Like a Vampire 3: Lost Memories escrita por NicNight


Capítulo 18
Capítulo 18- A princesa esquecida


Notas iniciais do capítulo

UM CAPÍTULO BAFÔNICO SAINDO DO FORNO HEIN!
Gente, esse cap me deixou arrepiada, sem zoeiras haueheuheueh
Enfim, espero que gostem e boa leitura!



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Narração Priya

Se existisse um momento pra ser definido como “climão” na minha vida, eu certamente escolheria esse como o ganhador do primeiro lugar, disparado.

Sentada á mesa de jantar da tal residência da família Herbert, eu não podia deixar de bater meus dedos ansiosamente sob a madeira, olhando pra todas as outras meninas.

Eliza tinha o olhar baixo, fingindo estar completamente focada no formato de seu sapato. Seus cabelos agora atingiam um tom meio arroxeado, mas seus olhos eram o mesmo cinza nublado de antes.

Enquanto isso, as Herbert (quatro delas, pelo menos) pareciam mais ansiosas como nunca, olhando para o teto enquanto rangiam dentes ou roíam unhas.

Não as culpava, também. Sinceramente, eu ficaria bem preocupada se eu descobrisse que havia uma casa de meu sobrenome no reino dos feiticeiros... ainda mais quando reconhecessem o nome de minha mãe.

Mas essa não era nem de longe a pior parte! Da cozinha, conseguíamos ouvir uma discussão baixa, porém acalorada entre o homem que havia nos cumprimentado e outra mulher:

—Como você deixa seis mulheres desconhecidas entrarem assim na nossa casa?!

—Elas falaram o nome de Molly, sabe que só pode significar uma coisa.- O tal homem permanecia-se calmo e sereno, pelo que dava pra ouvir.

—Você jurou que tinha esquecido esse assunto...

—Isso foi antes delas aparecerem na porta de minh...nossa casa.- Ele foi rápido em se corrigir- Ainda disseram que foi Princesa Alice que as mandou aqui.

—Credence foi quem atendeu a porta- A mulher voltou a brigar- Foi bom que pensou em te chamar quando ouviu o nome de Molly! Já pensou se tivessem falado algo mais?

—Não falariam.- O homem respondeu- Sabem tão pouco quanto ela.

Mais alguns resmungos foram ouvidos, e então o mesmo homem apareceu na sala, pigarreando. Achei estranho quando a mulher não o seguiu.

—Então... São filhas de Molly, mesmo?- Ele perguntou, como se não tivesse entendido na última vez que dissemos.

—Só as quatro, no caso.- Eliza respondeu, apontando pras Herbert- Eu e a outra viemos por apoio moral. Mas tem outros três que não estão aqui, então não faz diferença em número.

 -Sete filhos?- O homem pareceu chocado- Uau, isso é... surpreendente. Considerando quanto ela odiava sua família ser grande demais.

Olhei pras Herbert. Notei que elas não estavam entendendo droga nenhuma.

—Permitam-me fazer as devidas apresentações.- Ele então fez uma breve reverência- Sou Edward Herbert. Eu era... irmão mais velho de Molly.

—PERA AÍ!- Lua berrou de repente- ENTÃO VOCÊ É NOSSO...

—Tio. Exatamente.- Edward concordou com a cabeça.

—Deve haver algum engano...- Sofie se levantou- Devem ter confundido mamãe com outra Molly Herbert. Não faz sentido nenhum. Mamãe sempre disse que não tinha parentes próximos vivos. Além disso, qual a lógica da família dela ter um castelo no mundo feiticeiro e Princesa Rosemary conhecer ela?

—Você tá questionando a mesma lógica do porquê KarlHeinz e Cordelia conheciam ela?- Marie cerrou o olhar- Porque tipo, eles realmente ficavam falando sobre como éramos parecidas com a mamãe na nossa cara.

—Espera aí, vocês conhecem Rei KarlHeinz Sakamaki?- Edward pareceu sinceramente confuso. Victoria abaixou o olhar:

—Então né...

—É uma longa história.- Lua disse.

—Não tão longa quanto a que vocês não sabem, tenho certeza.- Edward se sentou- Escutem, não tenho como provar quem vocês são. Mas me lembro de minha irmã bem o suficiente pra saber que...

—Eu sou igualzinho ela.- Sofie reclamou- Sabemos. Na verdade, já perdi a conta de quantas pessoas me falaram isso. O que é bizarro, sendo que eu tenho uma irmã gêmea...

—Ela fala igualzinho ela.- Edward pareceu chocado.- É mágico.

—Por falar em mágico...- Me intrometi- Não tinha que explicar algo sobre como todo mundo sabe da existência da Molly, por que vocês tem um castelo e...

—Ah, vocês não tem ideia de nada...?- Edward pareceu quase frustrado- Não sei como explicar essa história desde o começo sem atrapalhar vocês.

—Ah, não se preocupe conosco.- Marie foi honesta- Sério, chegamos no mundo mágico a três anos e já ouvimos muitas loucuras.

Edward pareceu ficar cheio de perguntas com aquele comentário.

—Certo...- O homem pareceu perdido- Hm... Éramos quatro filhos. Certo. Na ordem, Berick, eu, Molly e Benjamin.

Engoli um comentário sobre  como aqueles eram nomes bem estranhos.

—Obviamente, Berick era o herdeiro e estava prometido pra... uma mulher.- Edward disse.

—Prometido?- Lua perguntou.

—Noivo.- Eliza explicou.

—Mas isso não vem ao caso. Vejam, Molly se tornou melhor amiga de Princesa Rosemary.- Edward permaneceu calmo. Um milagre, considerando que ele tinha sido interrompido várias vezes desde que começou a escrever a história- Claramente, isso a deixava no bom lado da família real. Frequentava bailes, dormia no castelo... Até que certo dia, num baile de máscaras, Rei Robert a viu pela primeira vez. Ele não ficava muito no castelo, apesar de ser o herdeiro. Gostava de caçar, eu me lembrava. E se apaixonou perdidamente.

—Como ele se apaixonou se ela estava usando uma máscara?- Pensei alto pra mim mesma, mas claramente foi alto o suficiente pra Edward escutar:

—Existem coisas que se entende apenas sentindo.- Ele suspirou- De qualquer forma, mal havia conversado com minha irmã, a mãe de vocês. Mas sei que veio pouco tempo depois á essa mesma casa e pediu a benção de meu pai pra se noivar dela.

—Pera aí, a nossa mãe era a noiva do Robert?- Sofie pareceu perceber algo- CARAMBA! Agora tudo faz sentido! E eu não estou gostando nada de pra onde esta história está indo...

—Deixa ele terminar.- Marie pediu.

—Meu pai deixou, claro. Não era todo dia que sua filha é pedida em casamento por um príncipe herdeiro.- Edward permaneceu falando, ignorando toda a falta de classe das Herbert.- Minha irmã, nem tanto. Odiava a ideia de se casar com um homem que mal conhecia.

—Ah, então nossa mãe não era burra, pelo menos.- Victoria concordou com a cabeça.- Só mentirosa. Legal, legal.

—Eu acabei criando uma certa amizade com Rei Robert, naquela época.- Edward pareceu se lembrar com carinho das memórias- Inclusive, tentei o avisar que ele não conhecia minha irmã direito. Minha irmã era bem selvagem, por mais que fosse uma lady.

—Como assim?- Eliza questionou.

—Molly era ótima cantora e gostava de bordar e dançar, isso eu sei.- Edward suspirou- Mas não se comportava como uma mulher devia. Cavalgava melhor que qualquer um dos meus irmãos e era ótima na espada também. Usava calças pra sair. E adorava sair no meio da noite, cavalgando até uma floresta. Então lá ela treinava seus poderes livremente. Era uma feiticeira bem poderosa, sabe.

—Eu não entendo...- Lua falou- Se ela era uma feiticeira, como que nós não temos poderes?

—Chegarei lá num instante.- Edward fez um silêncio para que a mais nova tivesse calma.- Mas, fato é, Robert não quis me ouvir. Disse que amava Molly mais que tudo, e que ergueria o céu e o universo inteiro por ela. Molly era nova demais, não se sentia minimamente atraída por ele. Então, certo dia, o reino demônio organizou um festival das quatro raças. Acredito que esteja tendo outro agora mesmo, no reino vampiro.

—É, estávamos lá.- Respondi.

—Certo.- Edward ficou confuso, mas não disse nada- Molly e Robert estavam noivos á quatro meses. Todas as pessoas importantes estavam nesse festival. No ínicio do primeiro dia, um grupo de lobisomens estava batendo no príncipe vampiro, o que não era herdeiro. Molly foi quem o salvou. Lembro que eu estava ao seu lado, e que pegou um pedaço de madeira pra bater nos lobisomens.

Segurei a risada com a imagem de uma Sofie-clone batendo num bando de homens com um pedaço de madeira.

—Ricther?- Victoria pareceu chocada- Ricther foi salvo pela nossa mãe? E depois tentou matar a gente? CA-NA-LHA!

Edward parecia prestes a perguntar como diabos elas conheciam o Ricther e por que ele tinha tentado matar elas, mas Sofie pediu pra ele continuar:

—No primeiro dia, tínhamos um banquete. Minha família e a família Rosemary se sentaram lado a lado, como era de se esperar. Lembro que o rei demônio anunciou que o noivo da sua filha, o príncipe vampiro herdeiro, ia tocar violino.

Quase engasguei com a saliva.

—Filha do rei demônio... Ah, Cordelia.- Marie pareceu decepcionada- Caramba, pera aí, ela já era noiva do KarlHeinz?

—Achei que a Beatrix tinha sido a primeira esposa.- Assumi.

—Não. KarlHeinz casou com Cordelia, mas ela não conseguia dar filhos. Então se casou com Beatrix, que teve Shu e Reijii. Depois Cordelia teve os trigêmeos, mas Karl ainda se casou com Christa pra ter Subaru.- Sofie explicou, recebendo um olhar chocado de todos- O que? Eu pesquisei!
—Continuando...- Edward pigarreou gentilmente- Príncipe KarlHeinz era bom no violino. Tão bom que fez a minha irmã durona chorar. Nosso irmão mais novo, Benjamin, achou que seria uma boa ideia tirar sarro da sensibilidade dela. Ele levou uma taça de vinho na cara por isso.

—Eu faria a mesma coisa.- Lua deu de ombros.

—Mas quando as justas começaram, percebi que KarlHeinz não era só bom em música. Era ótimo lutador. Cheio de vida, galanteador. Eu sabia que existiam várias mulheres naquela plateia que dariam o coração pela simples chance de casar com ele. Molly foi ás justas, como sempre gostava. Só não lembro dela em uma. Apareceu um cavaleiro misterioso e...

—Elas não estão aqui pra ouvir sobre um cavaleiro misterioso, homem!- Uma voz feminina foi ouvida da porta.

Ela tinha cabelos ruivos muito bem cuidados e controlados, batendo em sua cintura. Sua pele era branca, e ela tinha os olhos cor de mel. Apesar disso, tinha uma carranca nada angelical, e seu vestido amarelo era digno de uma matriarca.

—Sou Katherine Herbert.- Ela disse, meio furiosa enquanto se sentava ao lado de Edward- Sou esposa dele.  Vocês chegaram a conhecer minha filha mais velha, Credence, certo? Foi ela que atendeu a porta.

Concordamos devagar com a cabeça.

—Ótimo. Tenho mais três, se é do interesse de vocês.- Katherine sorriu meio raivosa- Meus dois meninos estão na esgrima, e minha filha mais nova no bordado.

Segurei um “bacana, moça” mordendo a língua.

—Kat...- Edward pareceu exausto- Estava contando sobre a mãe delas...

—E demorando muito!- Katherine reclamou. Fiquei assustada. Era assim que era um casal casado?

Quer dizer, meus pais também brigavam muito... Mas era majoritamente pela decepção deles comigo e com minhas irmãs.

Nossa, pensando bem, minha família nunca foi lá das mais saudáveis.

—Como eu dizia...- Edward pareceu querer ignorar a esposa, o que me fez cerrar as sobrancelhas.- Estavam acontecendo as justas. Príncipe KarlHeinz ganhou todas, é claro. E como era o campeão, tinha de escolher quem seria a  nova “rainha da beleza”, ou se o título continuaria com a escolhida anterior. No caso, era a prima do príncipe, Christa Sakamaki.

—Ah.- Lua pareceu um pouco assustada- Realmente, ouvi que ela era linda.

—Mas ele decidiu tirar a coroa de rosas brancas dos cabelos de Christa.- Edward a interrompeu- Subiu de volta em seu cavalo e trotou. Pensávamos que daria a coroa pra sua noiva, mas ele passou direto por ela, e então todos os sorrisos morreram. E toda a arena ficou parada quando ele colocou a coroa de flores nas pernas de Molly.

—...KarlHeinz, que estava noivo de Cordelia, deu uma coroa representando a beleza para Molly, que estava noiva de Robert?- Tentei acompanhar.

—Exatamente.- Edward respondeu- Claro, Robert no começo riu e disse que ele estava certo de glorificar a beleza de Molly, já que ela era realmente a mais bela de lá. Mas eu sabia que ele estava mentindo e furioso por dentro. E tudo ficou pior no banquete de encerramento, quando Molly e KarlHeinz tiveram de compartilhar uma valsa.

—A química entre os dois era tateável.- Katherine se intrometeu- É claro, Robert odiou isso e interrompeu a dança no meio. E obrigou que Molly só dançasse com si mesmo ou com membros de sua família a noite toda.  O que era díficiil, já que era complicado não olhar pra mulher que o príncipe vampiro havia declamado como a mais bela.

—Isso na verdade explica o porquê Cordelia odiava tanto nossa mãe.- Marie esclareceu pras irmãs- Ela falava bem mal dela. E começou a passar esse ódio pra gente.

—Também explica o porquê do Robert ser tão obcecado com...- Eliza começou a falar, mas Sofie a impediu de continuar:

—E depois?

Edward pareceu inseguro, Katherine bufou:

—Ai, que saco! Então, um ano depois, Molly sumiu. Junto com KarlHeinz. Foi sequestrada, é claro!

—Meu deus, as coisas escalaram muito rápido.- Victoria pareceu chocada- Mas pera aí, como sabem que ela foi sequestrada. Os dois só podiam ter... sumido coincidentemente ao mesmo tempo.

—Duvido muito que minha irmã fosse só sair de repente...- Edward suspirou- Além disso, estávamos a caminho do casamento de Katherine com Berick...

Pera, quê?

—Enfim.- Katherine parecia irritada- Vocês devem conhecer Robert, imaginam como ele deve ter reagido.

—Ele pirou completamente?- Lua questionou.

—Pirou?- Katherine deu uma risada sarcástica demais- Ele proclamou guerra contra o reino vampiro. Por motivos óbvios, claro. Tinham sequestrado a noiva dele. Os demônios e primeiro-sangue, sendo cegamente fiéis aos vampiros em tempos assim, se uniram a eles. Os lobisomens, basicamente os únicos com algum senso comum, se juntaram a nós. E assim começou a Guerra das Quatro Raças.

—Guerra das Quatro Raças?- Questionei, sem pensar muito.

—O estopim foi o sequestro de Molly, é claro, mas tinha muito mais envolvido.- Katherine opinou- Meu primeiro casamento foi cancelado. E tudo ficou ainda pior quando Berick, o irmão mais velho da família, viajou até o reino vampiro e ameaçou KarlHeinz de morte bem na frente do castelo.

Percebi um olhar de choque percorrer nas orbes das Herbert.

—Claro, o pai de KarlHeinz e Ricther não levaram isso na brincadeira.- Katherine continuou- Não se satisfez só com matar o pobre Berick enforcado, mas ainda queimaram o vô de vocês vivo, quando ele tentou ir até lá salvar o filho. Isso enfureceu muito o reino feiticeiro. Mas ainda não havia sinal de Molly nem de KarlHeinz.

—Foram sete meses assim.- Edward falou depois de pouco tempo- Nós com os lobisomens estávamos até que ganhando a guerra, sabe. Várias pessoas estavam do nosso lado pela bagunça toda envolvendo a mãe de vocês. KarlHeinz apareceu então no limite entre o reino dos feiticeiros e dos demônios. Robert se encontrou com ele. Seus respectivos exércitos atrás de seus líderes. Foi uma batalha assustadora. Eu estava ao lado de Robert, mas mesmo assim não conseguia ver quem ia ganhar.

—Dizem que Robert foi dominado pela fúria e que conseguiu fazer com que KarlHeinz caísse no chão- Katherine explicou nada gentilmente- Foi a primeira batalha que KarlHeinz se rendeu. E a única.

—E Molly?- Eliza questionou.

—Foi achada aos cuidados da Tribo Alphabetta dois dias depois.- Edward disse.- Princesa Alice estava com ela. Molly estava chorando, mas de alguma forma parecia que radiava uma certa emoção positiva. Nunca me esquecerei do que ela me disse então.

—E o que ela disse?- Sofie perguntou.

Edward engoliu em seco, incerto se deveria falar algo.

—Molly disse que KarlHeinz era o pior monstro que havia encontrado.- Katherine disse, com nenhum milésimo da hesitação de seu marido.- A havia sequestrado e passara meses em cativeiro sendo violada e estuprada. Por um experimento dele, mas não explicou direito essa parte.

—...KarlHeinz violentou mamãe?- Victoria estava pálida.

—Vocês não deveriam estar surpresas.- Katherine bufou- Pelo que sei, conhecem bem o homem. E vivem com os filhos dele, não é mesmo. Tal pai, tais filhos.

Minhas mãos estavam completamente geladas.

Victoria não parava de mexer em seu anel de casamento, eu percebi. Mas não era a única que parecia á beira de um ataque de nervos.

—Robert a expulsou do reino depois disso.- Katherine continuou- Quer dizer, depois de ter obrigado ela a passar por um processo de tortura que tirava os poderes dela. Não sei o porque exatamente, mas acho que ela estava...

—...Eu...Eu acho que é melhor a gente ir.- Marie foi rápida em se levantar. Tão rápida que quase derrubou a cadeira.

—Mas já?- Katherine arqueou uma sobrancelha- Não vão me falar que ficaram magoadas?

—Eu levo vocês até a porta.- Edward estendeu a mão, ajudando Sofie a se levantar. Logo depois, fez o mesmo com Lua.

Eu e Eliza nos levantamos por conta própria, e seguimos a família até a porta de entrada.

—Eu só quero falar...- Edward pigarreou- Que sinto muito por terem descoberto tudo assim.

—Não é sua culpa.- Lua disse.

—Vocês são minhas sobrinhas.- Edward sorriu fraco- Somos uma família agora, não?

—Obrigada pelas informações, Tio Edward.- Victoria disse com dificuldade, e se obrigou a sorrir- Foram reveladoras.

E bota reveladoras nisso.

—_________________________________________________________________
Assim que chegamos na Mansão Sakamaki, fomos recebidas por uma grande reunião na sala. Haruka e Cousie estavam sentadas nas poltronas, enquanto minhas irmãs estavam no chão. Os Mukami e os Sakamaki dividiam o sofá, muito pro desgosto deles. Não foi lá muito surpreendente quando eles nos encararam.

—V-v-vocês c-chegaram...- Anna disse, parecendo ansiosa.

—Como foi?- Cousie disse, estranhamente relaxada.

Lua passou andando rápido:

—Não quero falar sobre isso.

—Onde vocês estavam?- Reijii questionou- Procurei por vocês, mas Cousie não sabia dizer onde exatamente estavam.

—Você que não quis escutar ela.- Haruka cerrou as sobrancelhas.

—Podemos só subir e ficar no quarto?- Victoria expirou fortemente- Não estamos afim de conversar. Sério.

Evitei o máximo de contato visual possível com minhas irmãs quando eu me sentei ao lado delas. Não era minha história pra contar.

—Só estamos perguntando onde vocês estavam.- Daayene pareceu assustada com a rispidez das meninas.- Se acalmem.

—Daayene, nem pense em usar seu poder de profeta pra ver o que aconteceu- Marie alertou, sem nem olhar pra minha irmã.

Quando as quatro tentaram passar pela sala, vi Subaru segurando Sofie pelo pulso:

—O que diabos deu em vocês quatro.

—Subaru, me solta.- Sofie grunhiu.

—Subaru, solta ela.- Lua repetiu.

—Não até vocês falarem o que aconteceu!- Subaru brigou, e então se virou pra Lua- Eu sou seu namorado, não tenho o direito de saber essas coisas?

—Eu falei que não tô afim de falar sobre isso!- Lua começou a ficar com a voz fraca- Por que você não me escuta e me deixa em paz?

—Pessoal, vamos nos acalmar...- Kou tentou começar a falar e se levantar, mas Ruki o puxou de volta pro sofá- Ok, não é meu problema pra resolver, entendi.

—Eu..Acho que deveríamos subir- Eliza disse pras suas duas irmãs, que foram rápidas em concordar. Em minutos, elas estavam subindo as escadas.

—Deveríamos...ir... também?- Azusa questionou, virando pros seus irmãos.

—Acho que sim- Sussurrei- Acho que as coisas não vão ser bonitas daqui pra frente.

Os Mukami concordaram e, nada discretamente, subiram comentando sobre a discussão.

—Por que vocês estão tão estressadas?- Shu questionou- Só fizemos uma pergunta.

—E vocês estão sendo inconvenientes insistindo quando já falamos que não queremos falar sobre isso.- Marie respondeu.

—Bitch-chans~, se acalmem- Laito tentou cantarolar.

—Foram dias estressantes pra vocês, talvez devessem realmente ir descansar...- Reijii tentou segurar sua esposa pela cintura, mas ela deu um passo pro lado- Nos próprios quartos, aparentemente.

Kanato estava olhando pras meninas com uma cara muito estranha, mas o último a se levantar foi Ayato, que tirou a mão de Subaru de Sofie e a segurou pelo ombro:
—Sofie, oy, eu preciso que você me conte o que aconteceu.

Sofie estava tremendo, os olhos estavam cheios de lágrimas e sua boca estava inchada.

—Sofie- Ayato passou as mãos pros antebraços da menina, a pegando com mais força- Me conta o que aconteceu.

—Fica longe de mim, Ayato.- Sofie pediu, agoniada.

—Eu vou me afastar de você, mas você precisa me falar o que diabos está acontecendo na sua cabeça.- Ayato estava muito calmo. Tipo, assustadoramente calmo. Eu não sabia como nem por que ele estava assim com Sofie, mas era no mínimo estranho- Por que se não eu não vou conseguir te ajudar.

—Eu falei pra você se afastar de mim.- Sofie estava mirando o olhar pro teto, e eu acho que nunca a vi tremendo tanto na minha vida.

—Não.- Foi a única resposta de Ayato.

E então...

PLAFT!

Foi no tempo de um piscar de olhos. Quando abri os meus novamente, Ayato estava com a cara virada pro lado, com uma bela de uma marca de mão vermelha na bochecha esquerda.

Sofie, a que eu suspeitava ser a dona do barulho estrondoso que havia acabado de surgir, colocou as mãos sob a boca, arregalando os olhos:

—Me desculpa.... Me desculpa... Me desculpa...

Percebi que ela não estava mais sequer pedindo desculpas. Sofie estava num transe, perdida completamente. Seja por ter batido em Ayato ou pela descoberta recente, Sofie havia acabado de mostrar um lado completamente obscuro e perdido de si mesma.

—Por que você bateu no meu irmão?!- Uma voz feminina foi ouvida da escada, e eu só pensei “puta merda”.

Mun tinha um rosto furioso. Quer dizer, considerando pra uma criança de, sei lá, 13 anos. Percebi que seus cabelos agora estavam tão curtos quanto os de Nikki, e não com as madeixas longas de antes. Ela praticamente marchou até Sofie:

—Eu... Eu achava que você era legal...

—Mun, não foi nada.- Ayato tentou justificar. Patético, considerando a marca vermelha bem esplêndida em seu rosto.

—Ele te fez algo de mal?!- Mun segurou a mão de Sofie, a apertando. Pelo rosto de Sofie, eu imaginei que aquilo devia estar doendo bem mais que um aperto de uma criança normal.

—Mun, já deu.- Kanato finalmente se pronunciou.

—Meus irmãos são muito legais, tá ok?- Mun brigou- Você devia ter vergonha de ter machucado um deles assim!
—Mun!- Lilith apareceu da escada- Vem pra cá. Agora.

—Mas...- Mun começou.

—Não é da sua conta.- Lilith deu um olhar de simpatia para Sofie, que parecia ainda mais derrotada do que antes.

Mun deu mais um olhar de raiva pras Herbert, antes de subir correndo.

—E... agora uma criança odeia a gente!- Lua deu um sorriso frustrado- Uau, lindo dia.

—Vocês não vão falar o que aconteceu?- Subaru questionou

—Eu... acho que vou subir- Sofie praticamente sussurrou.

—Eu te acompanho.- Brunna se levantou- Daay, Anna.

Minhas outras duas irmãs se levantaram, e acompanharam Brunna e Sofie até o andar de cima.

—Então é isso?- Shu pareceu meio nervoso- Vocês chegam depois de sumirem por um dia inteiro, dão um piti quando perguntamos o que aconteceu, rola uma agressão física e a gente ainda não vai saber nada.

—Hoje não.- Lua disse, olhando pra Subaru.

E então as três subiram, praticamente mortas. Vi os meninos olhando pra mim, quase esperançosos.

—Vocês sabem que eu contaria se eu pudesse.- Respondi- Mas não é minha história pra contar. E é... pesada.

—Não pode nem nos falar sobre o que é?- Laito perguntou.

Mordi o lábio.

De um lado, a história era majoritamente sobre Molly. E as meninas claramente ficaram devastadas com as descobertas.

Mas do outro... Os meninos estavam genuinamente preocupados. E também envolvia o pai deles, de certa forma.

Me sentei no sofá:

—Essa conversa não sai daqui.

E então respirei fundo, me preparando pra dar o que parecia uma das piores notícias do mundo.

—Então.- Comecei- Alice nos mandou pra um castelo no Reino Feiticeiro. Chegando lá, descobrimos que na verdade era a casa do tio das meninas. Porque pois é, a Molly era uma feiticeira e nunca falou nada pras meninas. Ela também era a melhor amiga da Alice e a noiva do Robert. Até que um dia tava rolando um festival, o pai de vocês ganhou as justas, deu a coroa da rainha da beleza pra Molly sendo que ele tava noivo da Cordelia...

—A princesa esquecida...- Ouvi Reijii murmurando, me estressei um pouco:

—Não me interrompa. Continuando... Depois o KarlHeinz sequestrou a Molly durante sete meses, quase morreu na mão do Robert, os dois tiveram uma trégua, Molly disse que foi estuprada e violada nas mãos do pai de vocês. E então um tempo depois ela foi obrigada a desistir dos poderes e foi expulsa do reino! Tcharã...!

Os meninos agora estavam com cara de tacho.

—Nosso pai... abusou... a mãe das meninas?- Até Laito tinha ficado sério.

—Não acredito.- Kanato brigou.

—Na verdade faz sentido.- Shu disse- É por isso que o Robert é tão obcecado com a Sofie, já que dizem que ela é idêntica á mãe. Além disso, aquele homem e Cordelia já haviam falado de Molly algumas vezes, né.

—Por mais que eu odeie, tenho que concordar com Shu.- Reijii pensou- É triste, mas estava óbvio que algo tinha acontecido.

—Não estava óbvio!- Subaru brigou.

—Isso é porque você é burro.- Kanato retrucou.

—É sério que essa é a reação de vocês ao descobrir que o pai de vocês abusou da sogra de vocês?- Questionei.

—Realmente, foi péssimo.- Reijii pigarreou- As meninas devem estar se sentindo horríveis.

—Eu estou me sentindo horrível.- Subaru fez uma careta- Viram o jeito que eu agarrei Sofie pelo punho? Lua deve estar com nojo de mim agora...

—Elas só estão sensibilizadas- Justifiquei- Não é a melhor das notícias...

—Sofie deve me odiar agora.- Ayato resmungou- Eu ignorei completamente o que ela sentia. Eu agi que nem o babaca que tentou abusar dela...

E então ele parou no meio da frase.

—Quem tentou fazer o que?- Eu estava assustada.

—Merda. Finjam que não ouviram nada- Ayato pareceu frustrado- Não consigo guardar um segredo por um dia...

—Alguém tentou abusar de Sofie?- Shu pareceu preocupado- Quem?

—Ela não quis me falar.- Ayato disse- Não contem pra ninguém. Eu jurei pra ela que ia manter segredo.

—Quando foi isso?- Laito pensou.

—Ontem.- Ayato respondeu.- Durante a batalha.

—Alguém aqui também quer matar o cara que fez isso?- Kanato brigou.

—Achei que você odiasse a Sofie.- Subaru falou.

—Eu odeio. Mas isso não significa que eu queira mal pra ela.- Kanato respondeu- Não um que não venha de mim, pelo menos.

—Agora faz sentido porque Sofie está tão... deprimida.- Pensei alto- Primeiro ela sofre essa tentativa absurda, e então descobre que a mãe passou pelo mesmo.

—E nem podemos ajuda-la.- Reijii suspirou- Não desejaria que ninguém passasse por isso. Especialmente mulheres tão... especiais, como as Herbert.

—Não tem algum sistema aqui pra denunciar o cara?- Questionei- Podemos tentar conversar com Sofie, caso exista.

—Não.- Laito respirou fundo- Não tem nada pra denunciar ele. Só podíamos fazer justiça com as próprias mãos. Mas se Sofie não quis contar quem foi, deve ter um bom motivo pra isso.

—Mas se eu descobrir quem foi- Ayato bufou- Não vou garantir que não vou matar o cara.

—Eu ajudo.- Subaru falou.

—Alguém mais sabe?- Perguntei.

—Acho que Brunna e Haruka a ajudaram a fugir do cara.- Ayato pensou brevemente- Mas não acredito que algumas das outras saibam.

E de repente aquela conversa havia parado de ser só sobre o KarlHeinz e a Molly.

Sinceramente, eu não podia estar mais agradecida por Ayato ter deixado escapar o sofrimento de Sofie.

Porque eu não estava disposta a deixar ela sofrer sozinha.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam de todas essas revelações, fofocas e desconfianças (and tretas)?
Não se esqueçam de comentar suas opiniões e teorias (até as que foram desbancadas com esse cap jhauehue) que eu amo ler!
BESOS e até o próximo cap!



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