isso: o filho perdido de Lestrange, Leta como a filha em desespero...”

“Mas e se Credence não for Corvus?” Scamander a interrompeu. “Eu não acho que... não acredito que eles sejam a mesma pessoa. Não faz sentido.”

“Por que não, Sr. Scamander?”

“Leta sempre insistiu que o irmão estava morto. Desde que éramos crianças, ela sempre foi assombrada pela morte dele,” Newt explicou, fechando os olhos e esfregando a testa com a ponta dos dedos. “O bicho-papão dela... era um bebê afundando na água. Todos diziam que Corvus sumiu em uma viagem. Ela nunca realmente... falou o que aconteceu, o que ela viu, mas ela tinha certeza de que Corvus Lestrange estava morto.”

“Ela pode estar errada, Newt,” disse Tina.

O homem mordeu o interior das bochechas, antes de arregalar os olhos.

“Vamos ao Ministério,” o magizoologista falou, fazendo a bruxa arquear uma sobrancelha. “Mas antes de você informar aos aurores o que você sabe, vamos... precisamos ir até o Arquivo.”

“O Arquivo do Ministério? Por quê?”

“Famílias puras amam guardar relíquias sobre suas genealogias... Os Black tem uma tapeçaria inteira só com a árvore genealógica deles. Os Lestrange são uma família francesa, apesar de morarem na Inglaterra há muito tempo, e eles também gostam dessas coisas,” o homem explicou. “Theseus disse que o pai de Leta já mencionou algo parecido, dizendo que queria poder olhar a árvore genealógica uma última vez e ver um herdeiro homem.”

Goldstein o observou por um momento, antes de grunhir e bater com um pé no chão.

“É bom que esteja certo, Sr. Scamander.”

 


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