Like a Vampire 3: Lost Memories escrita por NicNight


Capítulo 21
Capítulo 21- Verdades e promessas


Notas iniciais do capítulo

Aíi sim, mais um cap nessas férias ♥
Só quero avisar que esse cap não saiu ontem porque ficou sem luz em casa, ou seja, sem bateria no pc, mas finalmente chegou!
É isso, espero que gostem!



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Narração Marie

A tensão rolando no meio da sala real do castelo era gigante. O silêncio era cortado apenas por alguns breves sussurros entre algumas pessoas do nosso lado, que logo desapareciam.

Todos os Sakamaki, as Hudison, as Creedley, os Mukami e mais algumas das minhas irmãs estavam espalhados em sofás, cadeiras e poltronas do lado direito do trono. Enquanto isso, a família Rosemary e Sofie estavam em cadeiras desconfortáveis e altas, do lado esquerdo.

Robert não queria que Sofie se sentasse ao lado de traidores, como ele fora bem específico de dizer bem na nossa frente.

O que me dava raiva. Como assim traidores? Eu sou irmã da Sofie. Tenho mais direito de sentar do lado dela do que esse reizinho que mal chegou e já queria sentar na janelinha.

—Sofie.- Victoria chamou, de repente- Quero dizer... Lady... Sofie?

Ela parecia confusa, mas Sofie se levantou, como respondendo ao chamado.

—Podemos conversar a sós?- Victoria gesticulou pro canto da sala, e chamou eu e Sarah com o olhar.

—Não precisa ir se não quiser...- Alice instruiu, tentando ser legal.

—Eu quero.- Sofie foi direta, antes de seguir nós três até um canto mais discreto da sala.

—Ok. Falem baixo pra que eles não escutem.- Victoria sussurrou- Sofie. Como suas três irmãs mais velhas, nós achamos que temos o dever de te avisar sobre o seu noivado com Rei Robert...

—Alguma coisa errada?- Sofie questionou.

—Ele não é um bom partido.- Sarah respondeu- Ele é bizarro. Me dá péssimos pressentimentos.

—E ele só quer ficar com você... Ou melhor, é obcecado com você por causa da nossa mãe.- Eu continuei- Porque você é uma cópia viva dela. Literalmente.

—Eu acho que já sou velha pra saber o que eu posso ou não fazer.- Sofie fez uma expressão indignada- Sei que não acreditam nisso. Mas ele é meu único amor verdadeiro.

—Você nem acredita em amor verdadeiro.- Sarah retrucou rapidamente.

—Sofie, por acaso devo te lembrar do meu casamento?- Victoria segurou as mãos de nossa irmã.- Posso estar completamente apaixonada pelo meu marido hoje, mas não casei por amor. Casei por obrigação. E eu tive sorte de ter um marido minimamente legal e que eu confiava um pouco pra minha noite de núpcias. Ele não fez nada comigo porque eu não queria.

—Exato.- Concordei- Robert parece... bruto e intenso demais. Não sabe se ele vai ser tão legal quanto Reijii. Não sabe nem se ele fará a obrigação de te dar prazer e não dor.

Sofie engoliu em seco, mas foi capaz de dizer:

—Robert não me machucaria.

—Você por acaso tá se pagando de burra?!- Victoria deu um pequeno gritinho, atraindo pouco da atenção dos outros- Não tem outra justificativa! Você se recusa a nos ouvir! Nos chama de traidoras, e nem sabemos o porquê.

—Minha verdadeira família, a Rosemary, não tem bons laços com os Sakamaki, como devem saber.- Sofie disse com um sorriso falso- E vocês todas são relacionadas com essa família, o que as torna traidoras.

—Elas estão te incomodando, meu amor?- Robert questionou alto- Se sim, eu posso dar uma lição nelas.

Quando ele estralou os dedos e girou os pulsos, eu fui rápida em me virar pra ele:

—Se você se atrever a erguer uma mão pra mim ou pras minhas irmãs, vai ser a última vez que você vai ter mãos.

—UOOOOU!- Ayato comemorou, o que me fez revirar os olhos.

—Ela está certa.- Cousie continuou- Se eu te ver machucando qualquer pessoa daqui, eu juro que arranco sua cabeça fora. Eu sou boa em arco-e-flecha, e qualquer um aqui pode te confirmar isso.

—Não acham que já deveríamos estar nos nossos lugares?- Tyrosh se intrometeu- Quando KarlHeinz chegar, vai querer saber sobre as acusações e toda aquela baboseira.

—A rebelião não vai vir?- Daayene questionou.

—Num julgamento com algumas realezas, umas plebes idiotas e uma profetazinha de merda?- Robert falou, e eu juro que meu sangue borbulhou.

—Fica na sua, rei.- Kou brigou.

—É, cala a boca.- Yuma revidou.

—Eu deveria me sentar ao lado do meu noivo.- Sofie fez uma pequena reverência.- Se me dão licença...

—A rebelião não vem.- Eliza respondeu, e eu senti que ela quis esfaquear Robert quando ele puxou Sofie pro seu lado. Eu e Victoria nos sentamos em nossos respectivos lugares.- Claro que não viriam. Estiveram se mantendo em segredo até esse ano, mas foi a primeira aparição pública deles. E não foi nada boa, já que acusaram Sofie e outras pessoas daqui de assassinato e outros crimes.

—Além disso, os profetas e a realeza são inimigos deles.- Shu bufou.

—Achei que não acreditasse na rebelião.- Lua pareceu confusa.

—Não acreditavam.- Subaru explicou- Até ontem á noite. Eu mesmo só comecei a acreditar no dia que eles mexeram com você.

Uma pigarreada de um homem velho chamou nossa atenção. Ele tinha os cabelos grisalhos e usava um terno preto e vermelho:

—Rei KarlHeinz os verá agora.

Pouco tempo depois, KarlHeinz apareceu e se sentou no trono, com o rosto nojento cheio de falsidade e deboche de sempre.

—Tenho que admitir que, quando prendi a Srta. Nikki, achei que era apenas um evento inoportuno.- Ele começou- Não me imaginava julgando outras pessoas por crimes parecidos.

—Raiva faz as pessoas fazerem coisas inoportunas.- Sofie soltou a frase, recebendo um olhar do rei vampiro. Ela deu um pequeno sorrisinho, como se tivesse dito a coisa mais inocente no universo.

—Enfim.- KarlHeinz pareceu entendiado- Quais são as acusações?

—A rebelião acusou minha mulher de libertar meus prisioneiros e matar um homem!- Robert brigou- Esses idiotas...

—Ah, você está aqui, Robert.- KarlHeinz deu um sorriso divertido- Sofie, você afirma ter cometido alguns desses crimes?

Sofie abriu a boca pra responder, mas seu noivo interrompeu:

—É claro que não, nunca faria algo assim! A rebelião disse que um de seus filhos estava junto, com mais duas pessoas, por que não vai acusar ele também?

—Ele não está acusando, está questionando.- Tyrosh retrucou-É assim que um julgamento é feito, irmão.

—Certo.- KarlHeinz disse- Alguém mais esteve envolvido na invasão do castelo Rosemary?

Nos entreolhamos. Ninguém ousou levantar a mão.

—Ora, mas agora eles estão mentindo!- Robert brigou- Estão querendo incriminar minha Sofie!

—Nem tudo gira em torno de você, cara.- Subaru brigou.

—Alguém foi acusado do assassinato do homem da rebelião, com exceção da Senhorita Herbert?- KarlHeinz questionou.

—A de cabelos azuis foi.- Robert continuou, fazendo Haruka bufar:

—Eu não ligo. Tanto faz.

—Pode ter sido influência do namorado dela.- Robert riu alto- Vi os dois no baile ontem. Ele parece um bebedouro. Idiota, claramente.

—Se você falar assim do meu namorado de novo, vai acabar com a água do seu sangue fervendo até você morrer, babaca.- Haruka o olhou, ameaçadora.

—Viu? Tendências homicidas.- Robert parecia achar que estava com toda a certeza do mundo, o que fez Sofie ao lado dele suspirar.

—Não são tendências homicidas, é falta de paciência com você.- Cousie defendeu a irmã.- Você consegue calar a boca ao invés de tentar nos acusar dessas coisas? Ninguém aqui matou alguém da rebelião.

—É. Então por que a gente não termina com isso logo e...- Eu comecei, mas Sofie se levantou:

—Tenho algo a confessar.

Ela deu um olhar nervoso pra todos nós, mas respirou fundo e continuou:

—Eu cometi todos os crimes pelos quais fui acusada.

—Pera aí, o quê?- Alice parecia chocada- Sofie, são frases muitos sérias que está falando. Tem certeza?

—Antes de meu noivado com o Robert, eu fui responsável pela invasão ao Castelo Rosemary.  A liberdade dos prisioneiros não estava nos meus planos, é claro. Eu persuadi Subaru, Eliza, Brunna e Ruki a me ajudarem. Um outro corpo foi achado lá, mas ele tinha me atacado antes dos garotos.. matarem ele. Então foi em defesa justa.

Todo mundo ficou olhando pra ela como se ela fosse louca.

—E fui eu que assassinei o líder da Rebelião.- Ela engoliu em seco- Haruka não estava por lá. O homem tentou me atacar e ameaçou minha família. Então eu peguei uma arma da parede e esfaqueei ele. Depois eu coloquei ele numa lona e passei ácido fluorídrico nele, o que significa que o corpo iria se dissolver. E eu escondi ele embaixo de uma pilha de madeiras.

Olhei pra ela assustada.

—Você matou um cara e derreteu ele depois...?- Lua parecia confusa.

—Dissolvi, não derreti.- Sofie corrigiu- Se eu não fizesse isso, o subterrâneo desse castelo ficaria com cheiro de carne podre e cheio de bichos. Além disso, haveriam mais provas do assassinato espalhadas. Por isso eu derreti minha arma numa fornalha e passei um pano molhado no chão.

Olhei pros lados, todo mundo estava com uma cara pálida e assustada.

—Parece... muito organizado.- Brunna admitiu.

—Eu já li novelas de crime o suficiente pra entender como um assassinato funciona, não me olhem assim.- Sofie tentou se defender- Não é como se eu tivesse tentado matar pessoas antes.

—Mulher...- Robert grunhiu- Você precisa de uma lição.

—Tenta fazer qualquer coisa com ela pra você ver se eu não fervo seu sangue de verdade.- Haruka o ameaçou.

—A realidade é que qualquer um aqui pode acabar te matando se você tentar encostar na Sofie.- Shu suspirou- Então abaixa a bola, cara.

—Podemos fazer um trato.- Alice pigarreou- KarlHeinz, sei que é um rei justo- Quis rir- Mas por acaso aceitaria dinheiro pra não prender essa garota? Ela é nova demais... E futura rainha, então não seria bem-visto se...

—Não se preocupe, Princesa Rosemary.- KarlHeinz suspirou- Concordo com suas afirmações. Não a prenderei, como ela parece ter um motivo de defesa pra cada um de seus crimes.  Talvez eu tenha que aumentar um pouco da pena da irmã dela pra compensar, mas eu acredito que todos estejam a favor disso.

—Rei KarlHeinz. Eu peço com todo o fervor do mundo que me prenda.- Sofie mordeu o lábio.- Não seria justo. Eu cometi um crime de homicídio assim como minha irmã, e todos do baile já conseguem imaginar o tipo de coisa que sou capaz de fazer.

—Por que você tá implorando pra ser presa?- Reijii achou estranho- Estão pagando sua fiança, praticamente.

—Não seria bom pra uma rainha ter histórico de prisão.- Tyrosh concordou.

—Então está decidido.- KarlHeinz disse, e fez um sinal pra seu mordomo pra mostrar que ele estava quase saindo.- Sofie Herbert, se me permite um conselho...

Sofie olhou pra ele, um tanto quanto confusa.

—Deveria guardar seu ventre pra um bastardo, e não um príncipe.- Foi tudo que o rei disse, antes de partir. Rei Robert berrou, vermelho como um morango raivoso:

—MALDITO! O MATAREI, JURO!

Alice colocou uma mão no peito do irmão, e nos lançou um singelo olhar de perdão antes que ela e sua família partissem.

Sofie não ousou olhar pra trás. Por isso não chegou a ver quando nós tentamos dar um tchau pra ela.
—_____________________________________________________________-

Como o dia havia sido estressante demais só naquelas mini horas que se passaram no julgamento, meu plano inicial era dormir o dia inteiro. Porém, o destino parecia ter ideias diferentes pra mim, já que em menos de cinco minutos que eu estava em meu quarto, as Hudison vieram me chamar pra tomar café juntas.

Nos reunimos na sala. A mesa estava cheia de biscoitos de canela e chocolate, além de uma garrafa térmica cheia de café e uma caixa de leite gelado.

Achei estranho. Sempre vi as Hudson como muito mais amigas das minhas irmãs do que minhas próprias amigas. Priya e Victoria tinham um histórico bem questionável, mas a mais velha também parecia ser bem amiga de Nikki. Depois disso, Anna era muito amiga de Sarah (apesar da minha irmã ter beijado o crush dela, diga-se de passagem) e Daayene era amiga de Lua. E obviamente, Brunna era a melhor amiga de Sofie e vice-versa.

O que acabava comigo ficando sozinha. Não ligava muito, é claro. Elas ainda eram minhas amigas. Mas eu já tinha aceitado que nunca teria uma ligação tão forte que nem a de minhas irmãs com elas.

Mas eu ainda aceitei, apesar da surpresa.

—Isso é tão estranho.- Brunna remexeu na xícara de café- Eu acho que essa é a primeira vez no ano que não ficamos juntas sem nenhuma chance de interrupção de qualquer ser indesejável.

—Não comemore ainda, nunca é tarde para uma aparição surpresa.- Daayene filosofou, enchendo a boca de biscoitos de canela- Ah, agora sim eu entendo porque a Vic gosta tanto desses.

—As suas irmãs são meio obcecadas com as comidas que elas gostam.- Priya analisou, se virando pra mim- Vic com biscoitos de canela, Sofie com bolo de chocolate...

—São... B-b-bem específicas também.- Anna sussurrou, mas eu dei um sorriso com o comentário:

—O que eu posso falar? Minhas irmãs nasceram com o paladar exigente.

—E esse paladar só serviu pra comida mesmo, porque pra homem...- Daayene abafou uma risada quando Brunna revirou os olhos na direção dela- Não me olha assim! Vocês tem tudo gosto ruim!

—Ruki é um cavalheiro.- Brunna suspirou.

—Por enquanto, amor. Por enquanto.- Priya acotovelou sua irmã, que a deu um tapa fraco.

—Vocês três nunca pensaram em arrumar um relacionamento também?- Questionei, com a mais pura das intenções.

—Deus me livre!- Daayene engasgou- Quer dizer, nem temos tantas opções. Os melhorzinhos já estão namorando.

—Vamos ás opções- Priya limpou as mãos no vestido- Shu, tem namorada. Reijii, casado com filho. Ayato, gosta demais da Sofie pra fazer qualquer coisa. Kanato, em um relacionamento complicado com a Sarah. Subaru e Ruki, também namorando. Azusa, é o crush da nossa irmã então nada que se possa fazer.

—Jackson e Mao também já estão comprometidos.- Daayene pensou.

—Vocês consideram os dois caras aceitáveis pra se namorar?- Brunna questionou.

—Ei! Meu irmão, pô!- Briguei de brincadeira.

—Isso deixaria apenas Laito, Kou e Yuma disponíveis.- Priya exibia o número 3 nos dedos- O mais aceitável é o Yuma, acredito.

—Meu deus!- Daayene parecia chocada- Você também tem gosto ruim!

—Como assim?- Priya parecia ofendida- Quem você escolheria, então?

—O Kou, claro!- Daayene disse como se fosse óbvio- O Yuma ia te usar de escrava no jardim, além dele ser do tamanho do gigante do pé de feijão. Imagina beijar aquela criatura. Se bem que, pensando agora, ele deve ter uma grande pir...

—Ok, informação demais!- Brunna tentou impedir a conversa, sem sucesso nenhum.

—E o Kou vai te usar de escrava no instagram!- Priya retrucou- Você mal ia poder sair com ele por causa das fãs dele, e o loireto lá provavelmente ia ficar te obrigando a usar orelha de gato na hora H.

—Vocês só pensam em sexo, não é possível.- Brunna pareceu desistir.

—Ah, falou a que passa toda noite no quarto do Ruki.- Daayene brigou- Aposto que ele fica pagando de Christian Grey pra cima de você.

Brunna deu um tapa em Daayene:

—Você não presta. Podemos falar de um assunto que não sejam homens, por uma vez nessa história?

—Então... Anna.- Eu chamei a mais nova, que parecia envergonhada demais com o assunto á mesa.- Você já pensou em chamar o Azusa pra sair?

Anna pareceu um cosplay de um pimentão:

—A-ah? E-e-eu?

—É. Você gosta dele.- Priya opinou- Apesar de eu não saber muito bem o porquê. Ele é meio bizarro. Com as cicatrizes e as faixas. E ele deve ter um problema de fala. Mas se você gosta, quem sou eu pra julgar? Enfim. Quando?

—N-n-não a-a-cho uma boa ideia....- Anna cobriu o rosto- E-ele nem deve gostar de mim.

—Ele teria que ser um babaca cego e surdo pra não gostar de você, Anninha.- Daayene consolou a irmã- Além disso, você nunca vai saber a não ser que tente, né?

—Eu não quero tentar.- Anna disse, parecendo desanimada.

—Eu acho que você vai se arrepender.- Dei de ombros.

—Por falar em se arrepender, e o Laito?- Priya questionou pra mim.

—Eu desisto.- Brunna deitou na mesa.

—O que tem ele?- Perguntei.

—Você e ele. Como vai ser?- Daayene insistiu.

—Não vai ser nada, ué.- Dei de ombros.

—Há. Boa sorte em fazer elas ficarem satisfeitas com essa resposta.- Brunna serviu mais uma grande xícara de café pra ela.

—Ele pediu desculpas pelo que fez com você?- Priya questionou.

—Não.- Respondi.

—Você tentou falar com ele depois daquilo?- Daayene perguntou.

—Hã... Também não.- Achei estranho o questionário.

—Deveria.- Priya opinou- Ou não, você que sabe. Mas ele ficou olhando daquele jeito pra você essa tarde toda. E o baile inteiro também, se quer saber.

—Que jeito?- Foi minha vez de fazer perguntas.

—Como se ele não pudesse acreditar que um ser humano tão incrível existe.- Brunna respondeu no automático. Arregalei os olhos:

—...Não, isso é só o romance no coração de vocês falando mais alto.

—Que romance que eu tenho no coração?- Priya debochou- Amiga, os meus melhores sonhos são onde eu estou queimando os homens, não beijando eles.

—Agora eu entendo como você e a Nikki viraram amigas...- Daayene suspirou- Enfim, acho que deveria falar com ele.  Está na piscina subterrânea.

Tinha uma piscina subterrânea no castelo?

—Desce quatro escadas e entra na segunda porta á direita.- Anna respondeu sem gaguejar ao ver meu olhar confuso.

Olhei pra Daayene:

—Você tá falando como uma amiga ou uma profeta?

—Como assim?- Daay questionou.

—Você disse pra eu conversar com o Laito. Mas você tá falando isso porque já viu o cenário onde eu converso bem com o Laito ou porque só gosta de mim e quer que eu seja feliz?- Questionei.

—Hã... Eu não vejo cenários. Eu vejo sugestões de cenários.- Daayene me corrigiu- E isso gasta minha energia vital. Então se eu fosse ver “cenários do futuro” como está sugerindo, eu gastaria minha energia com visões que realmente importam. Sem ofensas ao seu relacionamento, mas estou mais interessada com dramas de famosos, Oscar e essas coisas. Ah, e guerras também, claro.

—Você precisa redefinir sua noção de importante.- Brunna bufou- Enfim, é sua escolha.

Olhei pra elas e bati as unhas contra a mesa, esperando alguma ideia me surgir a cabeça.

—Eu vou.- Disse, decidida. Não tive muito tempo de ouvir as respostas dela, já que resolvi ir logo pelo caminho que Anna me indicou.

Abrindo a porta, eu conseguia ver Laito quase submerso na piscina aquecida, com um olhar pensativo no rosto.

—Perdido demais?- Eu perguntei, fechando a porta atrás de mim e chamando a atenção dele.

—Achei que você nem queria mais falar comigo.- Laito jogou um pouco de água pro outro lado da piscina.

—Bem, até eu tenho que admitir que aquilo foi bizarro- Eu dei alguns passos pra frente.

—É, você parecia com bastante nojo do pobre Laito-kun~~- Laito cantarolou, mas sua felicidade não alcançou seus olhos.

Sua voz era calme e suave.  Mas olhando bem pra ele, eu podia notar a preocupação em seu olhar que acionava os alarmes na minha cabeça. Aquele cara era sempre tão calmo, o que deixava ele tão nervoso agora?

—Eu estava prestes a te dar algo especial!- Eu falei num tom mais alto- E o que aconteceu depois, hein? Você... gemeu o nome de outra mulher. Pior ainda, o nome da sua mãe! Que encarnou meu corpo!

Ele não respondeu muito, mas continuou cantarolando.

—Laito.- Eu estava com a voz trêmula- Por que diabos você falou o nome da sua mãe?

—Força do hábito, talvez?- Laito suspirou- Eu te disse, eu era um adolescente...

Eu não era idiota. Sabia o que ele estava querendo dizer. Sabia o que estava acontecendo. O cara... ele carregava um peso nos ombros que era pesado demais, até pra ele.

—Mãe e eu nos amávamos muito, muito quando eu era jovem então...-  Laito começou, mas eu não consegui continuar.

Eu mergulhei na piscina, de roupa e tudo, e nadei até ele. Chegando até o ruivo, vi que ele estava me olhando meio assustado. Segurei os ombros dele e tive que me segurar pra não começar a sacudí-lo loucamente. Senti lágrimas se formando nos meus olhos.

Eram lágrimas da amargura de ter ouvido Laito falar o nome de outra mulher durante nosso momento íntimo? Talvez. Eram lágrimas de raiva que pulsava nas minhas veias por saber que a infância dele era horrível. Muito provavelmente.

Eram de tristeza por descobrir que ele chamava o abuso que ele tinha sofrido da própria mãe de “amor”? Com certeza.

—Para.- Eu pedi, olhando pra ele pela primeira vez- Para, por favor. Não faça isso com você mesmo.

—Hm?- Laito pareceu confuso, mas  sorriu- O que Bitch-chan quer que eu pare?~

—Para de esconder.- Eu quase perfurei minhas unhas na pele pálida do vampiro.- Ninguém te força a manter isso um segredo então... Só para, Laito!
—O que quer dizer com esconder, Bitch-chan?- Laito ainda parecia disposto a fingir.

—Não sou burra, Laito.- Eu disse, com mais raiva- Você caça tantas garotas porque se esconde do que é amor de verdade. Você foge de morais porque nem sabe quais morais existem! Você diz que gosta de expressar sentimentos mas você sabe mesmo o que sentir?

O sorriso de Laito desapareceu, e foi substítuido por um olhar de medo e nervosismo que eu nunca tinha visto antes.

Acho que ninguém nunca tinha se forçado a derrubar as paredes dele assim.

Ele tirou os meus dedos de seu ombro, e olhou pra mim como se eu fosse um tipo diferente de ser místico com o poder de deixar ele aterrorizado:

—Marie... Eu não sei o que fazer.

Lágrimas ameaçaram escapar os olhos de Laito. Eu aproveitei nossos poucos centímetros de diferença pra abraça-lo com toda a força que eu tinha. Ele se escondeu na curva do meu pescoço, e eu senti eu mesma chorar:

—Tá tudo bem. Tá tudo bem, você pode confiar em mim.

Ele olhou pra mim, seus olhos esmeralda se encontrando com os meus praticamente por baixo d’água. Por mais inoportuno que o momento fosse, eu me senti tremer da cabeça aos pés e me arrepiar. Ele deve ter sentido também, porque um pequeno sorriso se formou quando ele passou a mão pelos meus fios loiros. Eu dei uma risada:

—Se você for me beijar, por favor faça isso num momento que não seja eu chorando e te consolando por causa do seu passado de merda.

—Você é linda.- Laito disse, e eu me senti ficar vermelha. Merda, ele sabia muito bem como virar a mesa- Você tem o corpo esculpido como o de uma sereia. E o pior é que isso é só a terceira coisa mais atraente sobre você. Logo depois da sua mente brilhante e seu coração bondoso.

Joguei água nele:

—Para de me cantar, essa conversa é sobre você.

—Não consigo, você é realmente linda quando fica preocupada comigo.- Laito se afastou, mas não desviou o olhar em mim- E nas outras horas do dia. Até quando você pula na piscina vestida por pura irresponsabilidade.

—Eu estava preocupada!- Briguei com ele.- E você também é um pouco atraente normalmente.

Ele riu:

—Vem cá, vou te tirar dessa água.

—Como você planeja fazer iss..LAITO!

Em dois segundos, eu estava nos braços de Laito, e ele simplesmente levitou até a borda da piscina e me deixou com os pés no chão. Eu me encolhi, surpresa pelo frio.

Laito nem se incomodou em se secar, só colocou a calça e a blusa por cima do corpo molhado. Seu casaco, porém, ele teve a certeza que estava sob meus ombros.

—Valeu.- Eu rangi os dentes, mas consegui sorrir.

—Você é realmente única, Marie.- Laito deu um selinho no canto da minha boca.

—Não vou transar com você hoje.- Reclamei.

—Eu sei que não. Você tem dignidade demais pra isso.- Ele riu.

—Se quiser me beijar, pode beijar. Acho que estou um pouco melhor depois desse... papo.

Laito me puxou pela cintura de repente, me dando um grande de um beijo. Suas mãos fizeram cócegas nos meus quadris, e eu comecei a rir no meio do beijo.

Ele se afastou.

—Desculpa.- Eu disse, ainda rindo.- Podemos ir... pra um outro lugar?

—Claro.- Laito pigarreou, e me deixou bem perto dele.- Você, senhorita Herbert, faria o prazer de me acompanhar até meu quarto sem nenhum tipo de segunda intenção?

—Se o senhor concordar em conversar um pouco sobre sua vida, e falar sobre nós mesmos e me dar mais alguns desses beijos, eu talvez possa concordar.- Eu sorri, me sentindo ficar vermelha.

Ele me deu o braço:

—Você tem um acordo.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Apoiam o casal? E a Sofie e o Robert (claro que não né, duh)
Enfim, até o próximo cap!



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