Uma Seleção com Rosie Ambers escrita por ANA


Capítulo 31
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Oi galera!
Como sempre, prezando pela simetria da fic, eu reparti o cap.
:(
Não tem nada novo pra quem leu a não ser o finalzinho.

Mas o fim das partes interminaveis está aí e o proximo cap está perto...

Peço desculpas pela demora.
Tive alguns problemas pessoais sérios na minha família que me impediram de jogar o resto...



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A sala de cinema se localizava no andar do jornal. Contei os assentos: Eram quatro fileiras de seis lugares. O príncipe me pediu para ficar a vontade e sugeriu que eu escolhesse o que iríamos assistir enquanto tratava de ligar o monitor.

Passei os olhos pela diversidade de capas que haviam num armário lateral. Se dependesse de mim,era Drama,Romance ou Comédia, porém,eu queria alguma coisa que ele também gostava. Comédia era uma boa opção:difícil de errar.

Observei Osten conectando nos cabos e mexendo nos botões. Aquilo parecia ser difícil, e a impressão que ele passava era a de saber exatamente o que fazia. Encarei as capas novamente me recordando de que, numa das nossas primeiras conversas, ele tinha me dito sua preferência por filmes de ação, e eu não desprezava o gênero.

"Então,qual vai ser?" Ele apareceu do meu lado. Mostrei e ele ergueu as sobrancelhas.

"Má ideia." Deduzi trocando.

"Não, não." Impediu"Eu só não gostei do final dele. Mas a obra em si é boa."

"Tem um monte de opção aqui. Não importa. E esse?"

"Esse eu nunca vi. Mas pode ser o outro que você quer."

"Por mim, tanto faz. Nunca vi nenhum." Dei de ombros.

"Ok. Eu só vou chamar ajuda,porque parece que deu um problema aqui. Você vai querer pipoca?" Apontou para uma máquina de fazer a mesma atrás de mim.

" Você vai?"

"Tomamos café há pouco mais de meia hora,mas filme sem pipoca é um pouco sem graça. É digamos que sempre tem espaço."concordei rindo." Vou pedir para fazer só um pouco então."

Um dos guardas ajudou Osten enquanto outro foi usar a máquina de pipoca. Ele sorriu para mim quando me aproximei.

"Quer aprender a fazer?" Assenti.Ao ouvir as instruções e ver a prática percebi que não havia jeito de eu aprender tão cedo.

"Eu não sabia que você sabia mexer naqueles cabos." Comentei quando Osten sentou do meu lado na primeira fileira. O filme estava na introdução. Ofereci a pipoca.

"Obrigado. Não é difícil mexer. A menos quando dá um problema assim, eu, normalmente, faço tudo sozinho. É meio desnecessário pedir que algum guarda ligue toda vez que venho. Já eram muitas vezes e agora,então, na Seleção..."

" Para os encontros" pisquei.

"É..."me olhou estranho.

"E programas divertidos. Pra descontrair , é claro." Apontei ao nosso redor me reprimindo por minha últimas falas. Por sorte, a voz do personagem começou a ecoar. Virei para Osten confusa.

"Já que está aprendendo italiano,achei bom colocar o áudio assim. Tem a legenda para você aprender. Achou ruim?Eu posso mudar agora mesmo."

" Não. Pode deixar. Foi assim que você me disse ter aprendido os idiomas,não é"

Ele concordou.

Deixei a pipoca num espaço que dava para nós dois pegarmos. Daí para frente ficamos praticamente em silêncio. Dei uma espiada. Osten ficava muito concentrado na tela. O filme em si era um tanto difícil de entender pela velocidade das ações e falar juntando que eu não dominava aquela língua e a legenda passava rápido.

"Cara, não tem dublado não?" Osten e eu nos entreolhamos antes de virar para trás.

"Parabéns, idiota. Agora eles já sabem de nós." Kerttu se levantou de trás de uma poltrona com a maior carranca do mundo. Ao seu lado Stefan com um aceno e sorriso malandro.

"O que vocês estavam fazendo?"

"Não é óbvio? Vigiando a evolução de vocês como casal."

"Kerttu!" Reclamei. O príncipe balançou a cabeça lhe encarando com um sorriso despretencioso.

" E o quê concluíram?"

" Que vocês são muito lerdos. Rosie, lembra que eu te disse que achava o meu avô lerdo e meu tio rápido?! Eu não poderia estar mais enganada. Por favor, né, tio! Não toma vergonha na cara de beijar ela,mas pelo menos que colocasse o braço ao redor da poltrona. Já era um bom começo."

Enquanto fiquei constrangida,Osten achou graça. Muita graça. De colocar a mão na barriga de tanto rir.

"Não acha que está exagerando?"

" Não." Ela cruzou os braços.Ele balançou a cabeça.

" Alguém aqui está vendo muito filme romântico" sussurrou no meu ouvido." Querem ficar conosco?"

"Eu quero, mas o filme tem que ser dublado." Stefan disse.

Osten suspirou.

"Vou ver se posso achar essa versão".

Ele saiu para trocar, ao passo que Stefan e Kerttu fizeram mais pipoca. Observei impressionada a agilidade dos dois para usar a máquina. No fim,nos reposicionamos. Osten e eu ficamos na pontas; Kerttu ao meu lado e Stefan do dele.No entanto,novos protestos da pequena mudaram as coisas, e eu e e Osten precisamos ir para o meio.

"E você vai colocar o braço ao redor da poltrona dela."

Fechei os olhos. Kerttu não tinha limites.

"E se ele não quiser?" Stefan riu.

"Eu acabo com ele se não fizer."

" Há. Duvido."

"Ei,calma! Sem discussão." Osten me olhou como que pedindo permissão. Dei de ombros como se não tivesse desconfortável com a situação e voltei atenção para a tela.

O resto do filme se seguiu mais agitado. Com vários de comentários sobre atos dos personagens e apostas sobre quem sobreviveria e quem não. Stefan acabou pedindo que trouxessem suco de laranja. Nem Osten,nem eu tínhamos lembrado desse detalhe.

...

"O que a Bridget fez?" Kerttu rebateu mais uma vez às minhas tentativas de abafar o assunto.

" Eu achei que você gostasse dela."

" Com ela atrapalhando você e o meu tio,as coisas mudam..."

Preferi nem questionar mais. Kerttu conversávamos no meu quarto. Um pouco depois do almoço para o qual não tínhamos nem apetite por causa da quantidade de pipoca.

Me doía dizer aquilo, visto que o valor que a ruiva tinha aos olhos da princesa. Mas ela insistiu. Falei também um pouco sobre o mal entendido com Osten.

"E não vão denunciá-la?" Neguei" Mas vocês tem que fazer isso!" Vi que a frase saiu forçada.

" Não. É como eu disse. O Osten quer manter ela aqui até o casamento da sua tia."Ela se levantou.

" Tô me sentindo uma boba. Bridget não vale nada mesmo. Tenho que ir embora..."

" Promete que não espalha isso." Assentiu indo para a porta. Estava claro que ela tinha ficado melancólica. Kerttu fez que ia sair,porém parou na hora que ia girar a maçaneta.

"Ei, o tio me falou que te deu umas sementes. Posso ver quais são?"

Andei até a estante para pegar o livro. Abri-o explicando de onde era,mas ela se concentrou mais nas sementes e na flor grudada.

"A gente pode plantar." Disse com uma pitada de animação."Vai ficar linda!"

" Sim, eu já ia sugerir isso..."

"Ok" aumentou o sorriso"Eu aviso quando a gente for na estufa pra fazer isso."deu um aceno correndo em direção a porta."Bons estudos."

...

Embora Phoebe e Suki ainda não tivessem conhecimento sobre Tyler e meu desmaio, graças ao Osten ter pedido silêncio para todos os funcionários da cozinha, estava pensando em falar.

Apesar de tudo, não fazia muito sentido esconder e a fofoca era o que mais corria no Palácio. Não seria legal elas saberem por último. Esse fato foi Lee quem me alertou. O programa de culinária, após o jantar, seria a oportunidade perfeita para isso.

"Rosie." senti um toque no ombro." Você anda distraída,hein"

" Hã, desculpa,Lorenzo,oi!"

"Eu não te perguntei por falta de oportunidade, mas queria saber se está realmente bem?"

"Ah,claro. Foi só um desmaio nada de mais." Dei de ombros.

"É... nada de mais. Você poderia ter batido a cabeça."

"Mas não aconteceu."

"Ainda bem..." sorriu com os olhos." Enfim,eu queria saber se está livre agora."

" É... na verdade. Daqui a pouco é minha aula de italiano."

"Ah... muito bem,mocinha responsável, não quero te tomar muito tempo." Revirei os olhos com o apelido. Era melhor do que 'linda'." Eu preciso te entregar..." Ele tirou uma caixa do paletó e colocou em minhas mãos.

" O que..."

"É um presente."

Presenteada duas vezes em menos de dois dias. Estranhamente bom. Não era nem meu aniversário.

" Você tem sido muito boa pra mim, e eu estou indo embora nesse sábado. Queria que ficasse como algo de lembrança."

Tudo bem que Osten me trouxe um livro, mas aquilo era porque ele sabia que eu queria e aproveitou que tinha no lugar que visitava. Eu nunca falei a Lorenzo se tinha ou não preferência por peças de ouro reluzentes.

Era a visão da perfeição. Apesar de não ter experiência alguma com joias, tinha consciência que era muito caro. O pingente tinha em formato de rosa. Passei a mão pelas pedrinhas vermelhas que a preenchiam.

" São de rubi." Olhei para ele assustada.

"Só pode estar brincando comigo."

"Você gostou?"

Suspirei preparando meu discurso. Um livro tudo bem,mas algo daquilo era demais.

"É muito lindo."Elogiei. Ele sorriu de lado." Você é muito gentil de me dar isso mas...eu não mereço uma coisa dessas."

"Como não?" Franziu a testa quando devolvi a peça.

"Por que é muito caro."

" E..."

" Você deve guardar para dar a uma pessoa especial." Sorri.

"Ela está na minha frente." Pegou meu pulso e colocou na palma da minha mão novamente.

"Hã... obrigada?!" Ri fraco." Mas estou falando de AQUELE tipo de especial."

Sua expressão murchou.

"Você não vai aceitar? Eu vou ficar triste se me devolver."

Seu rosto sério me deixou sem palavras. Era certo aceitar um acessório daqueles, tão valioso? Não estaria me aproveitando do bom grado dele ou algo do tipo? Por outro lado,se rejeitasse, ele levaria para outro lado.

"Ok... Eu vou aceitar." Ergui a mão com ela para enfatizar." Obrigada mesmo."

"Você já poderia usar, né? Posso colocar em você?"

" Pode" forcei um sorriso. Eu teria que fazer aquilo para não chateá-lo. Levantei o cabelo vendo sua animação em fazer o 'serviço'.

" Ficou ótimo em você."

"Acho que é impossível retribuir isso." lhe lancei um sorriso fraco.

"Eu duvido."

Meu corpo se chocou contra a parede. Suas mãos ergueram meu rosto e repousaram no meu pescoço; seus lábios sobre os meus. O susto me atrasou, mas não me impediu de dar o empurrão mais forte que consegui. Ele recuou uns passos.

Toquei minha boca, mas afastei as mãos como se tivesse levado um choque. Não pude encarar seu rosto por tanto tempo.Eu queria gritar. Fechei os olhos e tampei os ouvidos. Como se aquilo adiantar em alguma coisa.

"Perdão. Perdão,mesmo Rosie."

Minha mente processava.

Lorenzo me beijou.

Eu fui beijada/prensada na parede.

"Eu fui impulsivo demais. Você se machucou?" Percebi que ele tentava colocar a mão nas minhas costas e o empurrei mais uma vez sem jeito. Ele não me machucou,mas não tinha o direito. A vontade era de gritar e brigar.Eu poderia até ter feito isso, mas...

"Eu gosto de você desde a festa da Kerttu." Parecia aflito." Lembra quando eu disse que a garota que eu procurava estava por aí? Ela estava bem na minha frente, naquela noite. Vermelha dos pés à cabeça quando eu a elogiei e fingindo não me ouvir falar na 'roda do vinho',ao contrário do resto das meninas."ele falava com uma calma invejável e um sorriso de canto."Eu entendi na hora o que pensou. Me achava exibido. Dava para deixar o orgulho vencer, mas isso não aconteceu..Tudo porque você poderia ter me destratado,sido irônica, mas sempre foi doce e educada.Cada vez mais me vi mais fascinado pelo seu jeito, sua personalidade, por tudo em você.Não consegui te tirar da cabeça desde aquele dia." Ele deu um passo à frente e agarrou meu braço,assim que comecei a recuar."Por favor, não fuja. Prometo que não vou atacar, nem nada.Só me ouça até o final."

Um sorriso triste demarcava seu rosto.

" Por quê?... " Eu devia estar parecendo uma tonta a seus olhos,já que ele tinha acabado de me dizer o motivo de suas ações. Mas eu não sabia o que falar.

Ele suspirou.

"Por que estou me declarando agora? Porque fiz tudo isso?" Disse acariciando as costas da mão e meus dedos antes de me olhar" Eu acredito que quando se conhece alguém que mexe com seus sentimentos de uma forma tão forte, é errado perder tempo e ficar pensando nas consequências. Estou apaixonado por você." Tremi por dentro com essas palavras." E não só por ser linda, doce e talentosa. Eu simplesmente preciso de mais tempo com você. Eu amo quando você desvia o olhar envergonhada e amo sorriso que abre por rir de alguma doideira que falo. Eu faço de tudo para mantê-lo. Faço qualquer coisa por você."

" Lorenzo..."

"Por favor, esqueça o que eu fiz de errado a alguns minutos. Você não precisa me responder agora."

Puxei minha mão.

" Lorenzo, escut-ta. Eu não quero brincar com você." Senti amargura ao proferir essa frase. Pelos seus olhos fechados, ele já tinha entendido.

"Gosta de outra pessoa. Do Osten no caso já que se trata de uma inútil de uma seleção e você não teria se inscrito se não sentisse nada por ele. Eu achei ter visto falta de química entre vocês,é por isso que tinha esperança."

" N.."

" Eu respeito você."Me cortou."Mesmo que você não ache,eu respeito muito sua decisão. Eu só quero dizer que vou continuar sentindo o que sinto. Não importa se me rejeita."

" Me desculpa. "Balancei a cabeça tentando recuperar o fôlego."Eu..."

O que dizer? Fazer alguém sofrer era a pior sensação do mundo. Lorenzo já tinha suas desilusões e eu me tornei mais uma sua lista.

" Não se desculpe. E não quero isso de volta."Segurou meus braços,visto que eu tentava tirar o colar." É seu. Foi feito para você." Ele puxou minha mão para beijar."Eu te amo."Sorriu para em seguida me deixar plantada no meio do corredor.

...

Essa era a realidade: eu não consegui sair mais do quarto depois do que Lorenzo fez no corredor. Nem fui ver Tyler no concurso. Cheguei guardando o colar em um lugar que ninguém mexesse e disse às minhas criadas que precisava tomar um banho e dormir. Por sorte,o Osten tinha me dito, no cinema, que a noite estaria ocupado com uma reunião.

Não que ele fosse brigar,já que estava tudo certo entre nós,e ele sabia que Lorenzo não iria me afastar dele ou algo do gênero. Só que eu não saberia esconder meu transtorno e digamos que não tinha tranquilidade de chegar e narrar o ocorrido.

Deitei cedo e dormi tarde. Estava o tempo inteiro pensando no fato de que havia me enganado completamente com Lorenzo. Primeiro o julguei errado e fui irônica com ele, o quê me fazia me sentir mal porque ele afirmou que não fui. Depois deixei que ele se aproximasse achando que seria um bom amigo,mas ele só estava querendo me 'conquistar'.

Me revirei na cama diversas vezes. Eu não queria ser uma desilusão amorosa. Dava de tudo para não ter estado onde estava na hora que nos conhecemos. Em qualquer outro lugar da festa, não teríamos conversado tanto e ele não teria se aproximado assim.

Eu não teria crescido a seus olhos. Seria só mais uma participante normal da Seleção que ele passa do lado e nem repara. Pensando em sua declaração, ela era linda e sincera, porém não poderia corresponder. Ele era bonito, charmoso, educado, cheio de talentos, mas eu não sentia o mesmo.

Mais difícil que a rejeição foi o dia seguinte... quando ele nem apareceu no café da manhã e quando cruzei o caminho com ele no almoço. Ele simplesmente desviou o caminho. Estava parecendo até a fase difícil que eu e Osten passamos.

Ao menos, as coisas estavam melhores com este. Osten passou duas vezes na sala em que Jade e eu revisávamos o italiano para nos ver, o que não era costume.

"Boa noite." Se aproximou no primeiro andar quando eu caminhava para ir ao jornal.

"Boa..." sorri.

"Estou indo levar Lorenzo no aeroporto. Mas volto um pouco depois do Jornal. Podemos..."

"Lorenzo já vai voltar para Itália? Ele não ia amanhã?"

"Ah...Ele disse que alguns negócios urgentes. Ali está ele." Apontou para o italiano no final do corredor.Gelei de vergonha ao vê-lo se aproximar.

"Estamos atrasados."Disse olhando apenas para Osten."Vamos logo."

Acho que realmente o chateei.

"Ok. Mas não é como um avião particular se fosse decolar sem você." Seu amigo brincou ao meu lado. Lorenzo revirou os olhos.

" Que seja. Eu só quero chegar cedo." Ele me estendeu a mão que apertei sem graça." Foi um prazer te ver de novo por aqui, Rosie. Espero que isso se repita."

"Eu também. Boa viagem!" Disse tentando expressar desculpas com meu olhar.

Os dois saíram juntos e Lorenzo olhou para trás me encarando significativamente. Respirei fundo e andei para as escadas.

...

"Eu achei aquela Diana meio doida e você?"

"Acho que isso torna a saída do Gavril um pouco menos impactante." Respondi à pergunta de Ophelia.Depois de conversarmos sobre livros o assunto acabou caindo nas mudanças do Jornal Oficial.

Uma morena de cabelo curto se apresentou como Diana, a nova apresentadora. Ela deveria ter uns trinta anos e era tão energizada quanto Gavril. Fez a parcela introdutória do programa e, no demais,deixou Gavril dirigir. No final, deu um abraço em cada uma de nós. Diana tinha uma áurea positiva.

"Ai." Olhei para quem 'acidentalmente' tinha esbarrando em mim.

"Desculpa, querida,mas você estava no caminho."

Encarei Bridget com tédio. Ao mesmo tempo que tinha receio por saber que era seu próximo alvo,como Denise afirmara, dava vontade de respondê-la do melhor jeito possível. Entretanto, meu lado de cautela falava mais alto. Eu entendia que o melhor a se fazer era sumir de sua vista. Minha mente alertou para outro fato: era necessário deixar de estar tanto ao lado de Osten. Pelo menos em público.

E a saída de uma víbora foi compensada com a entrada de outra. Jade nos encarou e desviou o olhar frio para a televisão.

"Estão assistindo esse programa de novo?"

"É a semi final do Programa Juvenil de Culinária." Phoebe chegou do meu lado.

"Quem quer ver um programa cheio de pessoas que se acham só porque cozinharam algo chique?"

" Hã, colega? Não tá vendo o monte de gente ao redor da TV?Só pra lembrar, não está no direito de falar assim deles. Eles são trabalhadores, você nem sabe sujar as mãos.E você..." Agarrou meu braço." Não vai fugir hoje,ok?Prometeu que ia assistir com a gente" Phoebe nem ficou para ouvir a resposta que com certeza seria ácida.

"Você tá inspirada hoje." Comentei

"Ninguém fala mal deles. Ai, eu não tô aguentando de ansiedade...É a Semi ! Se-mi! Depois disso só sobram duas equipes!"

Sentamos ao lado de Emma e Suki na hora em que mostravam a preparação dos ingredientes. O desafio era fazer um jantar para dez pessoas no tempo de uma hora e quarenta. Era possível ver o nervoso estampado no rosto de cada participante. Até no de Tyler.

"Tomara que Columbia vença!"Phoebe disse quando a gravação acabou e Gabbe Stevens apareceu ao vivo acompanhado dos participantes. Ele iria anunciar os finalistas."Junto com eles poderia ser Sonage ou Midston. São boas equipes"

"Suki e eu queremos St.George."

"Vão perder"Phoebe deu língua para Emma.

"Disputando o primeiro lugar irá... St. George..."Uma salva de palmas no salão e lá. Era uma das províncias favoritas."E Columbia."

As palmas foram bem maiores.Phoebe me abraçou quase gritando. Olhei para a televisão feliz por Tyler e querendo ver sua reação. Sua mãe deveria estar gritando de alegria onde quer que estivesse.Os participantes vencedores começaram a agradecer pessoalmente a pais, amigos e familiares. Na vez de Tyler não foi diferente.

"Gostaria de mandar um abraço a uma pessoa especial.Minha amiga de infância Rosie Ambers."

Oh...

"Rosie Ambers, mas essa não é uma das...."

"Ela é uma selecionada sim. Nossa infância foi junto e uma das pessoas que me incentivou bastante nesses últimos tempos."

Um grande silêncio preencheu a sala.

" Que revelação, senhoras e senhores. Um grande abraço também, Rosie. Para você e todos no palácio" Gabbe acenou,assim como Tyler.

...

" E ela não te matou?"

"Não,graças a Suki."

Kerttu soltou uma risada. Phoebe tinha dado um surto maluco para me dar tapas na cabeça.

" Eu- não- acredito-que você- não-me- falou." Cada palavra era um tapa.

Suki precisou segurá-la enquanto o resto da sala ria.

"Não posso falar nada. Também fiquei bem chateada quando não me contou."

"Foi mal. "Suspirei.Pelo menos nenhuma das duas estava com ódio mortal de mim por aquilo... Era meu temor.

Encarei a pequena lista que Kerttu escrevia. Ela tinha erguido seu caderno numa posição que pegasse um resquício de luz vindo de fora dos vidros da estufa. Observei a página que escrevia.Segundo ela,o histórico de cada planta deveria ser bem organizado.

Estava registrada uma certa evolução das sementes de peônias, margaridas e lírios de um tempo atrás. Agora seu foco era as novas sementes trazidas por Osten.

"Podemos ir preparando o vaso e olhando as outras plantas até meu tio aparecer."

"Ele acabou de chegar." Apontei para a entrada.

"Stefan falou que precisavam de mim aqui."

" Sim, sim. Você não disse que queria ajudar nosso trabalho com as flores qualquer dia desses? Eu achei que séria uma boa ideia com as sementes que trouxe."

"Concordo plenamente." Se aproximou sorrindo.

"Ok.Antes de começarmos..." Disse folheando algumas páginas à sua frente. "Eu fiz algumas pesquisas sobre a tal da Knapweed. O nome científico dela é Centaurea cyanus. Ela típica de climas frios da Europa, mas vai dar para cultivar aqui se seguirmos todas as instruções direitinho. " Osten me olhou de volta. Ele estava com um sorriso de canto,assim como eu. Kerttu ficava simplesmente muito fofa com aquele falar sério." Em 20 dias vai germinar; Vamos ter que dar 20 a 30 cm de profundidade para a raiz e irrigar no início do dia ou no final da tarde SEM encharcar"

Ela logo me encarregou de pegar o adubo. Me indicou a direção de vários vasos inutilizados e instrumentos de jardinagem. Osten ficou com o serviço de usar a régua dela para achar um vaso que tivesse as dimensões ideais para a raiz crescer.

"Vou só pegar a pá para revolver a terra que acho que ficou no jardim."

Assenti me afastando para achar o adubo. Como estava um pouco escuro,não dava para saber de longe para saber se era isso ou sacos de terra comum.

"Vai sujar toda sua saia ajoelhada desse jeito." Osten comentou quase ao meu lado.

"Eu sei. Depois eu limpo ,é que não dá para enxergar as letrinhas." Apontei.

"É. Se não me engano era para ter algum sistema de iluminação aqui.Eu..."

"SÓ SAEM DAÍ QUANDO SE BEIJAREM,POMBINHOS"

O susto nos fez olhar para uma Kerttu que acenou e em seguida fechou a porta com uma chave. Enquanto fiquei anestesiada,Osten correu para a porta.

"Kerttu. Que brincadeira de mau gosto é essa? Dá para abrir a porta?" Me aproximei dele. "Abre isso! Eu vou contar para sua mãe."Ele batia no vidro e o que ela fazia em resposta era segurar o riso e fazer caretas. Me apressei para a outra que dava para o paredão verde.

"Ela trancou essa também."

"Só falta essa." Bufou batendo outra vez no vidro." Kerttu. Acho melhor parar"A princesa colocou a mão na boca e em seguida destampou o sorriso maroto para pôr a mão na orelha. "ABRE LOGO" Exclamou irritado quando ela fez um sinal de que não nos ouvia.

"Ah, ótimo."Recuou da porta."Como pude me esquecer."

"O quê?" O olhei confusa.

"Os vidros desse lugar são a prova de som."

" Ah...ai meu... quer dizer que não dá para dar para chamarmos nenhum guarda?"

Ele suspirou. Vimos que a princesa apontava para o chão. Fui a primeira a pegar e desdobrá-la.

Querida Rosie

Nem adianta pensar que Lee, Amy e Audrey darão sua falta. Para elas,fizemos a maior festa do pijama essa noite.

Ao tio Osten: nem conte com os guardas fazendo ronda por aqui hoje.

Daqui a pouco eu vou voltar. Só saem se se beijarem. Sem acordos.

Me agradeçam depois.

De sua futura Majestade Real,

Kerttu Schreave.

" Ela pirou."Ri sem graça ao assimilar plano de cupido da pequena.

"Também acredito que ela chegou a esse ponto!"Osten balançou a cabeça.

Não dava para ouvir as gargalhadas de Kerttu apenas ver os vários formatos de corações que ela fazia para nós.

"Como ela conseguiu esse molho de chaves?" Ele indagou quando ela nos deu um último aceno. Eu me lembrei imediatamente do dia em que ela me disse,no canteiro, como conseguiu as cópias de todas as portas do palácio...

 


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