Uma Seleção com Rosie Ambers escrita por ANA


Capítulo 22
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas!
AGORA ESTÁ COM AS TRÊS PARTES.

( ele é o maior de todos pelo o que eu to vendo kkkk admito que tinha mais coisa que fica para os proximos!)
Segue o esquema de postar em trechos e repostar o capítulo quando completo(para notificar vocês que acompanham)

Os proximos três capítulos estão planejados. O que falta é tempo de digitar.
Como eu disse, não tenho como escrever o inteiro como um monte de gente na nyan...

Bjss saudades de vocês S2



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A floresta estava calma e deserta. 

Ali predominavam árvores sequoias. Eu sempre quis subir em uma,mas tinham altura exorbitante e seus troncos pareciam lisos demais. Porém, sabia que existiam outras espécies pela região facilmente escaláveis. 

Era como se eu estivesse fazendo uma trilha com meus pais, só que dessa vez o guia, ou melhor, os dois guias estavam sendo duas crianças: Stefan e Kerttu, que brigavam o tempo todo por quererem mandar no rumo que devíamos seguir. 

"Crianças, lamento dizer que, a partir desse trecho, vocês estão proibidos de passar." 

Olhei para um dos guardas que nos seguia de longe.

"Quando meu pai vem comigo,a gente passa muito além dessas pedras."Stefan apontou para o amontoado de rochas que descia até um lago pequeno. Havia muito mais floresta pela frente. 

"Tudo bem, mas ele me disse para não deixar Kerttu e Rosie andarem muito. Esse é o limite."

"O quê? Mas eu não estou cansada!" Kerttu reclamou."E você,Rosie?"

Neguei com a cabeça.

"Não posso descumprir as ordens, desculpe".

"Coisa sem graça." O garoto retirou os sapatos que usava."Então vamos ficar aqui mesmo. Pelo menos tem o lago"

Stefan andou sobre as pedras e se sentou na beirada da água para molhar os pés. Kerttu e eu ficamos ao lado sem nos abaixar.

"Eu já pesquei aqui, só que quase não tem peixe." comentou."Meu pai disse que um dia vai me levar para Carolina e me ensinar a fazer isso com um amigo antigo dele."

" Sério, ele me levaria?"

" Não você é princesa, não ia gostar dessas coisas."

"Eu não sou fresca, por que você sempre me trata assim?" Kerttu cruzou os braços.

" Ah,não... imagina." 

" Eu mexo com terra todos os dias. Muito mais do que você."

"Se é assim, não vai ligar de sentar aqui no meio dessas pedras com lama." Ele lhe lançou um olhar de deboche. A princesa fechou a cara.

"Não mesmo! E isso não é frescura. É inteligência. Eu não estou afim de pegar castigo da minha mãe."

"Fresca." Sussurrou.

"Cala a boca!"

" Ei, calma. Não precisa disso..."Mal terminei de falar e um tapa estalou no braço de Stefan.

" Aí, sua louca!"Ele se levantou com a testa franzida."Se você não fosse mulher, eu te batia agora mesmo."

" Duvido."

"Só que eu posso mudar de ideia, e aí?"

Me coloquei entre eles.

"Por favor, chega." Soltei o ar cansada."Vocês não param de arrumar confusão, hein! No jardim, e agora aqui. Não dá para dar uma trégua?"

Eu me referia ao fato de Stefan e Kerttu quererem assustar Osten e Samantha no meio de um encontro no jardim,quando nós três tínhamos acabado de sair do Palácio. Eu precisei segurar os braços de Stefan para que esse não jogasse uma pedra perto do banco em que Osten se encontrava. 

Segundo o garoto, ele só ia pregar uma peça com o barulho. Tive também que implorar para Kerttu não gritar, mas ela acabou fazendo isso.O resultado foi eu com cara de tacho por ser a única flagrada.

Kerttu e Stefan se esconderam a tempo de Osten e Samantha virarem a cabeça. Só pude apontar para o lado para indicar as crianças. Osten assentiu e fez um sinal de que tinha entendido, no entanto, Samantha me olhou desconfiada.

"Era só brincadeira." Kerttu disse.

"Pode até ter sido, mas vocês sabem que o que fizeram é errado."

"Tá, eu sei." Stefan riu."Mas você tecnicamente deveria nos agradecer por ter atrapalhado o encontro do Osten com outra garota. Ela não é sua concorrente?"

Revirei os olhos com o que ele falou e sorri passando a mão por sua cabeça. Stefan batia nos meus ombros. Kerttu possuía alguns centímetros a menos que ele.

Porém, eu sabia que de,muito em breve, ambos seriam bem maiores do que eu...

"Não posso agradecer por vocês terem feito isso, porque não quero atrapalhar os outros encontros com o Osten."

"Não?" Stefan ergueu as sobrancelhas. "Então não quer vencer?"

"Essa não é questão."balancei a cabeça."Não é assim que se deve vencer, sabe?"

"É verdade, a Rosie não é disso, e bem que nem precisa atrapalhar as outras..." Me surpreendi com o abraço de Kerttu e suas próximas palavras."Eu já tenho certeza que ela vai ser minha próxima tia."Piscou.

"Aaah... é um pouco cedo para prever esse tipo de coisa." Ri.

"Claro que não. Já faz quase um mês que a Seleção começou!"

Franzi a testa. Já tinha passado isso tudo? Parecia que eu tinha chegado há poucos dias...

"OK. Mas um mês não é tempo para Osten escolher. A Seleção dos seus avós não durou muitos meses?" 

"Porque meu avô é um lerdo." Fez cara de tédio." Já o tio Osten sempre decide as coisas muito rápido! Vocês vão se casar em menos de dois meses, e eu vou ser a madrinha de vocês. Acho esse negócio de daminha muito para bebês. Tipo minha irmã,se ela conseguir caminhar até o altar e..."

"Eca.Casamento."Stefan interrompeu."Vamos parar de falar disso?"

"NÃO. Estamos falando de uma coisa muito importante,não é, Rosie?"

Tentei desfazer a careta perante o sorriso de Kerttu.Suspirei,por fim, dando-lhe mais um abraço.

"Não acho muito bom você ficar fantasiando isso. Eu não preciso ser sua tia para ser sua amiga,concorda? E seu tio tem direito de escolher qualquer uma, você tem que ficar feliz por ele."

"Mas eu quero que seja você!" Ela fez um biquinho fofo.

"Eu também, aí você mora aqui para sempre."

Não evitei o sorriso.

"A gente não ia perder o contato. Eu ia escrever cartas para vocês e talvez desse para visitar o castelo,não sei..."

"Vocês já se beijaram?" Kerttu me pegou de surpresa com a pergunta.

"Hein?"

"Me diz que sim, pelo menos isso!"

"Está na cara que sim, ela até está ficando vermelha..."

"NÃO. Claro que não!" Me assustei com os sorrisinhos.

"Tem certeza?" Kerttu semicerrou os olhos avaliando meu rosto como que num caso criminal.

"Sim" Ri nervosamente." Isso não aconteceu."

"OK, eu acredito." Deu de ombros."Acredito que você e o tio Osten, com certeza, já se beijaram de uma maneira bem melada."

"O QUÊ?"

"Que coisa bizarra!"Stefan passou a rir.

"Para gente, não teve beijo nenhum!" 

Eles riam de quase rolar no chão.Aquilo era constrangedor, ainda mais vindo de duas crianças.

"Eu tô passando mal" Stefan colocou a mão na barriga.

" Parem,é sério."

"Acho que vou deixar vocês rindo e voltar para dentro."

"Não vai,não,por favor!" Stefan me segurou."Não fizemos a melhor parte."

"Que seria...?"

"Pique pega." Disse tocando no braço de Kerttu e gritando um 'está contigo' já a três passos de distância. A pequena reclamou pelo ato repentino e olhou para mim.

"Você vai brincar também?"

"Não." 

Ela concordou indo atrás do amigo. Não demorou muito para ela alcançá-lo. 

"Está com você." Stefan veio até mim e se afastou rápido.

"Eu não estou participando!”

"Se você não brincar com a gente eu digo para o Osten que você ficou vermelha quando falei do beijo que deram."

"Não teve beijo!" 

"Eu vou falar."Cantorolou rindo.

Correr até os pulmões e pernas se cansarem. Desde quando eu não fazia isso?

Eu me lembrava bem da época em que eu e Tyler brincávamos com as crianças da escola.Contudo, isso tinha sido há muito tempo.

Como não era atlética, sabia que estava muito enferrujada. A corrida obrigatória que fazíamos na educação física não era bem o que eu chamava de atividade física regular...

Vislumbrei meu vestido que ia até o pé. O pano pesado não ia me permitir chegar perto deles. Kerttu estava de vestido curto para correr à vontade...Recebi mais chamados de Kerttu e Stefan.

Me apoiei numa árvore para tirar os sapatos rindo sozinha por estar fazendo aquilo. Já na primeira tentativa de pegá-los, eu tropecei no meu vestido e quase caí de cara. 

"Por que não nos permitem usar calça por aqui?" Reclamo e só ouço as risadas das crianças e dos guardas por perto.

"Já desistiu, Rosie?" 

"Isso foi só para aquecer." Sorri para Stefan reiniciando a corrida, mesmo com a consciência de que não chegaria nem perto dos dois daquela forma. Decidi levantar um pouco a barra vestido enquanto corria para evitar cair. Era a única alternativa.

"Eu te ajudo a pegar ele."Kerttu disse em voz baixa ao passar do meu lado. Ela foi distraí-lo com uma conversa, ao mesmo tempo que eu me aproximava. Fui me escondendo de Stefan até tocá-lo por trás.

"Ei, não vale fazer aliança!" 

Kerttu e eu rimos do quão indignado ele ficou.

Pegamos caminhos distintos para fugir e Stefan escolheu perseguir a princesa. Parei encostada num tronco para respirar. Meus pés já estavam negros àquele ponto.

... 

"Quando a mãe de vocês vai receber alta?"Perguntei na hora em que Lee estragava o chão para limpar a água que transbordou de um copo. Ela parou o trabalho por um instante.

"O doutor Ashalar tinha nos falado que seria amanhã, mas decidiu mantê-la no isolamento por mais um bom tempo para o caso de ser só uma recaída da infecção."

"Ah..."

"Então,é a mesma coisa que nada." Deu de ombros pegando o pano para colocar no balde." Não podemos vê-la ou falar diretamente com ela."

"Eu sinto muito."Suspirei sem o que dizer." Mas eu acredito que ela esteja melhorando mesmo. E logo o tempo passa. Você vai ver..."

"Obrigada." Assentiu se virando para a porta, por onde Audrey entrava carregando um cabide coberto de pano preto.

"Rosie, olha só esses vestidos que eu e Amy terminamos. Os desenhos são da Lee, mas eu escolhi os modelos e cores" Disse abrindo o embrulho.

Eram cinco vestidos de tons creme, rosa bebê, rosa salmão, lilás e azul celeste.

"Vocês descobriram mesmo meu gosto." Elogiei passando as mãos pelas peças.

"Não é difícil perceber que seu estilo é um tanto delicado."

"Bom trabalho com o bordado, Audy" Lee elogiou." Vou dar uma passada no estúdio para organizar outras coisas. Já pode descansar." Colocou a mão sobre o ombro da irmã antes de ir.

Audrey foi até a estante para pegar o livro de botânica e se jogou sobre a cadeira.

"Ainda bem que acabou. Eu estou exausta..."

"Pode deitar aqui do meu lado." 

"Está brincando?"

" Não." Franzi a testa.

"A Lee me mata."

"A Lee não está aqui agora."

Ela veio com um pouco de cautela e se ajeitou na cama ao meu lado.

" Como foram as aulas de italiano hoje?"

"Desgastantes." 

E tinham sido mesmo. Grace não nos dava folga: nos passava cada vez mais testes de pronúncia e regras gramaticais e exercícios extras.

Eu ouvi pelas fofocas das meninas que ela era uma das instrutoras mais severas dali.Com a saída de Clairy, Grace se viu obrigada a me colocar para dialogar com Jade.

Esse fato me trouxe preocupação dupla. Jade continuou arrumar formas de reclamar sobre mim quando nossos testes não davam certo. Isso simplesmente me fez ficar alerta o tempo inteiro com o que ela poderia armar de grave para mim.

Além disso, pior do que interagir com essa selecionada, foi ter que continuar a falar em público em OUTRA língua. Nos últimos jornais, poderia dizer que consegui me sair bem (até na frente do espelho eu treinei). Isso me fez gostar de italiano,mas, ainda assim, a autoconfiança era algo que eu considerava muito estar longe de alcançar.

Enquanto retocava uma imitação de crisântemos da estufa, dei umas espiadas no livro que Audrey folheava. Ela parou na página de plantas do Sul da África. Meu pai já tinha viajado para lá uma vez.

"Você está mesmo viciada."Comentei."Devia até se tornar botânica."

"Eu até já pensei nisso, sabe?Mas não."

" Por que não?"

"Eu já vivo aqui e... onde eu estudaria se eu sequer fui à escola na vida?"

" E isso importa? Minha mãe dá aula numa universidade e já teve vários que não fizeram escola.Eles só precisam ser dedicados o suficiente e entrar em acordo com a universidade para ter aulas extras. Pelo menos em Columbia é assim. Eu posso mandar uma carta para ela falando de você, se quiser."

"Não posso."Audrey fechou o livro ao se levantar."Não dá para abandonar o Palácio.Eu vivo aqui desde sempre e não me sinto pronta para abandonar meu emprego e minha família.Agradeço sua ajuda,de verdade."

"De nada. Se ainda precisar de ajuda..."

Eu não podia questionar. Aquele também era meu drama. Bem que naquele ponto eu havia amado a rotina no castelo,porém, de qualquer jeito, sabia que estaria de volta à minha casa em algum momento... Já Audrey se mudaria para valer.

Voltei minha atenção para o caderno e o folheei aleatoriamente, até que meus olhos pararam numa página.Ou melhor, no papel avulso que constava nela.

Cara Rosie Ambers,

O que está achando do Castelo?

Há um abismo enorme entre ele e o mundo de fora,não acha?

"Audrey, de onde veio isso?"

"Eu não sei.Não foi o Osten que te deu?"

"Isso não é do Osten."Afirmei diante de sua cara animada."A letra dele não é essa e estava dentro do meu caderno."

"É... não faz sentido ele te perguntar se está gostando daqui tem tempo que te conhece. Só se..." Ela parou para pensar."Talvez tenha sido a Amy ou a Lee."

"Mas todas vocês falam diretamente comigo também." Suspirei olhando para o papel."Foi alguma selecionada."

"Ahn, selecionada?"

"Sim e ela deve ter entrado aqui dentro para colocar, porque quando saio com meu caderno eu não o largo sozinho."

"OK.. mas por que alguma delas te mandaria essa mensagem?"

"Não sei...para me provocar talvez. Eu sei de várias que não gostam muito de mim."

Meus olhos iam e voltavam para a mensagem.O que ela queria dizer? Abismo entre o mundo de fora e de dentro do palácio? No sentido de ali tudo ser bem melhor?

...

"A certeza que é de que essa pessoa já pisou no Castelo, estando ainda aqui dentro ou não."Lee disse depois de analisar a folha. Ela e Amy chegaram ao quarto minutos depois."Rosie,tem certeza de que você não deixou esse caderno sozinho lá fora?"

"Tenho”.

"Então,eu acho melhor tomarmos providências. Se essa pessoa voltar a entrar aqui eu e as meninas vamos estar ou algum guarda. Eu posso levar isso até um deles?"

"Pode."Dei de ombros." Isso não é nada confidencial, só tem o meu nome."

A loira se foi, e eu entrei para o banho, enquanto Amy e Audrey arrumavam o que já não tinha para arrumar. Aquele local estava perfeitamente em ordem e elas insistiam em achar alguma coisa para trocar de lugar, seja nas estantes,seja no guarda roupa.

"Gente, a Lee já voltou?"

"Não sai daí,Rosie!" Estranhei ao ver Audrey tentar me impedir de cruzar o batente da porta. Quando percebi, já era tarde demais...

Osten já tinha me visto. Instintivamente,segui direção de seus olhos para minha roupa e andei para trás batendo a porta do banheiro.

"Desculpa, Rosie!"

Consegui ouvir a voz dele abafada e encostei a minha cabeça na madeira ofegante. 

O príncipe tinha que me ver justo meu pijama de blusa e bermuda de estampa roxa com bolinhas e ursos amarelos? Eu não ligava para estar ou não apresentável para ele, mas isso era constrangedor.

Quer dizer,era um presente dos meus avós que eu gostava muito e estava usando em algumas noites no castelo para me sentir mais confortável. Só que não sairia desfilando com o pijama para todos os lados e para todos verem.

"Não, não, não,não, não!Ele deve estar me achando uma louca infantil."

Balancei a cabeça querendo evaporar.

"Rosie, o Osten já saiu."Ouvi Amy bater. "Por favor, nos perdoe por isso. Ele bateu na porta quase ao mesmo tempo que você destrancou o banheiro. Não deu tempo de nós te avisarmos!"

Respirei fundo.

"Rosie?" O meu silêncio provavelmente a assustou.

"Tudo bem Amy" sorri quando abri." Eu só vou morrer de vergonha até a próxima geração, mas.."

Vi que Audrey não segurou o riso.

"Desculpa,Rosie,é que foi muito engraçado."

" OK" Ri nervosamente enterrando as mãos pelo rosto.

"Ele ainda está lá fora te esperando." 

"Hein, quem, o Osten?" Olhei perdida para Amy.

"Sim... Ele disse que queria muito falar com você.Quer usar um dos vestidos que fizemos?"

"Hã... tá. Sim."

Puxei uma das mechas de meu cabelo para mexer. Como iria falar com Osten logo depois daquilo?

Audrey escolheu o vestido azul celeste e eu o vesti com a maior lentidão possível.

Osten estava aguardando sentado no banco do corredor. Ele se levantou na mesma hora em que Audrey fechou a porta atrás de mim.

"Eu ia te chamar para a biblioteca. Não tinha a intenção de me intrometer." Disse se aproximando e sorriu desviando o olhar para o chão. Notei que seu rosto estava avermelhado. Eu devia estar muito pior. 

"N-Não precisa se justificar" Engoli em seco."Foi um acidente. Me desculpa mesmo pelo descuido. Eu estava de pijama porque não achei que você estivesse disponível com todas as suas reuniões e encontros de hoje."

"Eu também não esperava que aquela conferência fosse acabar tão cedo, e acabei conseguindo meu horário vago... "Deu uma pausa olhando para longe e me encarou" Você está com sono ou quer ir hoje ?"

"Claro que quero."

Ele sorriu me estendendo o braço. Àquele ponto eu não estava ligando muito para tal gesto. Tinha costume de vê-lo fazer isso com as outras e, para todos ao nosso redor, eu era sua pretendente.

Seguimos por nosso caminho de sempre. Desde o jornal em que Clairy me sabotou, Osten sugeriu de passarmos o tempo na Biblioteca do Castelo. 

Lá era perfeito para que ninguém nos incomodasse. Os guardas não  encheriam a paciência por estarmos fora do Castelo além do horário e ali também era possível nos distrairmos lendo tanto o que ele, quanto eu gostávamos.

Na maior parte do tempo nossos assuntos eram sobre leitura. Vez ou outra, a conversa girava em torno da nossa infância e adolescência. Fiquei sabendo que Osten nunca foi a um shopping ou um parque de diversões mas, em compensação, tinha visitado uma boa parte dos países.

A gente caminhou em silêncio até a escada alternativa e, no primeiro andar, fizemos o trajeto em frente à porta de entrada, em vez da que dava para o jardim. Isso diminuia as chances de esbarrarmos com alguém saindo da Sala de Jantar ou do Salão das Mulheres.

 Essas saídas eram um pequeno segredo, mas apenas com o intuito de não chamar atenção, visto que ocorriam com frequência.

Assim que chegamos,fui até a estante para escolher um livro e Osten ficou de  acender o abajur que estava na mesa. Seus livros estavam ali também.

"Então como você explica aquela bagunça de hoje a tarde?" 

Arregalei os olhos. Ele falava do que houve no jardim com Stefan e Kerttu.

"Não fui eu que gritei. Foi a Kerttu."

"Eu percebi."Riu arrastando a sua poltrona para perto da que normalmente eu ficava e se sentou.

"Hoje eles estavam impossíveis"

"Hoje?"

"Sempre, né" ri fraco.

"Eles têm te chamado bastante para o jardim nesses últimos dias, não?"

"Nem tanto. Só quando o Stefan aparece.Com a Kerttu eu fico na estufa e isso só na parte da manhã. De tarde, quando eu não estou ocupada com aulas, ela está. E, por incrível que pareça, na maioria das vezes é ela."

Osten ouviu tudo assentindo.

"Isso é normal. A Kerttu é uma herdeira. É por isso que a sobrecarregam de aulas de gramática, política, línguas, economia…”

"Política e economia?" Interrompi espantada."Mas ela é só uma criança!"

Osten deu de ombros.

"Minha irmã passou por isso na mesma idade e deu conta. Apesar de quê, meu pai era bem menos rigoroso que minha irmã nesse aspecto..." Murmurou a última parte.

"A Kerttu me disse sobre estudar matérias normais de escola...Eu já estava impressionada de saber o quanto ela aprendia matérias adiantadas, agora..."

"Não se preocupe com isso. Kerttu é muito esperta. Ela sempre consegue terminar as tarefas bem rápido e usar um tempo para se divertir"

"Hã, pelo menos..."  

Mais uns segundos foram necessários para que eu encontrasse o que queria. Um livro de ficção escrito antes da última guerra mundial.

Dei uma olhada na capa do que Osten folheava antes de me sentar.

"Isso é um livro de direito internacional?"

" É,por quê?" Falou diante da minha cara confusa.

"Isso é importante para você?"

" Ah... sim. No momento esse livro não está me ajudando muito,mas eu preciso ter bastante noção sobre esses assuntos para saber que tipo de país aceitaria minhas propostas e como aceitaria. É complicado de explicar."

Devia estar na cara que eu não havia entendido muita coisa.

Não fazia ideia de que além de história, economia, sistema políticos e línguas, ele tinha que conhecer tantos aspectos da legislação dos outros países.

Osten me explicou mais sobre seu trabalho. Ele ainda era um estudante de Relações Internacionais e já tinha dois anos de curso, porém tinha parado temporariamente devido à Seleção. Seria complicado conciliar os estudos, o estágio e os encontros. 

Fiquei sabendo dos níveis da diplomacia que iam de terceiro secretário até embaixador, porém com um grande tempo de carreira até o último patamar, dependendo do caso mais de 20 anos.

"É muito tempo..."

"De fato. Eu comecei com 16 anos, então vai demorar..." disse soltando ar pensativo.

" E faz diferença? Digo,o que muda quando você consegue ser isso?"

"Para mim, tanto faz ser Embaixador ou não. "Deu de ombros."Continuo meu trabalho de diplomata. Só é diferente para os outros políticos e diplomatas... Eles não são de confiar o trabalho tão fácil nas mãos de quem é novo no ramo. Por isso é que quero que esses anos passem logo."

"Não entendi. Sua chefe praticamente não é a sua irmã? Não era ela que lhe devia dizer o que fazer?"

Osten negou com a cabeça.

"Se Illea fosse uma monarquia como antes,sim. Como a Eadlyn mudou para Parlamentar, ela e o Parlamento dividem os trabalhos e a diplomacia é chefiada pelo primeiro ministro."

" Ahn o.."

"Marid." Completou."Eu conheço ele desde mais novo. Ele nunca foi muito com a minha cara. Por isso, só me passa trabalhos mais fáceis."

"E você quer os mais difíceis?" Achei graça.

 Ele se virou para mim de sobrancelhas arqueadas.

"Obviamente, sim. Quando se faz uma coisa, é para valer não é? Eu queria que eles tivessem mais confiança no que posso fazer.Já estou quase perdendo a esperança de que um dia vão parar me tratar como um membro real algum dia. Não é porque eu uso uma coroa na cabeça que eu tenho preguiça de trabalhar, entende?"

Sorri de lado.

"Sim, eu sinto muito por você..."Dei uma pausa para pensar."É meio óbvio o que eu vou dizer, mas acho que você tem que se concentrar no seu trabalho. Ele te faz feliz?"

"Faz." Me lançou um sorriso fraco.

"Então isso basta para compensar as coisas ruins. De qualquer jeito elas vão existir."

Ele concordou se levantando para revirar a prateleira.

"Obrigado, você está certa... Mas,sendo honesto, não vou me sentir bem enquanto for visto como 'aquele príncipe relaxado que conseguiu um cargo, porque tem a ajuda da família'."

Pisquei duas vezes.

"Como assim relaxado?!Você tem que dar conta das meninas e do seu serviço ao mesmo tempo! E de estudar! Não sei como arranja tempo para ficar aqui... Devia estar pregado na sua cama de tanto sono uma hora dessas!"

"Eu gosto de ficar aqui." sorriu."E de qualquer jeito, eu tenho muita insônia à noite."

"Ah, é cadê as suas olheiras?"

Ele riu e trouxe um volume grosso para folhear em frente à mesa.

"Nunca te disseram que príncipes tem beleza natural?"

Revirei os olhos balançando a cabeça.

"Ah,como pude esquecer das meninas da minha sala dizendo que 'o príncipe Osten...ah nossa, ele é perfeito, o ser mais perfeito da terra!’ " 

Ele achou graça da minha imitação melosa.

"Elas diziam isso mesmo?" 

"Elas e o resto das illeanas inscritas na seleção."

"Certo..."

"Por que essa cara triste?"

"Hein?" Osten pareceu acordar de seus pensamentos."Ahn.. Eu só estava refletindo um pouco sobre isso. Sobre o fato das garotas terem se inscrito, porque me acham bonito e posso torná-las princesas. Eu já sabia, mas,na prática, não gosto muito dessa ideia." 

Ele focou o olhar num ponto distante.

"É... eu também não gostaria. Só que isso não é culpa delas. Presta atenção." Suspirei chamando sua atenção com um aceno."Quem não é nenhuma figura pública,do tipo artistas ou da realeza como seu caso, normalmente costuma julgar as que são como perfeitas. A mídia cria isso.Mas não quer dizer nenhuma das selecionadas possa vir a gostar de você pelo que é, ok?"

"Tomara que você esteja certa, ou essa Seleção não servirá de nada."Riu sem humor. 

"Claro que estou! Você está conhecendo elas, e elas também estão vendo como você é."

Era estranho vê-lo agir daquela forma. Se me dissessem há algumas semanas que Osten Schreave poderia ser inseguro,certamente eu teria rido de tal ideia.

"Olha,por um lado, até que você deveria agradecer à televisão e aos jornais. Conheço muitas pessoas que adorariam ter sido fabricadas como você."

" Como assim, fabricadas?" Franziu a testa.Dei de ombros.

"Sua imagem na mídia foi fabricada. Ela é quase que um modelo de perfeição,sabe? Eu te conheci e agora sei mais do que antes que você é uma pessoa normal.Porém, tudo o que eu via pela tela era alguém rico e encantador." 

"Espera, então me acha encantador?" Num movimento rapido, se apoiou nos dois braços da minha poltrona."Interessante."

Osten nem aparentava mais estar melancólico. 

Havia uma certa diversão em seu olhar e eu estava imóvel. Com a proximidade dos nossos narizes, aquilo seria um passo para me beijar.

Ele começou a rir.

"Que milagre é esse que não fui empurrado?" Disse se soltando da cadeira e passou para a sua cadeira.

“Caso não tenha prestado atenção, eu VIA, TE INTERPRETAVA como alguém encantador.”

" Relaxa, eu entendi o que quis dizer."

Deu uma piscada.

"Você me assustou, seu..." 

Tentei estender o braço para batê-lo,mas estava longe demais para o alcançar.

"Mais dois metros de braço e você me arranha."

Revirei os olhos outra vez,ao passo que agradecia mentalmente por ele não poder saber o quanto meu coração tinha ficado acelerado com tudo aquilo.

"Rosie Ambers me dando língua? Cadê as câmeras, esse momento é histórico." Osten colocou as mãos na cabeça me lançando um olhar risonho.

" Você não presta. Vamos voltar a ler que é melhor."Balancei a cabeça e folheei o livro até o primeiro capítulo.

"Rosie...?"

"Fala."

" Obrigado por isso."

"Disponha."Retribuí a piscada voltando a atenção para a página à minha frente.

...

Era para ser uma manhã tranquila. Estava avisado que não haveria aula alguma de idiomas para as selecionadas. Eu estava pronta para descer para o café, quando Audrey entrou no meu quarto para me avisar que minha carta tinha sido entregue com sucesso à agência de correios do Castelo.

"De que carta você está falando? Eu nem terminei a que estava escrevendo para a minha mãe."

"Você deixou cair a folha com sua mensagem na hora de guardar seu caderno ontem à noite. Não se preocupe."Ergueu as mãos com um sorriso amarelo."Eu não li nada. Achei no chão e copiei seu endereço de outros envelopes para levar.Disseram que hoje vão enviar uma remessa de cartas das selecionadas." Ela deu uma piscada diante da minha cara confusa.

Andei até a estante e folheei o caderno.O rascunho da carta para minha mãe ainda estava lá. Meu coração apertou.Revirei o caderno inteiro às pressas e até o coloquei de cabeça para baixo batendo na mesa.

Não! Por favor, não!

"Tá tudo bem,Rosie?" 

Me virei para Audrey sentindo falta de ar.

"O que tinha escrito na carta?”

"Eu já disse que não li." Fez sinal de rendição.

"Ok." Pus uma mão na cabeça" Mas, para quem era,deu para ver isso?"

"Eu só olhei sua assinatura."Olhei de volta para o caderno e verifiquei outra vez. A carta destinada a Tyler tinha sido destacada por mim há uns dias. E estaria tudo bem mandar algo para ele se eu não estivesse me declarando.

Céus...  eu estava perdida!

"Eu fiz alguma coisa de errado?" Sua voz mostrava um pouco de receio.

Balancei a cabeça e falei devagar. Eu não podia mostrar meu desespero. Aquilo geraria um monte de perguntas que talvez eu não pudesse responder.

"Obrigada,você teve uma boa intenção,mas a carta foi para pessoa errada.Tem como recuperar,né?" 

"Tem sim." Disse, para meu alívio." Se eles não tiverem saído,podemos ir até onde estão guardados os envelopes."

"Então vamos logo." Andei rápido até a porta. 

Encontramos com Amy e Lee no caminho e Amy fez questão de vir conosco. Tentava me acalmar enquanto andava do meu lado falando de tecidos e fofocas de outras criadas. 

O ponto positivo, caso a carta fosse enviada, é que iria para minha casa. Então, eu só precisaria escrever para que meus pais guardassem até meu retorno ou jogassem fora. O ponto negativo é que talvez não desse tempo de lerem o meu aviso antes de abrirem a carta para Tyler... 

Eu não saberia onde enfiar a cara de vergonha pela declaração.

Descemos para o andar do subsolo, passando em frente à sala do jornal oficial, e seguimos por um corredor mal iluminado. Era uma região na qual eu nunca havia estado antes. Pude ver o nome símbolo de Illea numa porta vigiada por guardas, fora outras sem símbolo algum.Amy e Audrey pediam licença para minha passagem sempre que encontrávamos algum funcionário da segurança.

Finalmente, paramos uma porta marrom clara. Ela possuía um selo de cartas desenhado. Um rapaz moreno de roupas acinzentadas e óculos de grau atendeu às batidas.Seu rosto rapidamente foi preenchido por sorriso.

"Amy,Audrey! "disse lhes cumprimentando com a mão."O que fazem aqui com a... " Ele franziu a testa ao me ver.

“Esse é o Sullivan que trabalha aqui nas correspondências há uns quatro anos."Amy colocou os braços ao redor de meu ombro." E essa é a Rosie Ambers,nossa mini chef e futura princesa que está mais para amiga."

Amiga. Essa simples palavra aqueceu meu coração. Eu era muito sortuda por tê-las na minha vida.

"Eu tiraria o ‘princesa’." Comentei rindo enquanto apertava as mãos do tal Sullivan. Ele me olhou de lado.

"Como assim? Você não é aquela que saiu no jornal como uma das favoritas da competição?"

"No jornal. " Enfatizei." Por causa da minha mãe ter sido uma finalista, eles me dão muito destaque, e também porque a princesa Kerttu me escolheu para dançar naquele dia do baile. Nunca te disseram que jornalistas tem o poder de aumentar as coisas?"

Ele fez uma cara de tanto faz.

"Eu sou mais do time que acredita que você se destacou. Acho que é mesmo uma das favoritas do povo."

"Do príncipe também!"Audrey acrescentou com voz animada."Eles dois se veem quase todo dia, quando o principe Osten..."

"Desculpa, Audy,mas lembra do que a gente veio fazer aqui?" Interrompi antes que ela falasse demais. Sullivan me lançou um olhar de riso.

"Sinto cheiro de romance e segredos no ar." Ergueu as sobrancelhas. Ele me conhecia há cinco minutos e já estava caçoando?"Tudo bem,o que precisam?"

Amy disse sobre a carta trocada.

"Era para uma outra pessoa e vai para minha mãe" Completei.

"Você pode pegar ela para a gente?"Ela disse.

"Claro que posso"Sorriu nos dando entrada.Sullivan aparentava ser da nossa faixa etária, talvez um pouco mais velho que eu, quase da idade que as meninas. 

"Para achar sua carta,preciso do nome da sua província e endereço."

"Columbia." E ditei a localização da minha casa. Sullivan ouviu com atenção.

"Eu vou falar com meu chefe, fiquem a vontade. Tem uma,duas..." olhou ao redor."É. Duas cadeiras desocupadas. Um segundo." Se inclinou sobre a mesa transportando caixas dali para uma cômoda vazia.

Notei que o lugar era repleto de objetos amontoados, fora pilhas de folhas vazias e estantes com etiquetas contendo envelopes.

O rapaz voltou para perto. Entendi porque esvaziou a mesa:para tirar uma pilha de papéis de uma das cadeiras.

"Sullivan,cadê você, seu imprestável?!" 

O grito foi de um jeito tão ignorante que o pobre coitado do rapaz quase derrubou o lote.

"Estou indo,Ethan."Gritou de volta e olhou para nós."As três já podem se sentar."

"Quem está aí com você?"

O homem surgiu de trás de um cômodo interligado. Eu senti que o conhecia de algum lugar. Ele fixou os olhos azuis em mim. O olhar sério e sua identidade me deram certo um calafrio.

Aquele era o mesmo cara que me deu o bilhete do príncipe Lorenzo. O bilhete que eu nem sabia onde estava. Senti vergonha dele. Será que achava que eu tinha um caso com o italiano?

"O que elas fazem aqui?" 

"Um troca de envelope.Os das selecionadas ainda estão na sua sala,sim?"

" Não. Os guardas passaram aqui no momento que VOCÊ estava AUSENTE.. " Seu tom era de acusação.Não sabia se tinha mais pena de mim ou de Sullivan: A carta já estava a caminho. "Tudo das selecionadas já foi enviado.A menos que queira mandar a carta de semana que vem, senhorita Ambers. O próximo lote sai em quinze minutos. E quanto a você, quero saber onde estava." 

Balancei a cabeça tentando pensar no que fazer. Talvez meu plano B fosse escrever mesmo à minha mãe para não abrisse nada.Ouvi Sullivan explicar que tinha saído para comer na cozinha, e o chefe insultar e dizer algo sobre o "péssimo estagiário" que tinha.

Audrey tocou meus ombros pedindo desculpas outra vez quando os dois funcionários foram para a sala particular de Ethan.

"Sem problemas,Audrey. Tem como eu escrever já aqui?"

Amy olhou ao redor e me entregou um papel e caneta.

"Eu fico para entregar e pedir ao Sullivan."

"É realmente necessário esclarecer que a carta está errada?" Engoli em seco."Sua família não vai perceber que é errado e mandar para a outra pessoa... Aiii."

Audrey recebeu uma cotovelada de Amy.

"Eu prefiro avisar." Dei um sorriso amarelo esboçando a dedicatória Inicial.

"Falo com Sullivan assim que ele sair da conversa com o Ethan" Amy aponta com uma careta para a direção que foram.

"Ele pode ser despedido?" Questionei.

"Não. Esse Ethan é um infeliz mesmo, só ameaça." Audrey respondeu.

Concordei e me concentrei na escrita do bilhete.Queria poder enviar a minha carta do rascunho, porém, não tinha tempo de subir e pegar. Quanto mais rápido melhor.

Apenas eu e Audrey saímos. Eu tomaria o café da manhã no meu quarto por ter perdido a hora do oficial. Ainda estava tensa e preocupada com o risco que corria.

"O Sullivan é estagiário do Ethan." Audrey começou a tagarelar." Ele é filho de um Guarda importante que já morreu e veio para cá há uns anos para ser o que o pai foi. Mas ele não passou no teste de visão. O grau dele é muito alto. Aí ele caiu na central de correspondências."

"Não é o que ele queria,né?"

Audrey negou com a cabeça.

"O sonho dele era ser soldado ou guarda."

" Coitado..." disse observando alguns dos militares no corredor. Devia ser horrível passar todos os dias olhando outros viverem o seu sonho...

" É... e sabe o que há entre ele e a Amy?"

" Quê? Ele e Amy?"

Ela deu uma risadinha e sussurrou no meu ouvido ao passarmos por mais guardas.

" Porque acha que ela ficou?"

"Eles namoram?" Perguntei em tom baixo.  Estava muito surpresa...

"Ainda não. Acho que ambos são um pouco tímidos para assumir que gostam um do outro e,talvez...eu suponho que o único motivo para ele não ter ido embora seja ela." 

...

"Bom dia." Falei ao chegar à porta do Salão de Mulheres junto com Jade. Era quase hora do almoço e eu tinha ido procurar ficar com Suki e Phoebe.

"Pra você." A morena resmungou."Está um absurdo de calor."

Revirei os olhos. Nem querendo ser gentil conseguia uma resposta sem farpas dela.

"Em Angeles é assim o tempo todo." Ophelia apareceu atrás de nós me dando um aceno."Quem ganhar a Seleção vai ter que se acostumar bastante com esse clima." 

Jade a olhou de cima a baixo com tédio.

"É, tanto faz. Sendo uma princesa, muito em breve vou ter a vantagem de ordenar que várias pessoas me sigam com leques para cima e para baixo."Sorriu irônica abrindo a porta. "Ah, Rosie,vê se não esquece de estudar sua parte do texto. Eu já não tenho nem paciência de receber nota baixa por sua causa."

"Como se eu fosse a maior relaxada."

Revirei os olhos depois que Jade entrou.

"Ela deve te dar muita dor de cabeça nas aulas de italiano."

"Nem fala."

Virei a cabeça para Ophelia que sorria de braços cruzados. Ela e eu nos esbarramos frequentemente na biblioteca naqueles últimos dias. Ophelia era outra viciada em livros,e foi quem puxou assunto comigo quando me viu lendo um livro que também gostava. Não nos falávamos sempre. Ophelia costumava andar com Scarlet.

"Eu estou quase no final daquele livro que você me emprestou. Tem uma continuação dele?"

"Eu não trouxe... mas podemos achar na biblioteca mais tarde. Tem de tudo aqui."

"Ok."

Passamos pela entrada,porém,não demorou muito para Phoebe abrir a porta atrás da gente e me puxar às pressas para fora. Quase atropelamos uma Nita que entrou no Salão gritando uma frase. Captei a palavra "briga".

"Phoebe? O que aconteceu? Quem está brigando?" A segui pelos corredores.

"Isso não vai acabar bem. Ela é muito louca. E eu achei que era de briga..." Resmungava.

"Phoebe!" Segurei seu braço e o sacudi. Ela pareceu prestar atenção. O barulho de vozes femininas foi ficando alto.

"Suki e Denise e umas outras meninas estão batendo boca por causa do Osten.Me ajuda a tirar ela de lá" 

Apontou para a direção de uns bancos. 

Denise empurrou Suki,que a empurrou de volta e as duas caíram no chão.

 



 

 

 


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Notas finais do capítulo

Hum.. essas tretas aí... só observo as confusões rsrs

ENTÃO...

Teorias sobre certo bilhete?!!



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