Ele começou a rir.

"Por que essa cara desesperada?"

" Ah... É que... Não acho uma boa te falar. É constrangedor"

" É sobre o quê?"

Você.

"Não pode ser mais tarde?" Tentei fazer a melhor cara de súplica que eu podia.

"Não mesmo." Balançou a cabeça.

" E se eu não falar?"

"Eu posso te punir..." ergui as sobrancelhas." Por exemplo..." pensou" Te proibindo de ir até o jardim e a estufa."

Soltei o ar rindo.

"Hã... desculpa, não é exatamente para lá que estamos indo por esse caminho?"

"Poderia nos desviar para a biblioteca, quem sabe. Mas agora, de verdade, falar não vai doer nada. Eu prometo que não digo para ninguém."

"Não é isso... É que você não vai gostar."

"Por que tem alguma coisa a ver sobre mim?"

"Rosie?"

Fiquei em silêncio. Não queria negar.

" Não fique bravo com a gente,por favor,a Phoebe disse que é normal. Eu e Jennifer rimos e eu não consegui parar na hora."

" Rosie..."

"Só é uma mania engraçada que acreditamos que você faça quando para para pensar numa pausa,mas não tem nada a ver só a gente estar te caçoando por você ser..."

"Rosie!"

" Ai." Coloquei a mão na cabeça."Você me deu um peteleco na cabeça. É sério isso?"

Ele sorriu de lado passando a mão de leve pelo local.

"Perdão,mas se eu não fizesse isso,você não chegaria a lugar algum falando."

" Escuta, príncipes,por acaso, podem sair batendo assim em damas?"

Ele encostou numa parede e cruzou os braços.

"Isso não vem ao caso. Direto ao ponto, senhorita."

" Tá legal." Revirei os olhos e suspirei para tomar coragem."Você pisca toda vez que para falando."

Ironicamente, ele piscou duas vezes.

"Como é?"

Passei mais um tempo explicando o restante.

" Entendi agora."

"Está bravo?"

" Hum..." Deu de ombros e entrelançou nossos braços outra vez apontando para irmos em frente."Talvez esteja. Mas, no momento, só vamos esquecer isso."

" Não é por maldade,desculpa."

" Eu sei, está tudo bem." Sorriu de um jeito tranquilizador. O ruim foi o silêncio que se seguiu enquanto andávamos. Não me vinha nenhum assunto a mente, aliás começava a duvidar se estava realmente tudo bem.

" Osten,você ficou chateado, né?"

"Quê? Não." Disse sem me olhar." Eu já disse que..."

" É que você parece um pouco...tenso."

Ele me olhou.

"Não tem a ver com o que você disse. Só pensando sobre trabalho. Mas agora é hora de relaxar. O que acha de dar uma passeada pelo Grande Pátio e depois pela estufa."

" Acho uma boa ideia"

Próximo a porta do jardim,uma figura apressada terminava os degrais das escadas.

"Ei, Osten. Me mandaram avisar que a reunião foi adiantada. Estão nos chamando lá em cima. Bom dia, Rosie."

Lorenzo acenou com uma expressão animada.

" Bom dia."

" Ah... Agora que eu ia tinha marcado de sair..." Osten me olhou decepcionado."Desculpe,eu vou ter que..."

" Vai lá, depois a gente se fala."

Osten se aproximou da minha orelha.

" Me espere após o jantar. No quarto" falou baixo.

"Aham" Eu estava meio sem graça do Lorenzo estar vendo. O italiano havia sorriso e erguido as sobrancelhas trocando o olhar entre nós.

Esperei dois sairem de minha vista conversando e me dirigi ao Salão da Mulheres.

Como previsto, o amontoado de selecionadas se encontrava de pé numa fila para falar com May, Magda,Priscilla e Marianne.Fui para o final dela onde Denise que conversava com Karoline.

"Fala para gente,Rosie. como é a sensação de pisar na bola e levar um sermão do Príncipe?" Denise disse ao me notar.

"Experimenta falar com ele do mesmo jeito que fala comigo. Aí sim, você vai levará um."

Karoline riu baixo, apesar de não estar do meu 'lado'.

"Olha aqui,garota,só não discuto com você aqui e agora, porque não procuro vexames."

Ah, é...Quem mesmo que faria questão de continuar a briga no corredor? Mas eu não falaria aquilo para ela. Prefiro ficar em paz quando se voltou para frente.

As selecionadas que iam falando com as recém chegadas iam se dispersando. Phoebe veio até mim quando terminou sua vez.

"Me desculpa por por te fazer rir." Foi a primeira coisa que ela falou.

"Como?"

"Se eu não tivesse feito aquela piada... "

"Não,que isso, Phoebe. Osten não me odeia por isso. Ele entendeu e não está com raiva de ninguém."

Ela suspirou.

"Que bom. Eu e Suki queríamos saber se tinha dado tudo certo."

"Hum.. sim,e onde está ela?"

" Ali"

Apontou para a direção de um móvel antigo com retratos. A asiática conversava com a America, Eadyln e Emma.A acenou de lá quando nos viu.

"Vou até elas. Não que eu queira te deixar sozinha aqui, mas sabe como é difícil falar com a minha possível futura sogra..."

Concordei. As meninas a cercavam sempre que tinham oportunidade. Fazia sentido tentarem se aproximar da mãe do Príncipe.

" Vem depois."

"É,sim..."

Para falar a verdade,não me sentia muito a vontade para isso. Para elas era bem fácil, elas não eram filhas de Kriss Ambers.

Tive mais certeza disso ser um problema quando minha vez chegou.

Eu era a última.

Dei um passo a frente com um costumeiro sorriso amarelo. Sendo cumprimentada por May e sua amigas.

"Pois,então,Garota das Flores," sorri com a menção "Essas são a Mari e Pri."

May disse de que as três fizeram universidade junto com há alguns anos em Angeles. Eram inseparáveis desde essa época.

"Já que sabe sobre o assunto, quais são essas flores?" perguntou Priscilla para tiara amarela que usava na cabeça.

"São bonitas. Elas imitam dálias, não é?"

"Eu falei que eram Dálias." Olhou na direção de May e Marianne.

"Ah, cala a boca." A ruiva lhe deu uma cotovelada.

"Eu achei que eram crisântemos."Marianne disse.

"É que bem parecidas. Mas estou achando que são dálias porque já desenhei as duas várias vezes." Dei de ombros.

"Oh, lembrei." May tocou meu braço."Kerttu me falou sobre você fazer o desenhos de várias espécies. Se importa de nos mostrar depois? Eu estou ainda planejando meu buquê e talvez queira usar algo mais original."

"Claro." Sorri.

"Perfeito, obrigada!"

Ouvimos um pigarreio. Olhei para a senhora sentada a minha frente. A mulher possuia vários fios de cabelos grisalhos entre as mechas ruivas que se prendiam num coque alto.

"Você é mesmo a filha da Kriss Ambers?"

Reparei em sua feição fechada. Tinha traços suaves no rosto, apesar da idade, e usava joias brancas peroladas.

" Sim, adotiva."Acrescentei." Mas sim"

"Ah... " Disse com desânimo." Sem querer ser indelicada. Mas o que foi todo aquele ataque de riso?"

"Mamãe..."

" Não sei se estou doida,mas parecia rir do que meu neto falava." Magda ignorou o cutucão da filha que percebera,assim como eu, seu tom de advertência.

"Eu não estava rindo disso, Senhora" falei com cuidado. Ela pareceu analisar meu rosto.

Eu estava rindo da mania dele. Mas isso Magda não precisava saber.

" Eu só não consegui parar de rir com as minhas amigas de algo engraçado." Sentia a vergonha crescer a cada palavra proferida sob sua atenção" Esse é um defeito meu. Tenho problemas para parar na hora certa, infelizmente."

Dei uma risada curta e nervosa fitando o chão.

O que estava acontecendo comigo? Minha vontade era de sair correndo,apesar de não ter feito nada demais. Me obriguei a encará-la

"Espero que seja verdade"

Magda balançou a boca de um lado por outra enquanto me olhava de cima a baixo.

"Hum... Caso pense em fazer alguma coisa que magoe meu neto,fique avisada de que terá de passar por mim."

" Correto."

"Agora você passou dos limites."

No mesmo instante que falava, May puxou meu braço para que eu a seguisse para outro lado.

"Sinto muito pela minha mãe." Mirei o olhar chateado da ruiva e espiei o olhar de Magda sob mim de longe."Ela costuma ser um pouco protetora com a família, não..."

" May Singer!"Silvia adentrou no Salão ao lado de um a mulher de cabelos castanho curto."Preciso que me venha comigo e a cerimonialista que vai tratar de sua festa."

"Sim, eu já vou" A ruiva me pediu licença."Fique tranquila com tudo,ok?"

Assenti agradecendo. May Singer saiu acompanhada das amigas para um outro local. Ela conseguiu me passar certa confiança.

Não me sentia bem para ir até Suki,Phoebe,Emma, Eadyln e America. Não com Magda Singer me encarando como se eu fosse alguma ameaça a sua família.

Resolvi me aproximar de um jogo de cartas feito entre uma mesa baixa entre dois sofás. Ophelia estava ali junto de Cintia,Scarlet,Yasmin e Amelia.Era o final de uma rodada. Enquanto Cintia pensava na carta que lançaria, Ophelia me convidou pra jogar na próximo início de jogo.

"Eu não tenho muito habilidade. Prefiro só olhar hoje. Quem sabe outro dia."

Fiquei calada observando encostada atrás de seu assento. Ophelia era boa, mas quem ganhou o jogo foi Cintia que fez uma dançinha tosca de vitória.

Ophelia me explicou um pouco do jogo e me fez escolher algumas cartas para ela.Notei uns olhares atravessados de Scarlet e Amelia por minha presença ali e dei de ombros mentalmente.

Pelo visto nunca ficaria livre da ignorância...

O que Suki me falara sobre Ophelia e sua possível falsidade se voltou a martelar minha cabeça. Ela também me olhado frio no primeiro dia. Mas já tinha passado um bom tempo. As pessoas podiam mudar,não?

Nem tudo é o que parece ser.

Eu deveria dar uma chance a ela.Por enquanto, manteria o pé atrás e o cuidado.

...

Olhei para o relógio enquanto passava os rascunhos na minha escrivaninha. Havia dispensado Lee,Amy e Audrey há mais de uma hora e nada de Osten surgir. Era próximo das onze e meia. Eu não estava exatamente com sono, mas tentava sobreviver ao tédio.

Ao menos,sabia que ele apareceria daquela vez. Não seria como no dia anterior em que o fiquei aguardando arrumada até quase meia noite.Antes do episódio do pijama de ursinhos,Osten vinha não muito após o toque de recolher. Em vista disso, naquela noite e na anterior,eu tinha tido a cautela de permanecer vestida para sair.

Levantei para olhar a varanda.  Aquela noite estava milagrosamente gelada.Era um acontecimento bem marcante. O vento balançava bem as copas das árvores e alguns guardas riam de algo perto da entrada da floresta.Fiquei encarando o jardim por mais cinco minutos e ouvi batidas na porta.

" Está aberta." Disse alto o suficiente para que ele entrasse. " Achei que nem fosse mais vir" Resmunguei esfregando as mãos sobre os braços para me livrar do frio. Vacilei no retorno para dentro.

"Lorenzo?" O italiano tinha acabado de fechar a porta atrás de si.

" Oh, então não era por mim que estava esperando?" Pôs a mão no peito. Havia um certo humor em seu olhar e tom de voz."Estou magoado."

" O que você faz aqui? E como sabia que aqui é meu quarto?"

Ele riu.

" Você parece na defensiva,calma."

"Desculpe" Cruzei os braços."O que deseja?"

"Só estava passeando pelo andar e vim ver se estava acordada. " Deu de ombros."E quanto ao saber no lugar..." Sorriu de lado e andou até meu mural de fotos" Eu só perguntei aos guardas."

Franzi a testa. Por que será que eu não acreditava naquilo,hein? Eu podia enxergar de longe o que jovens como ele faziam para dar em cima de todas as moças. Restava confirmar se isso era realmente verdade com relação a ele.

"Por que você veio até aqui?"

"A sua família é muito parecida contigo,apesar de você ser adotada." Me ignorou.

Apontou para meu pai.

" Você é a cópia dele."

"Hã,é. Já me disseram."

Meu coração estava cada vez mais rápido. Eu sentia medo. Medo do que minha consciência me alertava. Lorenzo se concentrava em minha fotos de infância com uma expressão serena.

Olhei instintivamente para porta. Daria para sair correndo ou gritando,caso... Eu poderia empurrá-lo ou chutá-lo. Ok,sem chance. Eu não tinha força alguma.

O giro dele me fez dar um grande pulo para o lado. Bati com tudo na minha cômoda.

"AAAH." 

Logo na parte do ferro.

"Você se machucou?"

"FICA LONGE DE MIM." Empurrei-o com uma mão,já que a outra estava no quadril.  Só então notei o que gritara.

E a vergonha me tomou.

Lorenzo me olhava confuso. Fechei os olhos um instante tentando  esquecer a dor.

"D-desculpa,mas p-posso saber o que faz aqui  a essa hora da noite... Alteza?" Completei tentando ser firme.

Ele ergueu as sobrancelhas e suspirou.

" Bem... Eu sei o que deve estar pensando. O que faz um principe invadir meu quarto a essa hora quando nem o conheço direito,nem as intenções dele com isso? " Ele riu fraco e tocou meu ombro. "Não se assuste." disse depois do meu sobressalto. 

"Aliás,que fique claro que eu respeito bem o meu amigo e sei muito bem que você é uma selecionada." Prestei atenção em sua face. Ele aparentava ser franco. "A questão aqui não é essa. É que simpatizei com você. Um dos seus pontos comigo é pelo que fez pelo Stefan."

" Ahn?"

Tinha ficado completamente confusa.

"Vou explicar melhor: Eu conheço Stefan desde que ele que ele era um bebê e sei o garoto nunca para quieto. Por isso,achei muito estranho ele parar de correr com as crianças pelo salão,durante a festa da Kerttu, e sumir de uma hora para outra. Não pude fazer muita coisa para ir atrás, porque estava ocupado com uns políticos... "

Franzi a testa tentando entender onde Lorenzo queria chegar.

"Mas descobri que você ajudou o garoto com o problema que ele tem da heterocromia. Tudo com uma conversa bem interessante. Sobre ele ser especial como uma flor com alteração genética..."

"Hibisco." 

"É. Essa flor mesmo."Sorriu."Ele tinha uma autoestima muito baixa. Mas isso mudou muito depois vocês conversaram. Ele me disse gostar de ter um olho de cada cor. Isso... foi bem incrível da sua parte."

"Me alegra que tenha ajudado.

"Você é uma peça rara." Lorenzo sorriu se voltando para as fotos novamente. Fiquei sem graça."Quantos anos tinha aqui?"

Apontou para uma foto.

"Sete. Eu estava em um parquinho sendo balançava por meu pai."

"E nessa uns dez,suponho. Estava aonde,numa floresta?."

"Na verdade, aí eu tinha treze. Isso é foi viagem para uma reserva ecológica na província de Kent" 

Eu estava ao lado de uma flor planta nativa que desenhava.

" Essa é atual."

" Mais ou menos. Foi tirada no ano passado"Expliquei.

Eu estava abraçada a minha mãe ao lado da faculdade que ela trabalha.

"Vocês duas são muito bonitas. Engraçado. Nossas mães se conhecerem há mais de vinte anos atrás aqui e agora somos nós."

" É..." Devolvi o sorriso. Lorenzo se referia ao evento em que minha mãe ajudou a receber a princesa Nicholeta e outras mulheres da corte italiana. Eu já tinha ficado um pouco mais calma do que minutos atrás. Pelo visto Lorenzo não queria nada além de conversar.

Fez se um silêncio,enquanto ele observava uma foto com eu e meu pai em frente a uma cachoeira.

Acabei me lembrando dos momento no banco com Stefan no dia da festa. Por falar nisso, tive a impressão de estar sendo observada quando abracei Stefan.

" Como você sabe disso? Digo, do que falei a Stefan?"

"Ele me contou no mesmo dia."

Ah,então não. 

"Inclusive ele me disse que você manda muito bem em desenhos de flores."

"Mais ou menos." 

"Não seja modesta. Eu posso vê-los?"

Andei até minha bancada e estendi o caderno.O que eu estava fazendo?

" São muito bons. " disse depois de folhear.

"Se você acha, obrigada."

"Se minha mãe e minha irmã vissem isso,não iam te deixar em paz pedindo para você desenhar mais. Gostamos muito de artes. Minha mãe nos pagou disso desde que a gente era criança.."

"História da Arte ou artes na prática?"perguntei sentindo um súbito interesse.

" As duas coisas. Sempre temos aulas práticas de pintura e desenho."

"É sério? Vocês são artistas?" 

"Pode-se dizer que sim." Deu de ombros."Ela sempre admirou a arte da Itália e queria que a gente soubesse bastante sobre isso. Eu e Delfina usamos todo tempo livre que podemos para produzir quadros,desenhos,até esculturas... Minha irmã, inclusive, é melhor do que eu."

"O que exatamente pintam e desenham?"

" Paisagens, edifícios, pessoas. Eu, particularmente, represento  tudo o que me der inspiração. Qualquer dia desses, quem sabe eu te mostre."

Assenti por educação.

"É,seria legal."

"Acho que chega de invasão por hoje."Se levantou após uma pausa. " Obrigado por me receber. Prometo não vir tão tarde assim da próxima vez."

Ele fez um aceno com a cabeça e saiu em poucos segundos. Soltei o ar que estava guardando. Estava aliviada ao menos por nada sair fora do normal. Talvez eu tivesse sido preconceituosa demais quanto a ele. Me lembrei quando Osten me disse isso uma vez.

Balancei a cabeça e me sentei um pouco na cama para aguardá-lo. Por que a demora? Lorenzo passara um bom tempo ali e nada de Osten. Consegui ficar acordada por mais meia hora. Mas Osten não veio.

... 

 " Cuidado, Kerttu!" O grito de Eadyln ecoou por todo pátio. Várias cabeças viradas na direção de uma princesa completamente suja de lama."Eu não falei para você não lutar de vestido?

Não adiantava mais.

A ideia dado por May era todos passarem a tarde num lugar mais fresco enquanto ela dedico a algumas coisas do casamento.

Ela, Priscilla, Marianne não paravam de falar como matracas à cerimonialista sobre o que queriam para a festa, deixando o resto das mulheres presentes em sua mesa só observando. Até que Kerttu caiu. A princesa havia ido para trás para dar um golpe e tropeçou num ressalto.

Lorenzo ajudou a pequena a se levantar. Ambos lutavam esgrima na parte da grama, local próximo às mesas das selecionadas. A garota tinha boas habilidades e Phoebe não seria Phoebe se não elogiasse a destreza de Lorenzo no meu ouvido.

O italiano chegou a passar uma vez por nossa mesa com Kerttu roubar biscoitos. Descobri que ele ensinava o esporte a Kerttu e Stefan quando vinha.

"Kerttu Schreave. Vá tomar um banho."

" Mas o vestido é escuro. Dá para disfarçar."

Apesar das gargalhadas ao redor, a Rainha não se dobrou.

"Vá AGORA. Se não quiser seus DVDs e seus..."

"Tá legal. Eu já vou." A pequena saiu em disparada.

"Essa princesinha não tem jeito."Phoebe comentou do meu lado.

Observei Lorenzo beber um suco na mesa. Osten surgiu conversando junto ao pai e se aproximou dele. Por que será que não tinha aparecido ontem. Ele não era de esquecer assim...

" Você tem certeza de que se sente bem?" Phoebe disse após eu abaixar a cabeça na mesa onde tomamos café da tarde. Suco de laranja com biscoitos de chocolate.

"Sim, só é um pouco de sono."

"Lendo até tarde,suponho."

"Se a Silvia te vir assim..."Suki alertou.

"Só me avisem se ela chegar." Suspirei fechando os olhos.

Ficar acordada até tarde, levantar às seis para plantar com Kerttu,e enfrentar uma aula entendiante de italiano a manhã toda tinha esgotado minhas energias.

"Que isso, hein,Rosie." Phoebe riu.

Fiquei ainda de cabeça sobre abaixada vendo as esculturas perto dali. Minha atenção de desviou Emma.

"Vocês acham que tem algum motivo específico para a Tina ter saído?"

Essa tinha sido a novidade desde a manhã. Tina havia acordado e pedido para sair.

"Saudades de casa?"A asiática sugeriu.

" Eu acho que talvez ela tenha pensando que não tinha chance e não tinha desistido."Phoebe falou

"Acho que não foi por isso não... Ela é uma das que mais tinha encontros com o Príncipe Osten. Eu achei que ela estava em vantagem." Emma disse ."Só se ela desencantou mesmo com a ideia de see princesa, o que eu também acho difícil."

"Eu já havia notado que ela estava mais triste essas dias." A fala da asiática foi a última que prestei atenção. Observei Osten conversando com Bridget próximo à uma estátua.

Ela expunha toda sua 'doçura' e charme para ele. Apontou para sua roupa e cabelo o fazendo rir de alguma coisa que havia dito.

Por que aquilo me dava uma má sensação? Eu sabia que Bridget, sendo o que era, nunca seria escolhida por Osten. Ou... espera. A primeira noite em que achei que viria ele acabou tendo um encontro com ela. E se na noite anterior também...? Não. Não era possivel.

Me lembrei de tê-los visto se falando pela manhã após o café. Ele estavam muito próximos de uma hora para a outra. 

Céus. Ele havia matado um combinado comigo só para ver Bridget Collins! Se fosse com Suki, Phoebe,Emma, Ophelia,ou qualquer outra selecionada que valesse mais. Mas com aquela...

Fechei o punho e os olhos balançando a cabeça.Me corrigi após uns segundos. Ainda bem que as meninas não notaram minha reação. Me reprimi pelo descuido,porém era impossível ficar bem diante daquela situação. 

  Osten era ingênuo de dar atenção à Bridget. Talvez ela ela fosse uma ótima manipuladora.Ou ambas coisas.

Eu poderia falar sobre as coisas que a atriz fizera. O problema é que ela poderia ser  esperta o suficiente para se fazer de vítima. Eu precisava de provas de que Bridget estava fingindo ser pacífica.Só aminha palavra possívelmente  não  adiantaria a ele.

Não sabia se Osten confiava em mim a esse ponto. Eu torcia para que sim,mas era melhor não arriscar. Fiquei encarando, vez ou outra,a conversa dos dois até que Osten, por coincidência, cruzou seu olhar ao meu. Ele olhou ao redor e se despediu de Bridget vindo na direção da minha mesa.

"Senhoritas, boa tarde,esqueci de avisar que meu pai quer tirar fotos de todas perto da mesa central do Grande Pátio. Se puderem se deslocar até lá."

As meninas se saíram na mesma hora.

" Ei,Osten" Segurei o braço do Príncipe."Eu preciso falar com você."

"Só um minuto. Eu preciso avisar o resto das selecionadas."

"Elas estão se avisando.A maioria já se levantou para ir."Apontei na direção do restante que ia se juntando ao amontoado de mulheres.

"Hã se é assim. Diga."Sorriu.

" Eu só queria saber por que..."

"Alteza." Bridget gritou ao lado de May." Pode vir até aqui."Apontou para uma folha que segurava.

"Agora não dá tempo, Rosie. Depois, sim?"

"Tempo de falar com ela, você tem, né?" Resmunguei em voz baixa enquanto ia escolhia andar para o lugar onde minhas amigas faziam pose de abraço

Bridget terminou de falar com ele e May,e ambas vieram para o meio da fileira horizontal de mulheres. Maxon estava a nodsa frente com um sorriso de orelha a orelha. Ele trocava de posição o tempo todo batendo inúmeras fotos. Osten e Lorenzo ficaram apenas observando.

"Já terminou, Maxon?" Ouvi a voz de America depois de um minuto e meio.

Ela expressava justamente o que eu sentia:cansaço por estar na mesma posição sorrindo.

" Só mais algumas, querida."

" Entao, acho melhor ir logo com isso, querido."

Ri junto com a maioria por causa da ironia da última palavra.

"Também te amo." Ele sorriu.

Eu nunca tinha visto esse lado implicante do casal. Deveriam estar bem a vontade com todas os visitantes.

...

Suki estava demorando demais. Era só pegar um estojo de maquiagem. Qual a dificuldade?

A asiática a ofereceu uma maquiagem para May antes nova sessão de fotos de Maxon, que agora seria feita com Kerttu. Ele só dera conta da falta da neta depois de tirar as primeiras. Apenas as selecionadas, May e suas amigas concordaram em fazerem de novo.

Kerttu desceu às pressas me encontrando no banco próximo às escadas. Usava um vestido da mesma cor que o anterior, só que limpo.

"E eu achei que estava atrasada. Por que você ainda está aqui?"

"Esperando a Suki. Ela foi buscar maquiagens e não ficou sabendo que agora a sessão é no canteiro."

"Hum... Eu vou na frente porque quero dar uma passadinha na estufa. Até!"

Deu um beijo estalado na minha bochecha e sumiu na poeira.

Ainda bem que não ficara... Não seria nada legal que ela ouvisse o que eu ouvi.

No início,só reparei em duas vozes femininas e nos barulhos dos sapatos altos. Mas conforme vinham aumentando eu tinha a impressão de que seriam...

"Por você nunca dá créditos ao que eu digo? Depois não reclama quando quebrar a cara."

" Não seja dramática."

"America, minha filha, acorda para vida. Ela é a filha da mulher que quase roubou o SEU HOMEM."

"A Kriss não..." E já era. Da posição que Magda ocupava,uma enfeite grande de estátua me escondia. Mas não de America. Essa parecia tão alarmada quanto eu." Ah, mãe. Você devia ter mais cuidado com o que diz.A filha dela está aqui no palácio."

Falou ao passo que me desloquei para trás de um armário de madeira.

" Acharia bom se essa tal Rosie ouvisse mesmo. Para pensar duas vezes antes de querer por os olhos no meu neto. Eu não perdoo vocês se não fizerem nada para tirá-la daqui"

"Ela é uma competidora. Não é justo."

"Ou eu mesmo falo com Osten"

" Mãe, por favor, chega."

Obrigada, madeira. Por estar no lugar certo,na hora certa,ao contrário de mim...
Que,ao menos, Magda Singer não me visse. Que ela não me visse.

"Chega do quê? Imagina que terror. Osten tendo a Kriss como sogra. A Kriss teria que estar aqui no palácio para visitar a garota. Consegue pensar naquela mulher falando frequentemente com seu marido e você tendo que fazer sala para ela?"

" Vamos parar de falar disso?"

"Ainda não acabei. Você não tem ideia do pesadelo que isso pode ser. Ah, minha nossa... E se essa garota só veio para causar confusão? Se ela veio para se vingar pela mãe? Duas sedentas por dinheiro e poder."

Eu não acreditava no que estava ouvindo. Ela estava me chamando de criminosa, maníaca ou algo assim.

O barulho de uma corrida

"America, volte aqui!" Pelo visto,Magda fora atrás.

Mais nenhum ruído.

Liberdade para sair.

Quando dei por mim já estava andando para o lado oposto ao que elas foram. E eu que não subiria as escadas,vai que foram para lá.

Meu coração pulsava e minha cabeça estava a mil. Aquelas acusações, a forma como eu e minha mãe fomos chamadas...

Era humilhante.

Primeiro,era óbvio que minha mãe não queria mais nada com Maxon. Segundo: O que raios fazia Magda pensar que eu estava ali por vingança?

Isso era injusto com minha mãe. Eu queria poder ter tido a coragem de sair detrás daquele armário e defendê-la perante Magda. Ela não tinha o direito de acusá-la. Mas franga, como sempre,tudo o que pude fazer era me esconder.

E mesmo sem motivo, sentia vergonha só de pensar em ter que olhar para a cara daquela mulher outra vez.

Pensei em America e no jeito que ela me pedia para que a mãe parasse. Ele me defendeu um pouco,eu acho. Talvez, porque me viu. Claro,se eu fosse do tipo de garota que gosta de escândalo, iria direto para uma revista de fofoca.

Mas eu não era assim. Sorte deles.

 Após me dirigir para o outro lado do Palácio, quase na porta de entrada, conclui definitivamente que o dia não podia ficar mais louco.

" Por favor,eu te amo!"

Via Gianna ajoelhada em frente ao principe, como se tivesse pedindo-o em casamento.

" Sinto muito. Eu não vou voltar atrás."

"Alteza,por favor, me dê mais uma chance. Foi uma coisa do momento."

Ele cruzou os braços.

" Está querendo dizer que estapear o rosto de uma criada não é uma atitude reprovável?"

Abri a boca no choque.

"Eu estava com raiva e ela também colaborava não fazendo nada direito. Desculpa! Eu não sou assim violenta e você mesmo deu uma segunda chance para Denise e Suki!"

Osten bufou.

"Suki e Denise tiveram uma segunda chance porque apesar de brigar, elas se arrependeram. Eu infelizmente não posso ter alguém do meu lado que não sabe enxergar a importância dos outros que lhe prestam serviços."

" Eu posso mudar!" Ela agarrou a sua camisa. "Eu faço qualquer coisa por você."
Se eu não tivesse vindo de uma tensão tão grande, teria rido.

" Me apaixonei desde o primeiro momento que te vi e quase surtei de alegria quando sortearam meu nome. E te conhecendo melhor, você é maravilhoso. É gentil,é educado,é inteligente..."

"Agradeço,Gianna. Mas vão haver outros rapazes por aí muito melhores que eu que podem te fazer muito feliz. Tenho certeza. Foi uma prazer te..."

" NÃÃO" Ela passou a chorar tentando resistir ao braço que tentava soltar sua mãos da camisa.

"Não fica assim... não é o fim do mundo."

E o beijo forçado me fez por a mão na boca,assim como o empurrão que quase derrubou Gianna no chão.

"GUARDAS"

" EU SEI ISSO MEXEU COM VOCÊ, ADMITA."

Nenhuma resposta.

" POR FAVOR, NÃO FAZ ISSO COM NOSSO AMOR"

Ele arqueou os ombros respirando fundo e soltou enquanto a selecionada era arrastada para a porta.

" OSTEEEEEN" 

Ainda era possivel ouvir os gritos mesmo com a porta fechada.

Agora eu podia rir.

Ele só ai se virou.

"Ei. Você viu tudo isso?"

Assenti tentando me recompor. Sentia pena da menina, mas...

Ele andou até mim.

"Eu a eliminei hoje cedo junto com a Tina. Mas ela se recusou a sair do quarto o dia inteiro sem se despedir primeiro ambiente e agora de mim. Isso era desculpa para ficar mais e eu cedi." Se bem que Gianna não apareceu no Grande Pátio

Ele balançou a cabeça.

" Se eu soubesse que ela faria isso tudo."

"Está reclamando. Pelo menos a despedida foi bem calorosa."

Compartilhamos um riso. Trocamos um olhar, mas eu logo desviei o meu.

Por um instante,tinha me esquecido que estava chateada com ele.

Agora o sentimento ruim voltava a me invadir: Osten e Bridget. Meu instinto foi dar meia volta.

" Calma aí, está tudo bem?"

" Sim por que?" Disse com ele ao meu encalço. " Tenho que voltar para as fotos no canteiro."

" Certo,que você que queria aquela hora?"

" Nada demais. Já não precisa mais falar."

" Você tinha dito que era urgente. Está aqui,o que custa falar?"

"Eu disse que não é mais, é sério."

"Hum... tem certeza? Mas ,afinal, como veio parar nesse lado do castelo? "

"Andando,oras."

" Ha, ha. É mesmo? Por acaso estavame perseguindo?"

Virei a cabeça para trás, encontrando um sorriso presunçoso.

" Hein?"

" Se sente saudades é só dizer."

"C-como é?"

" Sabe que isso foi inesperado,mas nem tanto."

Franzi a testa.

" Do que você tá falando?"

"Não me surpreende,de fato,que até mesmo minha melhor amiga não resista à vontade de ficar perto de mim."

Não pude fazer nada a não ser parar com a maior careta lhe encarando em busca de explicações para aquilo. Osten pigarreou.

" Olha só. Eu saí do pátio para me vir despedir de Gianna e você andou uma boa distância a tempo de ouvir a minha conversa com ela. Não acharia estranho se estivesse em meu lugar?"

 Lançou um sorriso de lado diante da minha boca aberta.

" Acho estranho é você passar na sua cabeça uma coisa dessas. Eu só estava andando e...céus, desde quando você ficou tão egocêntrico?"

Ele cruzou os braços rindo.

"Mas, caso fique com suposições esquisitas, o barulho dos gritos também me atraiu até onde estava."

"Sei... Para mim está está claro que: Ou você estava me perseguindo,ou..." Deu uma pausa." Realmente tinha algo importante a me dizer."

Está sem saída. 

Era isso que sua face me dizia.

Mas eu não me renderia fácil.

" Ache o que quiser, Osten."Disse voltando a andar. Dessa vez virei o corredor avistando a porta do jardim. 

"Ei, agora você me deixou preocupado." Disse segurando meu pulso" E eu fiz alguma coisa que te irritou?"

"Ainda pergunta?"

"Além da brincadeira de agora pouco. Você parecia meio fora do normal. Pode falar o que sente,você sabe. Não é porque ando ocupado com serviço que não vou ouvir o que tem a dizer."

Com serviço. Sei.

Ele analisou meu rosto.

" Está chateada porque que eu não a atendi naquela hora?" 

Sua pergunta saiu mais como afirmação.

"Não por isso. Apenas... me deixa esfriar a cabeça, ok? "

Soltei de seu pulso, mas nem dois passos depois estava presa novamente.

"QUAL É A SUA?"

Ele arregalou os olhos junto comigo.

De repente, me deu uma vontade enorme de gritar que, como sua amiga,eu me havia ficado completamente exaltada com a possibilidade de vê-lo se envolver com uma garota de atitudes tão... baixas.

Algo semelhante a um Deja Vu*. A mão no meu pulso, a minha ignorância, o fato de querer chamar a pessoa na minha frente de cego. A cena estava se repetindo.Com alguma diferenças,é claro.

O fato é que eu tinha um novo melhor amigo,mas estava o perdendo de novo para alguém que não o merecia. E caso eu dissesse tudo o que queria sobre Bridget,como fiz com Veronica,só iria conseguir  afastar mais outra pessoa importante para mim.

Porque sim,Tyler havia me desculpado. Porém, com certeza a nossa relação  não seria a mesma na próxima vez que nos víssemos,visto que ele estaria ao lado de Veronica,aquela de quem eu deixara bem claro não simpatizar.

"Desculpa." Sussurrei sem olhar nos olhos do Príncipe a minha frente.Voltei a caminhar, sentindo-me amarga.

"Sinto muito mesmo."