Uma Seleção com Rosie Ambers escrita por ANA


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Feliz 2019 a todos/ boa leitura! :)



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 Certa vez, minha mãe me contou sobre uma festa especial no palácio durante sua Seleção: A recepção da família Real Italiana.

Ela me disse que foi um dos dias mais divertidos da sua vida, porque as italianas estavam cheias de vida e adoraram a recepção que ela e America planejaram.

Na época, a princesa Nicoletta era solteira e não tinha assumido o trono.Atualmente o reinado dela estava nas mãos de Nathaniel, seu herdeiro.

Ela e seu marido Phillipo, eram como America e Maxon: rainhas e reis apenas por consideração.

Nicoletta estava a poucos metros de mim conversando com America, Madame Marlee e Madame Lucy. Diferente de muitas pessoas ali naquela festa, que não eram metade do que elas, não pareciam esnobes no jeito de falar e agir.

Fiquei pensando se minha mãe não se daria bem com elas, caso se encontrassem depois de anos...

Acho que não.

Seus mundos eram totalmente diferentes. Os gostos não deveriam ser os mesmos. E ela não seria tão próxima, porque quase foi a rainha de Illea.

Se isso tivesse ocorrido, onde e com que pessoas eu estaria? Porque a ideia de morar na minha casa, onde fui abandonada, foi da minha mãe... E se outras pessoas tivessem me acolhido naquele lugar? E se eles, talvez, se mudassem para outra província, ou outro país?

Desviei meus pensamentos da categoria dos 'E se' e foquei na conversa à minha frente.
Suki conversava com a princesa Delfina, filha de Nicoletta.

Ela era bonita, fina e simpática. Seu cabelo tinha um tom castanho claro e havia sardas no rosto, além de olhos verdes.

A asiática me puxou para perto dela há cinco minutos.

Delfina nos falou que era um ano mais nova do que nós, mas que já estava noiva de um duque chamado Oliver.

Se já era estranho para mim me imaginar noiva com 18 anos, imagina para ela com 17...

Só que Delfina parecia não ligar.
Falava de Oliver com um sorriso apaixonado. Devia estar mesmo feliz por se casar tão cedo...

"Meu irmão mais velho, Nathaniel, ficou noivo aos 16, mas vocês sabem que a primeira esposa dele faleceu um ano depois do casamento, não é?"

Concordamos com a cabeça. A notícia do acidente de carro da princesa Bianca passou por muito tempo nos jornais.

Nathaniel resolveu assumir o trono Italiano sozinho e vinha governando dessa forma desde então.

"Ele nunca superou a Bianca." Sussurrou."Minha mãe está colocando ele na parede para que case logo."

"Tadinho..."

"Ele não pensou em mais nenhuma garota?" Suki questionou.

"Não. É mais fácil Lorenzo, que não sossega com nenhuma mulher, se casar mais cedo do que ele."

Assentimos nos entreolhando sem graça pela fala direta de Delfina.

O príncipe Lorenzo era famoso por ter três noivados mal sucedidos. Todos por motivos misteriosos, porém, ao que tudo indicava, ele quem dispensou as garotas, que pareciam arrasadas nas entrevistas após o rompimento.

"Mas, mudando de assunto, como está indo a seleção? Estão gostando do príncipe Osten?"

"Muito! Ele é um sonho! É lindo, educado, leva jeito de ser romântico e parece que vai ser um ótimo marido."Suki disse com um ar sonhador. Delfina concordou com a cabeça sorrindo.

"E você, Rosie, o que achou dele?"

"Hã..." Fiquei sem graça com elas me encarando." Ele é bonito e... piadista"

Dei de ombros.

Suki levantou as sobrancelhas, e Delfina começou a rir.

É sério que essa foi a primeira característica que veio na minha cabeça depois de bonito?

Por outro lado, não seria legal repetir tudo o que Suki já falou, mas Osten nem mesmo tinha me contado alguma coisa engraçada...

Só para a família dele, no almoço.
Acho que ficou na cabeça.

"Nossa, você foi a única menina que o descreveu assim de primeira,e disse a verdade: ele tem um ótimo senso de humor." Delfina sorriu, meneando a cabeça como se lembrasse de alguma coisa engraçada sobre Osten.

"Mas eu concordo com a Suki, ele é também educado e... deve ser um ótimo parceiro."

"Com certeza." Delfina assentiu."Oh, aí vem a Eadlyn, junto com mais duas meninas que eu não conheço."

Olhei para a direção que Delfina observava. E não. Essa noite prometia mais tragédia.

Jade e Bridget andavam uma de cada lado da rainha.

"Delfina, que saudade, é muito bom vê-la por aqui." Eadlyn a abraçou. Notei o olhar analítico de Jade e Bridget sobre eu e Suki.

"Eu senti muita falta, também, Eady." As duas se afastaram sorrindo uma para a outra.

"Suki Cheng e Rosie Ambers, estou certa? Ainda estou com dificuldades para decorar. São muitas garotas."

"Sem problemas, Majestade." Suki respondeu se curvando, seguida por mim.

"Rosie, minha filha perguntou por você. Ela disse que queria lhe mostrar alguma coisa e te procurou por toda parte do salão. Você estava mesmo aqui?"

"Estava sim, Majestade. Acho que ela não me achou pela quantidade de pessoas." Ela sorriu.

"Tem razão. Está mesmo muito cheio. Nem com dois salões de festa consegui resolver o problema de tanta gente para convidar... De qualquer forma, se quiser achá-la, ela vai estar no Salão das Mulheres brincando com os amigos. "

Assenti agradecendo. Pude ver, pelo canto do olho, dois olhares sérios sobre mim. Não precisei de esforço para descobrir quem eram. Se, pelo menos, a Rainha soubesse dos vulcões que despertava...

"Como foi o desfile de moda de hoje, Eadlyn? Naquele horário eu ainda estava no avião..."

"Não pude ir dessa vez. Eu tinha que fiscalizar isso aqui." A Rainha apontou ao redor."Mas consegui assistir uns pedaços pela televisão. Os vestidos estavam estonteantes."

"Estavam mesmo. Alguns estilistas que me vestiam para a passarela trabalharam nessa ocasião." Jade interferiu." Eles são muito talentosos!"

Suki me lançou um olhar de tédio velado.Jade não perdia uma para se aparecer.

"Você é modelo?"

"Oh, sim, Alteza, sem querer deixar a modéstia, eu já ganhei o concurso miss da província Likely por dois anos consecutivos. Você... Por acaso lembra de ter visto?"

"Ah, Jade, mas é claro que não. Ela só deve ver coisas de âmbito nacional, como filmes,certo?" Jade fez uma carranca disfarçada para Bridget por causa do comentário. A ruiva se virou para Delfina. "O que achou dos meus filmes?"

"Seus filmes?"

A princesa franziu a testa. Vi o sorriso de Bridget congelar no lugar.

"Bridget Collins é uma atriz." Disse Eadlyn. "Filha de Rebeca Collins"

"Ah, Rebeca Collins. Nossa! Eu não sabia que ela tinha uma filha. É um prazer conhecê-la Bridget! Por favor, diga à sua mãe que ela é uma excelente atriz e que sou muito fã dela!"

"Eu digo, sim,Alteza." Respondeu com um sorriso forçado.

Não sabia se sentia pena ou ria da cara quebrada das duas narcisistas.
...

A conversa se firmou no assunto Moda.Nos separamos quando Delfina foi chamada pela mãe e Eadlyn pediu licença para falar com algum político.

"Eu nunca vou esquecer da cara de decepção daquelas duas" Suki sussurrou me fazendo rir."Me sinto tão vingada."

Nós encontramos Phoebe, Mylene e Denise na mesa de bebidas. A asiática chegou logo se servindo de vinho.

"Você quer?" Me ofereceu a taça.

"Não sou muito chegada."

"Tem certeza?" Mylene me encarou virando o copo.

"Tenho. Eu... prefiro chocolate."

Apontei para os docinhos disponíveis e pus um na boca.

"Com quem vocês falaram até agora?"

Suki perguntou a Phoebe e Mylene.
Quanto a Denise, já sabíamos que tinha conversado com Camille, a Rainha da França.

"Com a família real francesa e depois com alguns diplomatas. Nós quase entramos numa conversa com Tracy King, acredita? Mas ela estava num grupo fechado de artistas. Não dava para simplesmente chegar."

Phoebe indicou com várias mulheres conversando, entre elas Jade, pois fazia parte de seu meio. O nome de Tracy King me fez lembrar de Audrey e do autógrafo que ela queria.

"Será que se eu pedir a Tracy, ela me dá um autógrafo?"

Elas me olharam sem entender.

"Aqui e agora?" Suki franziu a testa." Você não tem papel."

"Posso subir para pegar."

"Se for assim, eu também vou querer."

"Ok! Eu pego um papel para você!"Ela agradeceu.

Mas, antes que eu pudesse sair, uma figura de morena se pôs na minha frente.

"Bellas ragazze, sabem se nessa mesa foi colocado vinho tinto italiano?"

Franzi o cenho me perguntando de onde conhecia aquele jovem.

"Infelizmente,não, Alteza,"Suki rapidamente respondeu fazendo reverência."São muitas garrafas dispostas aqui."

Alteza, claro. Aquele se tratava do príncipe Lorenzo, irmão de Delfina.

"Acho que posso tentar reconhecer" Ele disse com um sorriso torto." Mas,por hora, gostaria de saber os nomes de todas."

Lorenzo pegou a mão da asiática para beijar. Em seguida, a minha e das outras enquanto falávamos nossos nomes.

Não pude deixar de notar que, com cada uma de nós, ele fez tal gesto olhando para nossos olhos.

Podia ser paranoia da minha cabeça, mas o histórico dele com mulheres também não ajudava: apesar de passar uma expressão angelical com seu rosto rosado, sardas e olhos esverdeados, sua atitude me mostrava esperteza e sagacidade. Como se ele estivesse pronto para atacar qualquer uma que quisesse conquistar e impressionar o mundo.

O italiano se dirigiu à mesa sob nossa atenção para verificar os rótulos das garrafas.

"Aqui está." Ergueu uma e se virou para trás."Vocês aceitam? Ele é muito melhor do que o vinho de Illea, sem querer ofender meus caros anfitriões..."

As meninas se desmancharam em risadas e pegaram novas taças, deixando-se serem servidas pelo príncipe.

"E você,Rosie, não quer?" Pisquei atônita ao entender que Lorenzo falava comigo.

"Ela é fraca para bebida, faria o maior escândalo se tomasse."

"Q-Quê?!" Quase gritei me virando para Denise, que sorriu maldosamente,ao passo que Phoebe se engasgou com a bebida." Não é..."

"Isso é verdade?"

Voltei a olhar para o príncipe. Ele me olhava de um jeito intrigante. Senti meu rosto ficar vermelho.

"É brincadeira dela." Suki aliviou." Acontece que Rosie não tem o costume beber."

O príncipe assentiu.

"Então prove um dos canapés italianos. Espere."

Ele deslocou de imediato para o outro lado do salão.

"Suki..."

"Nossa, não acredito que ele foi mesmo até outra mesa, longe, para pegar"

"Não é? Muito cavalheiro." Mylene comentou.

"É. Tudo bem." Balancei a cabeça." Mas alguém aqui pode me dizer o que significa ragazze?"

"Garotas em italiano." Suki responde.
Senti uma cutucada.

"Desculpe rir de você aquela hora. Eu sei que ficou chateada." Falou em tom baixo.

"Eu sei, Phoebe. A culpa não é sua." Disse olhando sério para Denise no momento em que essa comentava algo com Mylene.

O príncipe Lorenzo retornou sorrindo e me entregou o canapé. Agradeci provando ainda sob seu olhar. Era ótimo. Ele alargou o sorriso ao me ouvir elogiar.

"Lembre-se que não há nada da Itália que não valha a pena,minha cara." Disse com uma piscada.

Minha mente deu um estalo. Isso teve um duplo sentido? Não, impossível.

Ele não iria jogar charme para nenhuma selecionada sendo amigo da família real, principalmente para mim.
...
Segurei o caderno com mais força contra o corpo. Será que pegaria mal eu entrar com aquilo numa festa como aquela?

Eu me motivei pela animação de Audrey na hora quando cheguei ao quarto para pegar o caderno de desenhos e avisei que que retornaria com o autógrafo.

Tinha que fazer aquilo por ela.
Em que outra ocasião Audrey teria oportunidade de ter uma assinatura de Tracy King?

Respirei fundo torcendo para que não notassem muito o objeto em minhas mãos e para que não fosse criticada.

Parei de andar quando virei no último corredor antes do Grande Salão. Podia ver uma figura pequena encolhida no banco. A criança limpava lágrimas do rosto. Me aproximei cautelosamente.

"Está tudo bem?" O garoto levantou a cabeça se dando conta de minha presença, mas logo a desviou para o lado.

"Não." Disse seco.

"Você quer que eu chame sua mãe ou seu pai? Com quem você veio?"
Ele ficou calado.

"Tudo bem, não quer falar. Você quer que eu traga, pelo menos,um copo de água?"

"VAI EMBORA." Seu grito me fez sobressaltar.

Suspirei me recordando de que, nos momentos que ficava triste, a última coisa que queria era uma interferência interna me impedindo de pensar.

Fui me afastando devagar, dando de vez em quando, uma olhada para trás.

O garoto continuou cabisbaixo.

Avistei dois guardas na porta do salão e pensei que talvez poderiam conhecer o garoto e chamar a mãe dele.

Porém, em vez de avisá-los logo, coloquei uma ideia em prática.

Corri até a mesa de doces e peguei um do tamanho de metade da palma da mão.

Cruzei o olhar com Suki durante o retorno. Ela franziu a testa,mas não dava para parar e explicar.

Suki ainda estava ao lado de Lorenzo e das meninas. Eu tinha me livrado de lá fazia alguns minutos... Primeiro por causa do favor à Audrey,segundo porque não aguentava mais ouvir o príncipe Lorenzo comentar sobre suas habilidades em diversas atividades esportivas e músculos que ganhara.

Era óbvio que estava querendo impressionar, e aquilo estava dando certo, pela expressão das meninas.
Voltei ao corredor. O garoto se encontrava no mesmo banco. Ele levantou a cabeça quando ouviu meus passos.

"Oi..." Sorri amarelo."Eu só queria saber se você aceita."
Estendi o doce.

"Chocolate?"

"É. Eu tenho uma prima que uma vez me deu isso para eu me sentir melhor. Ajudou."

Dei de ombros. No máximo o que ele poderia fazer era atirar o doce em mim ou para longe. Observei-o encarar o chocolate até resolver pegar.

"Obrigado."

"De nada. Espero você que se sinta mais feliz." Dei as costas para ele.
Agora eu bem que poderia avisar mesmo a um guarda.

"Ei, você!" Sua voz me fez virar. "Qual o seu nome?"

"Rosie e o seu?"

"Stefan." Desviou o olhar para baixo outra vez."Você quer um pedaço, Rosie?"

Vi o pequeno repartir o chocolate em dois e me estender uma parte.

"Ah, pode ficar."

"Mas você foi legal. Pega" Sua expressão alegre me incentivou a me aproximar para pegar."Eu estava com muita fome" Murmurou.

"Quer que eu pegue mais?" Ele confirmou com a cabeça de modo engraçado.

Sugeri bolo, mas ele negou e disse que preferia uma tal de torta de morango.

"Eles sempre fazem ela. Ela é a melhor."

Entrei no salão caçando a mesa com sobremesas. Achei uma com muitas tortas e bolos. No entanto, o banquete ali era grande demais e não dava para ter certeza qual era a torta de morango.

"Hã,desculpe, sabe onde posso encontrar a torta de morango por aqui? Me pediram para encontrar."Perguntei assim que notei uma pessoa chegando à minha direita.

"Ah, sim, Rosie, atrás do bolo de chocolate."

Olhei para surpresa para o lado por se tratar de Osten.

"Ah, obrigada, Osten. Desculpe não te notar.Que sonsa!"Meneei a cabeça.

"Nada. Para que é isso?" Encarou o caderno que coloquei embaixo do braço enquanto eu passava um pedaço da torta para um prato.

"Uma amiga me pediu para conseguir um autógrafo de Tracy King e eu precisava de folha."

"Hum... certo." Assentiu.

Olhei dele para a torta.

"É...com licença, Osten" Sorri sem graça e caminhei rápido em direção à saída.

Stefan começou a comer na mesma hora que entreguei a torta, dizendo um obrigado.

"Se minha mãe estivesse aqui. Ela estaria brigando muito comigo por comer de boca aberta."Ri do comentário.

Estava satisfeita por levantar seu humor, embora ele não me olhasse muito. Era como se não confiasse em mim.

"Na verdade, ela não é bem a minha mãe." Continuou com uma expressão pensativa." Ela só me adotou, não é minha mãe de verdade. Alguns garotos gostam de rir da minha cara por causa disso."

"É por isso que estava chorando?"
Stefan parou de comer.

"Foi mal. Eu não queria ter dito isso... Só perguntei, porque já passei pelo mesmo. Também não conheço meus pais verdadeiros..."

"Você é adotada?"
Assenti.

"Sim e as pessoas já riram muito de mim por causa disso."

"É um saco, mesmo. Mas não é por isso que eu estava chorando. Era porque..."

"Você não precisa me dizer."

"Não, eu quero. De qualquer jeito, você não vai demorar muito para descobrir." Suspirou. "Olha para meus olhos." Franzi a testa, mas obedeci.

"Olha! Eles têm cores diferentes!" Um era azul celeste, outro verde claro." Isso é..."

"Heterocromia.Meu médico que falou. É horrível."disse com voz cansada.

"Eu ia dizer incrível."

"Até parece. Os outros garotos que estavam brincando comigo estavam me zoando por isso. O Alison me disse que meus pais não me queriam porque eu era estranho."

Era por isso que ele não me olhava muito, tinha vergonha...

"Não é verdade. É muito lindo. Você devia ficar feliz por ter um olho de cada cor, porque é muito raro."

"Você só diz isso porque quer ser legal. Não adianta. Eu me odeio."

Fiquei sem palavras enquanto ele cruzava os braços mirando o outro lado.

O que eu devia falar?

Olhei para o do caderno em minhas mãos.

"Stefan..."chamei-o abrindo. " Eu quero te mostrar uma coisa." O garoto se virou para mim.

"Para quê o caderno?"

"Eu tinha pegado para conseguir um autógrafo de uma mulher famosa." Respondi folheando até chegar na folha que queria."Olha isso."

"Uma flor? Por que desenha essas coisas?"

"Eu gosto... Essa flor é chamada hibisco. Ela é linda,não é?"

"É"

"Ela era para ser toda de uma cor, mas por causa de uma mudança na genética, nasceu com essa mancha."
Stefan me encara com o olhar questionador.

"Eu queria te mostrar que as coisas na natureza são belas do jeito que são. Uma mudança no seu jeito de ser não te faz pior do que os outros. Você e essa flor são diferentes, mas são bonitos e especiais. Então, você não tem que se sentir mal."

"Verdade?" Assenti com um sorriso.

"Por favor, acredite em mim,eu sei que isso nem foi a melhor comparação,mas é a pura verdade. Não é defeito o que você tem, é um traço diferente, isso te faz ser alguém mais original..."

Uma coisa surpreendente aconteceu: Stefan me abraçou com um sussurro agradecido. Fiquei emocionada com aquilo.

Notei pelo canto do olho alguém nos observando, mas ao levantar minha cabeça para olhar não vi ninguém. Devia ser coisa da minha cabeça...

"Acho melhor eu voltar para a festa. Minha mãe deve estar tendo um ataque." Stefan disse.

"Também vou. Preciso do autógrafo" Balancei o caderno.

"É de que pessoa?"

"Tracy King."

"Aquela do cabelo de arco-íris?"
Ri.

"Ela mesma." Tracy King era conhecida por pintar várias mechas de cabelo de cores neon. Era sua marca registrada.

Stefan caminhou ao meu lado até avistarmos a porta do Grande Salão. Foi quando ele passou a correr.

"Paaai!"

O homem de farda, que conversava com os dois guardas da entrada, se virou e abriu os braços para receber o filho. Reconheci-o como aquele general que ficou dando boas-vindas às selecionadas no primeiro dia. Como era o nome dele? Aspen?

Fui me aproximando devagar.

Os dois trocaram breves palavras sobre a ausência do garoto.

Stefan explicou sobre as brincadeiras de mal gosto que outras crianças fizeram com ele e, no final, disse que eu o fizera companhia há alguns minutos quando ele estava sozinho.

O sorriso de seu pai para mim me lembrou o jeito com que Eadlyn me tratou quando fui atenção a Kerttu. Ele agradeceu, mas eu sabia muito bem que não havia nada de heroico no que tinha feito.

Dei um aceno para eles e me misturei à multidão de pessoas. Reparei que a Eadlyn e Maxon estavam no alto do palanque. Um funcionário terminava de ajeitar o microfone para eles. O discurso deveria começar em instantes.

Foquei em meu objetivo. Tracy King estava conversando em um sofá com um grupo de pessoas.

"Licença. Tracy King, poderia me dar um segundo?"

"O que você faz aqui? Não sabe que ela não se mistura com pessoas inúteis?" Eu nem estava surpresa pelo ataque de Jade.

"Escute, garota, estou numa conversa particular."Tracy respondeu séria.

Pude ouvir uma risada contida de Jade.

"Mas é só um autógrafo." Abri o caderno." Na verdade, três. Prometo não incomodá-la de novo."

A expressão da mulher mudou.

"Oh, mais uma fã. Mas é claro que sim, querida." Jade revirou os olhos ao vê-la pegar o caderno e caneta. Eu pedi para Tracy assinar em três páginas diferentes.

Agradeci e saí satisfeita.

Um era para Audrey, um para Suki e o outro seria para minhas primas. Elas iriam pirar quando recebessem. Eu só precisava descobrir um jeito de mandar. Por carta, talvez. Mas para quem eu pedia? Silvia? Ou eu poderia também guardar na mala, até a hora de voltar para casa...

...

Abri a porta do quarto ansiosa para encontrar Audrey, mas ele estava vazio.

Suspirei deixando o caderno em cima da minha escrivaninha. Minha vontade era de ficar por ali mesmo.Eu não estava com ânimo algum para voltar àquela festa.

Eu sabia que tudo ali não passava de um teste idiota de destaque social e adaptação à vida real. Estava começando a considerar a festa de Veronica menos entediante que essa.

Mas o discurso de Maxon estava no início quando saí. Talvez Silvia ou a própria imprensa notasse a minha ausência, e eu me desse mal.

Além disso, não havia dado parabéns à princesa Kerttu.

Me apressei em deixar o cômodo, pensando na possibilidade de terminar de assistir o discurso, abraçar Kerttu e fugir para o quarto.No entanto, não dei nem dez passos no corredor até precisar parar.

Percebi que não estava sozinha. Por se tratar de um diálogo, eu tinha a companhia de mais de uma pessoa.

"Você está muito equivocado se acha que uma resposta direta e uma atuação vai me convencer."

"Eu e ela não temos nada!Você é um louco obcecado. Não vê que ela te escolheu?" Uma segunda voz masculina falou.

"Então por que fica procurando conversa com ela?"

Aquilo parecia ser bem íntimo. Pelos sons deveriam estar no meio do caminho da única saída da minha ala.

Achei estranho, porque, de alguma forma, achava familiar uma daquelas vozes.

"Nós somos amigos e eu posso conversar com quem eu quiser."

"Não com ela."

Não dava para seguir em frente e passar eles sem ser notada.O jeito era voltar para o quarto.

"Você não pode me impedir."

"Posso e vou. Fique longe se quiser se conservar saudável. Estou falando sério."

Dei meia volta andando bem devagar por causa do salto.

"Quem está falando sério,aqui, sou eu.Se me incomodar de novo com essa história, eu acabo com sua cara."

"Não antes de eu acabar com a sua. Eu vou falar só mais uma vez: Fica longe da Delfina. Ela é minha."

Princesa Delfina?

Aquele era o noivo dela?

"Toda sua."O outro disse com tédio.

"Estou indo embora, mas escuta o que eu digo: se eu descobrir que você está mentindo, não tenho medo de agir."

Ele se aproximou pisando duro no chão.

Fiquei entre correr de vez ou ficar parada, e escolhi a primeira opção.

"Inteligência, não é para esse lado não."

O aviso teria me ajudado se tivesse sido feito a mais tempo...

"O Q... PODE PARAR AÍ, GAROTA!"

Travei a fuga perante os gritos e me virei.

Um jovem moreno de terno branco me encarava com um olhar fulminante.

"Bem que eu pensei ter ouvido um barulho de salto alto... Pensa que vai fugir, sua jornalista inútil?"

Jornalista?

Antes que eu pudesse responder, a segunda pessoa apareceu. Arregalei os olhos sem ação.

"Osten...?" Minha voz ecoou fraca.

 


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Notas finais do capítulo

Uma palavra sobre esse desfecho: treta.

Lembrem -se que nada nessa história é por acaso....

P.s: E essa família real italiana,hein? Kkkkk
Não digo nada, só observo(escrevo)

P.s 2: #morredenise

Obs1: Esses dois últimos cap tiveram uma avalanche de personagens( Velhos/ novos) Alguns fixos, outro temporários... Espero nao ter confundido ninguém! Qualquer dúvida, comentem.

Obs2: Stefan surgiu por uma causa específica: EU SIMPLESMENTE NUNCA ACEITEI O FATO DO ASPEN E DA LUCY NÃO TEREM FILHOS EM A HERDEIRA/COROA! Cara, até a Eadyln que é filha do Maxon/América tem 2. Por que o lindo do Aspen e a fofa da Lucy não podem? ISSO não é justo! Eles seriam pais maravilhosos! Por esse motivo,está aí!

bjs ;)