Like a Vampire 3: Lost Memories escrita por NicNight


Capítulo 5
Capítulo 5- Segredos


Notas iniciais do capítulo

E.... EU VOLTEI! E aí pessoal, como foi o carnaval e o dia da mulher de vocês?
Bem, já que o feriado está acabando (na verdade já acabou pra mim, mas vamos ignorar) nossa progamação de LAV volta ao normal-ou quase.
Enfim, espero que gostem e boa leitura!



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Narração Nikki

Logo depois do banquete/baile (que pra mim, pelo menos, deve ter durado menos de quatro horas), todas nós havíamos ido dormir bem de boas nas nossas camas de casais que apesar de serem na casa do capeta, eram muito confortáveis e macias, graças aos deuses.

Infelizmente, minhas horas de sono não tinham durado muito. Acordei no meio da madrugada depois de um pesadelo meio estranho envolvendo minha mãe, do qual eu não me lembrava muito bem. Depois de eu comer umas jujubas que estavam perdidas na minha mochila e me revirar pra lá e pra cá na cama, percebi que não ia conseguir dormir tão cedo e resolvi treinar.

Como, obviamente, eu não tinha um saco de pancadas no castelo, só treinei algumas defesas, socos e chutes na grande parte vazia do meu quarto. Até pensei em pegar meu fuzil e ir pro lado de fora, mas percebi que talvez isso me causasse um pequeno probleminha por porte de armas de fogo.

Porque, claro, eu já tinha visto pessoas andando por aí de arco e flecha, espada e até com poderzin de água, mas o meu fuzil não podia. Mas, claaaro, eu resolvi ser uma daminha fofa e ficar na minha sem questionar, já que eu já estava me arriscando por andar com um fuzil escondido na mochila pelos cantos. Palavras da minha própria irmã mais velha, Marie.

Cansada de ouvir minha própria respiração, eu coloquei fone de ouvido e liguei numa música agitada no maior volume possível. Tão alto que eu só ouvi Lua quando ela literalmente tirou ele de mim e gritou no meu ouvido:

—Ô MEU AMOR, CÊ TÁ SURDA?

Dei um tapa no braço dela, que ganiu:

—EI! Isso é injusto!

—É o que você ganha quando me dá um susto desses- Eu tirei os fones de ouvido e me sentei na cama- O que você quer?

—Na verdade... Nada!- Lua se sentou do meu lado- Eu acordei com fome e não consegui dormir depois, aí eu vim dar um rolê pelo corredor e ouvi uns passos fortes vindo do seu quarto e umas respirações abafadas. Aí eu pensie “Ou o Shu tá no quarto dela ou ela tá treinando”. Mas como você nunca chamaria o Shu pra ir pro seu quarto, então você só podia tá treinando. Aí eu entrei.

—Por que diabos o Shu estaria no meu quarto ás cinco da manhã?- Eu cerrei as sobrancelhas na direção dela- E o que isso teria a ver com passos fortes e respirações abaf....

Quando eu me toquei, fiquei vermelha e olhei pra ela com raiva:

—LUA!

—O que foi? Eu não disse nada!- Lua jogou as mãos pro alto- Eu sugeri uma coisa, foi sua mente poluída que completou isso!

—Eu não pensei em nada pervertido.- Revirei os olhos.

—Não é isso que sua cara toda vermelha diz- Lua  cutucou minha bochecha- Você parece um tomate!

—Você também vai parecer um tomate depois que eu dar um tapa na sua cara- Retruquei, meio irritada enquanto eu me deitava na cama- Então... Você veio só me encher o saco?

—Basicamente!- Lua se deitou do meu lado- Você lembra de quando a gente dividia a cama?

—...Você tá falando dos dias que você ficava com medo demais dos monstros embaixo da sua cama pra dormir sozinha e se encolhia atrás de mim?- Eu perguntei, não conseguindo esconder meu sorrisinho.

—...Eu não ficava com TANTO medo assim- Lua mentiu- E também, você sempre foi a mais forte e carnuda de nós duas. Se o monstro viesse pegar a gente, ou você batia nele ou ele pegava você que tem mais carne do que eu que sou só osso.

—Você me usava de isca de defesa, resumidamente.- Eu ri baixo- Muito obrigada. Sua técnica funcionou muito bem.

—Pra mim funcionava!- Lua me deu um tapinha muito fraco- Eu ficava mais segura com você!

Então eu me virei pra ela, meio séria:

—Você tá com medo de alguma coisa agora?

Lua olhou pra mim, massageando os olhos verdes.

—Sei lá- Lua deu de ombros- Tô com um sentimento ruim desde ontem. Tô com saudades da escola.

—Você ouviu o Reijii- Eu expliquei- Vamos ficar esses meses fazendo escola e faculdade á distância, já que os Sakamaki já convenceram os docentes disso, e depois voltamos pra fazer vestibular.

—Acho que é disso que eu tô com medo- Lua se encolheu do meu lado- Tá tudo mudando, de repente. Eu ainda não me acostumei com o que tá acontecendo ao meu redor e até... em mim.

—Em você?- Eu me apoiei na cama- Da última vez que eu chequei, a puberdade já tinha chegado até você, irmã.

—Não é isso!- Lua suspirou, meio cansada- Eu acho que... eu talvez.... Só talvez... Uma breve possibilidade... De eu estar gostando de um garoto.

Arregalei meus olhos:

—É O QUE? ONDE? QUANDO? QUEM É O AZARADO?

—Eu ainda não sei se eu gosto mesmo, então prefiro guardar pra mim por enquanto- Lua tinha os olhos brilhando- Até porque, se eu contar pra vocês, vocês vão me fazer passar vergonha.

—Eu nunca te vi gostando de um cara- Notei de repente- Você já beijou alguma vez na vida?

Lua negou com a cabeça:

—Eu sempre esperei pelo cara certo. E agora eu tenho dezessete anos. Eu nem sei se esse é o cara certo, talvez nem exista um cara certo pra mim. Eu só sei que eu comecei a notar que quando ele chega perto de mim, eu sinto que tem um jardim desabrochando dentro de mim.

—Você tá passando tempo demais com a Sarah- Eu dei uma risada- Mas obrigada por me contar, eu espero que dê certo entre vocês dois.

Apesar de, lá no fundo, eu ter uma pequena ideia de quem ela estava falando.

—Ei, vocês duas- Subaru bateu na porta violentamente- Reunião na sala de jantar.

—São menos de seis horas da manhã, sobre o que diabos vocês querem falar?- Eu resmunguei.

—São seis em ponto, na verdade.- Lua corrigiu.

—Enfim, Lilith quer ver vocês seis lá embaixo- Subaru disse e então foi embora.

Nós duas nos entreolhamos, e descemos rapidamente ainda de pijama pro andar de baixo.

Quando chegamos lá, percebemos que todas nossas irmãs estavam lá, com caras de sono horríveis. Enquanto isso, as Hudison estavam arrumadas como se estivessem acordadas á séculos.

—Que bom que todos estão aqui!- Lilith sorriu sinceramente, ajeitando o vestido azul- Sinto muito por não poder vê-las ontem, eu estava ocupada numa viagem... esclarecedora.

Percebi que uma mistura de ódio e melancolia invadiu seu olhar, mas preferi não perguntar nada.

—Eu trouxe convites pra todos vocês- Lilith então brilhou com felicidade, estendendo um pacote de envelopes para Reiji.

—Convites... pra que?- Ayato perguntou, arqueando a sobrancelha.

—Pro meu casamento.- Lilith respondeu, como se fosse óbvio- Eu tô noiva desde ano passado e você nem notou no meu anel?

Lilith então esbanjou o anel de quartzo na cara dos garotos.

—Você teve filho antes do casamento?- Ruki perguntou, com uma cara de julgamento.

—...Você sabe que a gente não controla quando que o bebê vai sair do nosso útero, né?- Victoria perguntou meio estressada enquanto seu marido entregava convites pra todos.

—Como se vocês conseguissem ter algum tipo de controle em geral- Yuma murmurou, e eu me senti revirar os olhos.

—Sabe uma coisa que eu realmente não tenho controle? A minha vontade de dar na cara de certas pessoas!- Priya parecia irritadíssima.

—Meu anjo, fica calma se não piora- Brunna colocou as mãos nos ombros da irmã.

—Enfim, eu espero que vocês venham!- Lilith colocou uma das mãos na cintura.

—Quem é essa?!

A voz de Mun me fez virar pra trás, onde ela estava em toda sua glória: Vestido azul claro até os pés e o cabelo todo preso num coque bagunçado. Lilith arqueou uma sobrancelha pra ela:

—Quem é ela?

—Eu perguntei primeiro!- Mun estalou a língua.

—Essa é Lilith- Victoria explicou com uma suavidade irritável- Sua prima. Lilith, essa é Mun, sua nova prima.

As duas ficaram se entreolhando por alguns segundos, antes de Lilith se virar pra nós.

—Desde quando eu tenho prima menina e por que eu não soube disso antes?

—Você não perdeu muita coisa- Subaru bufou- Ela chegou a uns três dias no máximo, e só sabe irritar a gente.

Marie pisou no pé dele pelo comentário.

Lilith se abaixou até ficar no nível de Mun.

—Eu não sei lidar com prima menina.- Ela assumiu.

—Eu também não- Mun deu de ombros- Eu nunca convivi com uma mulher que não fosse minha mãe, mas ela já foi...

—Já temos muito em comum, pelo que parece- Lilith sorriu de uma forma quase doce- Você é muito linda, sabia?

—Você também!- Mun ficou rosada, e deu um pulinho alegre- Você parece comigo.

—É porque vocês são da mesma família... E são meninas- Ayato disse como se fosse óbvio- Dã.

—Por acaso eu pareço com a Marie?- Eu perguntei de repente, assustando os garotos- Pois é, isso não significa merda nenhuma.

—Não coloca meu nome no meio das suas discussões idiotas, Nikki- Marie revirou os olhos azuis na minha direção- Além do mais, ninguém dessa família parece comigo.

—Que bom. Desse jeito a gente pode fingir que não tem parentesco com você- Sofie falou, brincando porém com uma cara séria. O comentário fez com que a morena ganhasse um tapa no ombro da mais velha:

—Não ache que um drakon faz você ter mais poder sobre si mesma, mocinha.

—Meu deus, você falou que nem minha mãe agora- Priya arregalou os olhos.

—É. Tirando a parte do drakon. Mamãe provavelmente nem sabia o que era isso- Daayene deu de ombros.

—Meu Deus, fiquem quietas.- Brunna bufou.

—O que é um dreikôn?- Mun perguntou, a cabeça tombando pro lado e os olhos brilhando de curiosidade.

—É um bicho feio que vai te matar- Kanato respondeu como se fosse simples.

—...Alguma vez na sua vida você já falou com crianças?- Ruki perguntou, parecendo chocado com a resposta de Kanato.

—Sim, e elas estão todas mortas- Sarah respondeu, mas deu uma risada quando todo mundo virou pra ela assustado- Eu hein, foi uma piada. Uma anedota!

—Eu posso ganhar um dreikôn?- Mun interrompeu a discussão, e todos ficaram em silêncio até Yuma quebra-lo:

—Essa criança é psicopata.

—Parente dos Sakamaki, esperava o que?- Eu respondi brevemente.

—Vocês que falaram de drakon aqui, se culpem por isso!- Ayato reclamou.

—O Kanato que falou que os drakon iam matar ela!- Lua retrucou.

—O que não é mentira- Shu se meteu- Só falando mesmo.

—As preocupações de vocês me fazem querer chorar- Lilith colocou as mãos na cintura- Eu já tenho que ir. Igor está me esperando e eu ainda não fui vê-lo.

Lilith então se despediu de todos nós, logo depois saindo pela porta da frente.

—Onde ela estava?- Marie perguntou, meio curiosa.

—Ah, sei lá- Yuma deu de ombros- Eles não se preocuparam em perguntar.

—Nossa, que ótimos primos vocês são- Revirei os olhos.

Alguém bateu na porta logo depois, e nós nos entreolhamos.

—Estão esperando alguém?- Reijii perguntou, olhando cuidadosamente para Victoria, que apenas respondeu:

—Não que eu saiba. Mas sabe como é, aqui as pessoas não combinam de nos encontrar, elas só brotam.

—Isso é verdade.- Daayene concordou exageradamente com a cabeça.

Brunna bufou e foi abrir a porta com Ruki ao seu lado.

—Viu? Eu falei que a gente tava no lugar certo!- Ouvi uma voz muito conhecida- Eu avisei, mas ninguém presta atenção em mim nessa família!

—Deixa de ser dramática, Eliza- Haruka revirou os olhos- Oi, pessoas que eu não lembro o nome.

Em questão de sete segundos, as Creedley já haviam entrado na sala e se acomodado nos sofás.

—O que vocês estão fazendo aqui?- Priya perguntou.

—Ou uma pergunta melhor: Quem são vocês?!- Kanato parecia bravo com as desconhecidas.

—Nossa, esse lugar é cheio assim sempre?- Eliza perguntou, seus olhos ficando brevemente rosas antes de voltarem pra cor original.

—...A gente devia considerar normal que o olho dela ACABOU de mudar de cor?!- Ayato perguntou de uma forma absurdamente dramática.

—Sim, esse é meio que o poder dela- Sofie respondeu sem dar muita bola pro que estava acontecendo.

—Ah~~ Que adorável!- Laito ajeitou a fedora e se aproximou das três irmãs- Dessa forma você consegue sempre se tornar bela de formas diferentes~~.

—Se você se aproximar mais um passo da minha irmã, eu corto sua garganta, frito sua cabeça e dou sua carne pros cachorros- Cousie se colocou entre Eliza e Laito, seu olhar frio beirando ao assustador.

—...Onde foi que vocês conheceram essas meninas mesmo?- Ruki perguntou para Brunna, parecendo abismado com a agressividade delas.

—Ah, a gente só... se conheceu- Sarah explicou,e eu quase bati nela pela resposta idiota.

—Sakamaki e Mukami, né?- Haruka perguntou, apontando para os meninos que fizeram uma cara confusa- Não fiquem tão surpresos, Meg não para de falar sobre como vocês são “os futuros amantes dela” pra gente.

—Quem... é... Meg?- Azusa perguntou.

—Não queira saber- Anna sussurrou bem baixo.

—Tá, mas por que vocês tão aqui?- Lua perguntou, ajeitando os óculos.- Vocês não são o tipo de garotas que vem só pra nos verem.

—É, com certeza querem algum favor- Priya completou o pensamento de Lua.

—Não faz muito sentido- Kou brincou- Se elas querem ajuda, por que pediriam pra umas MNeko-chans humanas e inúteis que nem vocês?

—Primeiro, porque a gente quis.- Cousie respondeu- Segundo, elas aparentemente são boas em andar já que nunca param quietas. Terceiro, elas são bem mais fodas que vocês.

—Obrigada pelo elogio- Daayene fez um joinha com a mão.

—Ok. Do que vocês precisam?- Victoria se sentou no braço do sofá, ao lado de Reijii.- Vamos ajudar no que pudermos.

—Vamos direto ao ponto- Eliza começou- Alguém precisa mostrar os subterrâneos pra Haruka.

Nos entreolhamos novamente.

—E... o que faz vocês acharem que nós sabemos andar por lá?- Brunna perguntou.

—Não é bem uma questão de conhecer os subterrâneos. Nessa parte eu consigo me virar- Haruka se levantou- Mas eu preciso de alguém lá que esteja por dentro do que está acontecendo na corte.

—E pra isso... Você precisa da gente?- Eu cerrei as sobrancelhas quando Haruka concordou- Eu não vejo como tudo isso se encaixa.

—Quem vier com ela ouve a história inteira- Cousie falou com uma cara séria- Pegar ou largar, quem vem?

Sofie levantou a mão:

—Eu vou.

—Você vai?- Sarah parecia chocada.

—Foi o que eu acabei de falar- Sofie se levantou- Eu tenho boa memória, consigo lembrar o caminho. E eu me viro no que precisar de mim.

Haruka pareceu considerar:

—Ok, então, vamos o mais depressa possível.

Sofie e Haruka desceram as escadas em forma de círculo, no fundo do castelo. As duas davam passos devagares em silêncio enquanto o ambiente ficava cada vez mais e mais escuro.

—Então.- Sofie tentou puxar assunto, ainda com uma expressão séria- O que faz você quiser vir pra cá?

Haruka mirou Sofie de forma suspeita, antes de pegar uma lanterna da parede, iluminando o caminho:

—Acreditamos que existem rebeldes residindo aqui.

—Rebeldes?- Sofie questionou, seguindo Haruka parecendo confusa- Como assim rebeldes?

—Rebeldes. Pessoas que são contra o governo e também não querem seguir outros tipos de "revolta", que nem o grupo de vocês- Haruka explicou calmamente- Pessoas que querem dar um golpe no KarlHeinz por n motivos que vão contra as crenças deles.

—E por que eles estariam alojados aqui?- Sofie perguntou, e Haruka pareceu se estressar um pouco com a quantidade de perguntas.

—Pra que mais seria?- Haruka estreitou os olhos- Eles acreditam que KarlHeinz está hospedado aqui. E mesmo quando descobrirem que não está, sabem que aqui estão seus convidados de honra, e tentarão matar todos. Isso inclui você e suas irmãs.

Sofie engoliu em seco discretamente, sentindo um arrepio tenso percorrer seus braços.

—É por isso que você me chamou aqui?- Sofie questionou- Pra eu servir de isca?

—Se preza pela segurança de suas amigas e irmãs, você precisa pagar um preço. Mesmo que ele seja o risco de morrer- Haruka olhou pra trás estressada- É isso que a vida me ensinou até hoje.

—Você não precisa matar eles- Sofie retrucou- Você só vai estar provando algo que eles já suspeitam. Que os defensores do rei são violentos e abusivos.

—Você é absurdamente ingênua pra uma dona de drakon- Haruka suspirou- Se quer realmente vencer essa guerra fria que tem com KarlHeinz, vai ter que estar disposta a matar e morrer.

—Matar por uma causa de paz é a mesma coisa de anular a causa inteira- Sofie se sentiu zonza de repente.

—E morrer por ela é honra.- Haruka respondeu- Sofie Herbert, eu já ouvi a seu respeito. Você tem uma inteligência acima da média e uma noção de liderança absurda. É preciso começar a usar isso a seu favor na guerra.

—Eu não quero começar uma guerra- Sofie disse bruscamente.- Quero acabar com ela.

—Então não pense nisso como uma guerra- Haruka olhou friamente pra Herbert- Você mataria se isso significasse proteger as pessoas que estão hospedadas aqui com você?

Sofie não respondeu a pergunta. No lugar disso, ela olhou para o chão e tirou uma mecha marrom da frente dos olhos. Haruka suspirou em resposta e continuou andando,sendo seguida pela outra garota.

O resto do trajeto foi feito em silêncio, até um barulho de correntes fazer as duas meninas entrarem em alerta.

—Que barulho foi esse?- Sofie perguntou, os olhos arregalados.

—Não sei, mas não me parece bom- Haruka respondeu calmamente- Me segue em silêncio.

Sofie, pela primeira vez, não retrucou e resolveu obedecer a Creedley. As duas andavam na ponta dos pés, na espreita pra qualquer e todo tipo de surpresa. Bem, quase todo.

Sofie fez um barulho na garganta quando um homem alto a segurou por trás, seu braço envolvendo seu pescoço como se estivesse pronto pra quebrar a Herbert no meio. Haruka se virou rapidamente com o sinal de perigo da colega.

—Ora, ora, ora, o que temos aqui...- O homem barbudo respondeu num sorriso quase psicótico- Uma humaninha pronta pra ser servida de jantar.

—Tira as suas mãos dela.- Haruka ameaçou o rapaz- Agora

—Você acha que suas ameaças vão me impedir de fazer qualquer coisa com sua namoradinha. Esse cheiro delicioso... Infectado por Sakamakis,mas ainda assim delicioso. E uma beleza tão pura... Talvez eu devesse me divertir um pouco com ela antes de sugá-la até seu delírio mental.

Os olhos de Sofie brilhavam com uma mistura de ódio e nojo que fizeram Haruka se impressionar, mas a Creedley não teve muito tempo para pensar nisso.

Haruka então pegou de seu bolso um objeto que parecia um soco inglês e começou a socar a parede de pedra, até fazer buracos na mesma.

—O que está tentando fazer? Acha que esses soquinhos com um brinquedo de metal vão me assustar?- O homem riu, mas Sofie percebeu que ele fraquejou suas mãos no pescoço dela.

—Não. Mas acho que eu posso assustar com uma coisa melhor- Haruka sorriu , e tirou as pedras da parede até ver o encanamento- É bom que você não tenha medo de se molhar, Herbert.

Haruka posicionou as mãos em forma de garra, e as levantou devagar. Em câmera lenta, parecia que os canos se estouravam, soltando água por todos os cantos.

O homem então soltou Sofie pelo pescoço e começou a tentar pegar sua cintura. A Herbert, entretanto, foi mais rápida e conseguiu correr até uma fila de armas que estavam presas na parede. De lá, ela tirou uma faca afiada e Haruka sentiu o corpo gelar por alguns segundos.

Enquanto o subterrâneo se enchia de água, o homem correu até Sofie novamente, só que dessa vez ela conseguiu desviar e enfiou a faca em seu pescoço. Ele ganiu de dor e desviou um pouco da garota, que estava agora com uma faca sangrando em suas mãos.

Haruka resolveu ignorar seu medo inicial, e criou ondas na direção do rapaz, que o fizeram cair no chão enquanto a água enchia mais e mais o lugar fechado.

—Você está bem?!- Haruka perguntou, parecendo preocupada com a expressão estranha de Sofie- Não achei que você fosse o tipo de usar uma faca.

—Eu não sou.- Sofie respondeu- Mas a gente vive e aprende a sobreviver, né?

—Sua... Vadiazinha...- O homem tentou se levantar, apontando pra Sofie- A sua família vai ser a da futura rainha? Você e suas irmãs são todas umas vadias sem rumo mesmo.

Haruka colocou o pé no peito do cara, o olhando com raiva:

—Mais uma palavra e eu te mato.

—Você tem coragem?- O homem riu- Vocês duas são só garotinhas fracas que querem se pagar de homens.

Haruka levantou as mãos novamente, fazendo a água subir até os ombros das garotas.

Sofie sentiu certa dificuldade em nadar no início, mas depois conseguiu se acostumar facilmente.

Bem, pra quem já teve pavor de fogo, água era um milagre.

—Meus homens vão vir atrás de vocês- O homem tentou nadar pra superfície- Eles vão abusar das suas purezas, vão deformar essas suas carinhas até vocês morrerem.

—Eu gostaria de ver eles tentarem- Haruka disse, nadando até atrás do rapaz e subindo em suas costas. Ela criou uma espécie de sacola de água com as mãos e pressionou sob o rosto do barbudo, o impedindo de respirar.

Mesmo assustada, Sofie se obrigou a pensar em quem era ele... No que ele havia falado sobre ela e sua família... No que ele havia ameaçado de fazer com ela e Haruka.

E, dominada por uma fúria sinistra, ela mergulhou na água e esfaqueou o peito do rapaz até o líquido ao seu redor começar a ficar vermelho.

Então a água começou a evaporar, fazendo acabar no chão apenas Haruka, Sofie e o homem morto.

—Meu Deus- Sofie se levantou assustada, deixando a faca cair no chão- Eu matei uma pessoa.

—Se isso te consola, ele provavelmente morreu de falta de oxigênio, e não perda de sangue.- Haruka disse, parecendo indiferente ao seu ambiente- Então provavelmente fui eu que matei ele.

—Faz alguma diferença?!- Sofie estava respirando com dificuldade- Eu estar envolvida em um assassinato de qualquer jeito já é uma coisa absurda pra minha família!

—Ele mereceu, Sofie- Haruka se sentou do lado dela- Você ouviu o que ele queria fazer com a gente, e você sabe que ele era um da rebelião.

Sofie abaixou a cabeça, e depois a levantou com uma expressão meio desolada porém confiante:

—Ok.

Um silêncio ficou entre elas por alguns segundos.

—E o que nós fazemos agora?- Haruka perguntou, e Sofie teve que morder o lábio pra não respirar de forma barulhenta:

—A gente esconde todas as evidências e finge que nada aconteceu.- Sofie então se virou pra Creedley- Isso fica entre nós duas.

—Claro, Herbert- Haruka concordou com a cabeça- Eu nunca quebraria um pedido seu.

Os próximos minutos aconteceram muito rápido na visão das garotas. Sofie foi até o armazém do subterrâneo, ficando surpresa (porém não tanto) ao achar um pote de ácido fluorídico. Ela também achou máscaras de proteção e luvas, e pegou tudo.

Enquanto isso, Haruka pegava uma espécie de lona e cobria o corpo do homem com ela, enquanto suas mãos tremiam.

As duas garotas colocaram suas máscaras de proteção. Sofie pegou suas luvas (bem diferente das quais ela estava acostumada, ela notou) e fechou os olhos enquanto jogava o ácido sob o corpo do homem e o escondia embaixo de uma pilha de madeiras.

Haruka pegou a faca que Sofie havia usado e colocou numa espécie de fornalha que existia por lá, antes de ligá-la. Depois, ela passou uma água pelo chão.

—Tem certeza que esse corpo vai derreter?- Haruka perguntou- Eu nunca vi algo assim.

—Eu já assisti muito Breaking Bad e tive conversas bem interessantes sobre isso com meu professor de química, tá tudo certo- Sofie, apesar de tremendo, disse com um sorriso.

—Você é estranha- Haruka deu uma risada- Mas se quer que ninguém desconfie sobre isso, é melhor tirar essa cara de quem acabou de matar alguém.

—... Eu vou tentar, obrigada- Sofie revirou os olhos- Satisfeita com o que encontrou aqui?

—Minhas teorias estavam certas- Haruka analisou- A rebelião realmente está morando aqui e realmente quer matar os convidados de honra. Especialmente as Herbert, já que eles acham uma desgraça humanas serem rainhas.

—Que ótimo- Sofie começou a andar na direção de volta- Como se não existissem pessoas o suficiente que quiseram nos matar nos últimos anos.

—Eu sei bem como é- Haruka assumiu num suspiro- Minha família toda foi massacrada quando eu era pequena. As únicas que sobraram da nossa família foram... Eu, Eliza e Cousie.

—Por que massacraram sua família?- Sofie questionou- Qual raça seria monstra o suficiente pra fazer isso?

—Foi a própria raça demônio- Haruka falou- Nossa família era majoritamente feminina. E então começou a rolar o boato de que as mulheres carregavam o gene de uma doença nossa chamada Endzeit. De alguma forma inventaram que as mulheres da minha família estavam saindo com outros caras e abandonando bastardos doentes. E então começaram a caçar as mulheres Creedley. Nós três sobrevivemos, mas foi por sorte.

—E agora?- Sofie falou enquanto subia as escadas.

—Agora a gente luta pra sobreviver.- Haruka disse parecendo triste- Um tio nosso que morreu a três meses atrás nos vendeu para uns caras. Eles queriam ter filhos com alguém de sangue demônio, ou pelo menos com essa descendência.

Sofie parecia querer retrucar, mas não conseguiu. Ambas então chegaram áo depósito do castelo.

—Aqui eu te deixo, Herbert- Haruka fez uma saudação- Diga pras meninas que eu encontrei o que queria.

E Haruka saiu dali pela janela, deixando Sofie paralisada por tudo que havia acabado de ouvir.

—Deuses- Ela reclamou- Esse lugar é mais bizarro que eu imaginava.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam do capítulo? ( E essa treta da Sofie e da Haruka ein?), será que isso vai dar merda ou será que elas vão conseguir se safar?
Enfim, não se esqueçam de me mandarem suas opiniões e teorias pelos comentários pq eu amo ler ♥
Bejos e até o próximo cap!



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