Orgulho e Segredo escrita por condekilmartin


Capítulo 4
Três


Notas iniciais do capítulo

Oioioi!
Mais um capítulo lindinho pra vocês, confesso que é um dos meus favoritos até agora haha!
Espero que gostem ♥



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DUAS SEMANAS DEPOIS...

O dia do baile de Ema finalmente chegou e a casa dos Benedito estava uma completa bagunça.

Mariana e Lídia discutiam sobre o penteado, Jane e Cecília ajudavam a amarrar o corselet uma da outra e a colocar as saias gigantes que os trajes pediam. Seria um baile à fantasia e era lógico que Ema iria ter a brilhante ideia de colocar suas amigas em vestidos lindos e bufantes a la século XIX.

Nenhuma das irmãs, com exceção de Lídia, caiu no papo de que Elisabeta havia ficado extremamente doente para ir ao baile, mas não comentaram nada. Com o mau humor que a irmã mais velha apareceu alguns dias antes – e que mantinha até agora – não valia a pena iniciar mais uma discussão, até por que dona Ofélia não deixou nenhuma das filhas esquecerem que tinham que deixar tudo preparado para o “grande dia”, como ela gostava de chamar.

Cecília foi a primeira a ficar pronta e, como viu que as irmãs não precisavam de tantas mãos para terminar de se arrumar, resolveu ir esperá-las na varanda. A moça não percebeu, mas fixou seu olhar em um dos canteiros e deixou seus pensamentos tomarem conta.

Pensou na Mansão do Parque. Tinha que dar um jeito de entrar lá, mas como? Precisava falar com Fani, saber se ela a ajudaria... mas será? A amiga já sofria tanto nas mãos do Almirante, será que iria ter coragem de enfrentá-lo? Não enfrentá-lo no sentido literal, mas, se as suspeitas de Cecília estivessem corretas e ele realmente tivesse assassinado a esposa, elas teriam que fazer alguma coisa.

Mas, se ele realmente tiver assassinado dona Josephine, como ficarão seus filhos ao receber essa notícia? A moça se questionava.

Não havia exatamente convivido com os meninos Tibúrcio na infância, mas sempre tivera certa simpatia por eles. Edmundo e Fani eram muito próximos e ele sempre aparecia quando estava brincando com a amiga, brincaram juntos por alguns momentos, mas Cecília sempre sentia que atrapalhava algoentre eles e se retirava.

Nunca fora próxima de Rômulo, sequer chegou a trocar alguma palavra com ele enquanto cresciam, não podia imaginar como seria a reação dele se o suposto assassinato da mãe fosse confirmado. Apostaria que ele cortaria laços com o pai e isso lhe partia o coração. Mesmo sem proximidade alguma, a moça não gostaria de vê-lo sentindo algo tão devastador quanto a perda de mais um parente.

Cecília percebeu que estava curiosa sobre Rômulo Tibúrcio. Desde que o viu enquanto observava a Mansão do Parque havia sentido algo diferente, mas não sabia identificar o que era. Ele era lindo, é claro, mas tinha algo sobre ele que a deixava intrigada. A fama de bon vivant o perseguiu até o Vale do Café e ele quase a tinha pego vigiando a mansão, talvez até tenha visto que era ela mesma e ficado desconfiado. Ou talvez só achasse que ela era meio louca, igual boa parte do Vale.

A número quatro estava absorta em seus pensamentos quando Lídia apareceu os interrompendo:

— Ei, psiu! – Chamou a caçula. – CECÍLIA! – Lídia bateu uma palma alta bem no ouvido da irmã, assustando-a.

— QUE SUSTO, LÍDIA! – Cecília gritou, colocando a mão no peito, que subia e descia rapidamente, e encarou a irmã. – O que foi?

— Estamos todos prontos e só falta você para irmos. – Lídia disse e levantou uma das sobrancelhas desconfiada. – Em que você estava pensando para estar tão nervosinha assim, hein?

— Em nada... – Cecília desconversou rapidamente, deixando uma Lídia ainda mais desconfiada, mas ela logo decidiu que não ganharia nada perdendo tempo com as ideias da irmã mais velha.

— Sei... enfim, vamos logo que mamacita já está tendo mais um dos seus ataques nervosos e só falta você.

Lídia seguiu em passos largos, deixando Cecília para trás, mas isso não a preocupou. A caçula era maluquinha mesmo e elas iam dividir a mesma cabriolé, já que Jane e Mariana iriam na outra com os pais.

Quando todos estavam acomodados, os pensamentos da moça migraram para os convidados do baile e foi aí que ela se deu conta: Rômulo Tibúrcio iria ao baile e provavelmente iria confrontá-la por estar espiando a Mansão do Parque. Ai meu Deus.

***

O dia do baile de Ema Cavalcante finalmente chegou e Rômulo estava ansioso por algo que movimentasse o pacato Vale do Café. Claro que ele queria chamar um pouco de atenção para si, dançar com algumas moças... tinha uma fama reconhecida, oras.

Ele estava quase pronto para sair de casa quando foi até o pai tentar convencê-lo a criar um vínculo com a população local:

— Papai, tem certeza de que não vai à festa de Ema? – Rômulo perguntou enquanto dava o nó de sua gravata.

— Você sabe que não me dou muito bem com esse tipo de coisa, meu filho. – O Almirante foi ajudá-lo. – Além disso, não há nada nem ninguém esse Vale que me interesse além dos nossos negócios.

— Bom, o senhor é quem sabe. Eu estou indo me divertir um pouco. – Rômulo piscou e virou-se para descer as escadas.

— Doutor Rômulo, sua cabriolé está pronta. – Fani disse sisuda.

— Obrigada, Fani. – Ele sorriu. – Tem certeza de que não vai à festa?

— Sim, senhor. Não é mesmo para mim. – A governanta esboçou um sorriso, mas logo voltou à expressão séria de sempre.

Rômulo subiu no cabriolé e seguiu para Mansão Ouro Verde. Assim que chegou, encontrou com alguns conhecidos e desatou em uma conversa um tanto desinteressante. Estava perto do ponche conversando com alguns senhores quando a avistou:

— Monsieur Felisberto, madame Ofélia e suas filhas... – anunciou um dos serviçais. – Jane, Mariana, Cecília e Lídia.

O olhar de Rômulo pousou sobre Cecília e ele ficou surpreso com o quão linda ela havia se tornado. Estava ficando indecoroso o tanto que ele a encarava, mas não conseguia não desviar os olhos. Havia uma vozinha dentro dele dizendo que aquela moça podia botar tudo o que ele planejou nessa vida a perder, mas outra insistia para que ele fosse conversar com ela e era exatamente isso o que ele queria.

Na verdade ele queria mais. Não pôde deixar de imaginar como seria percorrer o caminho traçado do lábio até o pescoço dela com os lábios, até o colo...

Rômulo! Ele se censurou. A festa mal havia começado e ele já estava tendo pensamentos um tanto impróprios com uma moça que mal conhecia. Para ser realmente franco, Rômulo não conseguiu parar de pensar nela desde o dia em que retornou ao Vale do Café.

Algo naquela moça o intrigava, e mais, fazia com que a desejasse. Estava começando a acreditar que talvez fosse pelo fato de ela não fazer parte do seleto grupo que se encaixava na sua promessa. Ele não podia tê-la como gostaria e isso estava enlouquecendo-o.

***

Os cabelos de Cecília estavam presos num arranjo e seu vestido estava começando a incomodar, mas ela não pode deixar de reparar o olhar de Rômulo Tibúrcio sobre ela. Era isso, ele sabia que ela estava vigiando a Mansão do Parque e iria tirar satisfação com ela, só podia ser isso já que ele não parava de encará-la.

É claro que ela não estava acostumada com aquele tanto de olhares para si. Não é porque dona Ofélia era louca para que as filhas casassem logo que Cecília havia deixado a timidez de lado, inclusive achava que conseguia ser mais tímida e reservada do que Jane, já que esta já recebera diversos pedidos de namoro de vários pretendentes, embora nenhum tenha realmente conquistado seu coração. Cecília preferia ficar em casa lendo, não gostava tanto de estar rodeada de pessoas, embora apreciasse as festas e gostasse de dançar algumas vezes.

A moça tentou desviar os olhares de Rômulo indo dar uma volta pelo jardim, mas logo foi surpreendida por ele:

— Boa noite. – Rômulo sorriu de lado, como o sedutor que era, mas tudo o que viu foi uma moça um tanto assustada, o que o deixou curioso.

— O que é que você quer comigo? – Perguntou desconfiada.

— Eu? Conversar. – Ele disse. – Tudo bem?

Cecília estava nervosa e tudo o que sentia era que precisava sair de perto dele, mesmo com algo dentro dela dizendo que não precisava ter medo. Ela ouviu uma algazarra se formando no salão e se agarrou à desculpa que encontrou:

— Que confusão será essa? – A moça juntou as saias, murmurou um “com licença” e saiu correndo dali, deixando um Rômulo perdido, sem saber o que tinha acabado de acontecer.

O coração de Cecília parecia que ia sair pela boca de tão nervosa que ela estava, mas mal teve tempo de controlar os seus nervos quando foi surpreendida pela chegada de Elisabeta – usando um terno!— e causando um burburinho e um certo desmaio na sua mãe. Também fora apresentada às pressas a Camilo Bittencout, lorde Darcy Williamson e Susana Adonato, mas, mesmo com toda a rapidez, Cecília logo viu que Camilo se encantou por Jane e ela por ele, apesar de estarem em meio aos gritos da bronca que dona Ofélia dava na filha mais velha.

Para acalmar os nervos de todo mundo, Ema convocou uma dança e Cecília estava no canto de uma das paredes enquanto observava todas as suas irmãs dançarem, até Rômulo vir até ela novamente:

— Desculpe, eu acho que a abordei de uma forma um tanto abrupta... – Ele fez uma mesura.

— Abordou mesmo! O senhor está me seguindo? – Cecília disse desconfiada.

— Eu? Estava falando de agora a pouco, senhorita e...

— Fez igual agora! Está achando que vou ser mais uma de suas vítimas? – Ela não conseguiu se controlar. Não que realmente considerasse a fama de casanova dele, nem as mulheres com quem ele se relacionava como vítimas, mas foi a primeira palavra que ela lembrou, oras.

— Vítima? – Ele soltou uma risada incrédula, era a primeira vez que alguém se referia aos seus romances como “vítimas”. – Olha, eu...

— Me dê licença, mais uma vez. – Cecília disse e saiu de perto dele, tentando controlar os nervos.

Rômulo não podia acreditar que havia sido dispensado duas vezes pela mesma moça numa mesma noite. Só podia ser uma piada. Aquilo nunca acontecia. Não que ele não soubesse lidar com rejeição, mas aquela era uma a qual ele não esperava e ele decidiu que aquilo ia ser um desafio pessoal.

O médico sabia que Cecília não se encaixava nos padrões de sua promessa, mas ele a desejava. Por que, entre tantas mulheres aqui, logo ela?

***

Quando a dança das irmãs finalmente acabou, Cecília praticamente arrastou Elisabeta para o jardim, com o coração quase saindo pela boca.

— Cecília, o que aconteceu? Por que está tão nervosa? – Elisabeta perguntou.

— O Rômulo Tibúrcio veio atrás de mim duas vezes e eu tenho certeza que é porque ele deve ter me visto vigiando a Mansão do Parque, só pode ser isso. – Cecília jorrava as palavras, sem conseguir se acalmar. – Vai ver ele me quer longe de lá, está acobertando o crime do pai...

— Que crime, Cecília? Isso só existe na sua cabeça! – Elisa revirou os olhos.

— Crime sim, Elisa, eu tenho certeza. – Cecília afirmou.

— Meu Deus, minha irmã. – A mais velha riu. – Você já parou pra pensar que ele foi atrás de você simplesmente porque você despertou interesse nele?

— O quê? – Cecília arregalou os olhos. É claro que não podia ter sido isso.

— Todo mundo no Vale sabe a fama de casanova que ele tem, vai ver ele te achou atraente. – Elisa deu de ombros.

— Atraente? Eu? – Cecília estava um tanto incrédula. – Um homem lindo daqueles? – Ela sorriu toda derretida.

Não é porque estava nervosa e desconfiada por achar que tinha sido pega que a moça não havia reparado na beleza do médico. Rômulo era extremamente lindo, e, se Elisa estivesse certa, ele só podia estar louco. Quem se interessaria por ela?

— Atraente sim senhora! Não é porque você passa o dia inteiro enfurnada naquela casa que não significa que não seja. – Elisa disse e resolveu aproveitar a situação para distrair a irmã. – Aliás, aproveitando que estou meio homem hoje – Cecília não pode conter uma gargalhada – vim lhe dizer que estou muito encantado pela senhorita e mais, vou largar minha esposa e filhos para fugirmos juntos e comer uns docinhos dessa festa maravilhosa.

A barriga de Cecília chegou a doer de tanto que ela riu daquela cena e ela agradeceu por ter irmãs tão maravilhosas. Mesmo não entendendo as loucuras umas das outras, elas sempre estavam ali.

As duas irmãs deixaram o jardim às gargalhadas e Rômulo observou a cena. Era uma cena tão pura e delicada como ele jamais havia visto e desejou saber o motivo de tantas risadas, mas decidiu que não iria mais importunar a moça Benedito naquela festa. Até ele sabia os limites, afinal, era um cavalheiro, apesar de toda a fama que carregava.

Mas havia algo em Cecília, além do desejo, que o intrigava e ele sabia que precisava conhecer mais aquela moça. E era exatamente o que ele ia fazer.


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Notas finais do capítulo

COMENTEM E RECOMENDEM ♥
Obrigada por terem lido, lindinhos! Vocês são maravilhosos ♥
Até o próximo!
xoxo



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