Like a Vampire 3: Lost Memories escrita por NicNight


Capítulo 17
Capítulo 17- Um encontro com o passado


Notas iniciais do capítulo

ALELUIAAAA que saudade que eu tava de escrever LAV 3 ♥
Bem, como devem saber, fiquei um mês sem escrever a história por conta do especial de halloween (que inclusive, se você não leu ainda, tá fazendo o que, mano? vai ler lá, sô!), o que me atrasou um pouco mas nada que não consigamos driblar pelo amor a LAV ♥
Enfim, boa leitura XD



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Narração Anna

Mesmo com todo o estresse do dia anterior, consegui ter uma noite de sono razoável e acordei praticamente revigorada.

Imaginei que as garotas ainda estariam dormindo, exaustas da noite de batalha. Meus pensamentos foram concretizados quando, ao passar pelo corredor descendo pra tomar café, vi várias das portas ainda fechadas com as luzes de dentro apagadas.

As Creedley haviam dormido lá, também. Assim como Sol, Mao, Jackson e Yui, que resolveram dividir um quarto extra (também conhecido como Yui e Jackson dormindo na cama de casal, Sol dormindo no sofá do quarto e Mao dormindo no tapete). Então eu realmente não duvidava nada sobre o quão cansativo aquela batalha teria sido.

Olhando pela janela, as ruas ainda estavam um pouco destruídas. Suspirei.

Por que a rebelião teria invadido o festival? Tipo, ok, muito mais pessoas pra assustar, mas não seria melhor não matar inocentes se você quer tomar o poder e ficar contra o rei? Além disso, quer coisa mais chamativa que um ataque marítimo?

Bem, se antes essas pessoas daqui já não podiam ser consideradas normais, então agora elas realmente deviam estar eufóricas. Só ontem, quantas pessoas haviam morrido? Contando com os que Nikki matou, eu chuto pelo menos duzentas.

—Bom dia!- A voz de Lua chamou minha atenção, e só então eu percebi que já havia chegado na sala de jantar- Dormiu bem?

—Sim.- Disse só isso, porque foi a única coisa que minha boca foi capaz de falar sem que eu gaguejasse.

Brunna estava apoiada na parede, lendo um livro. Ou melhor, tentando, porque era bem claro que ela estava bem sonolenta e lutando contra a vontade de cochilar.

—Você tá bem?- Perguntei para Brunna, sentindo finalmente minha língua relaxar na boca e eu ser capaz de formular uma meia-frase.

Brunna me olhou, arregalando as orbes azuis:

—Ah! Sim, bom dia. Só não consegui pregar os olhos durante a noite toda.

E então ela fez uma careta, como se tivesse acabado de se lembrar de algo ruim.

—Só temos nós acordadas?- Me sentei á mesa, já me servindo uma xícara cheia de café.

—Os meninos devem acordar daqui a pouco.- Lua disse- Quer dizer, alguns já devem estar acordados, mas não desceram ainda. Yui foi embora mais cedo com Jackson pra tratar de umas feridas dele. O resto está dormindo ainda, eu acho.

Brunna se juntou á nós na mesa:

—Foi realmente um dia estressante ontem, né?

—Muita coisa acontecendo.- Concordei com a cabeça, minha boca cheia de um muffin gostoso que estava servido.

—Bom dia.- Era Lilith. Nem um pouco surpreendente, ela parecia péssima. Seu cabelo estava desgrenhado, e seus olhos pareciam mortos de tão sem brilho. Seu rosto parecia estar numa expressão eterna de dor, e ela nem havia se preocupado em parecer elegante e trocar de roupa antes de descer pro café.

Dissemos todas “Bom dia” em uníssono pra ela, que fechou um longo casaco em volta da camisola e colocou dois saltos bem na nossa frente:

—Vou dar uma volta, ok? Não estou me sentindo muito bem aqui. Mun já está acordada, então ela deve descer daqui a pouco.

Todas nós concordamos com a cabeça. Mesmo tendo convivido muito pouco com a mulher, eu podia notar que ela estava perdida naquele exato momento. Não que eu pudesse a culpar. Perder o filho e o marido em plena noite de núpcias não deve ser lá uma coisa legal.

Não que perder o filho e o marido seja legal em outra ocasião, é claro.

E sem mais nenhuma palavra, Lilith saiu pela porta dos fundos.

—Tadinha...- Lua murmurou, claramente chateada- Nunca vi Lilith assim. Ela é sempre tão... Mulherão, poderosa e tudo aquilo! E agora ela só está....

—Morta por dentro.- Brunna completou, com um tom meio obscuro.- É, imagino.

—Bom dia.- A voz de Haruka ecoou pela escadaria, e em um piscar de olhos ela estava ao meu lado começando a comer um pedaço de pão.

—Acordou cedo pra quem estava numa batalha.- Lua deu uma risadinha- Está desidratada?

Haruka arqueou uma das sobrancelhas azuladas na direção da mais nova, que deu de ombros ainda sorrindo. Porém, a Creedley decidiu responder mesmo assim:

—Cheguei mais cedo que o resto das outras meninas. Sofie estava tendo uma crise de pânico e acabou indo parar no meio da rua. Eu e o resto do pessoal tivemos que arrumar uns esquemas pra tirar ela daquele lugar. Então acabei ficando.

Haruka e Brunna trocaram um olhar desconfortável.

Se eu não conhecesse minha irmã muito bem, diria que ela só estava sentindo pena da amiga Sofie. Mas, bem, eu conhecia. Então eu sabia dizer bem que ela estava guardando um segredo.

Junto com Haruka, ainda por cima!
Cerrei ambas as sobrancelhas pras duas, pra ver se alguma delas se tocava que eu entendi que elas tinham um segredinho e queria que elas me contassem. Mas elas nem viram.

Bom, não posso reclamar de muita coisa. Eu era realmente a mais nova das treze. E eu sempre ficava calada na minha, esperando que fosse dirigida a mim diretamente a palavra. Quando não era, eu não achava ruim. Odeio falar, na verdade.

Gosto mais de pensar e analisar.

—Isso ainda não explica porque todos os meninos estão dormindo.- Lua reclamou. Ela sim gostava de falar mais do que pensar.- Eles nem ficaram assistindo a batalha com a gente! Bando de preguiçosos!

—Vocês duas não dividem quarto com seus namorados?- Haruka semicerrou as orbes azuis claras.- Não deviam ter acordado eles?

Lua corou um pouco.

—Lua não divide quarto com Subaru.- Brunna explicou- Não porque ela não quer, claro, mas homens são estranhos. E eu até tentei acordar Ruki, mas ele disse algo sobre já estar pronto e acordado e então virou de costas pra mim e dormiu de novo.

—Nunca imaginaria que Ruki fosse assim.- Lua pensou um pouco- Ele parece tão sério e responsável.

—Os homens dessa laia são os que ficam piores quando começam a namorar.- Brunna riu um pouco.

Então agora ela admitia que aquilo sim, era um namoro, né?

—Concordo plenamente.- Haruka disse, servindo um pouco de limonada pra si mesma.- Mas dizem que as mulheres mais sérias são as que ficam mais melindrosas quando se apaixonam, também.

E foi nesse exato momento que Sofie apareceu nas escadarias, descendo lentamente.

Ela ainda estava usando seus pijamas, mas olhava pro chão, o robe longo e solto arrastando pelas escadas. Logo atrás dela, vinha Ayato, seguindo o mesmo ritmo dela, mas parecendo um pouco mais preocupado.

Jesus, porque todo mundo estava morto hoje?

Tipo, por dentro?

Quando chegaram até a mesa, Ayato puxou uma cadeira e fez com que Sofie se sentasse. Ela sorriu e agradeceu com um abano de cabeça. Então se virou pra gente como se nada tivesse acontecido:

—Bom dia, gente.

Eu e Lua olhamos pra ela extremamente confusas. Haruka e Brunna estavam fingindo que aquela cena toda nem estava acontecendo.

Mas que diabos?

—Vocês dois...?- Lua só olhou pra eles, extremamente confusa.

—O que?- Ayato pareceu assustado, mas se sentou e começou a devorar alguma coisa que tinha uma aparência muito estranha.

Eu e Lua nos entreolhamos então. Tentávamos entender por que diabos Sofie e Ayato desceram juntos, e porque ele foi legal com ela. Não que Sofie não merecesse a gentileza. Mas certamente Ayato não fazia aquilo normalmente.

—Bom dia, MNeko-chans~~- A voz de Kou ressoou, e ele praticamente chegou voando até nós. E por voando, eu digo que ele pulou do corrimão- Se sentindo bem?

—Nunca estive melhor.- Sofie deu um sorriso fraco. Brunna retribuiu o gesto.

Ok, Brunna tinha um segredo com Haruka e com Sofie. Talvez Ayato também soubesse.

—Dia.- Ruki fez um aceno de cabeça pra todos nós como cumprimento, menos pra Ayato. Então, ele se sentou ao lado de Brunna, dando um selinho na namorada.

—Bom...di..a...todo...mundo...- Azusa veio se sentando ao meu lado. Dei um sorriso gentil na direção dele, que retribuiu.- Dor...miu...bem?

—Ahã.- Respondi. Porque minha língua estava começando a ficar embolada e eu ia acabar gaguejando. Mas principalmente porque eu estava ocupada demais tentando entender a dinâmica das pessoas na mesa.

Achei estranho que Yuma não estava na mesa junto com seus irmãos, mas aí me lembrei que ele costumava acordar mais cedo do que todo mundo pra poder sair pro jardim. Não sei se ele cuidava do jardim ou só vagabundava por lá, mas eu não estava decidida a descobrir isso agora.

Me peguei analisando a mesa. Bem, com certeza Sofie e Ayato não haviam dormido juntos. Quer dizer, se dormiram no mesmo quarto, não fizeram muita coisa a mais de dividir a mesma cama. Lembrei-me de Sarah me falando sobre como os vampiros sentiam o cheiro da humana mudar quando ela perdia a virgindade.

Bem, eu tinha quase certeza que Sofie era virgem até ontem. E não havia nenhum comentário sobre isso na mesa. Então ou nada havia acontecido ou os Mukami eram bons em disfarçar.

E considerando como eu conheço os Mukami, duvido muito que fosse a segunda opção.

—Anna?- Percebi que Brunna estava me chamando- Você está ao menos me escutando?

—Hm?- Me obriguei a sair da minha linha de raciocínio.

—Perguntei se você teve notícias da Sarah.- Brunna repetiu.

—Ah.- Fiquei envergonhada- N-não. Nada.

—Ah.- Sofie abriu a boca, parecendo decepcionada.

—Não fiquem com essas caras de morte.- Haruka reclamou- Ela deu um piti ontem, não foi? Com certeza vai querer ficar sozinha por um tempo.

—Nós que deveríamos estar bravas com ela, não o contrário!- Lua fez beicinho- Ela nos xingou na cara dura! E bateu na Sofie!

—Pera aí, a Sarah bateu na Sofie?- Yuma chegou de repente, me fazendo pular- Ugh, queria ter visto isso.

—Não ia querer.- Sofie negou com a cabeça.- Foi bem feio.

—E você nem bateu nela de volta?- Ayato questionou, claramente curioso. Abafei uma risada, e Sofie não pode deixar de rir também.

Com o leve tremor de seu corpo por causa da risada, vi o robe de Sofie deslizar bem discretamente pelo seu ombro. Estranhei quando vi uma marca de aperto meio arroxeada em seu braço.

Percebendo meu olhar, Sofie foi rápida em ajeitar seu robe novamente e amarra-lo.

Agora eu fiquei foi mais confusa ainda.

—Bom dia!- Uma voz feminina veio da escadaria, e com um rápido olhar percebi que era a Princesa Rosemary, já vestida elegantemente para o dia- Ah! Srta. Sofie! Bem quem eu queria ver!

—Você queria me ver?- Sofie questionou, olhando Alice descer as escadas de uma maneira extremamente elegante. Seu vestido azul com dourado ornava bem com sua pele, percebi.

—Claro!- Alice escancarou um sorriso- Hm... Gostaria de mais privacidade? A companhia do Sr. Sakamaki e dos Senhores Mukami e de suas amigas e irmã não me incomoda, pelo contrário. Mas talvez deseje ter essa conversa em privado por ser um assunto pessoal.

—Ah...- Sofie pareceu pensar- Pode falar na frente deles. Tenho certeza que já ouviram coisas piores.

Ruki pareceu considerar, antes de concordar com uma expressão que dizia “realmente.”

Alice pareceu estranhar e respirou fundo, claramente desconfortável com a situação:

—Como quiser, Srta. Herbert.

E depois de um tempo, outra respiração profunda.

—Como deve saber, tenho dois irmãos, senhorita.- Alice explicou- E tanto Robert quanto Tyrosh não são considerados os melhores alvos para uniões, se me entende. O tempo de Robert já passou, e Tyrosh só teve sucesso com as prostitutas, temo eu.

Cerrei a sobrancelha com o comentário.

—Mas algum deles precisa se casar e ter herdeiros.- Alice permaneceu de postura perfeita e sorriso calmo enquanto continuava seu longo argumento- E, claro, se os três membros da família real não conseguem arrumar um parceiro de longo-termo ou nutrir filhos, qual superioridade temos á plebe?

—Hm... Talvez dinheiro e título?- Brunna sugeriu baixo, mas aparentemente Alice decidiu ignorá-la:

—Numa conversa com meus irmãos, Robert havia me alertado sobre o desejo de lhe tomar como noiva.

E foi aí que aconteceu um engasgo coletivo na mesa.

Robert? O rei feiticeiro? Queria casar com Sofie?

Uau. Quer dizer, não uau tipo “incrível”. Mas sim um uau de “inesperado” e talvez de “desesperador”.

E pelo rosto de Sofie, percebi que ela tinha o exato mesmo pensamento. Seus olhos estavam arregalados, a boca entreaberta e a cor havia saído do rosto.

—Tyrosh se intrometeu, dizendo que era injusto dar a obrigação de se tornar rainha regente e criar filhos com um homem muito mais velho para uma mera menina humana de dezenove anos.- Alice não pareceu se incomodar com o tumulto silencioso na mesa.- Então eu lhe estou abrindo a opção de casar com quaisquer dos meus irmãos, desde que entre na família Rosemary.

—Eu? Na família de vocês?- Sofie começou a respirar com uma quase não-notável dificuldade.

—Cuidaríamos de você.- Alice sorriu- Será muito bem recebida, e eu te tratarei como uma irmã. Sabe, meu irmão Robert teve uma noiva antes...

—E ela fugiu com outro homem, se não estou enganado.- Ruki interrompeu- Exatamente o que alguém precisa saber pra querer se casar com alguém.

A ironia de Ruki fez com que Princesa Rosemary arregalasse as belas orbes:

—Ah, perdão! Não quero que se sinta desconfortável, de jeito nenhum! Mas, se me permite dizer, tem uma certa beleza exótica inegável, e com certeza é muito inteligente e determinada. Seria uma honra ter alguém como você na nossa família.

—Não se importa que seja humana?- Lua questionou, claramente assustada.

—Não temos nenhum ódio ou preconceito diante de humanos, Srta. Herbert.- Alice explicou com um sorriso- Inclusive suas tecnologias me deixam admirada. Além disso, não deixei de escutar os boatos de sua irmã, Victoria, estar grávida do Príncipe Reijii. Talvez essa facilidade de ter filhos com outra raça, incomum entre os humanos, esteja no sangue de vocês!

—Victoria não está grávida.- Brunna foi rápida em intervir, mentindo como uma verdadeira profissional.- E nunca esteve. E isso deve permanecer assim. Os dois estão apaixonados, e uma falta de um filho não muda isso.

—Ah, mas deveria.- Alice opinou gentilmente- Também ouvi dizer que Príncipe Shu não está interessado no trono, o que levaria Príncipe Reijii a ser o novo herdeiro. Não acha que um filho manteria seu status?

—Caralho, ela é boa.- Ayato resmungou, claramente queimando de ódio por dentro. E mais dolorosamente ainda, estava claro que não sabia exatamente o que falar.

—E seria uma ótima oportunidade de união entre o Reino Vampiro e o Feiticeiro, já que suas duas rainhas seriam irmãs.- Alice sorriu.

—Não acho que isso seja do interesse de KarlHeinz.- Kou falou, tão baixo que quase não se deu pra escutar.

De repente, Haruka se levantou:

—Ok, se ninguém tem coragem de falar, eu falo!
Alice olhou confusa pra de cabelos azuis, que deu um passo á frente, quase derrubando a cadeira no meio do caminho.

—É o seguinte, princesa.- Haruka suspirou- Você parece ser uma mulher respeitável. Aposto que é. Mas isso não vai me impedir de te falar uma coisa: Sua família não pode obrigar Sofie a se casar com alguém. Se estão tão desesperados por uma esposa, procurem uma plebeia e inventem uma história de amor proibido, isso sempre funciona. Ou talvez você devesse pensar que o motivo de ninguém querer casar com seus irmãos é porque eles são babacas!

—Quem é você?- Alice perguntou, surpreendentemente sem nenhum deboche na voz.

—Ah, Haruka Creedley, prazer.- Haruka sorriu, mas ela tinha um deboche imenso na voz- Talvez não conheça meu nome, mas minha família tinha um castelo na beira do Reino Demônio antes de todos morrerem. Sim, eu sou de uma linhagem de bastardos. Mas mesmo assim, eu consegui um título importante pela simples falta de opção. Mas não estamos aqui pra falar sobre mim. Sofie vai casar com quem quiser. Quando quiser. E isso não é só pra seus irmãos. Ela tem o direito de escolher seu futuro marido ou esposa em todos os reinos, se quiser. E se não quiser casar, não precisa.

—Você é da família dela, por acaso?- Alice pareceu confusa.

—Não.- Haruka foi sincera- Mas enquanto as irmãs mais velhas dela não estão aqui presentes, eu e minhas irmãs somos responsáveis por ela. Por todas as Herbert. E pelas Hudison também. E Sofie não vai se casar com quem não quer. Especialmente com o Rei Robert.

Um silêncio predominou por um tempo.

—Bem...- Alice pigarreou- Foi um belo discurso. Concordo com ele, realmente concordo. Mas são minhas obrigações como lady dos Feiticeiros e como irmã do rei. E como mulher, infelizmente.

Alice jogou suavemente os cabelos pro lado, ainda parecendo elegante. Ela então se virou pra Sofie:

—Só pense bem no assunto.- Alice segurou a mão de Sofie momentaneamente.- Eu juro que nunca iremos te machucar.

E então, com uma breve reverência, se retirou do comôdo.

—A audácia de algumas pessoas!- Haruka se jogou na cadeira, nervosa.  Bem, estava muito nervosa. Notei isso pela garrafa de água que começou a borbulhar na mesa.

—Não acredito!- Ayato brigou- Matarei a família Rosemary!

—Não há necessidade- Sofie disse, seu olhar triste- Farei o que a obrigação me mandar. Pensarei mais sobre o assunto.

—Sofie, não pode estar considerando se casar com o Rei Robert!- Brunna arregalou os olhos- Depois que ele... que ele... ARGH! Eu que quero matar ele!

—Tem meu apoio.- Haruka concordou com a cabeça.

—Princesa Rosemary me deu duas opções.- Sofie se levantou.- Robert está fora de questão, mas não converso com Tyrosh para saber. Parece ser um homem inteligente.

—Você quer casar com um anão bebum?- Yuma pareceu exaltado- Ou, até eu te acho melhor que isso!
— Não sou uma pessoa de muitas opções, como devem perceber.- Sofie deu um sorriso fraco- Se me permitem, vou até meu quarto.

Ela subiu as escadas de novo, deixando um silêncio.

Deuses, ela já estava até falando como uma lady.

Alguma coisa estava bem estranha nessa história. Com certeza, Robert era bizarro com Sofie, mas porque Tyrosh não era considerado tão pior quanto?

Só o tempo poderia me responder aquela pergunta.

E eu sabia que iria.

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—Não acredito que Alice pediu isso de Sofie!- Nikki parecia abismada, batendo as mãos no chão sujo da jaula.- Rídiculo! Posso sair daqui só pra eu matar eles, rapidinho?

—Foi exatamente assim que eu reagi!- Victoria estava tão pasma quanto a irmã- E ainda teve a audácia de dizer que eu estava grávida.

—Bem, você estava grávida pouco tempo atrás...- Subaru suspirou.

—Mas não, você não pode matar alguém mais.- Marie cruzou os braços- Não é exatamente por isso que está na prisão?

Nikki bufou, frustrada:

—Não precisa me lembrar disso. Não é como se eu tivesse gostado de matar eles. Aqueles gritos me dão pesadelos até hoje.

—Você foi presa ontem, Nikki.- Eu a lembrei.

—Parece uma eternidade.- Nikki bateu as mãos de novo nas grades.

Havíamos reunido um grupo pra ir visitar Nikki, pela primeira vez. Lua e Jackson queriam ir, mas é claro que Yui e Subaru disseram que aquilo não faria bem pro psicológico deles e que eles deviam dar um tempo.

Por isso estávamos eu, Daayene e Subaru bem ali, onde não tínhamos obrigação de estar. Quer dizer, todos nós estávamos morrendo de preocupação com a Herbert, é claro, mas era sinceramente triste ver ela ali.

Presa num quarto escuro cercado de grades de ferro, parecendo usar uma espécie de saco de batata, toda suja e o cabelo azul desgrenhado.

—Você está sendo dramática- Marie cruzou os braços- E eu nem preciso te falar que a culpa foi totalmente sua, né?

—Ah, sim.- Nikki bufou- Eu sei. Eu me arrependo de ter matado... quantos homens mesmo?

—Dez.- Subaru falou- A guarda real inteira daquele homem.

—Dez homens. Certo.- Nikki continuou- Eu matei eles de uma forma bem grotesca mesmo. Me senti parte da Inquisição, matando pessoas queimadas vivas.

—Devia se sentir honrada. Ao invés de matar mulheres acusadas de bruxaria, você provavelmente só matou homens “dignos” que provavelmente eram babacas.- Shu comentou.

—Desde quando você sabe alguma coisa sobre Inquisição?- Reijii perguntou retoricamente, e Shu só deu de ombros como resposta.

—Enfim!- Daayene deu um passo a frente- Sabemos que foi um dia e uma manhã muito cansativos pra você. Por isso eu convenci Marie e Vic a terem a conversa de “o que você fez foi errado” depois que você sair daí!

Nikki fez uma expressão confusa.

—Você vai... sair daí, né?- Shu de repente pareceu preocupado.

—Vocês são os príncipes, não deveriam saber das leis vampiras?- Nikki ralhou com Reijii, Shu e Subaru, que se encolheram com o tom de voz dela.- Acontece que eu também não sabia, mas a penalidade pra genocídio acabou sendo pena de morte.

Nem eu escondi o fato de que o ar me faltou.

—Mas acaba que o reizinho lá veio me visitar e ele pediu que fizessem uma exceção comigo. Alegou que eu estava “fora de mim” e que eu era louca.- Nikki explicou, nem um pouco calma.

—MAS QUE MALDITO!- Victoria berrou, atraindo a atenção de uns guardas- Odeio esse homem que eu chamo de sogro!

—Não vá exagerar...- Reijii tentou acalmar a esposa, e falhou miseravelmente- Podia ser bem pior.

—Mas ele disse que eu devo ficar presa por tempo indefinido.- Nikki apoiou as mãos nas barras- Disse que eu não posso morrer ainda. Então ele mandou os guardas me alimentarem, querendo ou não. E eles nem podem me envenenar. Ouvi que existem casos que isso acontece, pros prisioneiros morrerem mais rápido e não de inanição.

—Então ele não quer que você morra.- Marie disse sem pensar.- Um alívio. Mas ele não quer que você morra mesmo que você tenha matado a guarda inteira dele?

—Já executaram Helete essa manhã.- Nikki disse, seu semblante mudando pra um mais triste.

—Ah, Nikki, eu sinto muito...- Daayene pareceu magoada.

—Não. É minha culpa.- Nikki disse- Aquele bicho só foi executado porque eu mandei que ele matasse todos aqueles homens.  Foi irresponsabilidade minha.

—Eu ainda não entendo.- Victoria mordeu o lábio inferior- Prendemos nossos drakons na noite antes de sairmos. Como alguém os soltou?

—Pessoalmente, eu acho que eles podem só ter, sei lá, queimado as correntes e ido embora.- Subaru opinou.

Nikki olhou confusa:

—Por que minha irmã gosta de você mesmo?

—Pelo mesmo motivo que você gosta do meu irmão: Burrice e tendência a péssimas escolhas- Subaru explicou.

—Faz sentido- Nikki pareceu considerar a explicação.

—Vocês podem não falar mal de mim enquanto eu estou no mesmo comôdo que vocês?- Shu pediu, mas não parecia se importar muito.

—Não.- Os dois falaram ao mesmo tempo.

—Ok.- Shu desistiu.

Me perguntei desde quando Nikki e Subaru eram tão amigos.

—Enfim, acho que deveríamos ir.- Marie se levantou do pequeno banco de madeira- Boa... estadia?

Nikki pensou um pouco:

—Não é a melhor coisa que você podia falar pra alguém que está na cadeia, mas obrigada pela tentativa.

Marie pareceu meio aliviada.

Todas as meninas deram uma tentativa bem falha de abraço em Nikki através das grades. Senti meus braços doendo depois.

Subaru apenas deu um aperto na mão de Nikki, Reijii um aceno de cabeça respeitoso. E Shu deu um selinho nela, além de um beijo em cada uma das mãos.

Parte de mim achou aquilo fofo, a outra parte quis meio que vomitar.

Saímos seguidos por guardas (que eu acho que queriam ter a certeza que aquele tanto de pessoas não eram pra ajudarmos Nikki a fugir). E eu fiquei meio aturdida quando, saindo da cadeia, estava um solão dos infernos.

Meus olhos demoraram um tempo pra se acostumar com a luz. Não pareceu um problema pro resto das pessoas, já que eles saíram normalmente. Marie falava com Shu algo sobre Nikki, Victoria estava de braços dados com Reijii e Subaru escutava Daayene cantarolando e falando sobre alguma coisa bem aletória.

Não me incomodei em ficar sobrando, então me apoiei em um dos postes que havia na praça lá perto e me deixei ficar um pouco apoiada.

Fiquei um tempo parada, pensando. E então eu vi uma mulher atravessando a rua bem devagar, quase sendo atropelada por uma carroça.

Não precisei correr muito e, graças ao bom Deus, fui rápida o suficiente pra puxar ela pro outro lado da rua antes que fosse tarde demais.

—Meu Deus, senhora, você está bem?- Eu questionei, finalmente sentindo minha língua dar uma pequena desenrolada.

Ela usava um capuz escuro, então eu o tirei de seu rosto para procurar por algum machucado.

Ela não parecia bem mais velha que eu, percebi. Devia ter a altura de Sarah ou Sofie. Era também magra demais, e senti que eu poderia ver suas costelas se ela tirasse as roupas. A pele também era branca demais, até se ela fosse uma vampira. Seus cabelos eram negros e até os ombros, parecendo um ninho de tão emaranhados. Quando ela me encarou, vi que seus olhos também eram negros e que pareciam ler minha alma.

Cheguei a recuar um pouco pelo nervosismo.

—Não tenha medo.- A mulher tinha a voz um pouco rouca, e aquilo me deu mais medo ainda- Não irei te machucar, na verdade, só quero te ajudar.

—E-e-eu nem t-t-te conheço....- Gaguejei pateticamente.

—Mas eu sim.- A mulher me segurou pelo pulso, fazendo ser impossível que eu fizesse qualquer coisa que não fosse olhar amedrontada pra ela.- Deixe eu te dar um conselho.

—Mas...

—Chegará uma hora que se verá numa encruzilhada.- Ela me interrompeu- Uma descoberta importante sobre alguém terá de ser feita. E você será a que deve descobrir.

—Mas eu...- Tentei falar de novo.

—Só você conseguirá descobrir- A mulher voltou a dizer, dessa vez andando pra trás- Só você.

E quando ela desapareceu num piscar de olhos, eu só consegui franzir a testa.

É.O.Que?

Pisquei mais três vezes, pra ter certeza que ela estava realmente sumida.

Mas assim que eu me virei pra ir embora, tive a certeza que ia ter outro ataque do coração.

Bem do outro lado da rua, a menos de uns 10 metros de mim, estava Sarah Herbert, totalmente distraída olhando pras pessoas.

Sua aparência era bem desagradável, se era pra ser sincera como amiga. Seus olhos estavam inchados e vermelhos, com grandes olheiras. Seu cabelo, desgrenhado. Ela ainda estava usando uma espécie de casaco preto que a cobria até os joelhos. Percebi que o celular ainda estava ligado e guardado em um dos bolsos do casaco.

Pensei e andar até ela e conversar com ela. Chamar ela pra voltar. Tentar convencer ela que Sofie a perdoaria, apesar de eu achar isso difícil, até mesmo considerando que elas eram gêmeas.

Mas Sarah era bem mais esperta que isso. E mais rápida que eu, também, já que ela deve ter se sentido observada e procurou o olhar de alguém, as orbes castanhas pousando em mim. Elas então se arregalaram. Percebi a Herbert morder o lábio inferior, antes de sua expressão baixar e ela apenas se virar e ir embora na outra direção.

E eu sei que eu deveria, mas eu não arrumei forças pra correr atrás dela.

Então tudo que eu pude fazer foi abaixar a cabeça e voltar pra casa.
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—Não podíamos agradecer mais a vocês de estarem aqui com a gente- Marie suspirou, ajeitando o vestido novo que usava.

—É. Ter só quatro de nós é... estranho.- Victoria continuou- E sinceramente, tomar chá da tarde com a Princesa Rosemary é tudo que eu menos queria nesse momento.

—Principalmente depois de ela ter me atirado pra cima dos irmãos dela.- Sofie bufou.

—Não precisam agradecer.- Cousie revirou os olhos- Claramente eu sou a melhor escolha que podiam fazer, já que sou extremamente sensata e elegante. E Anna é... calada.

—...Obrigada?- Questionei.

Assim que havia chegado no castelo, encontrei as quatro Herbert paradas na sala, estranhamente arrumadas. Elas haviam me explicado sobre um convite para chá da tarde da própria princesa Alice, e acabaram me convidando para me juntar á elas.

E Cousie, que havia tido o azar de passar por nós procurando por Eliza, havia acabado entrando nessa furada junto.

—Não deveríamos falar mal da Princes...- Lua então parou- Ah, oi Kanato e Laito!

Me assustei a ver dois dos trigêmeos parados ao nosso lado. Talvez não deveria, eles faziam isso vezes demais pra continuar sendo chocante. Mesmo assim...

—Ah, olá ~~- Laito cantarolou- Vejo que estão especialmente arrumadas hoje~~

—É, bater um papo com minha futura cunhada.- Sofie bufou com o comentário, e isso fez os meninos parecerem confusos.

—Ayato não contou pra vocês?- Marie deu um sorriso de canto- Talvez vocês só não sejam confiáveis o suficiente. Especialmente certas pessoas.

—Você com certeza tá falando do Laito, então irei me retirar.- Kanato revirou os olhos- Vocês são lesadas demais de vez em quando. Até pra explicar as coisas?

—Explicar o que?- Sofie respondeu- Que essa está sendo a pior semana da minha vida porque uma irmã minha fugiu de casa...

—Foi expulsa.- Cousie corrigiu.

—Isso, foi expulsa- Sofie pigarreou-... Uma foi presa e agora a princesa quer que eu case com um dos irmãos dela!
—Ah, você seria uma boa rainha.- Laito deu de ombros- Tipo, melhor que o Shu, o Reiijii e o Ayato, com certeza.

—Ah, é. Esqueci que eles também são possíveis futuros reis.- Victoria suspirou- Deus. Deve ser tão cansativo. Eu mal consigo lidar com minhas responsabilidades como princesa, também.

—A coroa só é pesada pros que são fracos ou não deveriam ser reis de verdade.- Cousie opinou.

—Bem, Ayato e Reijii com certeza pensam que são reis já.- Kanato suspirou- Assim como todos os reis, na verdade.

—Tá, mas dizer que você é um rei não te faz um rei.- Cousie continuou retrucando.

—Você tá filosófica hoje ou é só impressão minha?- Lua questionou, e a Creedley apenas deu de ombros.

Percebi uma pequena espada nas mãos de Kanato:

—O que é isso?

—Ah.- Laito pareceu se lembrar da existência do objeto- Primeira espada de Mun. Não espalhem. Shu e Reijii insistiram que ela tivesse uma espada, mas eu e Subaru insistimos que fosse um presente...~~

—Então ela ainda está firme e forte no treinamento de esgrima.- Sofie não deixou de sorrir- Ah, ela deve ser uma Sakamaki, no fim das contas.

—Você tinha alguma dúvida?-Marie questionou- Aquela garota é tão determinada e abusada que só podia ter sangue Sakamaki.

—Sabe, eu tinha minhas dúvidas também.- Lua admitiu- Ela era... doce e inocente demais pra ser da família deles.

—Ela é uma criança.- Cousie cerrou ambas as sobrancelhas.

—Como uma Sakamaki honorária, eu posso dizer que isso nunca impediu nada.- Victoria opinou- Sério, Heisuke tem... menos de um ano, se não me engano. E ele parecia o capeta em forma de bebê. Ah, mas eu sinto falta dele.

—Eu não.- Kanato bufou- O quarto de Reijii é do meu lado. Eu queria enforcar a criança toda vez que ela começava a chorar de madrugada.

—Quando eu tiver um filho, me lembre de não deixar você ser o padrinho.- Marie suspirou.

Kanato deu um olhar de “eu agradecerei se não for padrinho de seu filho” para a loira, e sem muitas outras palavras, foram embora procurando Mun.

Não muito tempo depois, Alice chegou. Seus cabelos estavam belamente trançados dessa vez, e ela usava um vestido verde-água que valorizava seus melhores traços. Um doce sorriso estampava seu rosto:

—Bom dia, senhoritas. Espero não tê-las mantendo esperando tempo demais.

—Não, que isso.- Victoria sorriu, ainda não esquecendo os bons modos que era obrigada a ter, principalmente de Princesa para Princesa.

Alice se sentou numa das poltronas, bem ao lado de Cousie. Logo veio uma criada, que deixou uma pequena bandeja com chá, sete xícaras e alguns biscoitos na mesa de centro.

—Com licença- Sofie chamou a criada- Ainda temos bolo de chocolate?

A criada fez que sim com a cabeça, e me questionei se ela sabia falar.

—Poderia pegar um pouco pra mim?- Sofie sorriu docemente (e falsamente), até a criada ir embora ás pressas antes que a Herbert pudesse agradecer. Todas suas irmãs olharam pra ela- Um café ou chá da tarde não pode estar completo sem bolo de chocolate, pra mim.

—Entendo perfeitamente, Srta. Herbert.- Alice sorriu, e Anna soube que era verdadeiro.- Mas, enfim, suponho que temos assuntos importantes para conversar.

—Princesa Rosemary, se é sobre o noivado de Sofie...- Marie começou.

—Por favor, me deixe começar pedindo perdão.- Alice disse, seus olhos claros brilhando- Foi obviamente rude de minha parte assumir que, só por estar dentro da sociedade vampira, estivesse disposta a entrar na realeza e aceitar um casamento arranjado, mesmo sendo tão nova.

Todas nós nos entreolhamos, chocadas. Não esperávamos um pedido de desculpas.

—Apenas peço que considere a proposta.- Alice continuou- A Srta. Creedley... A mais nova, quero dizer, disse coisas que me fizeram refletir. Sempre fui contra obrigarmos meninas a noivarem rapazes que mal conhecem, não sei porque pensei que por serem humanas seria diferente. Mas meus irmãos não são más pessoas, e eles parecem apreciar muito sua aparência e sua mente. Te trataríamos bem.

—Como uma mulher que foi entregue a um casamento arranjado...- Victoria se meteu no meio da conversa- Eu consigo entender porque minha irmã não gostaria disso. Ela presenciou bem de perto meu drama com meu marido e, principalmente, a sociedade vampira e meu sogro. Mudaria absolutamente tudo no meu casamento. Foi traumatizante. Mesmo que hoje eu ame meu marido.

—Ah, isso eu consigo ver.- Alice sorriu, servindo-se um pouco de chá enquanto a criada chegava com um pedaço de bolo de chocolate- Sinto que se perguntasse pra ele se o céu é vermelho, o Príncipe Reijii concordaria só por ser a senhorita perguntando.

Victoria corou com o comentário.

—Sei que a conversa não me convém, mas também fui atirada pra um homem.- Cousie se intrometeu- Não para casamento. Nós, demônios e primeiros-sangue, não temos mais muito tempo para luxos e detalhes.

—Uma tragédia o que ocorreu com a sua raça, sinto muito.- Alice pegou na mão de Cousie, que fez uma careta discreta-  Mas sim, ouvi dizer que os Tsukinami haviam encontrado mulheres para futuras uniões e...

—Herdeiros.- Cousie completou- Pra ser sincera, essa é a parte que eles realmente se importam.

—Não esperava que você e suas irmãs fossem as escolhidas.- Alice pareceu surpresa- É agradável saber disso. Se nossos reinos estivessem sob o comando de mulheres tão determinadas e ousadas como vocês, dois terços dos nossos problemas estariam resolvidos.

—A senhora... princesa... é casada?- Lua não parecia certa do que chamar a Rosemary.

—Apenas Alice ou Srta. Alice está bom- Alice bebericou o chá- Não. Nunca me casei. Não tenho filhos, também. Aceitei que durante bailes me sentarei ao lado de viúvas e solteironas a muito tempo atrás. E, com os dois irmãos solteiros que eu tenho, sinto que já tive o suficiente de trabalho de “esposa”.

—Mas já esteve noiva, certo?- Marie pareceu subitamente interessada na vida da princesa, que corou:

—Bem... Quase. Quando eu era muito nova, eu tinha uma amiga que se noivou de Robert. Ela era a única filha mulher de um casal com quatro filhos. E era de uma família plebeia, porém importante. Um dos irmãos mais velhos dela... Ah, eu sentia que eu o amava. Quase nos noivamos, mas o destino o tirou de mim quando seu irmão mais velho morreu e ele teve de se casar com a noiva dele.

—Nossa... Isso é... trágico.- Comentei.

—Não tanto quanto parece, juro.- Alice ainda sorriu- Tenho certeza que ele e a esposa passaram a se amar depois, e até tiveram filhos. E eu superei. Era só um amor da adolescência. Não foi tão trágico quanto a noiva de Robert...

—Princesa.- Sofie respirou fundo- Não posso me casar com um de seus irmãos.

Todas de repente olharam pra ela, que pareceu estar bem nervosa:

—Acho que posso estar apaixonada por outra pessoa.

—Espera aí, o que?- Marie parecia confusa.

—É o Ayato, não é?- Victoria questionou com um sorriso. Sofie corou- S-A-B-I-A! Nikki me deve 10 reais! Ah não, droga, ela tá presa...

Alice olhou meio confusa pra Victoria. Lua se apressou em dizer:

—Longa história.

—O que tem de errado com o gene Herbert que só se apaixona pelo gene Sakamaki?- Cousie pensou pra si mesma.

—E o contrário também.- Sussurrei.

Alice deu uma risadinha:

—Desculpem. Só pensei de uma história... trágica, mas divertida. Sobre uma mulher de nome Herbert também que se envolveu com um...

—Continuando meu belo discurso que preparei...- Sofie fuzilou-nos com o olhar- Não sei se me casaria com ele. Mas com certeza não penso em me casar por um motivo que não seja amor. E não penso em me casar com uma pessoa enquanto posso ter sentimentos por outra.

—Gente, você ficou romântica.- Lua parecia chocada- É o fim dos tempos.

—E também...- Sofie sorriu- Minha mãe casou três vezes. Mas as três vezes foram por amor. E nos geraram, filhos que ela também amou. Sempre dizem que eu pareço minha mãe, então espero ser que nem ela nesse sentido. Não do de ter sete filhos e casar sete vezes, claro, mas de casar por amor.

—Sua mãe casou três vezes?- Alice pareceu curiosa- Parece uma mulher forte.

—Ela era.- Marie sorriu- E Sofie não está brincando. Ela é idêntica á nossa mãe quando ela estava na faixa dos vinte e poucos anos. Tipo, muito igual.

—Isso é divertido.- Alice sorriu docemente- Você também me lembra uma amiga minha que eu tive.

—Ah, eu acho que só tenho um rosto comum.- Sofie riu, distraída- Não são poucas as pessoas com cabelos e olhos castanhos.

—Ah, mas mamãe era diferente. Única.- Victoria pareceu animada.- Molly Herbert tinha um jeito, um estilo e uma personalidade...

Alice engasgou no chá.

—Você morreu?- Cousie questionou, e eu a olhei com um olhar que dizia “sério?”- O que? Sempre bom perguntar.

—Estou bem.- Alice pigarreou- Só fiquei... chocada. É só. Qual o nome da mãe de vocês?

—Molly Herbert.- Lua repetiu- Você tem certeza que está bem? Está... pálida.

Eu senti cada músculo meu pulsar quando comecei a juntar as peças.

Ah, não.

—Estou bem. Vocês quatro... Mais as duas que estão sumidas... São filhas de Molly Herbert?- Alice voltou a perguntar- A que era idêntica á Srta. Sofie?

Merda, merda, merda e merda.

—Também temos um irmão mais novo.- Sofie explicou- Duas filhas em cada um dos primeiros casamentos, três filhos no último.

Alice se levantou, começando a procurar algo em gavetas.

—Princesa...Alice?- Victoria parecia receosa.

Ela pegou um papel e uma espécie de caneta, começando a escrever alguma coisa. De repente, ela se virou pra Cousie:

—Consegue se teletransportar?

—...Sim.- Cousie estava confusa.

—Pode levar as garotas em um certo endereço?- Alice questionou.

—Eh... Estarei meio ocupada.- Cousie respondeu- Mas posso obrigar minha irmã Eliza...beth a ir no meu lugar. Com certeza aceitará.

—Se precisarem de um sexto membro, posso chamar Priya. Brunna, Daayene e eu vamos sair pra comer juntas, e Priya disse que está fazendo um roteiro pra quando voltar pra facul ou algo assim- Falei o que com certeza era a frase mais longa minha do dia.

Alice dobrou o papel e entregou pra Cousie. Percebi que estava sem folêgo, e então ela se virou pras Herbert:

—Vocês devem ir a esse lugar o mais rápido possível. Acredito que lá devem achar respostas...

—Algo relacionado á nossa mãe?- Sofie sugeriu.

—Exatamente.- Alice respondeu- Falem que fui eu que as mandei lá. E o nome da mãe de vocês, se questionado. Aquela casa nunca está vazia.

E então ela subiu as escadas, resmungando algo.

Nos entreolhamos, assustadas.

O endereço dava numa casa majestosa e grande, apesar de não ser nenhum castelo como o de KarlHeinz. As paredes eram de pedra, com tetos incrivelmente altos. Lá também era mais frio, todas as garotas notaram. Na frente da casa, uma espécie de bandeira com um símbolo de um lobo dourado num fundo preto tremia com o vento.

Eliza explicou ás cinco outras garotas presentes sobre como o clima do Reino Feiticeiro era realmente mais frio durante á noite. Mas a única pessoa que estava prestando atenção era Priya, já que as Herbert pareciam perdidas nos pensamentos demais pra engajar numa conversa.

Quando chegaram á porta da casa, as Herbert suspiraram juntas.

—Então... é isso.- Lua tremeu- Estou mais nervosa do que eu estava do que quando cheguei na Mansão Sakamaki.

—Alice disse que aqui haveriam coisas importantes.- Victoria comentou- Sobre nossa mãe.

—A gente não precisa fazer isso agora, se vocês não quiserem.- Priya disse, surpreendentemente suave.

—Não.- Sofie mordeu o lábio inferior- Se existe alguma coisa pra saber, eu quero saber agora.

—Eu também.- Marie concordou.

Entretanto, ninguém se mexeu.

—...Podem bater na porta quando se sentirem prontas, sem pressão.- Eliza deu um sorriso suave.

Priya e Eliza, apesar de não estarem totalmente inteiradas sobre tudo, sabiam que aquilo era alguma coisa que Princesa Rosemary havia arrumado pras Herbert fazerem logo que descobriu quem era a mãe delas.

E isso não significava que elas iam pressionar a tomar aquele passo grandioso pra elas.

Respirando fundo, Marie bateu na porta.

Não demorou pra ser respondida. Uma mulher de cabelos ruivos e olhos azuis apareceu á porta, as olhando com curiosidade:

—Ah! Posso ajudá-las?

A mulher era nova, mas não nova demais. Não havia como saber se era dona ou não da casa.

— Princesa Alice Rosemary nos mandou aqui...- Sofie explicou- Disse que vocês teriam respostas sobre nossa mãe.

—E... Quem é a mãe de vocês?- A mulher questionou, cerrando a testa.

—Uma chamada Molly Herbert.- Lua respondeu- Não sei bem o que ela teria a ver... Mas a princesa pediu pra nós virmos aqui

A mulher empalideceu:

—E-eu já volto.

Ela sumiu, e ouvi alguns murmuros vindo de dentro da casa.

Todas as garotas se questionaram se haviam aterrorizado a moça.

De repente um cara de cabelos castanhos longos, olhos da mesma cor e barba rala atendeu a porta:

—Posso ajudar?

—Viemos a pedido de Princesa Alice Rosemary.- Eliza repetiu, meio sem paciência- Ela disse que vocês saberiam coisas sobre a mãe delas, Molly Herbert.

O homem apareceu assustado:

—Molly?

 Marie ficou de saco cheio da enrolação:

—Vocês sabem coisas sobre ela ou não?

—Vocês vieram ao lugar certo, suponho...- O homem abriu a porta pra nós entrarmos.

—E... Onde estamos, exatamente?- Sofie questionou, sendo a primeira a entrar na humilde casa.

O homem fechou a porta atrás de nós:

—Sejam bem-vindas. Vocês estão na residência da família Herbert.


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Notas finais do capítulo

E aí? Capítulo bombástico hein? Nossa senhora, até eu fiquei meio sem folego aqui depois desse final que benzadeus.
Enfim, comentem suas teorias -eu acredito que devem ter muitas- e opiniões pq eu não moido :3 (meme velho, chega)
Enfim, bye bye e até o próximo cap!



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