Like a Vampire 3: Lost Memories escrita por NicNight


Capítulo 16
Capítulo 16- Ataques de terror


Notas iniciais do capítulo

GENTEEEE QUANTO TEEEMPO!!! (nem um pouco dramática ela)
Como vocês vão perceber, eu talvez tenha animado um pouco nesse cap- nove mil palavras sos- e ele também foi bem díficil de escrever, então se preparem!
Also, eu já aviso que esse capítulo pode gatilhar umas pessoas, então leiam com cuidado e não se forcem a continuar, ok? Podem pular a cena ou o capítulo se ficar pesado demais pra vocês!
Enfim, é isso e boa leitura ♥



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Narração Sofie

Lilith foi recebida pra dentro do castelo. Shu e Subaru se sentaram ao lado dela, quase como se tentassem acalmar a mulher aos prantos.

Dei uma olhada melhor no estado dela.

Por Deus, o que diabos fizeram com essa mulher?

—Nos conte tudo que aconteceu, Lilith.- Marie pediu, num tom tão calmo que me deixou confusa.

Lilith apenas soluçou por alguns segundos. Ela então passou as mãos pálidas pelo rosto, tentando enxugar as lágrimas:

—Estávamos... Na nossa c-c-casa alugada.- Lilith respirou fundo.- Eu estava no quarto, amamentando Oliver. E Igor na cozinha, preparando o jantar.

Cada pedaço da minha pele se arrepiou quando ela pareceu ter as palavras engasgadas na garganta.

—E...?- Priya a incentivou a continuar.

—Eu só ouvi alguns passos, mas eu achava que eram de Igor.- Lilith nos olhou com os olhos cheios de água- Depois disso, só escutei Igor gritando para eu ir embora, apavorado.

—E o que aconteceu depois disso?- Ruki questionou, apertando a mão de Brunna.

—Um bando de homens encapuzados entraram no quarto...- Lilith continuou, sua cara se contorcendo como se fosse chorar de novo.- Eles arrancaram Oliver do meu peito e rasgaram minha roupa, tentando me tomar lá mesmo, na frente do meu filho. De alguma forma, eu conseguir machucar eles o suficiente pra abandoná-los.

Nojento. Simplesmente nojento.

Uma pausa se passou, até que ela continuasse:

—Eu fui até a cozinha pra achar Igor, mas eu apenas o vi com a cabeça machucada caído no chão. Ele me disse pra ir embora, que tomaria conta de tudo e que me acharia.- Mais algumas lágrimas se esparramaram pelo rosto dela- A última coisa que eu vi foram todos aqueles homens me levando pra fora da casa e algemando Igor, o colocando junto com Oliver numa espécie de jaula. Eu teletransportei pra cá, não sabia mais o que fazer.

—Você sabe quem fez isso?- Ayato brigou- Porque se souber, a gente pode ir lá e resolver isso de homem pra homem.

Lilith deu de ombros.

—Eles tinham algum símbolo ou alguma marca ou alguma coisa assim?- Victoria perguntou.

Lilith deu de ombros novamente.

—Priminha!- A voz de Mun surgiu da escada, e me assustei ao ver ela correndo na nossa direção- Você voltou!

Quando Mun se jogou abraçando Lilith, a mais velha retornou o gesto fracamente. Mun então olhou pro seu rosto, confusa:

—Ei... Por que você tá chorando, priminha?

Lilith se esforçou pra dar um sorriso doloroso e fraco, e passou os dedos pelo cabelo de Mun:

—Nada demais, priminha.

Ficamos naquela situação por muito tempo.

Primeiro, Nikki sumia sem dar nenhum sinal de vida. Agora, isso da Lilith.

—Eu tenho uma ideia- Brunna se levantou- Mas talvez não seja a melhor das ideias.

—Depois de tudo que aconteceu nesse dia, eu acho que qualquer coisa seja boa.- Sarah bufou, e eu a encarei com as sobrancelhas cerradas:

—Uau, que educado.

Todos meio que encararam a gente confusos depois disso, mas pareceram querer ignorar nosso diálogo.

—Claramente, alguma coisa está acontecendo por aqui e nós não estamos sabendo.- Brunna colocou as mãos na cintura- Alguma coisa aconteceu com Nikki, e agora isso aconteceu com Lilith. Precisamos saber quem está por trás de tudo isso.

—E o que você propõe?~- Laito cantarolou, parecendo quase se divertir com a intervenção de Brunna.

—Talvez se você não a interrompesse, ficaria sabendo mais rápido.- Marie o cortou, revirando os olhos azuis.

Bem que ele mereceu.

—Bem, não sei vocês, mas eu só conheço três pessoas nesse festival inteiro que teriam a mínima noção do que aconteceu.- Brunna ignorou o pequeno embate entre Marie e Laito.

Olhei pra ela, entendendo perfeitamente:

—Creedley.

—Devo falar que fiquei surpresa quando vocês nos chamaram pro castelinho precioso do rei.- Haruka se ajeitou na poltrona- Na verdade, é a primeira vez que vocês fazem isso. E isso porque nós somos parceiras de negócios.

—Vocês são inteligentes. Talvez se fossem menos grossas, poderíamos ser amigas.- Priya deu um sorriso de canto. Cousie bufou:

—Por favor, não comecem.

—Enfim...- Eliza interrompeu Cousie- Por que nos chamaram?

—Dois motivos, na verdade.- Victoria estava sentada de frente á Cousie- Vocês já conheceram Lilith, a prima dos Sakamaki, certo?

—Ouvimos falar.- Haruka respondeu- Cadê ela?

—Está em um dos quartos do terceiro andar, com Mun.- Daayene respondeu, tentando manter a paciência- Também mandamos mensagem pra Jackson, Sol, Mao e Yui virem, mas não sei se eles visualizaram.

—De todos que vocês citaram, eu conheço tipo... Um.- Cousie suspirou- Mas enfim, o que tem ela?

—Ela estava na lua de mel com o marido dela, Igor. – Marie explicou- Até que um bando de homens chegou e tomaram Igor e o filho dos dois dela. Ela teve que se teletransportar pra cá, se não sabe-se-lá o que aconteceria com ela.

—Triste.- Eliza disse, parecendo simpatizar com a situação- Algum símbolo ou algo do tipo que dê uma pista de quem foram?

—Ela disse que não notou nada.- Lua respondeu- Eles estavam encapuzados, se eu não me engano.

—Então eles tinham medo de se mostrar, por algum motivo.- Haruka concluiu- Você não se encapuza só porque é legal. Talvez eles estivessem com medo de Lilith os reconhecer.

—Ou de sobreviver e denunciá-los.- Cousie disse.- Podemos investigar um pouco mais nisso. E o segundo motivo?

—Nikki.-  Brunna cruzou os braços- Ela sumiu. Não atende o telefone. Não fazemos a mínima ideia de onde ela está.

—Ah, vocês não ouviram ainda.- Eliza pareceu assustada.

Arregalei os olhos:

—Ouvimos o que?

—A sua irmã, Nikki...- Haruka começou, olhando pra mim meio incerta- Foi presa.

Marie engasgou:

—O que? Ah não, mais uma?

—Mas é diferente de quando Victoria foi presa.- Eliza começou a explicar- Victoria foi presa por indecência pública,que é crime médio a grave. Nikki foi presa por um crime gravíssimo.

—Pera aí, como você sabe porque eu fui presa?- Victoria questionou.

—Nós sabemos de tudo.- Cousie arqueou as sobrancelhas- Mas enfim, é isso.

—Espera!- Pedi- O que Nikki fez?

As Creedley se entreolharam, parecendo pela primeira vez incertas de falar alguma coisa.

—Eu odeio o olhar que vocês tão trocando agora.- Priya disse, e Anna concordou com a cabeça.

—Não tem jeito leve de dizer isso.- Cousie se levantou- A garota de vocês, Nikki, queimou toda a guarda real viva com um drakon.

Engoli em seco.

—Um drakon?- Victoria perguntou, e nós duas nos encaramos em total choque- Mas isso é impossível! Estavam presos no subterrâneo Sakamaki desde antes do festival começar!

—Não vou nem questionar sobre como o substantivo “drakon” acabou de virar plural, nem como vocês conseguiram eles.- Eliza mordeu o lábio inferior- Drakons são criaturas perigosas e mortais. Bem, eram. Mas aparentemente voltaram a ser quando sua irmã queimou dez homens vivos em praça pública.

—KarlHeinz decretou que ainda está pensando na pena que ela pagará.- Haruka alertou- A população se rebelou mais ainda, sabe. Que uma assassina e um bicho mortal estavam andando livres por aí.

Meu coração acelerou. Querendo ou não, eu também era uma assassina. Um olhar meu trocado com Haruka já simbolizaria toda a culpa que eu estava carregando. E pela reação das garotas ao descobrir o que Nikki fez, aquela culpa seria só minha por um bom tempo.

Além disso, eu não tinha ideia de onde meu drakon estava. Se o de Nikki fora solto, o meu e de Victoria também havia. Será que ele estava por aí, queimando inocentes vivos?

Será que eu seria culpada de várias mortes também?

Cada pedaço do meu corpo gelou. Fogo, é claro.

Tinha que ser fogo.

—Sofie?- Brunna me chamou- Sofie? Sofie? Alô, Terra pra Sofie!

Voltei do meu devaneio, e vi que todas estavam me encarando.

—O que aconteceu?- Perguntei.

—Você viajou por uns segundos.- Cousie disse.- Só estava falando que seria melhor visitar ela. Soube que KarlHeinz decretou a matarem a fera, que por um milagre conseguiram raptar.  Além disso, a prisão daqui é uma droga. Ela precisaria de um bom consolo vindo de vocês.

Brunna olhou pra mim, preocupada:

—Sofie, tem certeza que tá tudo bem?

Forcei um sorriso.

—Eu tô bem. Só.. em choque.- Tentei regular minha respiração. Haruka me olhou com as orbes azuis semicerradas, mas pareceu não querer comentar nada.

—Será que dá pra vocês apressarem a conversa?- Kanato de repente apareceu do meu lado, o que me fez pular.- Tô com fome.

—Isso é uma coisa normal por aqui?- Haruka questionou- Pessoas brotando do nada, no caso.

—Você acostuma depois de um tempo.- Priya disse, levemente irritada- E por acaso esse castelo não tem mordomo não? Por que você espera que a gente vá cozinhar.

—A comida da Sarah é mais gostosa.- Kanato deu de ombros.

—Eu não vou cozinhar pra você.- Sarah colocou as mãos na cintura- Estou muito ocupada nessa conversa suuuper entediante.

—Conversa super entediante?- Eu questionei- Estávamos discutindo o fato da nossa irmã ter matado uma pessoa e ter sido presa, se você não prestou atenção.

—No caso ela matou dez pessoas.- Eliza nos interrompeu. Olhei pra ela meio com raiva- Mas não importa, continuem.

—Não as incentive!- Marie brigou- Vocês duas, já chega. Não podemos brigar agora que estamos numa situação tão delicada.

—Quem brigou?- Ayato apareceu de repente- Foram essas Creedley?

—Se eu estivesse brigando com alguém, essa pessoa provavelmente estaria chorando devastada ou morta á essa altura do campeonato, Sakamaki.- Cousie arqueou uma das sobrancelhas.- Não, não foi nenhuma de nós.

—Vocês não acham que já estão a tempo demais aqui não?- Yuma brigou- Deixamos vocês ficarem aqui por um tempo pra nos responderem sobre aquela Nikki.

—E a Lilith.- Reijii lembrou.

—Pra começar, nós respondemos as meninas, não vocês.- Haruka deixou os cabelos azuis de lado- E depois, nós falamos tudo que sabemos. Não somos gênias que sabem tudo e mesmo se fossémos, talvez só não confiamos em vocês o suficiente pra falar sobre nossas informações.

—Vocês são tão fofas~- Kou deu um sorriso- Deveriam falar coisas mais fofas pra combinar também!

As três olharam pra Kou com uma mistura de incredulidade e deboche.

—A Cousie deixou a Sofie de coma, não sei se isso pode ser considerado “fofo”- Brunna cerrou o cenho.

—Não fale isso sem nenhum contexto, me faz parecer mais cretina do que todos já sabem que eu sou.- Cousie disse, sem levantar os olhos pra Brunna.

De repente, alguém bateu na porta.

—Mais gente?- Shu bufou- Isso aqui tá parecendo um casamento!

—Existe uma coisa chamada “preocupação com outras pessoas.”- Priya revirou os olhos, se levantando pra abrir a porta- Talvez sejam só pessoas que tenham esse sentimento com Lilith e Nikki.

—E vieram prestar suas condolências.- Sarah murmurou, estressada- Uau.

Quando Priya abriu a porta, Sol, Mao, Yui e Jackson foram revelados.

—Viemos o mais rápido que pudemos!- Mao praticamente pulou pela porta- Ouvimos o que aconteceu com a Nikki e a Lilith!

—Ficamos principalmente assustados com o que a Nikki fez, mas considerando que era a guarda real do KarlHeinz, não sei se posso culpar muito ela.- Sol deu de ombros.

—Espera aí- Eliza interrompeu a conversa- Você é...

—Sol Dellanoce, a seu dispor- Sol revirou os olhos- Mas por favor, não fale sobre o discurso do meu pai, ou eu vou literalmente me matar.

—Eu já gostei dela.- Haruka pareceu quase admirada.

—Só eu que não tenho a mínima IDEIA do que está acontecendo?- Subaru brigou.

—Eu sei lá, é muita gente falando ao mesmo tempo.- Sarah deu de ombros- Eu já mutei essa conversa á vários minutos.

—O que a Nikki fez dessa vez?- Yuma questionou, berrando (como sempre)- E o que a guarda real tem a ver com isso?

—Ah, vocês não ouviram.- Yui se intrometeu.- Nikki foi presa e o drakon dela foi raptado. Dizem que ela queimou todos os soldados da guarda real do KarlHeinz vivos.

Shu fez uma cara quase assustada:

—Ela fez o quê?

—Ah, ele não sabia.- Mao pareceu confuso- Pelo menos uma coisa envolvendo a Nikki eu fiz primeiro que o Shu.

—É, você e o festival inteiro.- Jackson disse, e Mao pareceu magoado.- Desculpa, cara.

—Não acho que tenhamos nos conhecido- Haruka se levantou e deu um passo á frente- Olá, somos as Creedley. Cousie, Eliza e eu, Haruka.

Jackson abriu a boca pra falar, mais foi cortado por Cousie:

—Não precisamos saber seus nomes. Mas esperamos que saibam que um dia vamos zombar e dar patadas em todos vocês, Cara-Poste, Criatura das florestas, Menina-homem e Outra garota.

Eles se entreolharam por um tempo.

Finalmente, Mao falou:

—Não entendi. Eu sou a criatura das florestas?

—Está tudo subentendido.- Haruka deu de ombros.

—Eu acho que eu tenho um fraco por mulheres grossas de cabelos azuis, é sério.- Mao sussurrou, e eu cerrei a sobrancelha:

—Eu acho que isso se chama masoquismo.

—Enfim, eu acho que vocês já deveriam ir embora, Creedley- Sarah disse, quase ironicamente.

Eliza pareceu ofendida:

—Com licença?

—Nós só te chamamos pra dar informação, e vocês já deram.- Sarah cruzou os braços- Isso está sendo tão inoportuno pra vocês quanto pra gente.

—Você nem sabe o que inoportuno significa- Sussurrei.

—Caramba, e vocês reclamam que eu sou  grosso.- Subaru suspirou.

—Você é grosso, meu amor, mas minhas irmãs são titãs.- Lua pigarreou- Será que dá pras duas pararem de se bicar que nem o Papanicolau com a comida dele?

—...Quem é Papanicolau?- Haruka questionou.

—Ah, o papagaio idiota da Lua.- Sarah bufou.

—É o papagaio da Lua.- Corrigi- Ponto final.

—Obrigada, Sofie.- Marie disse, feliz por não ter que se intrometer e corrigir Sarah.

Percebi que realmente, nossa briga estava causando um desconforto na sala.

—Eu tenho uma águia chamada Zeus.- Cousie disse, do nada.- Talvez devêssemos apresentar os dois.

—Era só o que me faltava.- Reijii suspirou.

—Eu já shippo!- Priya disse, segurando a risada.

—Eu acho que é meio impossível fazer um papagaio e uma águia namorarem, mas ok.- Brunna deu de ombros.

—Não é só um papagaio, é o Papanicolau- Lua pareceu ofendida- Ele é incrível, obrigada.

—E o Zeus não é só uma águia também.- Cousie disse com deboche.

—Que lindo, vocês duas já podem ser melhores amigas.- Sarah deu uma risada sarcástica.- Yay! Posso ir embora agora?

Victoria se cansou daquela briga toda:

—Gente, podem me dar um momento só com minhas irmãs, por favor?

Percebi todo mundo se entreolhando e ficando desconfortável, antes de todos subirem em silêncio total.

Então Victoria se virou pra mim e pra Sarah:

—Que merda é essa?

—O que foi que eu fiz dessa vez?- Sarah perguntou, não parecendo preocupada.

—O que foi que você não fez dessa vez né, amada!- Victoria colocou as mãos na cintura- Marie, me ajuda aqui!

—Tô indo!- Marie então se posicionou ao lado de Vic- Sarah, você está muito rebelde pro meu gosto. E muito grosseira e arrogante também.

—Ah, valeu, mamãe!- Sarah revirou os olhos e se levantou pra sair, mas eu a puxei de volta:

—É sério, Sarah. Tá ficando insuportável ficar perto de você. Você não era assim, o que aconteceu?

—Talvez eu só esteja cansada de bancar a irmã boazinha que todo mundo considera fraca e inocente, que tal?- Sarah brigou- Além disso, qual a moral de vocês pra vir me falar como agir? Marie, você é a mais descontrolada da família. Victoria, não foi você que teve um filho ano passado porque não teve a responsabilidade de usar uma camisinha? Lua, você é a mais imatura da família e parece uma retardada. A Sofie é maluca, a Nikki agora é uma serial killer! Uau, que família incrível!

—Você retira o que disse agora.- Lua pareceu extremamente ofendida.

—Ah, claro! Porque eu sempre tenho que ser a que desiste das coisas, a que perdoa, a que ama acima de tudo! Afinal, esse é o tipo de pessoa que eu tenho que ser, né? Pois pra mim já chega! Eu não quero mais não levar mérito pelo que eu faço! Vocês lembram que eu que salvei vocês todas durante o despertar, né? Porque de repente o que virou foi que Lua, Nikki e Sofie que salvaram a Marie!- Sarah se levantou- Eu não vou sentar aqui e aceitar tudo que jogarem pra cima de mim mais!

—Você pode fazer isso sem ser uma completa imbecil e cretina, muito obrigada.- Encarei ela com raiva.

—Ai, Sofie, eu te conheço desde a hora que você nasceu, quer parar de ser fingida pra cima de mim?- Sarah revirou os olhos- Você. Sofie Herbert. A garota que esconde tudo o que sente, que fingiu estar num relacionamento lésbico só pra fugir de um cara, que está iludindo esse mesmo cara e fingindo que não gosta dele por três anos só porque talvez ele tenha um QI um pouco mais baixo que o seu. Você, quer me falar que eu sou uma imbecil cretina?

Senti cada milímetro do meu sangue ferver de raiva. Talvez minhas bochechas estavam queimado também pelo discurso da minha irmã. Meus olhos também estavam cheios de lágrimas. E cada pedaço da minha cabeça e do meu corpo gritava pra eu calar a boca da minha gêmea.

Essa é a coisa engraçada sobre gêmeos. Eles sabem exatamente o que falar pra te atiçar. Eles sabem tocar na ferida. E você sabe exatamente quando tem alguma coisa de errado com eles.

—Sarah.- Respirei fundo, tentando manter a calma e plenitude- Você não está normal. Tem alguma coisa acontecendo aí dentro que você não quer contar pra gente, você está frustrada com isso e o jeito que arruma pra se extravasar é ser grossa com todo mundo e humilhar as pessoas. Eu sei disso. Eu sou sua irmã.

Eu tentei me aproximar dela, mas ela resolveu me afastar dando um belo de um tapa na minha cara.

Senti minha bochecha formigar e queimar, ouvindo longe os barulhos assustados das minhas outras irmãs. Meu olhar deve ter sido um daqueles mortais de quando eu tô com muita raiva, porque quando eu voltei meu olhar pra ela, vi que ela engoliu em seco:

—Quer saber? Esquece tudo que eu falei. Eu não entendo porque você está sendo tão completamente estúpida e cretina com a gente. Não tem justificativa. Você não é minha irmã. Não sei o que é. Mas não é a Sarah que eu conheço.

—Que pena. Quer que eu te dê outro tapa pra te ajudar a perceber quem eu sou?- Sarah não parecia arrependida.

E eu já tinha chegado no meu limite.

Nem pensei direito quando eu agarrei Sarah pelas mangas do vestido e empurrei ela com força, depois puxando os cabelos dela. Ela se debateu contra mim com socos e tapas:

—ME SOLTA! ME SOLTA! ME SOLTAAAA!

—Parem com a violência!- Lua tentou gritar, sem sucesso.

Em questão de segundos, ela tinha me jogado contra o chão, e eu chutei a barriga dela quando eu senti suas unhas longas arranhando minha cara.

—Vocês duas!- Marie correu até nós, segurando Sarah pra longe de mim!- Já chega!  Vocês passaram do limite!

Victoria veio e me ajudou a me levantar.

—Sarah- Victoria ficou séria- Vai embora.

Sarah estava abismada:

—O-o-que?- Ela se recuperou- Você não pode me expulsar daqui? Eu sou uma convidada!

—E nós somos suas irmãs mais velhas.- Marie disse, a soltando por poucos segundos.- E nós estamos te mandando embora. Por favor.

Sarah olhou pra nós quatro, e eu quase ouvi seu coração se partindo quando ela se virou com raiva:

—EU ODEIO ESSA FAMÍLIA!

E ela saiu pela grande porta de madeira, a batendo com força.

—Que gritos foram esses?- Brunna apareceu da escada- Sofie, o que é isso no seu rosto? E cadê a Sarah?

Vi várias das pessoas paradas na escada. Elas pareciam ter chegado agora, já que não pareciam saber nada sobre a briga minha com Sarah.

Ayato se teletransportou pra perto de mim. Ele segurou meu pulso e olhou pro meu rosto:

—Quem fez isso com você?

Eu dei uma risada tão fraca que jurei que ia começar a chorar no meio:

—Quem você acha?

Eu afastei de Ayato, me lembrando de cada singela palavra do discurso de Sarah.

“A garota que esconde tudo o que sente

“Iludindo um cara á três anos”

“Só porque ele tem um QI um pouco mais baixo que o seu”

Eu olhei minhas mãos, notando que eu estava começando a tremer.

E senti um pouco mais de dificuldade pra respirar.

Tive que me sentar pra não acabar caindo, e esfreguei meus olhos.

Uma batida se surgiu na porta.

—Se for a Sarah, eu juro que...- Victoria começou a falar, mas Anna foi e abriu a porta.

Era um mensageiro.

—Aconteceu alguma coisa?- Reijii questionou.

—Aconteceu mais alguma coisa?- Jackson o corrigiu.- Porque sinceramente, num dia onde uma irmã minha mata dez pessoas, minha cuidadora perde o filho e o marido, outra irmã vai embora depois de uma treta...

—Uma tragédia, senhores Sakamaki e...- O mensageiro olhou pro tanto de pessoas que estavam na sala- Agregados.

—O que aconteceu?- Shu perguntou.

—É a rebelião, senhores.-  O mensageiro disse nervoso- Eles estão atacando pelo mar, como prometeram.

Um silêncio se instaurou na sala.

—Pera aí- Anna os interrompeu- Como assim, “como prometeram”?

Todos olharam pros Sakamaki.

—A rebelião vive prometendo ataques.- Subaru tentou se justificar- Não achamos que o ataque marítimo ia ser real.

—Ah, e vocês não planejavam em contar pra gente?- Lua arregalou os olhos- Bacana...

—E agora, o que a gente faz?~- Kou disse, ainda não parecendo preocupado.- Não posso ir pro campo de batalha, esse rostinho me dá dinheiro~.

—Que triste.- Daayene brincou- Ah, e eu nem sei usar uma espada direito. Na verdade, não acho que ALGUÉM aqui saiba.

—Fiquem sentados então, rapazes.- Cousie rodopiou seu arco nas mãos- É hora das garotas brilharem.

—Agora me falem, POR QUE aquelas garotinhas puderam ir e eu não?- Ayato reclamou de dentro do quarto pela vigésima sexta vez.- Ore-sama iria salvar todos!

—Você provavelmente ia perder uma mão ou uma orelha nos primeiros dez segundos de batalha- Shu resmungou, deitado no sofá, porém seus olhos estavam meios cheios de preocupação.

—Dá pra vocês ficarem caladinhos?- Brunna disse, ficando atrás de mim- Estamos tensas, ok?

—Porque a chance de suas irmãs morrerem é gigante?- Kanato perguntou.

—Agradecemos pelo consolo.- Lua disse, enrolando o rabo de cavalo nos dedos.- Vocês deviam estar preocupados também. Marie, Vic, Priya, Daay... Isso sem falar que Sarah está perdida por aí e Nikki presa.

—Deviam agradecer que a Nikki está presa.- Yuma disse alto- Ela provavelmente ia pular dessa sacada pra lutar.

—É.- Reijii disse, ajeitando as luvas pela décima quinta vez- Ela ia.

Reijii parecia ansioso. Claro, ele não queria demonstrar. Era assim que os meninos eram. Mas também, não o culpava. Sua esposa estava lá fora numa batalha.

—Eu espero que todos fiquem bem...- Yui disse, segurando seu grimório com a mão esquerda.

É, Jackson, Mao e Sol também estavam lá.

—Eu ainda acho que elas terem ido foi uma completa idiotice- Ruki bufou- Elas nem sabem lutar.

—Sabem lutar mais que você!- Kou pareceu ofendido.

—As Creedley estão lá também.- Anna respondeu- Elas não vão deixar nossas irmãs se machucarem... N-né?

Dei de ombros, olhando pro céu anoitecendo de forma vazia.

Todos os flashbacks do dia estavam rondando minha mente. Eu estava ficando tão fraca e zonza com tudo aquilo que tinha que me sentar toda hora pra não acabar desabando no chão.

Brunna colocou as mãos nos meus ombros. Ela parecia praticamente sentir que eu estava em pânico.

Olhei pra trás, e deixei meu olhar se colidir com o de Ayato. Vendo meus olhos ficarem marejados e meu corpo tremer um pouco, ele cerrou as sobrancelhas. Mas eu virei de volta antes que ele pudesse dizer algo.

As frases de Sarah ainda rondavam minha cabeça.

—ATACAR!- Um grito de homem tirou minha mente dos meus devaneios.

A rebelião que chegava pelo mar em grandes caravanas era enorme. Não sabia dizer se eram dezenas, centenas ou até milhares. Mas podia contar aproximadamente seis grandes navios que paravam ao porto enquanto grandes homenzarrões pulavam de lá, com espadas e lanças em mãos.

Não conseguia ver muito bem, mas eu podia entender que os soldados reais das raças estavam em clara desvantagem contra eles. Afinal, a guarda real vampira tinha acabado de morrer. Então sobravam alguns lobisomens, a guarda real feiticeira e uns plebeus aleatórios que queriam lutar.

Foi uma questão de dez segundos antes da rebelião e dos nossos exércitos começarem a se massacrar na rua. Percebi a brutalidade daquele grupo quando eles começavam a atropelar pessoas, as pisoteando no meio do caminho enquanto corriam. Vi homens agarrando mulheres e as levando pra esquinas, e fiquei enjoada só de pensar no que teria acontecido depois.

A cena era brutal, violenta e me dava espasmos. Eu senti que ia desmaiar vendo mulheres, homens e até crianças brutalmente dilaceradas ou pisoteadas. Engoli em seco e fechei meus olhos brevemente só pra me focar na minha respiração.

Não era o suficiente, eu ainda ouvia os barulhos.

—Eu preciso ir- Me levantei tão rapidamente que fiquei zonza.

—Ir pra onde?- Lua perguntou.

—Sei lá. Qualquer lugar. Não aguento ficar aqui.- Respondi o mais rápido possível, sentindo meus pulmões começando a se apertarem.

Não aqui, por favor, não aqui.

—Tá maluca?- Ayato se levantou- A chance de virem invadir aqui é grande! E se a Chichinasi estiver pelo castelo? Você acha que vão pegar leve com você?

—Os que eu mais tenho medo já chegaram.- Eu respondi, e saí correndo descendo pela escadaria.

Não sabia onde meus pés estavam me levando. Nem sabia se eu me importava.

Eu mal conseguia respirar, e meus olhos já estavam transbordando. Meu corpo parecia tão mole que nem sei como estava conseguindo andar.

Eu estava suando frio, e tudo que eu sentia era meu coração acelerado.

Me tira daqui, me tira daqui.

Quando vi, eu estava bem no jardim do castelo.

Porque é claro, de todos os lugares que meu subconsciente pode me levar durante a porra de um ataque, é o lugar no exterior da casa.

Eu me segurei na parede pra não cair. Tentei inspirar e expirar vinte vezes, não funcionou. Prendi o ar por quatro segundos e soltei devagar. Não funcionou.

Merda, merda, merda.

Fui praticamente cambaleando até o portão.

Eu tinha que sair daqui. Meu Deus, eu quero ir embora.

—CUIDADO!- Ouvi uma voz tão familiar pra mim que faltei morrer do coração.

Fechei os olhos, e quando os abri, só vi um homem sem cabeça na minha frente?

—MAO?- Eu praticamente berrei pro cara na minha frente.

—Não vou te deixar, morrer, princesa.- Mao  me deu uma piscadela, e foi a única coisa que me fez capaz de rir naquele momento- Só fique atrás de mim, eu vou dar o sinal.

—Sinal?- Questionei- Que sinal?

—Você vai ver.- Mao parecia orgulho de si- SAINT SEYAAAAAA!

Fiquei ainda mais confusa. Mas por que diabos o Mao tava falando negócio de Cavaleiros do Zodíaco?

Eu só vi uma porrada de lobos indo na minha direção. Quase achei que Mao na verdade era um traidor esse tempo todo e estava aproveitando de minha vulnerabilidade pra me dar pros lobos comerem, mas tudo mudou quando eu vi um lobo azul de olhos azuis se aproximando de mim.

É claro.

Jackson-lobo fez um sinal pra mim como se quisesse que eu agarrasse nele. Não questionei, afinal, eu não tinha muito o que fazer.

Vários dos outros lobos me cercaram. Eu me sentei no chão, segurando com força em Jackson-lobo e um outro lobo de pelo loiro. Fiquei com medo de machucá-los.

Eu só senti um grande vento passando na minha cara enquanto eu era praticamente arrastada pela rua. Fechei os olhos, não querendo ver as cenas sinistras com que me depararia.

Só os abri de novo quando senti o focinho de Jackson-lobo no meu rosto. Eu estava numa esquina escura (nada segura, mas dava pro gasto). Ele me deu praticamente uma lambida no rosto, como se mandasse eu ficar bem quietinha ali.

Me encolhi, fazendo que sim com a cabeça.

Mas é claro, eu me arrependi imensamente de ter SAÍDO daquele maldito castelo.

Eu olhei pela esquina o que estava acontecendo do lado de fora. Mas meu olho só bateu em uma coisa.

Vários arqueiros da rebelião começaram a armar flechas com fogo, e as atiravam em várias pessoas.

De repente, o fogo batia no tecido, que queimava tudo. E algumas flechas batiam em madeira.

Resultado? Aquele lugar em questão de segundos virou um fogaréu danado.

Consegui distinguir as Creedley num canto. Cousie tinha os cabelos majestosamente presos num coque, e maestrava seu arco e flecha como a profissional que era, ás vezes estendendo a mão pro alto pra que suas flechas mágicas voltassem pra si.

Eliza estava toda suja de sangue, e a cor de seus cabelos e de olhos variava várias vezes. Ela tinha uma adaga afiada nas mãos, e com velocidade a enfiava na barriga de vários homens.

Haruka parecia meio perdida com todo o fogo ao seu redor, que não apagava não importando quantas vezes ela tentava.

Ela prendeu os cabelos azuis rapidamente no rabo de cavalo, limpando o suor e sangue do rosto e olhando ao redor. De repente, ela deu de cara comigo.

Quer dizer, não exatamente comigo. Mas com o que estava do meu lado.

Me virei e li uma placa de todo tamanho:

“Adega San Myshuno: O melhor vinho do festival!”

Ela apenas arqueou uma sobrancelha, com ar de quem sabia o que estava fazendo.

Não tirando os olhos do lugar, ela ergueu ambas as mãos com majestosidade. Eu ouvi um barulho bizarro vindo de dentro da adega.

E depois tudo que eu vi foi a adega estourando, com todo o vinho praticamente afogando os homens. Ela conseguiu de alguma forma separar a água dos outros componentes da bebida alcóólica, e  aproveitava pra jogar no resto do fogo.

Bem, estou impressionada.

—Sofie?- Ouvi a voz de Vic- Sofie! Meu pai amado! O que você está fazendo aqui.

Ela me olhou. Não devia ser uma cena bonita. Eu com cara de choro, toda molhada de vinho e água e encolhida num canto.

—Eu tive que sair...- Falei baixo- Mao e Jackson me ajudaram.

Victoria me olhou com empatia:

—Temos que tirar você daqui, maninha.

Concordei com a cabeça. Ela então me estendeu a mão, e eu a segurei e me levantei.

—Ora, ora, ora, o que temos aqui?- Um homem se aproximou de nós- Duas lindas mulheres dando sopa?

Acho que Victoria estava prestes a fazer seu típico discurso lindo sobre ser esposa do Reijii, mas o cara colocou um dos dedos sujos de sangue sob a boca dela:

—Sh... Sem falar nada é mais gostoso.

Mas então ele cambaleou pra frente após eu ouvir um “TUM!”

Ele caiu perto da gente, olhando pro que tinha o atingido:

—Mas o que...

Era Marie. Ela estava com os cabelos loiros presos num totó, com algumas das madeixas rosas todas soltas. Ela estava meio queimada, machucada e suja de sangue.

Sinceramente? Nunca vi ela tão badass.

Ela começou a desembainhar a espada do bolso:

—As minhas irmãs não, seu desgraçado!

Assim que a lâmina da espada estava totalmente descoberta, quase num passe de mágica, eu vi o punhal brilhar em vermelho e a lâmina começar a PEGAR FOGO.

Ela atingiu o homem com a espada de fogo bem na cara. Ele simplesmente parou de reagir.

Olhei assustada pra ela. Marie deu de ombros:

—Ele mereceu. Vamos.

—Você não tá nem um pouco assustada com o fato que sua espada PEGOU FOGO?- Victoria estava abismada.

Marie pareceu ter acabado de notar aquilo. Ela deu um mini gritinho e soltou a espada.

Me senti tremendo quando vi as chamas tão vivas daquela espada.

E então eu comecei a ter flashbacks daquele MALDITO dia no banheiro

Mas que grande merda.

Eu presa no banheiro. Alarme de incêndio. Eu desmaiando. Eu no hospital. Eu vendo cicatrizes na minha perna.

Tive que abrir a boca pra conseguir adquirir algum ar.

Marie foi rápida em colocar a espada de volta no lugar de antes ao perceber isso. A lâmina automaticamente parou de pegar fogo.

—Precisamos tirar Sofie daqui.- Victoria reafirmou- Aqui tem muito fogo, sabe-se lá quando que...

Fomos interrompidas por um homem sendo arremessado pra trás da gente por uma espécie de energia vermelha.

—MAS QUE M...- Marie começou a brigar, até ver quem era a fonte da energia vermelha.

Daayene estava com os cabelos praticamente albinos. Seus olhos brilhavam em vermelho, e sua boca escorria sangue. Ela tinha uma espécie de luz  saindo de suas mãos, e eu sentia que ela estava levitando.

Ela ergueu as mãos, e dois homens que estavam do seu lado foram levitados( provavelmente pela garganta, já que eles pareciam estar sendo sufocados) e jogados pra longe também. Com mais um movimento, Daayene conseguiu aumentar o fogo e o deixar brilhante em vermelho, alastrando ainda mais pessoas.

Ao fazer isso, ela foi até o chão, pousando com uma mão. Ela então levantou a cabeça, e deu de ombros com um sorriso:

—Foi mal.

E então ela saiu pra ir ao lado de Cousie e Eliza.

—Caramba, esse negócio de profeta realmente deixou ela mais legal.- Victoria pareceu admirada.

—Nem me fale.- Haruka brotou do nosso lado- Amores, vocês não podem ficar paradas no meio de uma batalha. Isso é suicídio.

—Só queríamos levar Sofie pra casa.- Victoria disse.

—Eu cuido disso.- Haruka me agarrou pelo braço.- Isso aqui já é uma batalha perdida mesm...

Um barulho de cavalos ao longe nos interrompeu.

Congelei, pensando que eram mais pessoas da rebelião.

Mas quando todos os rebeldes olharam pra trás e começaram a ser pisoteados, eu percebi que não era bem isso.

Vários soldados apareceram, armados de prata e começando a lutar contra os rebeldes.

Mas o que me fez ficar dois segundos em paz foi quem estava no meio deles.

Sol Dellanoce estava com sua linda armadura de prata, o símbolo de sua família brilhando no peito. Ela deu um sorriso, sabendo exatamente o que estava fazendo.

—O que foi que você estava dizendo?- Marie questionou com um sorriso.

—Esquece.- Haruka deu de ombros- Eu bem que senti que tinha motivo pra gostar daquela menina. Arrasou. Agora vamos, Sofie, antes que seja uma vitória declarada cedo demais.

Victoria e Marie me abraçaram com força. Eu me senti quase chorar.

Era quase como se fosse um adeus.

Não podia ser um adeus, né?

Não, não, não, eu não posso perder nem mais uma irmã! Quem dirá duas!

—Corre.- Marie disse com um sorriso- Você é forte.

Eu estava congelada.

Merda, aquilo parecia muito um adeus.

—Sofie, vamos.- Haruka me puxou. Na verdade, ela praticamente me carregou, porque eu estava em choque demais pra fazer qualquer coisa.

Demoramos cerca de cinco minutos correndo pra chegar na frente do castelo. Haruka parou pra falar algo comigo, mas eu não parei por nenhum segundo.

Comecei a correr, a correr e  a correr cada vez mais dentro do castelo. Agora sim eu estava sem ar e chorando.

Acabei tombando em alguém.

—Ai!- Era Alice- Sofie! Querida, você estava no meio da batalha?

Não consegui responder, só fiquei com a boca aberta buscando ar.

—Está em estado de choque ainda?- Alice segurou meu ombro.- Eu e meus irmãos acabamos de chegar também. Eles estavam numa taverna, nem sei o que teria acontecido com eles se eu não fosse busca-los.

Para de encostar em mim. Por favor.

Eu olhei pra Alice, quase suplicando mudamente pra ela me largar.

—Senhorita Sofie?- Alice me largou- Você está bem?

Eu saí correndo.

Acabei parando dentro do banheiro.

Me olhei no espelho. Eu estava com as roupas meio rasgadas por ter sido arrastada, estava cheia de poeira e sangue na cara, meu cabelo tava mais despenteado que um ninho, e eu ainda estava com o rosto inchado de chorar e pálida.

Cada pedaço daquele dia estava vivo em minha mente, queimando.

Vi marcas de queimadura leves nas minhas mãos e tive que abafar minha boca com uma toalha pra não chorar alto.

Me apoiei na pia, tentando me acalmar um pouco.

Saí do banheiro, me sentindo tonta. Me apoiei então na parede, meu coração a mil.

—Quem tá aí?- A voz de Robert estava lenta, e eu só consegui olhar pra ele assustada- Molly?

É...

O...

QUÊ?

—Molly- Ele tropeçou em seus próprios pés pra vir até mim- Eu sabia que você ia voltar, Molly. Eu sabia que ele não ia te roubar de mim.

Ele passou as mãos no meu cabelo, e então pelo meu pescoço. Arrumei forças pra falar:

—Eu não sou a Molly. Meu nome é Sofie.

Ele deu uma risada:

—Molly, não precisa se esconder mais.- Robert segurou minhas mãos- Sou eu, seu prometido. Aquele que te amou sempre.

Ele então abaixou a cabeça e começou a beijar minhas mãos.

Afastei ele de mim.

—Rei Robert, com todo o respeito, o senhor tá me confundindo com alguém...

Ele me ignorou completamente e começou a beijar meu pescoço. A reação que eu tive ao sentir a barba dele roçando contra minha pele foi de pura agonia:

—Seja minha hoje, Molly. É só o que eu te peço. Podemos nos casar e criar nossa família que sempre sonhamos.

—Eu não sou essa Molly.- Respondi, ficando nervosa de novo.- Desculpa.

Ele me puxou com agressividade pra perto de si:

—Molly...

Eu tentei empurrar ele, mas o homem me prendeu com os pulsos. Robert abriu a porta do seu quarto, praticamente me jogando pra dentro dele.

—Molly, não fuja mais de mim- Ele entrou no quarto, fechando a porta atrás de si. Minha primeira reação foi recuar, mas Robert segurou meus dois braços com uma certa violência.

—Me solta, por favor.- Eu pedi, tentando deixar meu tom de voz o mais baixo possível, apesar do terror- Eu não sei quem é Molly.

Robert puxou meu cabelo com certa força pro lado, deixando o meu pescoço exposto. Ele então envolveu seus braços pela minha cintura, e me levantou do chão.

Me debati contra ele. Sem nenhum sucesso. Mesmo claramente bebâdo, o feiticeiro era quase trezentas vezes mais forte que eu.

Robert só me soltou quando me deitou em sua cama. Apesar de absurdamente macia e confortável, ela nunca me pareceu aterrorizante que nem agora.

—Sh...- Robert colocou um de seus dedos gordos sob minha boca, percebendo que eu estava tremendo pelo medo e choro- Não precisa ter medo, Molly, eu vou fazer ser gostoso.

Cada pedaço do meu corpo estava paralisado pelo medo, e meus olhos eram incapazes de segurar as lágrimas. Minha garganta não soltava nenhum som sequer, por mais que eu quisesse berrar por socorro naquele momento.

Chutei-o e distribui alguns socos por seu peito, mas nada parecia fazê-lo afastar de mim. Meu corpo já parecia exausto pelo choro e de tanto lutar contra ele, além dele duplicar a força que usava em mim cada vez que eu tentava resistir.

Robert então desabotoou o cinto de sua calça na minha frente. Eu desviei o olhar pro teto, tentando me dopar pra não sentir o que poderia acontecer. Eu estava congelada, sem ter pra onde correr.

As mãos do feiticeiro passaram pelo meu corpo, apalpando as partes mais sensíveis de forma bruta e violenta. Eu deixei finalmente algum som passar pela minha boca:

—Me solta... Ngh... Não...

Robert ignorou completamente meus pedidos, e pareceu querer mutá-los quando seus lábios vieram diretamente ao meu encontro.

Fiz a primeira coisa que me deu na cabeça e mordi a boca dele. Forte demais.

Ele se afastou com um ganido de dor, e passou a mão pelos lábios. Ao retirar a mão, vi que sangue respingava dela.

Limpei com a manga da minha blusa o resto de sangue dele que tinha em mim.

Os olhos claros de Robert agora relampejavam com raiva. Ele me segurou pelo quadril, e me pôs deitada do lado contrário da cama, com ele de frente pra mim em pé.

—Molly..- Ele grunhiu, e então falou alguma coisa que eu não entendi.

Quando senti ele segurando meu corpo com mais força com uma das mãos e apalpando mais agressivamente, alternando com alguns tapas, eu senti meu corpo queimar pela humilhação e ódio. E mais que tudo, eu senti meu rosto molhado, meu coração a mil e um sentimento de total terror dentro de mim.

Eu tentei me levantar, mas ele me impediu quando suas grandes mãos seguraram-me pelas pernas e as abriram com agressividade demais.

—PARE!- Eu gritei, tentando soca-lo, mas ele só me beijou com agressividade de novo. Uma de suas mãos foi pro meu pescoço, ameaçando me sufocar se eu pensasse em morde-lo de novo.

Ao se afastar, ele segurou o decote de minha blusa com as duas mãos antes de rasga-la no meio como se fosse nada.

Como se eu fosse nada.

Me debati mais vezes, e ele dessa vez segurou meus dois pulsos com muita raiva. Seu corpo se encaixou entre o vão entre  minhas pernas ainda coberto, e seu rosto se abaixou, onde ele começou a depositar beijos e lambidas entre minha barriga e meus seios.

—O QUE DIABOS VOCÊ PENSA QUE TÁ FAZENDO?- A porta foi arrombada, o que fez Robert rapidamente se levantar e se virar.

Me sentei na cama e olhei pra porta. Lá, Brunna e Haruka estavam paradas com caras completamente raivosas e abismadas.

—Quem são vocês?- Robert perguntou.

—Se você não se afastar da minha amiga agora mesmo você pode me chamar de causa da sua morte.- Brunna deu um passo á frente- Vaza!

Robert olhou pra mim, que tentava acalmar meu coração acelerado e limpar minhas lágrimas:

—Não.

Haruka revirou os olhos:

—Não foi uma pergunta, amorzinho.

Ela então ergueu apenas uma das mãos, com os cinco dedos bem estendidos. Numa questão de segundos, uma garrafa de vinho que estava no quarto começou a borbulhar, antes de estourar e bater direto na cabeça de Robert, que caiu aos pés da cama.

Eu nem me mexi, em choque demais pra fazer qualquer coisa.

—Sofie?- Brunna chegou perto de mim, chutando Robert pra longe e se ajoelhando aos meus pés- Sofie? Você tá bem?

—Deixa de ser idiota, menina, é claro que ela não tá bem!- Haruka revirou os olhos e se sentou do meu lado- Ele te machucou?

Olhei pras marcas de aperto no meu braço, e lembrei de cada momento que ele me tocou. Tremi, dizendo que não.

A primeira reação de Brunna foi me abraçar completamente, depositando um pequeno beijo na minha cabeça. Eu desabei nos braços dela, sentindo meu peito tremer com cada choro.

—Tá tudo bem. A gente tá aqui agora.- Brunna me apertou mais forte- Não é sua culpa.

Haruka apenas deu alguns tapinhas reconfortantes no meu ombro. Não me importei. Não queria me importar.

—Espera um pouco- Haruka disse, e saiu correndo rapidamente. Fiquei confusa, mas então ela voltou com uma vestido azul- Veste isso. É meu, mas pode ficar. Você precisa mais do que eu.

Concordei com a cabeça fracamente, segurando o tecido que ela tinha me entregado.

—Me ajuda a vestir ela, Haruka.- Brunna pediu, e Haruka concordou com a cabeça, surpreendentemente preocupada- Relaxa, Sofie, a gente não tá aqui pra te machucar.

Brunna tirou minha calça que já estava meio rasgada e também minhas sandálias. Ela passou as mãos pelo meu rosto, limpando as lágrimas. Haruka então abriu o vestido e o passou pela minha cabeça, depois ajeitando meu cabelo que estava bagunçado.

—Você quer reencontrar suas irmãs?- Haruka questionou, me ajudando a me levantar. Eu fiz que não com a cabeça- Tem algum lugar que você queira ir?

Dei de ombros. Brunna suspirou:

—Eu sei de um lugar que pode acalmar ela.

Nem vi pra onde elas estavam me levando. Nossa caminhada foi em silêncio, e eu estava de cabeça baixa ainda relembrando de cada momento da noite.

Só vi uma porta abrindo.

Haruka me levou pela mão e me sentou na minha própria cama.

—Qualquer coisa, eu estou no quarto do lado.- Brunna disse, sorrindo fracamente. Haruka concordou com a cabeça.

Eu só afirmei.

Elas deixaram a porta encostada, e eu cocei meus olhos inchados e molhados de tanto chorar.

Não tinha passado nem trinta segundos quando a porta abriu:

—Oy, Chichinasi, onde você estava? Sumiu! Ore-sama não gosta quando o que é seu foge desse jeito.

Apenas respirei pesadamente, sem responder nada.

Senti Ayato fungando:

—Chichinasi, você estava se metendo com outro homem?

Porque é claro, tudo que me faltava hoje era uma crise de cíumes do Ayato.

—Você sabe o que acontece quando se mete com outros homens, né?- Ayato se sentou atrás de mim, colocando meu cabelo do lado- Tch, responda alguma coisa para Ore-sama!

Eu me recusei a responder. O nódulo na minha garganta estava voltando, e eu não queria desmoronar de novo na frente dele.

—Tch, se você não responde...- Ayato disse, e eu senti ele passando os dedos frios pelo meu ombro nu- Terá que sentir.

Ayato mordeu o meu ombro nu, e toda a minha sensibilidade daquela hora me fez dar um berro tão grande que o coitado do menino voou pra longe da cama:

—MAS O QUE DIABOS FOI ISSO?

—Desculpa...- Eu disse baixo demais.

Ele me olhou confuso:

—Você tá me pedindo desculpas?

Não olhei pra ele ainda, mas dei de ombros.

—Tch, você está estranha e sensível hoje.- Ayato voltou a morder o mesmo lugar, e dessa vez eu senti ele sugando o sangue.

A dor era demais. Pior do que todas as outras vezes. E olha que eu estava lá por mais de três anos.

Não aguentei, e dei um empurrão em Ayato. Ele pareceu revoltado:

—DE NOVO!

Engoli em seco.

—Hoje não.- Respondi, sentindo que estava chorando de novo.

Merda de dia. Merda de hora. Merda de garoto.

—Você tá chorando?- Ayato perguntou- Olha pra mim!

Quando eu não o obedeci, ele correu e ficou de frente pra mim.

Olhei pra ele fracamente:

—Satisfeito?

—Nem um pouco.- Ayato foi sincero- Alguém te machucou? Quem? Vou matar o desgraçado!

Quem avisa pra ele que todo mundo me machucou hoje?

—Eu preciso que você seja honesto comigo.- Lambi os lábios secos- Quero te perguntar uma coisa.

Ele arqueou uma sobrancelha:

—Fala, Chichinasi.

—Se eu não fosse sua propriedade, sua noiva de sacríficio...- Eu abaixei a cabeça- Você sentiria o mínimo de atração por mim?

Como se Ayato já não parecesse confuso o suficiente, dessa vez eu achava que suas sobrancelhas iam acabar virando ao contrário de tão franzidas que estavam:

—Como assim?

—Você me consideraria atraente se não fosse por todo nosso histórico?- Eu repeti a pergunta- Não precisa ter medo de me ofender, eu não me importo.

—Chichinasi- Ayato se ajoelhou á minha frente- O que aconteceu com você?

—Nada.- Meus olhos se encheram de água- É só curiosidade. Mesmo.

Ayato então pareceu notar as marcas de aperto vermelhas e roxas nos meu braços.

—Quem fez isso?- Ele segurou meu braço, e eu gemi de dor- Quem fez isso, Sofie?

—Ninguém, eu já te falei!- Respondi de volta.

—Quem foi o desgraçado que fez isso com você, Sofie?- Ayato ignorou completamente a minha mentira, e eu sentia seus olhos enchendo de raiva- Me responde!

—Por que?- Eu me levantei- Do que importa? Você vai lá, vai tentar matar ele, e vai tudo voltar á merda de como era antes! Você não se importa comigo, só tem raiva de qualquer pessoa que tente mexer com o que você considera sua propriedade!

Respirei fundo:

—E você ainda não respondeu minha pergunta.

—Porque alguma merda aconteceu com você pra você me perguntar isso e você não quer me falar o que é!- Ayato se levantou pra brigar comigo.

—Sabe o que é?- Eu senti lágrimas esparramando pelo meu rosto- Eu nunca consegui olhar no espelho e me sentir atraente. Eu consigo me sentir a garota mais inteligente daqui, mas eu nunca tive a mínima noção de que eu posso ser desejada por alguém. Eu nunca tive alguém que me desejasse. E sabe qual a pior parte de tudo isso? É que só existiu uma única pessoa que tentou fazer sexo comigo, e foi a porra da coisa mais aterrorizante que já aconteceu comigo!

Quando eu terminei de falar, enterrei o rosto nas mãos, me sentindo completamente humilhada por toda a situação.

—Sofie...- Ayato finalmente pareceu entender tudo que eu queria dizer- Merda. Quem foi? Eu vou...

—Matar ele?- Eu dei uma risada fraca e irônica- Do que adianta? Ele já deixou essa marca em mim. Eu já entendi desde o momento que saí daquele quarto que eu nunca vou conseguir ficar com um homem sem pensar no que aquele desgraçado podia ter feito comigo!

—Só porque ele já fez isso não significa que é certo!- Ayato brigou- Imagina quantas mulheres lá fora ele podia ter feito isso?

—Sarah me disse uma coisa hoje que é verdade- Eu me lembrei- Eu sempre escondi meus sentimentos. Eu sempre tentei enterrar eles tão fundo que ninguém achasse eles. Mas eu tô cansada de bancar a coração de gelo o tempo todo! Eu quero ser amada! Eu quero me sentir bem comigo mesma! Eu quero ter um relacionamento saudável! Mas depois dessa noite, não sei se consigo mais!

Ayato ficou calado, mas ele parecia extremamente preocupado e estressado.

—Eu saí daquele quarto me sentindo um lixo.- Eu admiti- Eu queria morrer. Eu queria simplesmente parar de existir. E de alguma forma, dentro de mim, eu sei que ele me feriu de um jeito tão profundo sem ter feito quase nada. Se Haruka e Brunna não tivessem aparecido, eu não sei o que teria acontecido comigo. Mas agora como eu posso me amar, se eu sei que a única pessoa que já sentiu vontade de tocar no meu corpo foi um nojento bebâdo que estava completamente ok com tirar minha primeira vez sem meu consentimento e comigo chorando e me debatendo?

—Não é sua culpa.- Ayato só disse isso- Por favor, Sofie, não pense que é sua culpa.

Ayato chegou mais perto de mim:

—Você está quebrada. Precisa se recuperar. E isso vai demorar meses, talvez até anos. Talvez você nunca se recupere totalmente dessa ferida. Mas eu não quero que você dê o prazer pra esse desgraçado de te ver não conseguindo seguir a vida por causa dele.

Eu olhei pra ele, desabando de tanto chorar:

—Você acha que eu consigo?

—Você é a mulher mais forte que eu conheço- Ayato admitiu, e por uma vez fiquei surpresa que ele não foi dominado pelo orgulho- Também, é a única mulher que eu conheço que consegue atravessar o fogo viva.

—Não sou a única- Revirei os olhos.

—Ah, é a mais legal.- Ayato brincou, e eu consegui dar um sorriso super fraco.- Vem cá.

Ele me puxou fracamente pra si. E pela primeira vez na história da humanidade, eu e ele compartilhamos um abraço  sincero. Sem nenhum de nós dois ser dominado por orgulho ou pela vontade de ser melhor que o outro. Sem esconder sentimentos. Só nós dois.

Senti Ayato passar as mãos tensas pelos meus fios, quase como se tentasse os desembolar. Eu dei uma breve congelada:

—O...O que você tá fazendo?

—Naquele dia no carro, você fez isso no meu cabelo pra me consolar. Eu lembro.- Ayato não me deixou escapar do abraço- Agora eu tô fazendo o mesmo com você.

Afundei meu rosto no peito dele e sussurrei tão baixo e entre lágrimas que tive medo dele não escutar:

—Obrigada.

Ficamos um tempo assim, até ele finalmente falar muito baixo pra só eu ouvir.

—Sabe, eu te acho bem atraente. Não só de corpo. Acho sua mente muito atraente. Sua esperteza me irrita, mas ela é bem sexy.

—Você não presta.- Reclamei, fraco.

—É sério.- Ayato se afastou e olhou pra mim- Chichinasi, você é uma das garotas mais fisicamente gatas que eu conheço, e a sua inteligência faz parte disso. Digamos que eu curto o pacote completo.

—Então por que você nunca tentou transar comigo?- Questionei.

—Você tem certeza que quer falar sobre sexo nesse exato momento?- Ayato disse- Não acho que vai ser bom pra você.

Concordei com a cabeça.

—Mas eu nunca te beijei- Ele sorriu- Porque quando eu te beijar, quero que seja o melhor primeiro beijo da história dos primeiros beijos. Eu quero que você sinta e queira isso tanto quanto eu quero. Principalmente a partir de hoje.

Ficamos uns segundos em silêncio.

—Acho que foi a primeira vez que você fez um discurso que não falava nenhuma bobeira e nem se chamava de Ore-sama- Eu notei.

—Nossa, eu acabei de fazer mó declaração pra você e é assim que você reage?-  Ayato pareceu ofendido- Valeu, Sofie.

—Não pode me culpar.- Eu finalmente sorri, sentindo que as batidas do meu coração estavam desacelerando e e meus olhos secando- Também, você não me chamou de Chichinasi.

—Achei que seria indelicado.- Ayato deu de ombros- Quer que eu volte?

Revirei os olhos.

—Bem.- Ayato deu um sorriso de canto- Acho que é minha hora de sair. Eu te acalmei, acho que era isso... que eu precisava fazer... Então...

Ayato começou a se preparar pra sair, mas eu percebi que eu não queria que ele fosse embora.

Caramba, acho que foi a primeira vez que eu pensei isso.

E também, acho que graças á ele eu consegui pensar em outra coisa que não fosse...

Não. Bloqueia esse pensamento.

—Ayato?- O chamei.

—Sim?

—Você passaria a noite comigo?

Ayato arqueou ambas as sobrancelhas e eu segurei uma risada:

—Prometo que vou me comportar. Só dorme aqui comigo, por favor.

Ele olhou para o teto, pensando. Por fim, cedeu:

—Durmo. Mas vou ter que sair cedo.

—Ok.- Assenti.

—Ok.- Ele assentiu de volta, não sendo capaz de guardar um sorriso.

Eu me deitei na minha cama, tomando cuidado pra não amassar muito o vestido de Haruka.

Senti Ayato se deitar logo ao meu lado, e com delicadeza ele nos cobriu com os lençóis da cama.

—Tudo bem se eu te abraçar?- Ayato questionou. Eu assenti com a cabeça.

Um dos braços dele então envolveu fracamente minha cintura por cima dos lençóis. Quase como se ele dissesse que, ao menor sinal de desconforto, ele pararia de me encostar.

—Ayato?- O chamei novamente.

—Hm?- Ayato disse, já meio sonolento.

—Obrigada.- Eu disse meio emocionada.- Hoje foi um pesadelo. E você me acalmou dele.

Quase senti o sorriso de Ayato:

—Não há de quê, Sofie.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Muitas tretas, né nom?
Enfim, não se esqueçam de comentar suas opiniões e teorias que eu amo ler!
Beijos e até o próximo capítulo! ♥



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