Like a Vampire 3: Lost Memories escrita por NicNight


Capítulo 24
Capítulo 24-Frágil confiança


Notas iniciais do capítulo

Aeeee, mais um cap!!!
Vou admitir que era pra ter saído mais cedo, mas aí eu fiquei enrolando, aí meu PC parou de pegar o teclado e tive que mandar pro conserto que não adiantou nada ihuuu
Mas enfim, superemos a escrita pelo celular
Espero que gostem e boa leitura ♥



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Narração Victoria.

Acordei com um grande barulho de conversa no andar debaixo. Me revirei na cama umas cinco vezes e até tentei colocar o travesseiro de Reijii em cima da minha cabeça, mas nada parecia fazer com que o som sumisse e eu voltasse a dormir.

Bufei, prestando um pouco de atenção e percebendo que eram as vozes dos meninos, e não das meninas, como se era esperado.

Deixando a curiosidade vencer o cansaço, me levantei da cama e calcei os chinelos, descendo de camisola e robe e tudo.

Quando cheguei á sala, fiquei bem surpresa ao ver todos os rapazes reunidos e conversando como se fosse a coisa mais normal do universo.

Normal mesmo seria se eu chegasse na sala e visse um ringue improvisado com dois dentro se matando e o resto torcendo pra um dos participantes.

—Bom… dia?- Me mostrei, tendo noção que não fazia muito sentido me esconder já que eles já deviam ter sentido meu cheiro.

—Ih, chegou a Dona Sakamaki.- Ayato revirou os olhos, e ergui minha mão num gesto obsceno pra ele.

—Victoria!- Reijii me repreendeu.

—Ele tava pedindo!- Eu retruquei, me sentando ao lado de meu marido- Mas agora que vocês me acordaram com o papo irritante de vocês, lidem com a minha presença. Qual é o assunto?

—Nada.- Subaru foi rápido em responder. Kou disse com um sorriso:

—Eles estavam falando das garotas...

—Privacidade é zero nesse casa, viu?- Shu resmungou, e só aí que eu vi que ele estava meio deitado do meu lado.

—É verdade, não podemos negar~- Laito cantarolou.- Todos estão apaixonados nas suas irmãs.

—Fale por si mesmo.- Ruki resmungou.

—Vocês estão todos apaixonados, lidem com isso.- Eu falei com um meio sorriso.

—Eu não!- Yuma brigou comigo.

—Nem eu.- Ayato concordou.

—Ayato, você só está em fase de negação.- Eu instruí- Kou, Yuma e Azusa são os únicos que tem algum motivo pra negarem. Por quem eles vão se apaixonar?

—Ainda tem a Priya, a Daayene e a Anna.- Kanato opinou.

—Há. Até parece.- Yuma continuou resmungando.

—Quem muito reclama, acaba pagando a língua.- Kou riu- Eu não me oponho a ficar com uma delas, no entanto...

—É um saco.- Ayato brigou- Antes a gente falaria sobre qual das meninas é mais gata, mas agora com mais da metade comprometido, fica complicado.

—Não ia mudar em nada.- Kanato retrucou- A diferença é que íamos falar das nossas namoradas, e não de meninas aleatórias.

—Então você e a Sarah estão sérios?- Questionei.

—Eles nem se beijaram ainda.- Shu soltou.

—Só porque vocês beijam todas as meninas que encontram pela frente, não achem que isso se aplica a mim. Eu e Sarah queremos levar as coisas num ritmo ok. - Kanato parecia ficar com um pouco de raiva.

—Vocês são idiotas de falar tudo isso na frente da Victoria, isso sim.- Ruki suspirou, voltando sua atenção pro seu livro.

—Acho…interessante…- Azusa opinou, e fiquei em dúvida sobre o que exatamente havia sido aquele comentário.

Ouvi passos vindo do andar de cima, e em pouco tempo as meninas estavam chegando.

—Ah, bem que eu achei que tinha gente falando da gente.- Priya riu.

—Depois a gente que é fofoqueira.- Sarah veio se sentar ao meu lado, junto com Marie.

—Cadê Lua?- Subaru perguntou.

—E Daayene?- Continuei.

—As duas resolveram dormir até mais tarde.- Marie respondeu- Ficaram fora até tarde da noite.

—Não sabemos onde Daay estava.- Brunna respondeu antes que alguém pudesse perguntar- Ela só chegou meio acabada aqui.Foi direto pro quarto. Acho que as Creedley estavam com ela, aliás.

—A Lua falou que estava com a Nikki o dia inteiro.- Sarah comentou, e então se virou pra Shu.- Você viu ela lá?

Shu deu de ombros:

—Não visitei ela ontem. Não aguento mais ficar naquele lugar bizarro e barulhento.

—Nem ela deve aguentar, acredite em mim.- Murmurei, entrelaçando os dedos de Reijii nos meus discretamente.

De repente, ouviu-se uma batida nervosa na porta.

Nos entreolhamos.

—Estamos esperando alguém?- Reijii questionou.

—Pode ser uma das minhas fãs~- Kou cantarolou.

—E você lá tem fã?- Subaru brigou.

Os dois não tiveram tempo de brigar, porque a batida voltou.

Marie revirou os olhos e se levantou, jogando os cabelos loiros pra trás.

—Isso aí amor, mostra quem manda!- Laito brincou, recebendo um sorriso da minha irmã. Ri um pouco.

Marie abriu a porta, e seu olhar foi de pura confusão e preocupação antes de abrir passagem.

—Com licença, bagagem passando!- Haruka vinha na frente, gritando como uma moça de aeroporto.

Atrás dela, vieram Cousie e Eliza, com uma Sofie encolhida. Princesa Alice vinha atrás de todas, e fechou a porta rapidamente quando todas entraram.

—Começou o casamento.- Kanato bufou.

—Aconteceu alguma coisa?- Brunna perguntou, preocupada.

—Achamos Sofie no meio da rua chorando.- Cousie explicou- Íamos trazer ela pra cá, mas aí Princesa Alice apareceu procurando ela e acabamos por todas virmos pra cá.

—Visita folgada é isso mesmo.- Priya revirou os olhos.

Sarah abriu espaço no sofá, e Eliza guiou Sofie pela mão até ela se sentar.

Minha irmã tinha a cabeça baixa, os cabelos cobrindo o rosto. Ela usava um vestido azul longo cheio de pedrinhas bem bonito, além de luvas na cor pérola. Ela parecia tremer, e soltava pequenos gemidos e soluços.

—…Ela vai falar ou vai ficar nessa aí?- Yuma questionou.

—D-d-deixa ela na d-d-dela.- Anna tentou defender minha irmã.

—Alguém se importa em explicar o que diabos tá acontecendo aqui?- Briguei.

— O que fez isso?- Ayato apontou pra Sofie- Pera, foi uma pessoa? Se for uma pessoa, eu juro que eu mat…

—Vocês podem fazer o favor de calar a boca pra eu escutar o que tá acontecendo?- Marie mandou, e todo mundo foi rápido em ficar quieto.

—Não sabemos, na verdade.- Eliza começou a justificar- Estávamos andando na rua de boas até que achamos ela numa praça nesse estado e foi isso. Tentamos oferecer água e perguntar o que tinha acontecido, mas ela ficou calada.

Olhei pra Princesa Alice:

—Estou tão no escuro quanto vocês. Tudo que eu ouvi foi Tyrosh e Robert comentando sobre ela ter sumido. Como me preocupo muito com a família de vocês, fui logo atrás dela.

—Então no resumo, ninguém sabe de nada e ninguém fez nada pra descobrir de alguma coisa?- Ruki foi sarcástico- Parabéns a todos.

Anna começou a olhar meio confusa pra Sofie, e percebi Brunna e Haruka trocando um olhar.

—Gente, que falação é essa?- Lua desceu as escadas, bocejando e ainda de pijama. Ela congelou- Jesus, quem morreu?

—Ninguém. Por enquanto.- Priya respondeu, apontando com a cabeça pra todo mundo que tinha uma cara meio confusa e muita raiva.

—Ah.- Lua não parecia entender nada- O que que tá pegando com a Sofie?

Todos deram de ombros ao mesmo tempo.

Finalmente, a dita cuja resolveu levantar a cabeça e tirar o cabelo do rosto.

Suas bochechas estavam avermelhadas, e os olhos levemente inchados. Mas em geral, a mesma cara de sempre. Só que mais triste.

—Eu não vou voltar pra lá.- Foi tudo que ela disse.

—Nossa, agora sim sabemos o que aconteceu, meus parab…- Subaru já ia começar a reclamar, mas parou com um beliscão de Kanato.

—Pro nosso castelo?- Alice pareceu preocupada- Por que? O que aconteceu?

—Podemos parar de fazer p-p-perguntas?- Anna pareceu tentar se impôr- Sofie está em estado de choque, e precisa respirar.

Sofie forçou um sorriso na direção da mais nova das Hudison.

—Mas eu achei que você queria ser rainha e ficar longe dos traidores.- Ayato ironizou- Agora a bonita mudou de ideia?

—Era mentira, idiota.- Sofie pareceu com raiva- Todo aquele discurso. Eu não penso nada daquilo. Eu só me aproximei da Família Rosemary pra tentar descobrir algo da minha mãe. Sem ofensas, Alice.

—Não te culpo, sua mãe faria o mesmo.- Alice pareceu relaxada.

—Tá, você descobriu alguma coisa?- Sarah pareceu ansiosa.

Sofie balançou a cabeça num sinal de sim.

—Ah! Eu também descobri uma coisa! Acabei de lembrar!- Lua começou a pular com um copo de chocolate quente na mão.

—E você não quis contar pra gente antes?- Laito achou estranho.

—Passei o dia inteiro ontem conspirando com a minha irmã. Sofie também era pra ir, mas não foi. Ah, Jackson estava lá.- Lua deu o copo pra Subaru segurar.

—Por que ninguém avisou pra nós três que uma reunião dos irmãos estava acontecendo?- Questionei.

—Era dos mais novos.- Lua disse como se fosse óbvio.- Enfim, eu e Jackson fomos pra tribozinho dele lá e tudo mais. Descobri que mamãe ficou hospedada lá durante a Rebelião do Robert. Sim, aquela que só começou porque o meu sogro aparentemente sequestrou minha mãe.

—Isso explica… Até que algumas coisas, na verdade.- Brunna considerou.

—Continue.- Reijii pediu.

—Enfim. Foi isso. Ah, ela tava grávida.- Lua disse como se fosse simples, e eu quase engasguei na saliva.

—Surpreendente, vindo de uma mulher que teve sete filhos.- Yuma ironizou.

—Grávida? Mas… ela tinha sido sequestrada pelo KarlHeinz.- Haruka tentou entender.

—Bingo.- Lua deu de ombros, e eu engasguei de novo.

—Ai meu Deus, eu sou filha do KarlHeinz?- Marie entrou em crise existencial- Minha vida é uma mentira.

—Não acho que esse seja o caso.- Cousie opinou- A Rebelião do Robert aconteceu quando Molly tinha pouco mais de dezenove anos. Você seria muito mais velha se tivesse nascido nessa época. E provavelmente teria poderes.

Marie pareceu aliviada.

—Então, nós temos um meio irmão?- Subaru pareceu meio aterrorizado- Ai…

—Não exatamente.- Sofie fez a expressão que sempre fazia quando estava montando uma linha de raciocínio lógico.- O que eu descobri foi...

—Molly estava grávida.- Daayene de repente apareceu- De KarlHeinz, óbvio.

—Ela endoidou?- Eliza questionou.

—Mas não tem meio-irmão.- Daayene continuou falando- Não mais. Robert fez questão disso.

—Ai meu Deus, nosso meio irmão morreu.- Sarah arfou.

—Ele não teve nem chance de nascer.- Daayene disse.- Robert dopou Molly com abortivos quando descobriu que o filho não era seu. Ele não sobreviveu nem três dias na dieta de remédios. Morreu na barriga da mãe.

Senti uma certa ânsia de vômito.

—Não sei se eu fico feliz que não tenho um meio irmão compartilhado com meu namorado ou triste com a história.- Marie parecia confusa.

—Gente…- Sofie tentou começar.

—Como você sabe de tudo isso?- Kou perguntou.

Daayene apontou pra cabeça:

—Achei que teria perdido meus poderes depois de ontem, mas acho que estou mais poderosa que nunca. As visões que tive foram assustadoras mas me deram bastante… clareza sobre vários assuntos.

Ela olhou de relance pra Yuma, mas pigarreou e continuou:

—Eu acho que finalmente consigo controlar com certeza o que eu quero ver. Achei que tinha visto algo sobre Molly numa cama de sangue. Na simbologia, camas de sangue costumam ser usadas pra descreverem partos. Acabou que era meio que isso. E eu achei.

—Gente…- Sofie continuou tentando chamar a atenção.

—Eu sabia que Robert estava dando remédios pra Molly.- Alice admitiu, claramente culpada.- Sabia que ela estava grávida. Ele tinha me dito que o aborto era apenas efeito colateral do tratamento que ele havia dado pra ela. Como pude ser tão estúpida?

—Você só acreditou no seu irmão.- Brunna tentou acalmar a princesa.

—Não importa. Molly era minha melhor amiga. E eu era apaixonada em seu irmão. Eu devia ter visto o lado dela da história, e não acreditado em tudo que meu irmão me disse.- Alice tinha um olhar quebrado- Ele e Tyrosh que são os grandes manipuladores. Eu sou apenas uma princesa estúpida.

—GENTE!- Sofie gritou de repente, fazendo todos levarem um susto.- Obrigada. Posso falar agora?

—Você não tava melancólica não querendo falar com ninguém a dois minutos atrás?- Yuma perguntou. Sofie escolheu o ignorar:

—Eu consigo ignorar meus sentimentos apenas em prol de uma coisa: Lógica. E agora juntando todas as descobertas, tudo faz sentido.

—Então nos explique, sabe-tudo.- Ayato disse com ironia. Sofie se levantou, ainda tremendo um pouco.

—Molly foi sequestrada pelo KarlHeinz enquanto ainda estava prometida pro Robert. Isso causou raiva no rei feiticeiro, obviamente. Mas também causou raiva nas três esposas do pai de vocês, o que explica porque a Cordelia tinha tanto ódio da gente...

Todos concordamos. Já entendemos aquela parte.

—Então, pah! Rebelião do Robert começa. Guerra dos feiticeiros e lobisomens versus vampiros e demônios.- Sofie continuou- KarlHeinz não apareceu até a batalha final, o que só nos leva a explicação lógica que ele ficou transando com nossa mãe esse tempo inteiro num lugar isolado.

Fiz uma cara de nojo.

—Desculpa. Foi explícito mas é verdade.- Sofie deu de ombros.- Molly fica grávida, e KarlHeinz leva ela até os lobisomens, que são aliados dos feiticeiros então obviamente iam querer alojar ela, pra ela ficar em segurança. A Rebelião passa, acontece o tratado de paz e aquele mimimi todo. Molly volta pra família Rosemary e Robert descobre que ela está grávida e que o filho não é dele. Fica furioso, é claro.

—Ela é boa nisso.- Cousie sussurrou, meio surpresa.

—Então ele, sendo o provável psicopata que é, apela pra matar o bebê e arriscar a saúde de sua noiva. Ela, é claro, fica pistola. E aí chega o que eu descobri.- Sofie pigarreou- Sabe por que as pessoas parecem ter um bloqueio com nossa mãe, mesmo com a história onde ela é claramente a vítima?

Ninguém respondeu.

—Porque ela se vingou.- Sofie respondeu- E o que acontece com toda mulher que trata um homem do mesmo jeito que é tratada?

—Ela é taxada de louca.- Priya respondeu.

—Exatamente.- Sofie pareceu aliviada- Molly ficou com tanta raiva do que Robert fez com ela que simplesmente queimou o segundo castelo feiticeiro. Inteirinho. E adivinhem? Ela saiu ilesa do fogo.

—Ah, tá explicado.- Kanato pareceu entender.

—Nossos pais sempre falaram que Molly odiava ficar calada. Ela se impunha com orgulho, e não aceitava injustiças. Então ela agiu na impulsividade, se vingou e os poderes dela foram retirados.- Sofie se sentou de novo.- Fim da história.Yay.

—Fiquei triste agora.- Daayene disse.- Eu achava que eu só ia entrar arrasando com as informações, mas agora todas elas juntas ficam… deprimentes.

—E como você sabe disso tudo?- Shu questionou.

—Eu…- Sofie empalideceu- Quando Robert bebe demais, ele acaba me confundido com a minha mãe e…

—Ele te agrediu?- Brunna questionou.

Sofie ficou em silêncio.

—Sofie.- Alice disse com calma- Se meu irmão fez alguma coisa que feriu sua dignidade, você pode nos falar. Esse é um lugar seguro.

Todos concordaram com a cabeça.

Sofie começou a tremer. Haruka pareceu hesitar, antes de falar:

—Conta.

Olhei confusa pra ela:

—Contar o que?

—Sofie, eu sei que ainda te machuca.- Haruka parecia tentar ser o mais sensível possível naquela situação- E essa é sua história pra contar, não minha. Mas você precisa falar pra eles. Se não eles nunca vão saber que tipo de pessoa Robert realmente é.

Brunna segurou a mão de Sofie do sofá. Sofie respirou fundo, antes de deixar uma lágrima escapar do rosto:

—Tá.

Esperamos em silêncio por segundos, ninguém se atreveu a falar nada.

—Na noite da invasão que teve no festival…- Ela gaguejou- Eu tive uma crise de Pânico. Então eu saí pra rua, porque sou idiota. Me salvaram, mas Haruka me deixou em casa.

Acenei com a cabeça pra ela, calma.

—Quando eu fui pro corredor..- Sofie viajou por alguns segundos, olhando pra distância.- A realidade é que ás vezes eu mesma duvido do que aconteceu. Machucou. Não pareceu real. Parecia invenção da minha cabeça.

Percebi que apesar de estar longe, ela ainda parecia querer chorar. Senti uma onda de preocupação me enchendo até a garganta.

—Sofie.- Priya pigarreou- Robert te violentou?

A pergunta, apesar de tenebrosa e assustadora, parecia soar como tudo que eu queria perguntar naquele momento, mas não queria falar por medo da resposta.

Sofie concordou com a cabeça:

—Por muito pouco.

Foi como se um balde de gelo tivesse caído na cabeça de todas as pessoas da sala. Ninguem se atreveu a falar nada. Mas claramente uma tensão de raiva preenchiam o local

—Agora eu tenho permissão de matar o desgraçado?- Ayato questionou, e eu entendi que não era brincadeira.

—Haruka e Brunna me salvaram...- Sofie murmurou.

—Duas pessoas sabiam dessa história e ninguém pensou em me contar?- Marie parecia ofendida- Eu sou tipo a mãe da família! Por que ninguém confia em mim?

Priya e os Sakamaki se entreolharam. Achei bizarro.

—Acho que não tá na hora, Marie.- Sarah deu um tapinha carinhoso nos ombros da minha irmã.

E voltamos ao silêncio.

—…Agora é a hora que a gente senta e conversa sobre isso ou preferem que mudemos de assunto?- Brunna perguntou, se virando pra Sofie, que apenas falou:

—Prefiro mudar de assunto.

Uma parte minha ficou meio com raiva. Eu tinha acabado de descobrir que minha irmã por pouco foi abusada! Por que não estamos mostrando apoio pra ela, abraçando ela e todas essas coisas?

E por que eu estava tremendo tanto que mal conseguia levantar?

—Então é assim?- Ayato parecia meio furioso- A gente vai só ignorar que isso aconteceu?

—Não tem nada que podemos fazer, Ayato.- Ruki resmungou- Não tem lei contra abuso contra a mulher aqui. E mesmo se tivesse, ele é o rei. Não ia adiantar nada.

—E se tivesse, todos os reis estariam presos a anos.- Cousie disse, recebendo olhares bem curiosos de todos- Opa, falei algo errado? Desculpa, acho que vocês não estão preparados pra ouvir umas verdades.

—Menos, Cousie.- Reijii pediu, e eu olhei pra ele com raiva:

—Não fala assim com ela.

—Não preciso de uma guarda-costas, Herbert.- Cousie revirou os olhos- No caso, vocês que precisam. Devem ser a família mais odiada dos quatro reinos.

—Duvido que sejamos mais odiadas que vocês.- Sarah respondeu, sem dó nem piedade.

—Verdade.- Haruka pareceu considerar a resposta.- Mas voltando ao assunto principal: É fácil. Eu posso afogar ele quando ele estiver dormindo. Sucesso.

—Você é uma psicopata?- Daayene questionou- Só pensa em matar as pessoas.

—Basicamente, sim.- Haruka concordou- Mas eu só quero matar pessoas que são realmente idiotas e babacas. Que nem os namorados de vocês. Lidem com isso.

—Podemos começar a falar do que realmente importa aqui e não desviar do assunto?- Marie brigou- Uma de nós foi violada! Esse é o tipo de coisa que não passa barato! Eu falei pra Robert que se ele levantasse a mão pra mim ou pras minhas irmãs, seria a última vez que ele teria mãos. E eu não planejo descumprir minha promessa.

—Tem algo muito maior do que isso envolvido- Sofie explicou- O Projeto Eve, por exemplo.

Todos ficamos em silêncio.

—Lá vamos nós…- Shu resmungou.

—Alguém nessa casa finalmente resolveu falar o que é isso?- Priya pareceu chocada- Aleluia, irmãos!

—Não sabemos 100% na verdade.- Lua continuou- Mas eu, Sofie e Nikki estamos trabalhando nisso a alguns dias e chegamos a  algumas hipóteses.

—Por que vocês se importam tanto com isso?- Subaru questionou- Não é importante.

—Começou a ser importante quando vocês nos envolveram nessa história toda.- Brunna respondeu- Achamos cartas no ano passado! Azusa nos chama de Eve!

—Eve… Tem… Razão.- Azusa opinou.

—Tá vendo?- Brunna parecia meio brava.

—Então falem, já que são tão espertas.- Ruki deu um sorriso quase debochado.

—Da última vez que duvidaram da minha capacidade de inteligência, saiba que eu acabei com mais informações do que eu queria.- Sofie arqueou as sobrancelhas.- Mas nós discutimos e, já que vocês se recusam a falar sobre assunto conosco, estamos dispostas a descobrir sozinhas.

—É demais pra vocês, não vão conseguir.- Reijii respondeu, e eu finalmente falei:

—Todos vocês sabem dessa história e ninguém quer falar pra gente? Bacana, trabalho em equipe legal, rapazes.

—É um trabalho solo, não em equipe.- Ayato retrucou.- Mas e aí, qual o veredito?

—Você não sabe o que significa veredito.- Kanato respondeu.

Lua deu um sorrisinho, e Sofie começou a falar:

—Achamos que pode ter a ver com gravidez. Quer dizer, tenho 99.9% de certeza. As cartas que achamos ano passado falam sobre sintoma estranhos da Eve. Várias delas podem se relacionar a gravidez ou menstruação de alguma forma. E mudança de sangue, que sabemos que acontece quando a mulher perde a virgindade.

Foi meio prazeroso ver as expressões dos meninos irem de incredulidade a surpresa em segundos.

—KarlHeinz por algum motivo tem uma obsessão em nos deixar grávidas. Ele disse que Sofie deveria guardar seu ventre pra um bastardo e não um herdeiro.- Lua explicou- Eu, pessoalmente, suspeito que ele queira que nós fiquemos grávidas de vocês. Isso explicaria o porquê dele querer nos casar com vocês.

—A pergunta é o porquê ele quer que nós fiquemos grávidas dos filhos dele. Especialmente considerando que ele chegou a pegar nossa mãe.- Sofie suspirou.- Isso fica mais bizarro cada vez que eu falo.

—Eu tô tão confusa.- Eliza suspirou- Mas continuem, tô adorando.

—Isso é coisa da cabeça de vocês.- Reijii justificou- Vendo onde não tem.

—Mas…- Kou começou, mas os meninos não o deixaram continuar quando começaram a falar sobre as maluquices que estávamos falando um por cima do outro.

Daayene de repente correu e subiu até seu quarto. Ela voltou com um pedaço de papel na mão:

—Reescrevi isso quando eu ainda me lembrava.- Ela entregou pra Marie, e todos nós nos aproximamos pra ler.- Podem ler.

"Na última noite de lua vermelha da década.

A Eva da nova raça será desmascarada

Grandes poderes terá recebido

Porém seu ventre não será dominado

Por Adam ou qualquer outro homem

Quando suas mudanças se assumem

Eva terá grande poder

E todo o resto poderá se absolver"

Tive que ler poucas vezes pra conseguir entender, e mesmo quando entendi só olhei pra Daayene esperando por explicações.

—Quem foi que te falou isso?- Yuma pareceu confuso.

—Eu.- Daayene respondeu- Eu mesma fiz essa profecia.

—E espera que acreditemos nisso?- Ayato brigou.

—Eu acreditaria.- Cousie respondeu- Daayene é basicamente a mulher mais poderosa de todos os quatro reinos. As profecias dela podem ser verdade.

—Eu prefiro acreditar nas minhas irmãs e na minha amiga do que em vocês.- Marie respondeu, ficando do lado das três. Sarah, Brunna, Priya e Anna não demoraram nada pra repetir o ato.

—Acho que eu deveria ir embora…- Alice disse de forma envergonhada- Isso parece pessoal.

—Fica.- Eu pedi- Eu quero que você testemunhe o único momento onde nós vamos poder falar e descobrir coisas sem acabarmos sendo punidas por isso.

—Victoria...- Reijii reclamou- Isso é loucura.

—Você.- Eu me virei pra Reijii- Lá fora.

Ele abriu a boca pra falar algo, mas ficou calado.

—Ih, lá vem briga de casal.- Haruka massageou as têmporas.

Quando Reijii e eu saímos pro jardim principal, fiz questão de fechar a porta e sair de perto de janelas. Não queria intrometidos na minha discussão com meu marido.

—Me conta o que é Eve.- Eu pedi.

—Não posso.- Ele respondeu rapidamente.

—Você pode sim. Você não quer. Ou não confia em mim o suficiente pra falar.- Retruquei com mais velocidade ainda.- Se Eve tiver a ver com um plano de vocês engravidarem a gente, sabe o que isso me faz sentir? Um item numa lista de afazeres pra um grande objetivo.

—Não é bem assim, Vic…- Ele segurou minha mão, mas eu me afastei. Ele quase nunca me chamava de Vic.- Você não pode acreditar em tudo que falam.

—Faço das palavras da Marie as minhas. Eu prefiro acreditar nas minhas irmãs e amiga do que em vocês.- Eu cruzei os braços- Podemos terminar isso sem brigas. É só você me explicar.

Reijii suspirou:

—Você sabe que é impossível.

—O que eu sei é que você está me escondendo uma coisa muito importante. Eu quero saber o que é. Isso pode custar o nosso relacionamento, Reijii.

—Se descobrir que meu pai sequestrou e estrupou sua mãe não mudou nosso relacionamento, não acho que isso vá.- Reijii continuou na defensiva.

—Péssima hora pra falar sobre o histórico dos nossos pais.- Opinei- Temos que aceitar, Reijii. O gene Sakamaki e o gene Herbert sempre vão ser atraídos um ao ouro. Mas você precisa parar de defender seu pai se quer que eu continue loucamente apaixonada por você.

—Vic….toria.- Reijii parecia ter uma batalha interna- Elas estão certas. No caminho certo, ao menos. Não tem nem ideia do que mais tem.

—E o que mais tem?- Perguntei.

—Já te falei o queria.- Reijii respondeu secamente .

—Não foi o suficiente pra mim.- Comecei a ficar com raiva- Quer que seja assim então? Ok. O objetivo de Eve envolve um de você engravidar uma de nós? Acene com a cabeça se sim.

Reijii acenou com a cabeça, muito hesitante.

Já ia agradecer, mas então uma coisa surgiu na minha cabeça.

E me fez gelar da cabeça aos pés.

—Reiji…- Eu questionei- Por que eu engravidei?

—Você sabe o porquê, Victoria. Que pergunta boba.- Reijii cruzou os braços como eu.

—Usamos camisinha. Eu lembro. Eu pedi.- Continuei- E claro, acidentes acontecem o tempo todo. Mas…

Reijii engoliu em seco.

—Por que você aceitou casar comigo?- Questionei com mais raiva.

—Porque eu gost…- Reijii começou, mas interrompi ele:

—Não me vem com essa. Você não gostava de mim. Eu mal gostava de você. Você passou um ano inteiro me chamando de delinquente. De repente aceitou casar comigo.

—Você também.

—Eu não ia ter escolha.- Retruquei.- Se não percebeu, sou uma mulher humana pansexual. Sou a escória da escória por aqui. Mas você é homem, hétero e ainda é o principe vampiro. Podia ter falado não.

—Eu respeito as escolhas do meu pai.- Ele hesitou- E ele estava certo, somos um bom casal.

—Ele não estava preocupado em ser cupido e você sabe disso.- Eu comecei a tremer.- Ele com certeza estava só querendo apressar o processo de arrumar um filho. Um casamento é bom pra isso, né? As pessoas sempre esperam que tenhamos filhos quando nos casamos.

Olhei pra ele:

—E nós demos um filho pra ele. Por acidente.

—Um acidente feliz. Amamos nosso filho.- Reijii tentou segurar minha mão de novo.

—Ah, eu amo.- Estreitei o olhar- A minha única pergunta é se foi mesmo um acidente.

Reijii olhou espantado pra mim:

—Está me acusando de te engravidar contra sua vontade?

—Sim. Basicamente.

—Victoria, isso é…-  Reijii começou, e eu vi ele começando a fraquejar.

—Loucura?- Questionei- Vá em frente. Não vai ser a primeira vez que sou chamada de louca por simplesmente falar o que acredito.

—Heisuke é o fruto do nosso amor. Só isso.- Reijii me garantiu, mas minha intuição não falhava:

—Na verdade, tudo está tão errado sobre nossos relacionamento. Você se recusou a transar comigo na nossa noite de nupcias. Então transou comigo e de repente virou o marido do ano. Eu tive um parto prematuro e arriscado. Nada disso faz sentido. Você me odiava em 2017. Por isso se recusava a ficar comigo. Mas então mudou duzentos bilhões de vezes durante o ano.

Reijii não respondeu nada.

—Se você fez algo que me machuca.- Eu continuei- Me conta agora e me poupa da tortura de nunca saber. Por favor.

Passamos um tempo em silêncio.

—Quando nos noivamos eu comecei a calcular seu período fértil.- Reijii explicou- A nossa noite de núpcias dava um dia antes da sua menstruação e você não queria, então desisti. E aí você sumiu. Mas depois reapareceu e parecia gostar de mim.

—Ah.- Fiquei meio vermelha de raiva e meio de vergonha.

—Eu te achava uma mulher atraente e formidável. Não me incomodou nunca te ter como esposa. Você é muito amável.- Reijii parecia tentar melhorar pro seu lado- E então, coincidentemente, dois dias depois do seu dia de ovulação, você veio no meu quarto. Linda. E eu não aguentei e… você sabe.

—Não é isso que eu quero saber.- Respondi.

—…Eu tirei a camisinha enquanto você estava deitada.- Ele disse com vergonha- Quis te engravidar de propósito. Eu precisava ter um filho fruto de amor pra ser bom. Pro nosso filho ser bom. Você ia ser a mulher mais poderosa. Eu ia ser seu marido.

Senti meu olho encher de lágrima. Tentei esconder:

—Nossa. Achei que ia doer menos de escutar isso.

—Eu sinto muito.- Reijii falou- Mas então fomos pra Casa de Profecias, e a mulher falou aquelas coisas sobre nosso filho... Eu não consegui me arrepender. Íamos ser felizes. E a cada dia você era mais legal e mais admirável. Eu comecei a gostar de verdade de você.

Não consegui aguentar o tanto que eu chorava.

—O parto ser prematuro não foi sua culpa.- Reijii me explicou- Provavelmente ele era forte demais pro seu ventre. Ele tem várias raças, também. Mas talvez ele seja o grande poderoso.

—Eu não sei o que isso significa. -Solucei- E não quero saber.

—Você está com raiva de mim?- Reijii questionou.

—NÃO, IMAGINA!- Briguei- Reijii, você tem noção do que você fez?

Antes dele responder, continuei:

—Você foi egoísta. Não pensou nem em me falar que queria ter um filho. Só foi fazendo. Sabia que em alguns lugares do mundo humano tirar a camisinha na hora do sexo é considerado um abuso sexual?

—Isso é ridículo.- Reijii sussurrou.

—Não é. Não pra mim. Você abusou dos meus sentimentos. Você quebrou minha confiança em milhões de pedacinhos. Eu não fui feliz durante minha gravidez. Você sabe disso.  Mas por que você escolheu esconder ele do seu pai?

—Você escolheu. Eu só concordei. Achei que não teria problema, já que Heisuke cresceria poderoso do mesmo jeito.

Respirei fundo, mas não consegui. Desabei no choro.

—Você é igual seu pai.- Eu sentia vontade de gritar- Você fica tentando ser o melhor por alguém que não te dá o mínimo de valor. E fica aí, machucando pessoas pra conseguir o que quer. Eu não mereço isso.

—Tá terminando comigo?- Reijii questionou.

Peguei minha aliança e joguei na mão dele:

—Se você quer uma mulher que sirva as suas vontades e te dê um filho poderoso, vá procurar uma nova rainha.

—Victoria, você tá exagerando…- Reijii disse.

—Estou? Se não tivéssemos a discussão lá dentro, você me contaria a verdade?- Questionei- Foi o que eu pensei. Eu te amo. Mas eu me amo mais e não vou me submeter a essa humilhação. Você me quer de volta? Então muda esse seu jeito ridículo e cria coragem o suficiente pra olhar na minha cara, assumir seu erro e pedir desculpas.

—…Senhor e Senhora Sakamaki?- Um mensageiro apareceu, me fazendo pular de susto. Eu enxuguei minhas lágrimas- Talvez vocês queiram saber do boato do festival…

—O que aconteceu, Arnold?- Reijii perguntou ao velho.

—Todos receberam um comunicado oficial.- Arnold respondeu - Dizendo que vocês dois tiveram o primeiro herdeiro. Heisuke.

Congelei.

—É o que?- Questionei.

—Todos estão felizes.- Arnold sorriu- Já era tempo de você carregar um príncipe na sua barriga, princesa.

E com isso ele foi embora.

—Se foi você... Eu juro que.…- Eu estava com muita raiva.

—Não faria isso. Você sabe. Ele é nosso fruto de amor.- Reijii respondeu.

—Ele não vai ser o poderoso que você espera.- Grunhi.

—Por que?- Ele questiona.

—Você mesmo disse. Tem que ser um fruto de amor. Mas você não fez esse filho por amor.

Virei as costas pra ir embora:

—Fez por poder.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam desse capítulo de revelações, tretas e recap de tudo hein? Bem novela mexicana, até eu fiquei chocada haueheieuhe
Bem não esqueçam de comentarem suas opiniões e teorias que eu amo ler!!!
Até o próximo cap e bye bye, beijos de bolo de chocolate!



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