Uma Seleção com Rosie Ambers escrita por ANA


Capítulo 21
Capítulo 20 +lista atualizada das selecionadas


Notas iniciais do capítulo

SURPRISE, leitores!

Agradeço se vc é mais um que não desistiu dessa fic( fiquei um milhão de anos sem postar).
JUSTIFICATIVAS?
As que todo escritor bem deve conhecer:
1 bloqueio criativo
2 insegurança sobre o que vai sair
3 tempo para escrever com retorno das aulas(podem perceber que nas férias era um atrás do outro/ agora sobra MUITO pouco tempo livre para isso)

Tenho que admitir que já estava tudo planejado para continuar , mas eu estava chateada achando que não tava legal e ENROLEI DEMAIS.

Enfim, melhor colocar tdo de vez e começar uma nova fase da fic. (Espero que percebam as diferenças lá pro do final do cap ou talvez no próximo... kkkk)
Bjsssss



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O calor estava intenso,mas eu me recusava a tirar o cobertor. Ri sozinha me remexendo no conforto da cama. Em pensar que eu passaria mais tempo aproveitando as vantagens do palácio... graças ao combinado com Osten. Me sentia uma espécie de mafiosa.

Olhei para o horário: cinco da manhã. Era um milagre acordar naquela hora, já que tinha passado uma boa parte da noite pronunciando minhas tarefas. 

Devia ser a ansiedade.

Suspirei lembrando que se estivesse em casa provavelmente estaria levantando nesse exato momento para mais um dia de escola,onde teria que aturar colegas implicantes e aguentar ironias de Veronica e outras pessoas arrogantes. 

Porém, logo me liguei de que Veronica nem deveria estar mais em Columbia. Talvez já estivesse em Clermont, na Agência de Modelos, ou terminando o último ano na escola para depois se mudar. Já Tyler estava em Carolina para mais uma edição do concurso.

Era estranho pensar que até pouco tempo éramos apenas estudantes de Columbia... E agora estávamos perdendo o ano da formatura. Me perguntei sobre o que eu faria com todas as faltas depois de voltar para casa. Em todas as provas e trabalhos perdidos. Aquilo me reprovaria? 

Não.Eles não fariam isso comigo, nem com o resto das selecionadas que fossem voltando para casa. 

Fariam? 

Tinha que ter um jeito de fazer um acordo. Era injusto. Tentei não pensar mais nisso e adormeci de novo. Quando acordei, não havia mais silêncio. As vozes das criadas estavam altas.

Amy limpava o móvel da minha escrivaninha calada, enquanto ele segurava o ombro de uma Audrey sentada na cadeira, chorando.

"Vai dar tudo certo, Audy. Eu garanto."

"Vocês estão só repetindo o discurso dos médicos. Dizem que vai ficar tudo bem, mas não fica." 

" Ei, Audy." Me levantei chamando atenção delas" O que..."

"Ah, Rosie, mil perdões por te acordar antes da hora." Lee disse. Notei que seus olhos também estavam vermelhos."Prometo levar Audrey para outro cômodo e a Amy vai ficar aqui te acompanhando até a hora de levantar. Estaremos de volta para te ajudar a se preparar."

"Não. Eu quero saber o que houve."Me aproximei da cadeira onde Audy está e segurei sua mão meio sem jeito." Não preciso dormir mais."

Lee suspirou.

"É a minha mãe. Ela está doente e é grave. Nem os médicos daqui conseguem entender o que é. Não sabemos se ela está para..."Sua voz embargou. Ela limpou as lágrimas de maneira bruta, e soltou o ar,como que para se recompor.

"Eu sinto muito..."Odiava ter que dizer uma frase dessas. Sem uma capacidade real de consolo,mas a única que pensei.

"Ela é tudo para nós"Audrey disse." Se ela for,não temos mais ninguém na família."

Lembrei na hora de que o pai delas era um botânico que morreu picado por uma cobra. 

"A mãe de vocês... está aqui? Ela trabalha na cozinha,não é?"

"Sim, estávamos para visitá-la na ala hospitalar,mas, primeiro, vamos preparar o seu banho. "

"Não! Está doida?! Vocês têm que visitar ela agora!"

"Sem chance. É nosso trabalho te ajudar".

"Vocês precisam ficar com sua mãe. Ficar junto dela pode ajudar muito na recuperação."

Lee negou várias vezes, e só conseguimos entrar num acordo para que Aimee ficasse. Só até ela juntar os objetos. Eu mesma me arrumaria.

 Dei um abraço em Audrey antes desta sair com a irmã.

Amy me mostrou o que elas prepararam no guarda roupa e ficou escolhendo as joias que planejavam para combinar com o vestido. 

Vi que isso era uma terapia para ela se acalmar.

Não era filha da mulher,mas também devia ser bem apegada à ela,pois,pelo que me contaram, sua mãe era uma cozinheira que veio grávida dela para trabalhar no Castelo. Amy, portanto, cresceu em meio a todos funcionários da cozinha.

Depois de vestida, eu perguntei se podíamos ir juntas para a ala hospitalar. Faltava uma hora e meia para o café ser servido.

Fomos para o primeiro andar e entramos numa sala ao lado da que Adelaide ficou hospedada há uma semana. Porém, esse lugar tinha um modelo diferente: era dividido por um vidro que separava-o no meio.

"É pior do que eu pensei."Amy exclamou.

Vi Lee e Audrey em pé com um idoso de branco e ao lado do vidro. Todos observavam um mulher de cabelos metade negros,metade grisalhos na parte de dentro. 

Ela vestia uma roupa própria para pacientes e estava desacordada numa maca próxima ao vidro. O enfermeiro que a acompanhava usava  roupas muito bem vedadas. Parecia um... isolamento. 

Amy andou na minha frente,fazendo com que eles nos olhassem. 

"Doutor Ashlar, me diga que ela está melhor!"

"Infelizmente,não."Ele a olhou com pena."Eu dizia às duas que provavelmente ela foi infectada com algum tipo de bactéria contagiosa, por isso está separada de todos para evitar que isso se alastre pelo Castelo." 

Dei um abraço de lado em Amy, quando ela soltou um lamento abafado.

"Inclusive,é melhor que nenhuma de vocês permaneça por muito tempo nessa região, apenas uma vez por dia para não ser muito doloroso. Isso é para garantir proteção, principalmente das selecionadas."

Ele me indicou com a cabeça e então começa a explicar sobre os procedimentos que vinha dando à paciente. 

No crachá dela,pude ver que o nome dela era Delilah. Automaticamente liguei ao nome da cozinheira que os guardas Markson e Avery falavam.

 Assim que terminou, Ashlar nos dispensou da sala.

 O clima do nosso retorno não estava nada bom. Elas estavam chorando baixo.

Lee respirou fundo ao abrir a porta do meu quarto e anunciou que terminariam a limpeza.Soltei um riso irônico. Aquilo não tinha a mínima condição!

"Vocês merecem descansar e esfriar a cabeça. Não digam que estão sendo inúteis ao trabalho, porque vocês sabem que não são."

Minha insistência venceu sua determinação.

Elas  foram liberadas o dia inteiro e me indicaram os vestidos e acessórios que eu teria que usar até a noite.

Dei um abraço em cada uma delas antes que saíssem. Faltava muito tempo até o café. Sentei-me sozinha na varanda contemplando o jardim.

Os olhos vermelhos delas e a visita à ala hospitalar me trouxeram a lembrança certa época da minha vida. Uma certa época não tão longínqua, apenas dois anos no passado.

...

A cada passo que dávamos para o ônibus, eu só queria poder voltar dez correndo, mas Tyler estava ali,com a mão em volta de meus ombros,para me impedir de desistir da viagem. 

Ele me garantiu que o passeio seria inesquecível.

Desde o início das inscrições, eu estava com receio de dar meu nome.

Aquele acampamento do ensino médio era conhecido pelos alunos por ser um lugar sem muito controle por parte dos supervisores. Esses funcionários dormiam, bebiam e jogavam cartas em suas cabanas, enquanto os alunos faziam pegadinhas, desafios e outras coisas inapropriadas pela floresta.

Não sabia como Tyler conseguiu convencer meus pais de que 'tomaria conta de mim.' Deviam confiar mesmo nele. 

Dei um aceno para trás e minha mãe respondeu do carona. Meu pai deu partida no carro que tinha nos trazido até a entrada do colégio.

Holly,a garota de quem Tyler gostava há quatro meses,estava ali conversando com uma de suas amigas. Ela era da outra sala do nosso ano. 

Por incrível que pareça, meu amigo teve vergonha de se declarar.Dei, por isso, a ideia dele a ideia de bancar o admirador secreto, e ele achou válido. Então, sempre nos intervalos de educação física, eu visitava o armário de Holly para colocar algum bilhete dele. 

Tyler revelou sua identidade duas semanas antes daquele passeio, e, no momento, os dois estavam em um clima de romance.

Holly tinha cabelos dourados como os meus, só que em corte curto, e seus olhos eram azuis. 

Ela nos olhou sorrindo e se despediu das meninas. Abraçou nós dois e logo,ela e Tyler começaram a falar das atividades que queriam fazer no acampamento.

Tirolesa, corda bamba,quem sabe rapel na montanha... 

Eles tinham um lado radical,diferente de mim.

Fiquei calada observando a conversa dos dois, que se estendeu até nós entrarmos no ônibus.

Eu gostava de Holly,porque ao contrário de algumas meninas que, por exemplo, se encontravam reunidas num grupo de conversa na parte inicial do ônibus,ela não era de se aparecer.Eu sabia que ela não bancava a falsa parava para conversar comigo nos corredores.

Como os lugares estavam quase todos preenchidos, vimos que um de nós teria que se sentar no lugar vago da frente, e os outros dois em poltronas vizinhas dali a algumas fileiras. Sugeri que os dois ficassem juntos e disse que leria um livro durante a viagem. 

Me surpreendeu a velocidade com que Tyler aceitou. No normal,ele ia fazer a maior oposição para não me deixar sozinha. 

Reprimi aquela tristeza lembrando que ele estava assim por causa da paixão por Holly.

Fiona, uma estudante que fazia parte daquele grupo de garotas insuportáveis, me lançou uma de mais uma de suas provocações: de que eu estava sendo substituída por uma outra garota. Claro que ignorei. Mas aquilo ficou martelando por boa parte do acampamento. Eu só conseguia me comparar à Holly. Às atividades que ela fazia melhor que eu,e que deixavam Tyler impressionado.

Na quarta noite, fui procurar Tyler no chalé que tinha se hospedado. Queria pedir uma lanterna para ler,no entanto, encontrei ele e Holly a ponto de se beijar.

Eles viram que foram flagrados. 

Ficou um clima sem graça entre nós,até que Tyler deu a ideia de irmos para a roda dos alunos.A roda que eu vinha evitando em todos os dias do acampamento. Onde os alunos faziam desafios. 

Com muita insistência, ele e Holly me convenceram de ir também. Ela ficava a cem metros do acampamento,bem em meio a mata, perto de várias pedras.

Niall Cooper era uma paixão que eu vinha guardando por um bom tempo. Ele era o melhor do time de natação e futebol. Muitas garotas, além de mim, eram vidradas nele. Ele também era a minha dupla de ciências e sempre me dava bom dia quando me encontrava na aula de matemática,a outra matéria que fazíamos juntos.

Não achei que alguém que aparentava ser tão cavalheiro como ele, pudesse fazer o que fez.

Quando Lance, um colega dele parou a brincadeira da roda para comentar que eu só eu não estava participando, dei minha resposta de que apenas queria observar. Mas ele não me deixou quieta.

Começou a especular que eu tinha medo ser obrigada a pular a cachoeira ou pedir para beijar alguém. E foi aí que Niall abriu a boca.Ele tinha me perguntado aquilo há um tempo: se eu nunca havia namorado ou beijado alguém. Não sei porque disse que não. Talvez por começar a confiar nele e que talvez estivesse se interessando por mim com alguns olhares que me dava.

Fiquei perplexa ao vê-lo revelar tal segredo para os outros em tom de deboche. Aquilo foi pior do que houve com Logan. Um garoto egocêntrico, tão ilustre quanto Tyler e Niall,mas no sentido da genialidade. Ele era lindo,esportivo e MUITO inteligente.

Tinha as melhores notas da sala e se gabava por isso. Acho que ficou com raiva de ter cantado a vitória durante o concurso de ciências e ter me visto ganhar a edição daquele ano com o meu projeto sobre plantas exóticas.

Para se vingar, ele armou uma humilhação quando fui atuar como uma borboleta num teatro infantil. Logan não foi expulso por ser filho de um dos diretores da escola, e o povo demorou um bom tempo para parar de rir da minha cara...

Niall e Logan possuíam algo em comum:ambos tinham as garotas que queriam a seus pés e estavam me tratando como uma diversão. Tentei manter a compostura, porém, Niall foi mais longe, exagerando que eu devia ter alguma doença contagiosa, como herpes para passar. Eles pareciam até crianças rindo de algo como aquilo.

Não sei se acreditaram, porque era ridículo. Só que foi uma humilhação e tanto para minha pessoa. 

Eu teria saído correndo se meu amigo não tivesse me segurado.Foi então que aconteceu.

Tyler veio mais rápido do que pude processar. Ele puxou meu rosto com suas mãos para selar nossos lábios,sob o som de muitos gritos.

O beijo durou vários segundos, e meu susto deu lugar a um desejo de que aquilo não acabasse.Vi que Tyler também fechou os olhos,porque os abriu depois de mim. Fiquei corada, com a respiração e o coração descompassados, enquanto ele dizia em voz alta que no dia seguinte poderiam verificar que não pegaria herpes de jeito nenhum.

Tyler sorriu e voltou a se sentar do lado de Holly. Senti vergonha de olhar para o rosto dela.

Eu tinha plena certeza que tinha ficado chateada. Conversei com a loira no outro dia e ela repetiu várias vezes que não se importava.Que sabia que Tyler só queria me ajudar.

Passei o resto do acampamento isolada na minha bolha de leitura.

Não conseguia olhar muito para Tyler, pois aquele momento do beijo não saía da minha cabeça de modo algum. Também não evitei o impulso de observá-lo de longe no resto das atividades. 

Mesmo na volta à escola, eu sabia que algo tinha mudado. Meus pensamentos não eram mais como antes:eles convergiam para meu melhor amigo.

Certo sábado, ele brotou na minha casa para fazer uma maratona de séries. Só ele puxava assunto e eu tentava ao máximo esconder a vergonha que tinha dele. Por sorte, a gente costumava assistir tudo em silêncio.

Quando o telefone ligou, e Tyler começou a falar com a mãe,achei que ela fosse mandar ele voltar para casa mais cedo. No entanto, seu rosto perdeu a cor.

O aviso era que Holly estava em coma, depois de um acidente de carro que matou toda a família.

Nossa rotina mudou drasticamente. 

Todos os dias, saíamos do colégio para levar flores e para que Tyler passasse um tempo ao lado de Holly.

Eu sentia meu coração doer por vê-lo chorar e se declarar para ela sem resposta.

Torcia muito para que Holly acordasse e, por esse motivo,descartei a hipótese de que estava gostando dele. Minha alegria seria vê-los juntos novamente.

Certo dia, entramos no hospital passando por uma recepção repleta de pessoas em espera e nos identificando para o segurança na catraca.

Aquele trajeto,o branco das paredes e funcionários, o cheiro de álcool e limpeza,tudo era normal para nós há quase um mês.

Durante a espera do elevador, vi Tyler começar a estalar os dedos sem parar. O rosto perdido em um ponto do metal a frente de nós.Tentei animá-lo na subida do elevador revelando que minha mãe e eu conversamos sobre fazer uma festa para quando Holly saísse do hospital. Ele voltou ao ar, sorriu para mim e me abraçou dizendo um 'Valeu por tudo, Ro'.

Uma enfermeira, quase da nossa idade, saiu da ala da UTI, onde Holly estava, lhe lançando um olhar de flerte. 

Tyler ficou curioso ao me ouvir bufar e eu lhe disse que era um absurdo a mulher saber que ele estava ali para visitar a namorada e ficar olhando-o daquele jeito.

Ele entrou rindo da minha cara e observamos Holly por alguns minutos até a máquina ao lado começar a apitar.Os profissionais de saúde entraram afobados pedindo licença e Tyler foi obrigado a soltar as mãos de Holly por um deles.

Fomos expulsos da sala imediatamente. 

Tyler se escorou em mim para chorar comigo quando nos deram a notícia. A partir desse momento, as coisas só pioraram.

O velório e o enterro foram coisas horríveis para lidar. Tyler faltou à escola por quase duas semanas e só voltou obrigado pelos pais. Mas ele não era a mesma pessoa. Escolhia ficar no fundo da sala e não me respondia quando puxava assunto com ele. 

Eu sempre o seguia pelos corredores e tentava me sentar na carteira à sua frente, mas Tyler repetia que queria espaço.

Ele também parou de jogar baseball e deixou as notas caírem por  dormir na maior parte das aulas.

Quando Robert,um dia, veio chamá-lo para jogar e quase o convenceu, entendi que, para tirar Tyler daquela situação,iria precisar de sua ajuda.

Conversei com o garoto após um treino de atrás das arquibancadas a situação Tyler. A partir dali,fizemos uma aliança para chamá-lo para cinema,piscina, treinos de baseball, festas e outros programas.Não desanimamos de tentar puxar assunto com ele, nem de lhe encorajar a seguir em frente. Foi um processo bem árduo até Tyler voltar para o time e a ativa.

Meus pais resolveram fazer um almoço de domingo para comemorar a vitória do time de Tyler no seu jogo de retorno. 

Meu amigo apoiou a ideia e se juntou à minha mãe e eu na cozinha para preparar as coisas.Nós duas trocamos vários olhares risonhos enquanto o moreno cozinhava cantando.A afinação dele era péssima, o que dava mais graça a situação.

Sua família apareceu para almoçar conosco. Naquele dia, fizeram uma brincadeira sobre nós dois sermos um lindo casal.

Fiquei indignada com isso e preocupada com o que Tyler iria achar,mas tudo o que ele fez foi rir sem parar e, como estava do meu lado, beijou a minha bochecha na frente de todos. Recebemos uma salva de palmas da família que me fez ficar vermelha. Só de constrangimento, pois àquele ponto, estava com uma paixão secreta por Robert.

E Tyler me ajudaria nos meses seguintes a fazer o inverso do que fizemos com Holly: agora ele seria o mensageiro de minhas mensagens anônimas para o colega.

...

"Rosie"Suki me chamou. Atentei para sua expressão incomodada.”Isso daqui está longe de ser um discurso sobre política "

Franzi as sobrancelhas para ela. Phoebe se aproximou curiosa.

"Como assim?" 

"Está com as palavras escritas erradas e algumas estão trocadas por falsos cognatos."

"Falsos cognatos... o que é isso?"

"Sério que você não sabe, Phoebe?" Suki inclinou a cabeça para o lado." É uma palavra parece ter uma tradução,mas na verdade tem outro."

"Ah, desculpa se eu não sou geniazinha como vocês." Ergueu as mãos.

"Gente!"Cortei-as."Está errado mesmo, Suki?"

A asiática voltou com a expressão preocupada.

"Ainda bem que te pedi para ver o discurso, você precisa correr até sua instrutora e pedir para ela te ajudar a consertar. Ela não corrigiu quando você escreveu?"

" Não fui eu que escrevi. Foi ela e depois ela deu para Clairy me passar..." Olhei para as duas já entendendo o que podia ter acontecido.

Não. Clairy não faria. Ou sim. Bastava ver a compaixão dela quando Adelaide caiu das escadas.

"Preciso falar com a Clairy." disse pegando o papel das mãos de Suki e fui em direção à saída do Salão das Mulheres. 

Minhas amigas, obviamente vieram atrás.

Fui explicando sobre a cópia do discurso que Clairy me fez escrever à mão. Aquilo era um grande motivo para que eu acreditasse que o problema não era o que Grace pôs no texto.

No caminho, porém,elas foram chamadas pela tutora de chinês,que estava ao lado se Wendy,para receberem um recado de última hora. Ficaram relutantes em ir,mas eu as tranquilizei falando que dava conta.

"Quebra a cara dela pela gente!" Tive que rir do sussurro de Phoebe.

Clairy atendeu a porta logo após minha batida e seu sorriso vacilou ao ver a folha que eu estendi.

"Por que você fez isso?" 

"Fiz o quê?" 

Ainda se fazia de sonsa.

"Você me passou tudo errado."

"E daí?"

"Você não pode!"Ela curvou a boca com um sorriso." Achei que você estava do meu lado! Lembro que me disse que Jade era uma ameaça... Não sabia, na verdade,era você."

"Até que você é esperta.Pena que não tem nenhuma prova de que fui eu." Deu de ombros.

Fiquei um pouco desnorteada.

"Você tem que me dar a cópia certa."

"Você quer? Então, vem aqui."Pegou a folha da minha mão, deixou a porta entreaberta e mexeu na sua pasta me entregando um papel.

"Boa sorte se quiser pronunciar isso certo a tempo."

"Você não vale nada."

"Eu aconselho que você não me denuncie. Você está sem provas agora, porque eu te dei a cópia certa."

Fiquei tentada a ir atrás de Grace ou Osten quando ela fechou a porta, mas Clary estava com razão: eles não acreditariam.

Bufei frustrada e fui atrás de Suki para me ajudar a pronunciar. No entanto, eu não a achei em lugar nenhum. Devia estar na reunião em alguma outra sala com a tutora.

Perguntei de Grace e Osten para os guardas do terceiro andar, mas eles disseram que ela estava fora e só voltava a tempo do jornal e que o príncipe estava em uma reunião diplomática desde cedo.

Perfeito.

Decidi me arrumar cedo para o jornal. O quarto estava silencioso sem as criadas. Seria ótimo tê-las ali,quem sabe me ajudassem. Todavia, eu tinha consciência de que elas precisavam daquele tempo. 

Era egoísmo querê-las ali.

Depois de pronta,fui à biblioteca tentar chutar as pronúncias corretas do discurso certo e usar o dicionário para o caso de eventuais dúvidas. Era o máximo que eu podia fazer...

Quando faltava menos de meia hora para o jornal e eu estava quase desistindo, ouvi um ‘boa noite’ do Osten atrás de mim.

"Boa noite"disse e dei um suspiro juntando minhas folhas. Ele parou do meu lado.

"Está estudando ainda?" Faço um sinal positivo com a cabeça e fico na dúvida se dizer o porquê ou não.

"Fui ao seu quarto para combinar de te encontrar hoje a noite no Grande Pátio, só que não achei ninguém e os guardas disseram que você tinha entrado aqui. Posso?"disse apontando para a folha que eu estudava.

Assenti.

"Eu queria te mostrar o que você não viu ontem. Sobre o assunto dos outros livros."

Osten tinha me mostrado alguns livros de história, após nossa 'reconciliação' Contudo, o guarda nos abordou outra vez pedindo desculpas pela interrupção, mas que era recomendável que eu entrasse por se passar do toque de recolher.

Osten não fez oposição.Até brincou que podia mandar o que quiser, porém, iria cumprir as regras. Eu fui na frente e o guarda se ofereceu para ajudá-lo a levar a pilha de volta.

"Então, você quer ver hoje ou.."

"Pode ser,mas tem uma coisa que preciso contar." Ele ficou sério ao ver meu rosto assim também.

Expliquei a situação.

"Eu sei que não tenho provas e não quero interferir na sua relação com as outras, mas eu preciso de ajuda com a pronúncia.Eu aprendi tudo errado."

Ele respirou fundo e me olhou com pena.

" Não dá tempo de você pegar tudo."

"Aaaah, então eu desisto."

 Abracei o braço da cadeira. 

" Não!" Riu."Calma, Rosie! Eu posso dar um jeito nisso e mudar o que você vai fazer!"

"Hein?"

"Só fique tranquila e vá para o jornal. Eu cuido do resto."

...

Depois que Osten saiu, resolvi tentar relaxar e aguardar as folhas no meu quarto. As meninas estavam em seus lugares costumeiros no palco, assim como a família real. Kerttu acenou para mim quando passei e voltou a falar com a mãe . 

Hoje haveriam novos participantes do jornal: os nossos tutores. Pouco a pouco iam chegando eles e o resto das selecionadas que ficavam prontas de última hora.

Sentei ao lado de Suki e Phoebe, contando sobre o que Osten me falou. Suki me acalmou mais dizendo que, se o príncipe tinha tudo sob controle, eu não sairia prejudicada. 

Eu esperava isso.

Osten chegou quase no limite de começar o jornal.

Na primeira parte do programa,fiquei abismada de saber pela Rainha que a casa dos governadores, em Summer, tinha sido alvo de protestos violentos. Pelo visto, o povo daquela província estava bem insatisfeito com a corrupção local.

Após isso, foi a hora das provas. Gavril explicou como funcionaria ao público:seria uma teste de língua por vez. No centro do palco, ficariam cadeiras para participantes da língua falada e para seu instrutor.

Essa pessoa que nos instruiu a semana inteira iria traduzir cada frase dialogada para o público e, no final, os outros instrutores que ficassem no canto esquerdo da sala iriam avaliar como foi o desempenho das selecionadas.

A primeira língua foi Chinês. 

A plateia bateu palmas e eu segurei a mão de Phoebe,tentando lhe passar confiança com meu sorriso. Ela,Wendy,Suki e a tradutora foram para o lugar marcado. 

Suki começou um diálogo com Phoebe depois do sinal de Gavril.

"你好" (Nǐ hǎo)

A mulher traduziu a fala de Suki como 'olá'. E a voz foi passada à Phoebe.

 "你好,你叫什麼名字?"

(Nǐ hǎo, nǐ jiào shénme míngzì?)

"Olá, qual seu nome?" 

 "Suki Cheng 和你的?"

( Suki cheng hé nǐ de?)

"Suki Cheng e o seu?"

 " Phoebe 很高興認識你 "

( Phoebe, Hěn gāoxìng rènshí nǐ.) 

" Phoebe, muito prazer em conhecê-la"

"還" 

(Hái)

" Igualmente" 

Mandei um sinal de positivo para Phoebe de longe.Ela estava muito feliz pelos elogios dos outros tradutores que a avaliaram. 

Tinha valido a pena seu esforço.

Olhei aflita para Osten pensando no que ele tinha planejado para me salvar, visto que minha língua era a terceira na fila. Ele prestava atenção na conversa de Wendy e Suki.

Como a asiática tinha facilidade com a língua, fazia sentido ela estar em duas conversações. 

Depois delas,foi a vez das meninas do alemão. Fiquei atenta a uma conversa inicial entre Amelia, Nita e Karoline. Elas faziam uma espécie de conversa de ligação telefônica.Depois seria a vez do resto. 

"Guten Tag, Ist Nita bitte?"

"Boa tarde, Nita está?" Um instrutor traduziu a fala de Amélia.

"Ja, wer ist das?" Foi a vez de Karoline.

"Sim, quem fala?"

"Amelia." Essa parte não teve tradução .

"Einen Moment bitte"

"Um momento por favor."

Karoline saiu de cena para serem apenas Nita e Amélia falando.

" Hallo Nita ist Amelia. Bist du frei zu reden"

"Oi Nita, é Amelia. Você está livre para falar?"

"Ich arbeite"

"Estou trabalhando." 

"Okay, um wie viel Uhr kann ich wieder anrufen?"

"Okay, em que horário posso ligar de novo?"

"In nicht mehr als zwei Stunden" Nita finalizou.

"Em não mais que duas horas."  

Após mais conversações do restante do grupo de alemão, chegou a nossa hora. Levantei e fiquei em pé ao lado de Jade e Clairy que começaram suas falas sobre o tema de clima.

Enquanto elas falavam sentia meu coração martelar pra valer dentro do peito. Notei o olhar divertido de Clairy para mim quando elas foram bem avaliadas. 

Em seguida, Grace assumiu a fala. 

"Como combinado, no italiano, tivemos uma conversação e agora a tradução de um ditado por parte de Rosie Ambers." Falou com um sorriso e humor que não eram dela no normal abrindo um papel que segurava desde o início.

Voltei meu olhar outra vez para Osten,a alguns metros dali, e ele me lançou uma piscada. Entendi que essa era a solução. só acho que ele devia ter me avisado primeiro…

Tinha medo de não lembrar as palavras daquele exercício relativamente fácil.

Grace passou a dizer palavras na nossa língua para tradução em italiano.

Todas da minha lista de exercícios.

"Rosie, vamos começar pelo fácil, como se diz: "Bom dia."

"Buongiorno" respondo sorrindo 

"Está frio" Busco um pouco na mente.

"Fa freddo"

"Prazer em te conhecer" 

"Piacere di conoscerti"

"Como você se sente?" 

"Come ti senti?" 

Eu vibrava mentalmente a cada vez que ela concordava com a cabeça.

"Desculpe"

"Scusami"

"Espere" 

Por coincidência,a plateia e a mídia tiveram que esperar um bom tempo para que me lembrasse da tradução. Senti meu rosto ficar vermelho até me lembrar.

"Aspettare

Meu coração estava acelerado. Grace assentiu de novo.

"Sente-se"

"Siediti"

"Você está bem?

"Stai bene?"

A plateia bateu palmas quando Grace disse que acabou. Os jurados me deram nota mediana, mas aquilo já estava ótimo. 

Lancei o melhor olhar grato para o Príncipe. Não haviam palavras para agradecê-lo.

Voltei para meu lugar recebendo um parabéns das meninas. Vi que Clairy e Jade me encararam com desdém e minha mente deu um estalo. Será que a modelo também estava envolvida?

Os testes prosseguiram por um bom tempo, até que Osten se levantou, a convite de Gavril, para finalizar o Jornal. Apenas entendi o porquê ao ouvir Osten tocar no assunto eliminação.

"Como já estava no planejamento, duas de vocês devem sair à noite. "Ele faz uma pausa,talvez para fazer suspense." Devo dizer que infelizmente, Margareth e Clairy se despedem hoje do palácio. No demais,uma boa noite,povo de Illea."

Suki me tirou do meu estado de torpor um tempo depois das câmeras serem desligadas. 

"Rosie, por que não está pulando de alegria? O príncipe eliminou justo a pessoa que te sabotou!"

"Eu sei." Falei prestando atenção na conversa ao longe de Osten, Clairy e Margareth. A loira era a que mais reclamava "Só queria saber o que fez ela ter tanta sede de me tirar da competição,ou melhor. Elas."

Avistei Jade me observando de cara fechada a alguns metros dali. 

"Elas?"

"Acho que Jade também estava nisso."

Suki abriu a boca para responder, porém, alguém gritou meu nome. Olhei para onde estavam Osten e Clairy e me aproximei.

 Margareth já tinha saído de perto.

"Sim?" Sorri fraco para ele.

"Clairy quer falar algo."

"Eu queria pedir desculpas a você." 

Alterei o olhar entre eles surpresa. Osten deu de ombros.

"Ah... tudo bem..." Franzi a testa. 

Eu duvidava que ela se arrependia por bom caráter. 

"Tudo bem é para você que ficou." Se virou e foi embora.

"Sem comentários..." Osten disse observando-a."Quero que saiba que sempre acreditei nas suas palavras,mas tive que conversar com a Clairy minutos antes do jornal. Ela não soube esconder a surpresa, tinha uma defesa muito bem preparada...de que você tinha inveja dela, do talento dela com a língua italiana, que não se admirava, porque você disse uma vez que queria você deveria ter tido o primeiro encontro comigo.”Nessa parte, ele sorriu.”Sabemos muito bem que você nunca quis sair comigo.”Ergueu as sobrancelhas, me fazendo desviar o olhar com um riso envergonhado.”Mesmo assim, continuei a ouvi-la e iria até absorver a situação, e não culpar nenhuma de vocês por falta de prova, mas… ela me deu uma desculpa muito esfarrapada para a cópia com os erros que um guarda achou na lata de lixo do quarto dela...”

“A cópia com os erros?!O que isso...” 

”Você me disse que ela trocou as cópias e te deu a certa. Apenas pensei que ela poderia ter dado a bobeira de não ter se livrado da outra como deveria... Isso se chama excesso de autoconfiança.Ela se embolou quando disse que você orquestrou isso e devia ter amassado e jogado a cópia ali para enriquecer sua história de detalhes, e diminuir as chances de ser pega. Eu fingi acreditar, e só disse que a justiça seria feita.”

Me recordei do jornal. Do olhar de Clairy para mim. Mais do que satisfeita por achar que me veria passar vexame, ela estava confiante de que Osten iria me eliminar.

Ri incrédula.

“Não acredito que não pensei que essa bendita cópia serviria como uma ‘prova’. Mesmo assim, não é a melhor delas.”Suspirei” Obrigada por acreditar em mim. Obrigada,de verdade."

O príncipe sorriu de lado.

"É pra isso que servem os amigos." Apoiou a mão no meu ombro e me lançou mais uma piscadela. "Te vejo mais tarde."


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Notas finais do capítulo

ESPERO QUE ESSE "FLASHBACK"ESCLAREÇA ALGUMAS COISAS da carta/sobre a Rosie

Não é meu estilo fazer isso,mas vi que abrir uma exceção não seria tão ruim...

A imagem é do Flashback. Adivinhem que está nela... kkk

P.s: os parênteses na parte do chinês mostram mais ou menos como fica a pronúncia. É que como aquilo está em símbolos diferentes,achei legal colocar para não ficar tudo só no visual.

Listinha
1 Amelia Jenkins - Hanspot

2 Katie Lion - Clermont

3 Suki Cheng - Ottaro

4 Rosie Ambers - Columbia

5 Heather Agnes - Bankston

6 Jennifer Coubert - Angeles

7 Gianna Olson - Yukon

8 Vivian Mark - Panama

9 Samantha Hill - Baffin

10 Emma Meester - Summer

11 Cintia Orleans - Kent

12 Lydia Parker - Carolina

13 Blair Phillip -Midston

14 Denise Winsley - Alens

15 Tina Jones - Waverly

16 Florence York - St. George

17 Phoebe Lautner - Labrador

18 Jade Bennet - Likely

19 Nita Arrow- Belcourt

20 Scarlet Pieterse - Dominica

21 Karoline Gardner - Hudson

22 Wendy Timber - Honduragua

23 Paige Stuart - Zuni

24 Bridget Collins - Calgary

25 Ophelia Shelves - Tammins

26 Yasmin Fitcher - Dominica



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