Like a Vampire 3: Lost Memories escrita por NicNight


Capítulo 14
Capítulo 14- A noite é escura e cheia de segredos


Notas iniciais do capítulo

Oiieeeeee, mais um cap prontinho pra vocês!!!!!!!!
Esse capitulo me enrolo um pouco pra escrever, mas nada que eu não dê conta! HAUEHEHUE
Enfim, espero que gostem e boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/771629/chapter/14

 Narração Victoria

—Espera aí, você fez o que?- Eu voltei a perguntar, dando um gole grandioso no meu milkshake de baunilha.- E como mesmo?

—É isso que eu falei pra vocês.- Daayene voltou a explicar, seus olhos agora vermelhos piscando um pouco mais loucamente.- Kou me levou á Casa das Profecias dos Feiticeiros. Eu me encontrei lá, sabe. Agora eu consigo dormir sem ter pesadelos, e só consigo ter aquelas visões quando eu quero.

—Então... Você é uma deles agora?- Lua perguntou, confusa, mordendo a casquinha do seu sorvete de chocolate.

—É.- Daayene deu de ombros- Eu sei que é estranho. Mas essa foi a melhor escolha pra mim, eu acho. Eles disseram alguma coisa sobre eu ter os poderes do primeiro líder deles.

—Uau. Isso parece... Complicado.- Priya cerrou as sobrancelhas- Mas se você tá feliz, isso é o que importa pra mim.

Ficamos nós dez tomando nossos sorvetes tranquilamente por alguns minutos.

—É bom ter um dia na semana onde uma de nós não está correndo perigo de vida, ou estamos investigando um mistério ou liberando pessoas sem querer.- Brunna comentou, e eu não pude deixar de concordar.

—Por falar em mistério...- Marie não pode deixar de começar- Não devíamos continuar na nossa investigação sobre a família Rosemary?

—Podemos fazer isso mais tarde, não?- Priya deu de ombros- Por enquanto, só quero aproveitar meu sorvete.

Ficamos um tempo assim, tomando sorvete e conversando sobre tudo e sobre nada ao mesmo tempo. Naquele momento, com o sabor doce e gelado invadindo a minha boca, senti que toda a tensão de meus ombros se dissipou e que tudo que importava era o agora.

Isso é, obviamente, até eu notar um certo Sakamaki chegando.

—Mas o que você está aprontando aqui, Subaru?- Sarah perguntou em tom de brincadeira. Pelo canto do olho, vi Lua e o albino trocarem um olhar tímido e um sorriso cúmplice.

Cerrei as sobrancelhas em confusão.

—Eu preciso falar com vocês ou alguma coisa assim.- Subaru bufou.

—Nossa, isso sim é surpreendente.- Nikki disse sem pensar demais.- O que você queria falar com a gente?

Subaru então trocou um olhar pra Lua, que pareceu rápida em entender:

—Pri, Brunna, Daay e Anna! Por que a gente não vai lá dentro tomar mais sorvete.

—Eu não tô muito afim de tomar mais sorvete, na verdade...- Priya disse.

—Mas eu tô!- Lua retrucou.

—E você precisa de todas nós pra...- Brunna começou, mas Daayene pareceu entender a aflição da amiga e se levantou:

—É um sorvete muito complicado, ok? Vamos lá!

Quando as cinco meninas foram pra dentro da sorveteria, notei que alguma coisa MUITO estranha estava acontecendo.

—Ok, se o fato de você querer CONVERSAR com a gente não era estranho o suficiente, o jeito que a Lua acabou de dar o fora daqui superou tudo.- Sofie revirou os olhos- Desembucha, Sakamaki.

Subaru se sentou á nossa frente, e eu senti uma frustração e quase vergonha emanando dele enquanto ele brincava com seu colar de rosa vermelha.

Ficamos nos entreolhando.

—É O SEGUINTE!- Subaru meio que berrou do nada, o que me fez pular de susto.- Ah. Como eu falo isso...

—Ai meu Deus, por favor não me diz que você engravidou alguém!- Sarah pareceu assustada.

—O que? Não!- Subaru aparentava quase ofendido- Eu não sou idiota que nem meus irmãos!

—Eu duvido um pouco disso.- Sofie respondeu.

—ENFIM!- Subaru brigou- Tudo que eu queria falar é que... Eu e Lua estamos juntos. Oficialmente.

Eu quase engasguei com minha saliva depois daquele choque.

Tipo, numa mistura de "Aleluia!" E " "Como assim a minha irmãzinha?"

—Você e a Lua estão O QUE?- Marie estava abismada- Por que? Como? Onde? Desde quando?

—Estamos namorando. Não me faça repetir isso. É estranho. Pra mim e pra ela. E você disse no casamento da Lilith que, se um dia um de nós fossemos sonhar em namorar com uma das suas irmãs, tínhamos que pedir sua permissão.

—É, e logo depois ela foi transar com o seu irmão. Muito justo.- Sussurrei ironicamente, e eu levei uma cotovelada de Marie.

—Ah, que fofo!- Sarah guinchou, e por um segundo eu meio que achei estranho que ela estava usando roupas pretas e não as de boneca com aquele tom de voz.- Viu, Marie? Nem todos os Sakamaki estão perdidos. Ele até decidiu te escutar.

—Meu Deus, a Marie tá emocionada?- Nikki questionou- Não me diz que ela vai chorar, pelo amor da Deusa. Se ela começar a chorar no meio de uma sorveteria, eu juro que finjo que nunca vi ela na vida.

—Fica na sua, Nikki!- Marie brigou- Não tô emocionada, só achei bonitinho. Pronto. Eu tenho sentimentos, adivinha só!

—Gente, não precisa criar BO aqui por causa disso.- Sofie esfregou a testa.

—Acho que o que queremos dizer com todo esse drama.- Eu me peguei sorrindo mesmo sem querer- Você tem toda nossa benção e apoio pra namorar a Lua.

Subaru expirou ar, como se estivesse prendendo o fôlego a muito tempo.

—Mas se você machucar ela, você sabe que eu quebro sua cara.- Nikki ameaçou.

—Nunca duvidei disso. Muito.- Subaru deu de ombros.

Me peguei pensando o quão estranho tudo aquilo era. Se, dois anos atrás, me falassem que eu estaria dando minha benção para que Subaru Sakamaki namorasse minha irmãzinha e que ainda por cima estaria casada com Reijii e mãe, eu provavelmente teria rido alto e falado que a pessoa estava "loucona".

Mas cá estávamos nós, não é?

—----------------------

—De quem foi essa maldita ideia?- Priya bufou- Nós nunca fizemos isso antes. Porque agora precisamos?

—Foi minha, muito obrigada.- Bufei, me ajeitando na mesa- E nós estamos fazendo isso em apoio á Lua, ok?

—Existe uma grande diferença entre ter uma confraternização com o novo e surpreendente namorado da Lua e ter uma confraternização com toda a família do namorado dela E os inimigos dele.- Brunna revirou os olhos- E por que nós estamos aqui?

—Eu achei interessante!- Sarah disse- Podemos nunca ter uma oportunidade dessas de não passar ódio com os Sakamaki e Mukami. Além disso, temos três casais no grupo, então é quase um encontro de várias pessoas.

—Eu e Ruki não somos um casal.- Brunna retrucou, ficando séria de repente.

—Claro. Vocês só ficam juntos o tempo todo, dormem juntos e vai saber o que fazem o dia inteiro presos naquele maldito quarto.-  Sofie revirou os olhos, recebendo uma famigerada fuzilada de olhar vindo da Brunna:

—Consigo sentir sua inveja daqui.

—Inveja?- Sofie colocou as mãos na cintura, abismada- De você com o Ruki? Me poupe!

—Brunna tá certa.- Daayene se intrometeu, e eu ri com a bufada que Sofie deu- Você reclama de todos os relacionamentos daqui, mas aposto que isso tudo é raiva porque você não tem um namorado!

—Ah, por favor né.- Sofie reclamou novamente- E eu tenho cara de ficar com raivinha só porque não tenho um homem do meu lado? Dizer que homens são burros que nem mulas é uma ofensa ás mulas!

Não pude deixar de rir com o comentário da minha irmã.

Bem, errada ela não tava.

Lua de repente chegou correndo, com Daayene e Anna ao seus lados:

—Ok, os meninos tão chegando.

—Nossa, que incrível!- Nikki ironizou.

—Dá pra vocês pelo menos FINGIREM que não estavam falando mal deles?- Daayene questionou, as sobrancelhas franzidas.

—Podemos tentar.- Marie concordou sem nem perguntar pra gente.

—Foco na palavra TENTAR.- Priya riu, levando um tapinha fraco de Brunna- Ai, a outra ficou ofendida!

Quando percebemos os meninos quase na porta da padaria, todas nós faltamos nos jogar nas cadeiras do nada.

Demoramos quase meia hora pra nos cumprimentarmos, já que os meninos ficaram enrolando inventando um assuntos aleatórios e nós ficamos revirando os olhos. Percebi Reijii se aproximando e envolvendo o braço na minha cintura:

—Como você reservou esse lugar inteiro?

—Eu talvez tenha usado minha reputação como princesa pra conseguir convencer o dono- Dei um sorriso de canto, pegando sua mão livre pra beijá-la duas vezes- E talvez eu também tenha usado um pouco do dinheiro Sakamaki que vocês me dão acesso. Uma péssima ideia, realmente.

—Você anda quebrando muitas regras, Senhorita Sakamaki.- Reijii riu antes de cerrar os olhos na minha direção.

—Você é o príncipe, não é?- Sorri na direção dele- Pode me perdoar na hora que quiser.

Reijii sorriu maliciosamente, e beijou meu pescoço antes de depositar um selinho demorado em meus lábios.

Quando ele se separou, vi seus olhos vermelhos brilhando muito perto de mim:

—Talvez quando chegarmos em casa.

Eu sorri de volta, e ele pegou minha mão direita e depositou um beijo nas costas dela.

Ele se sentou ao meu lado antes que qualquer um pudesse reclamar das nossas demonstrações de afeto.

Brunna e Ruki também sentaram lado a lado, e não pude deixar de perceber que a mão esguia do Mukami passeava pelo pescoço á mostra da loira quase com carinho.

Ainda mais, Subaru se sentou ao lado de Lua, e ela deitou sua cabeça em seu ombro.

Vi Nikki revirando os olhos com todas as demonstrações de afeto naquela mesa e segurei uma risada.

—Tá, e agora, o que vamos fazer?- Vi Shu resmungar- Eu nem queria ter saído da minha cama, pra começo de conversa...

—Por que a gente não aproveita essa ocasião rara e apresenta os meninos pra uma das nossas melhores tradições?- Eu deixei um sorriso sapeca me escapar dos lábios- Que tal um jogo de... Verdade ou Desafio?!

Lua pareceu animada com a ideia:

—Adoro! Nós já jogamos entre nós, com as Hudison e com as Creedley!

—E agora nada mais justo do que obrigarmos os meninos a também participarem da nossa linda tradição!- Daayene deu uma risada alta.

—Ainda dá tempo de sair daqui?- Yuma questionou.

—Se você sair daqui, eu te arrasto de volta!- Priya bateu na mesa por pura brincadeira.- Tá, cadê o raio da garrafa?!

—E se a gente jogasse uma nova versão de Verdade ou Desafio?- Kou sugeriu- Minha assistente, minha figurinista e outras pessoas da minha agência gostam de jogar uma versão chamada “Verdade ou Mentira”?

—Eu tenho quase certeza que não é uma versão, e sim um jogo diferente.- Subaru estreitou os olhos.

—Uma pessoa sugere uma verdade sobre outra. Se estiver correta, a que foi perguntada bebe. Se não, a que perguntou bebe.- Kou explicou.

—Eu não posso beber álcool.- Sofie retrucou.

—Nem eu.- Brunna concordou com a cabeça.

—Chatas.- Ayato revirou os olhos.

—Vocês podem beber alguma coisa diferente... eu acho, certo?- Marie perguntou olhando pra Kou, que deu de ombros:

—Imagino que sim.

Vi Daayene sair correndo pra buscar as bebidas e os copos. Da cozinha de trás, ela gritou alguma coisa sobre não ter trezentos braços, e então Lua e Nikki se levantaram e foram até lá ajudar a coitada.

Quando elas finalmente chegaram e colocaram tudo sob a mesa, o jogo começou:

—Eu acho que...- Ayato disse, apontando com uma cara divertidamente concentrada para Marie- Que você já namorou uma garota.

—Não vale, eu já tinha te contado isso antes!- Marie riu, e Ayato pareceu ofendido:

—Eu adivinhei!
Marie olhou pra mim abismada como se pedisse defesa, e eu só respondi dando de ombros. Ela então bufou e tomou um gole da bebida.

—Ok, minha vez- Sofie deixou os cabelos ao lado, caídos sob seu ombro esquerdo- Eu pergunto pro... Laito, não é?

—Eu sei lá, eu perdi a lógica desse jogo a partir da primeira rodada.- Lua brincou, e vi Subaru dar um sorriso carinhoso e divertido na direção dela.

—Pode mandar ver, Sofie-chan~- Laito ajeitou sua fedora. Sofie estreitou os olhos antes de dizer seu palpite:

—Eu acho que você já pegou alguma DST.

A mesa ficou em silêncio antes de todos rimos.

—Não riam! É uma ideia bem válida na verdade!- Brunna defendeu a amiga entre risadas.

—É uma ótima sugestão, mas acho que você vai ter que beber agora, Sofie-chan~- Laito sorriu- Eu sempre sei no que estou me metendo~.

—O duplo sentido dessa frase me faz querer vomitar.- Nikki reclamou.- Talvez eu vomite agora mesmo, na verdade.

—Por favor, vomite na Victoria.- Daayene empurrou a de cabelos azuis- Esse vestido custou caro.

Me levantei brevemente pra dar um beliscão em Daayene antes de me sentar.

—Sua vez, Shu.- Priya avisou, seu rosto meio vermelho de tanto rir.- Você pergunta pra... Nikki!

—Sério, em qual sentido que estamos indo nesse jogo?- Eu questionei- Ordem de zigue-zague?

—Eu acho que o sentido do jogo é não ter sentido, meu amor.- Reijii apertou minha mão, o que me fez sorrir.

Shu pareceu pensativo por alguns segundos, o olhar entre ele e Nikki soltando faíscas. Mas obviamente eu preferi não falar nada.

—Eu acho que você é lésbica.- Shu disse com a maior simplicidade do mundo.

Nikki engasgou com a própria saliva e com o ar naquele momento:

—OI?

—Agora assim isso aqui ficou interessante!- Yuma bateu na mesa, o que assustou Anna- E eu também acho.

—Gente, eu não vou aguentar- Lua abaixou a cabeça na mesa, rindo tanto que eu tive medo que ela ia passar mal.

—Nikki, você gosta de garotas?- Ruki questionou.

—Não! Meu Deus, não!- Nikki estava vermelha- Admiro mulheres, acho ótimo pras que se gostam entre si já que homem só dá problema, mas eu sou hétero!

—...Tem certeza que você não está só experimentando?- Yuma pareceu desconfiado.

—..Sim. Tenho.- Nikki riu, nervosa- É sério que vocês tinham tantas dúvidas sobre minha sexualidade assim.

—Ah, sei lá. Você é a única das irmãs que não se apaixonou por ninguém da gente.- Ayato deu de ombros.

—Com licença?- Sofie estreitou os olhos- Até onde eu saiba, apenas duas de nós se “apaixonaram” por algum de vocês. Eu chamo isso de gosto questionável.

Fuzilei ela com o olhar. Kanato estreitou os olhos:

—Eu acho que ele estava falando de você, Sofie.

Sofie ficou meio assustada por alguns segundos, mas pareceu deixar isso de lado e revirou os olhos.

Percebi que Sofie colocou os cabelos de lado e começou á trançá-los, ação que chamou a atenção de Ayato. Tanta que o rapaz nem percebeu que Marie falava com ele:

—Né, Ayato? Ayato?... Ayato?

Foi só quando todos da mesa encararam o ruivo que ele teve alguma noção de responder:

—Ah, Oi? O que aconteceu? Quero dizer... O que vocês querem?

Mordi o lábio pra não soltar um "que você pegue minha irmã de uma vez.". Acho que Reijii também notou, porque eu e ele trocamos um olhar quase cúmplice.

—Eu só estava falando- Marie começou- Que é muito prepotente da sua parte achar que todas nós estamos apaixonadas por vocês.

—...C...concordo- Anna disse, talvez pela primeira vez no dia.

—Inclusive, eu acho bem mais fácil vocês se apaixonarem pela gente do que o contrário.- Priya jogou os cabelos negros pra trás- Só por falar mesmo.

Os meninos começaram a protestar. Bem. Quase todos. Ruki, Reijii e Subaru pareciam se divertir com a situação (eles nem podiam questionar a veracidade da afirmação de Priya, já que no caso deles, era verdade). E Shu, bem, estava sendo Shu deitado na mesa.

O que surpreendia é que ele não estava dormindo, e sim olhando de forma intensa e quase curiosa pra Nikki enquanto tomava um longo gole de sua bebida.

Meu Deus, a tensão sexual nessa mesa era surreal.

Fomos todos interrompidos por uma batida suave e delicada na porta. O que eu achei estranho, já que ela estava perto.

Todos olhamos pra fonte do barulho, e fiquei surpresa ao ver Alice Rosemary parada com um sorriso doce no rosto:

—Bem que eu achei que tinha ouvido algumas risadas familiares vindo daqui!

Nós cumprimentamos a Rosemary. E por “nós” eu quero dizer “nós, as meninas”, já que os garotos foram todos pra cozinha com a desculpa de guardarem os copos e as garrafas.

Alice ajeitou o longo vestido vermelho que usava, e se sentou á nossa frente:

—Como estão? Não as vejo desde o dia do torneio, não é?

—Estamos bem... Na medida do possível.- Sofie respondeu, e Alice foi rápida em segurar a mão dela.

—Eu sinto muito novamente pelo comportamento do meu irmão.- A Rosemary disse, seus olhos brilhando com carinho- Eu não sei o que aconteceu com ele, talvez só estivesse bêbado.

—Eu de alguma forma duvido um pouco disso.- Sarah bufou- Sabe, ele pode ser só um idiota. Não seria o primeiro rei idiota que conhecemos, tenho certeza.

Vi Marie olhar pra Sarah, abismada:

—Isso é jeito de você falar com a Princesa?

—Não se sintam acanhadas pelos nossos títulos- Vi Tyrosh tendo certa dificuldade para abrir a porta e andando com suas pequenas pernas em nossa direção- Estão seguras com nós dois.

—Vocês tem certeza disso?- Priya questionou- Porque sinceramente, a nobreza e a realeza daqui não parecem ser as mais simpáticas possíveis.

—Enquanto estivermos por aqui, podem pedir ajuda pro que quiserem.- Alice concordou, ajudando seu irmão a se sentar numa das cadeiras ao seu lado- Estamos dispostos a tirar a ideia que vocês podem ter de nossa família.

—Especialmente por conta de Robert.- Tyrosh viu que ainda tinha uma taça cheia de bebida á frente de Priya, e a pegou e a bebeu num gole só, soltando um grunhido satisfeito- Ele é um canalha quando quer.

—Robert sentou no trono muito cedo, quando tínhamos perdido muito em pouco tempo.- Alice explicou calmamente- Ele era um guerreiro como príncipe. Divertido, sempre a alegria de toda festa. Depois que perdemos nossos pais, um castelo e ele perdeu sua prometida, ele parecia morrer. Agora é agressivo, insistente, não aceita um não como resposta...

—Ah, é. Já ouvimos essa história.- Anna disse baixo. Vi que Tyrosh e Alice se esgueiraram mais na mesa para ouvi-la.- A-algo sobre... K-Karlheinz roubar a prometida dele, n-né?

—É uma história longa demais- Tyrosh interrompeu Alice, que estava prestes a falar- E complexa demais pra garotas jovens como vocês.

—O que quer dizer com isso?- Nikki pareceu ofendida.

—Quero dizer é que vocês não precisam se tornar que nem os seres mágicos só por estarem aqui.- Tyrosh disse em tom meio vago e bebâdo- Nós somos monstros. Todos nós. Cedo ou tarde isso se mostra... Vampiro, lobisomem, demônio ou feiticeiro... Mantenham as cabeças idealistas e puras de vocês. Vocês não precisam serem seres monstruosos pra ganhar algum respeito.

Todo o discurso do Rosemary me deixou de boca aberta.

—É realmente uma história longa.- Alice riu, como se lembrasse de algo- E nós não temos todo esse tempo. Sabe, aconteceu uma invasão no nosso castelo de semana passada pra essa semana. Ou não foi realmente uma invasão. Não sei. Tudo o que sabemos é que todos nossos prisioneiros foram liberados.

Brunna e Sofie engasgaram ao mesmo tempo. A loira fingiu que nada tinha acontecido:

—Sério? Prisioneiros perigosos demais?

—Nem todos.- Tyrosh deu de ombros- Alguns são matadores, outros são estupradores. Profetas que disseram coisas que Robert não gostou. Rebeldes que tentaram tirar a dinastia Rosemary do poder. Ladrões.  Crianças e mães famintas.

Senti minha respiração espairecer.

—São fantasmas.- Tyrosh suspirou - Devem estar lá á décadas, se não séculos. Se alguém se lembra deles? Acho que nunca saberemos.

Meu corpo todo se arrepiou enquanto todas nós trocamos um olhar assustado.

—Eles devem estar vagando á noite agora.- Tyrosh continuou- Sempre fiquem alertas se acabarem andando por aí na escuridão. A noite é escura, e também é cheia de segredos.

Tentando me focar em algo que não fosse a conversa, olhei na mesa. As marcas dos copos e garrafas ainda estavam na madeira. Várias mãos repousavam nela, nesse exato momento.

Congelei quando vi a mão de Sarah se apertando por cima da superfície, logo ao meu lado.

Discretamente, segurei sua mão e a posicionei na minha coxa. Abrindo a mão fechada, me deparei com várias e várias marcas de unhas vermelhas. Algumas sangravam. Marcas feitas por ela mesma, reparei.

Fechei sua mão e dei um pequeno beijinho em suas costas. Ela pareceu vacilar por alguns momentos, mas então desviou seu olhar e  tirou sua mão de perto de mim com força.

Sarah arrastou sua cadeira pra um pouco mais longe de mim. Ela fingiu estar prestando atenção na conversa, mas cada palavra que saía da sua boca era cheia de veneno, ódio e ironia.

Meu coração faltava partir com aquilo.

Minha Sarah, a boneca da nossa família. A nossa irmã mais romântica, doce e delicada. A que amava filmes de romance, maquiagem, costura e desenhos. A que sempre via o lado positivo da situação, a que nunca quis incomodar ninguém.

E agora cá estava ela. Seus cabelos, antes tão longos que quase arrastavam no chão, estava quase tão curto quando o de Nikki. Seus olhos estavam marcados por olheira e sua boca estava vermelha e cortada. Ao invés de vestidos soltos cor-de-rosa e sapatos de boneca, ela usava uma blusa justa vermelha e uma saia lápis preta, além de botas da mesma cor e meias-arrastão.

Mas não, essa não era a pior parte.

A pior parte é que, ao invés de ser carinhosa e receptiva, agora ela estava agressiva e cínica. Sarah parecia sempre estar no seu limite, na borda de um ato muito violento. A cada vez mais, ela deixava de ter um brilho delicado e tímido em seu rosto, e ganhava um quase mortal. Suas mãos agora estavam cheias de feridas. Se elas eram intencionais ou não, eu não sabia.

Eu tinha percebido agora.

Algo estava muito errado com Sarah.

E já era tarde demais pra eu fazer algo a respeito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam de tudo que está rolando por enquanto? E a Sarah, hein?
Enfim, não se esqueçam de comentar suas opiniões e teorias que eu amo ler!
Beijos e até o próximo capítulo ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Like a Vampire 3: Lost Memories" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.