Like a Vampire 3: Lost Memories escrita por NicNight


Capítulo 11
Capítulo 11- Juras de paixão


Notas iniciais do capítulo

E AÍ, COMO VOCÊS EIXTÃO?
Nossa eu sei, eu demoro muito pra escrever, mas a gente supera XD
Enfim, espero que vocês gostem desse cap que ficou um tico longo, mas acontece né
BOA LEITURA ♥



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Narração Marie

—Sofie- Cutuquei minha irmã, que ainda estava enrolada nos lençóis de sua cama, pela vigésima vez- Acorda, já são 11h.

—Só mais cinco minutinhos... Ou dez... Ou quinze... Ou o resto do dia...- Sofie bocejou, cobrindo a cara com o lençol. Revirei os olhos.

Ok, eu sei que ontem ela foi perseguida, quase morreu, ameaçou um cara de morte e todo o resto que Subaru me contou depois de eu obrigar ele... Mas ainda assim! Tínhamos um compromisso!

—Sofie Herbert, se você não levantar agora, te proíbo de comer bolo de chocolate por dois anos.- A repreendi. Ela tirou os lençóis da cara e me encarou:

—Eu tenho 19 anos. Não pode fazer isso comigo.

—Quando eu tinha 19 anos, fui enviada pra uma mansão de vampiros e obrigada a servir de alimento pra um deles.- Reclamei- Nem sempre fazemos o que queremos quando viramos maiores de idade, mocinha. Eu, por exemplo. Nunca quis virar a mãe de vocês. Mas tô aqui, te obrigando a acordar.

Sofie se sentou na cama bocejando. Passei uma mão por seu cabelo, abaixando o volume do que tinha se tornado uma juba.

—Espero você no quarto da Daay em... dez minutos. Vamos nos arrumar juntas, como sempre.- A alertei, e Sofie concordou. Percebi que ela estava de olhos fechados novamente, e ela perguntou meio sonolenta:

—Arrumar pra que mesmo?

Bufei.

—Pro casamento da Lilith. Que no caso, é hoje.

Sofie de repente arregalou os olhos castanhos.

—Nossa, eu tinha esquecido que ela ia casar.- Sofie cerrou as sobrancelhas, já saindo da cama.- Que horas é o casamento mesmo?

—13h- Respondi, e ela revirou os olhos- Meu Deus, você tá rabugenta hoje! Vamos logo, talvez tomando um banho e passando um reboco na sua cara de zumbi você melhore seu humor.

Praticamente a arrastei até o andar de cima, e então pro quarto de Daayene. Me assustei ao perceber o quarto cheio de vestidos, presilhas, maquiagens, sapatos, tesouras e outros objetos aleatórios espalhados pelo chão.

—FINALMENTE VOCÊ ACORDOU, BELA ADORMECIDA!- Daayene teve que pular entre alguns tecidos e sapatos pra conseguir chegar até nós. Me assustei ao perceber que ela já estava arrumada- Comecem a se arrumar logo, se não vamos chegar atrasadas!

—Daayene, que horas você acordou?- Sofie cerrou as sobrancelhas.

—Cinco da manhã- Priya reclamou de um canto, percebi que ela estava tentando com dificuldade fazer uma trança no seu cabelo- E ela me acordou porque não sabia que roupa usar.

Daayene tinha os cabelos castanhos-claros soltos e volumosos. Seu vestido batia um pouco acima dos joelhos, sendo totalmente rosa (nenhuma surpresa) e tomara-que caia. O corpete de seu vestido parecia ser mais justo, além de incrustado com pedras rosadas e sua saia era volumosa e leve. Ela estava também usando grandes brincos de argola prateados, que combinavam com seus saltos.

Era quase como se eu visse uma cópia cor-de-rosa da Victoria.

—Você precisa de ajuda com o cabelo, Priya?- Sarah se ofereceu- Agora que eu não tenho mais aquele cabelão, fiquei com mais tempo livre na hora de me arrumar.

Sarah estava certa. Normalmente ela gastaria quase uma hora só pra arrumar seu longo cabelo, mas agora seu penteado Chanel parecia ter acordado bem. Ela estava usando um vestido que batia no joelho, todo roxo e sem decote. Um cinto preto com textura destacava a cintura da garota, e grande parte do vestido era incrustada com pequenas pedras pretas. Ela também usava sapatos de boneca pretos, que combinavam com as três pulseiras que usava no pulso esquerdo.

Priya concordou com a cabeça.

—Isso não é justo.- Nikki reclamou- Aqueles inúteis daqueles meninos provavelmente vão acordas 12h30, só tomar uma ducha de dois minutos, ajeitar o cabelo e colocar terno. Enquanto isso, estamos aqui, preocupadas com nos maquiarmos, com cabelo, salto, vestido, e todo esse mimimi.

—Eu concordo plenamente.- Brunna estendeu a mão.

—Minha filha, você mal tem cabelo pra arrumar e você não maquia.- Victoria saiu do banheiro.- É a terceira maquiagem que eu faço e eu ainda tô com uma cara de vilã da Disney.

—Talvez seja legal você parecer uma vilã da Disney.- Lua opinou, sentada no chão, ajeitando alguma coisa no seu vestido. Victoria a fuzilou com o olhar:

—É o primeira festa que eu vou depois do meu casamento. Tenho que me preocupar ainda com parecer uma boa esposa e mimimi.

—Não é sua primeira festa.- Sofie já estava pegando seu vestido no armário- E aquele baile de iniciação.

—Ele não conta.- Victoria reclamou- As pessoas mal notaram minha existência. Mas nesse? Tenho certeza que vou ser questionada sobre “quando vem os herdeiros?”.

—Manda eles tomarem naquele lugar e tá tudo certo.- Nikki deu de ombros, e então se virou pra um canto que por algum motivo estava com uma cortina presa ao redor- Ô ANNA, EU PRECISO USAR O PROVADOR, ACELERA AÍ!
Anna então saiu do cantinho, ajeitando timidamente seu vestido:

—C-como estou?

—Menina do céu!- Sarah parecia abismada- Eu te pegaria, Anna!
—Irmã, eu não lembrava que você ficava tão bonita quando fazia o mínimo esforço pra se arrumar!- Daayene bateu palminhas e eu fiz um joinha pra Hudison mais nova.

Ela estava realmente bonita. Seu cabelo castanho-escuro estava jogado pra um lado, e ela ostentava brincos prateados discretos porém brilhantes. Seu vestido era estilo sereia longo com um decote gigante nas costas, porém um bem pequeno na parte da frente. Toda a roupa era num tom de verde-água, porém cheio de pedras brancas por todo o corpete. E eu tinha quase certeza que, por baixo daquele vestido, ela estava usando saltos.

—Eu não sei...- Anna pareceu insegura- Acho que vou usar um bolero por cima. Se não minhas cicatrizes vão ficar aparecendo.

—Vem pra cá, princesa.- Victoria se sentou na cama, e gesticulou pra um lugar ao seu lado- Eu cubro elas com maquiagem pra você. Se você vai usar um vestido desses, precisa ter confiança.

Parei de vagabundar e entrei no banheiro pra me arrumar.

Não demorei muito, como de costume. Nunca demorei muito pra me arrumar.

Meu cabelo loiro estava todo pra um lado, e eu me orgulhei de não estar usando nenhuma bijuteria. Meu vestido era longo e tomara que caia,todo vermelho com um grande detalhe folhado em prata e bronze no meu corpete. A saia, se fosse um pouco mais longa, arrastaria no chão, e era esvoaçante.

Mas por baixo de todo aquele trem, eu estava usando tênis. É claro.

Eu já passei da idade de ficar festejando de salto. Sério. Foi no casamento da Vic pra nunca mais.

Saí do banheiro:

—E aí, o que acharam?

Recebi uma ronda de aplausos das meninas.

—Mas que palhaçada, isso virou desfile de moda?- Sofie reclamou.

—Ignora a Sofie, você tá linda Marie!- Lua pareceu feliz- Tá parecendo uma deusa grega!

—Na verdade, deusas gregas...- Brunna parecia prestes a corrigir Lua, mas foi interrompida quando Nikki saiu do provador:

—...Não fiquem me olhando. É estranho.

Juro que quando olhei pra Nikki, achei que não era minha irmã. Claro, só podia ser minha irmã pelo corpo torneado, e aqueles olhos vermelhos e cabelo azul. Mas ela estava usando um vestido até os joelhos, ROSA CLARO.

Como se não bastasse isso, o vestido tinha uma transparência como manga, e o decote do vestido era todo cheio de pedrinhas brilhantes. Ela estava usando uma bota branca, claro. Mas pedir pra ela usar salto já é demais.

—Meu Deus. A Nikki tá usando rosa. É o fim dos tempos. Chamem o SAMU.- Priya segurou a risada.

—Uau, vocês me ofendem desse jeito.- Nikki revirou os olhos, ajeitando a pulseira branca no punho direito.

—Que orgulho, você tá linda!- Victoria bateu as palmas.- Ai, Sarah, achamos sua substituta agora que você resolveu virar punk. Marie, fecha meu vestido pra mim?

Victoria então se virou de costas, e eu subi o zíper do vestido dela. E então ela fez uma pose dramática na nossa direção:

—TADÁ!

Victoria tinha os cabelos presos num coque, além de um belo de um colar prateado e brincos que combinavam. Ela estava usando um vestido verde tomara que caia meio justo que quase arrastava no chão.

Claro, aquilo não era Victoria o suficiente, então ela tinha adicionado uma bela de uma fenda que deixava suas pernas longas bem á mostra, juntamente com seus saltos brancos.

—Caramba, deja vú do seu casamento.- Sofie falou, dando espaço pra Brunna chegar até o provador. Victoria riu:

—Tão pouco tempo se passou desde então, mas tanta coisa já mudou...

—TÔ PRONTA!- Priya berrou- APRECIEM!

Priya tinha os cabelos presos numa trança bem delicada, além de brincos dourados. Seu vestido era tomara que caia, e literalmente arrastava no chão. O corpete era dourado, com textura. A saia, apesar da mesma cor, era mais rodada.

—Você consegue ANDAR nesse vestido?- Perguntei.- Você é pequena, e esse vestido é longo...

—EI! Eu sou a mestra do vestido longo, tá ok?- Priya pareceu ofendida, e empurrou Lua pro banheiro- Sua vez, pirralha!

Lua ia reclamar, mas Priya fechou a porta. Brunna então saiu do provador e deu uma voltinha.

Seu vestido era justo e preto, e batia quase nas coxas. Tinha um decote transversal, e apenas seu braço direito era coberto por uma manga de renda negra, com pequenos detalhes de rosa. Seus cabelos loiros estavam soltos, e ela carregava uma pequena clutch da mesma cor do vestido. Além, claro, de botas da mesma cor.

—Mana, é um casamento, não um velório.- Daayene riu.

—Eu gosto de preto.- Brunna revirou os olhos- Sofie, sua vez.

Sofie só revirou os olhos, pegou seu vestido e foi até o provador. No mesmo instante, Lua saiu do banheiro:

—E aí, estou linda, sim ou claro?

Lua usava um vestido branco até os joelhos. Ela também tinha uma transparência sob o decote, e todo o corpete do vestido era detalhado com pedras prateadas que combinavam com seus pequenos brincos. Sua saia era rodada, e ela usava sapatilhas branco-e-preto. Seus cabelos estavam soltos, milagrosamente, e ela ainda tinha os óculos na cara.

—Gente, você fica gata de cabelo solto!- Priya admirou.

Sofie saiu do provador.

Seu vestido também era quase nas coxas e vermelho, além de ter um decote bem respeitável. Ela usava o cabelo preso num coque que mostrava seus brincos pretos.  Ah, e claro, ela usava tênis vermelhos bem descaradamente.

—ESTAMOS LINDAS!- Daayene bateu palmas- Tô orgulhosa de vocês, meninas!

—Espera!- Ouvimos uma voz infantil sair do corredor, e de lá saiu Mun- E eu?

Mun tinha uma coroa de flores lilases na cabeça, além de um vestido cor-de-rosa bem rodado e delicado, combinando com suas sapatilhas.

—Você tá mais linda do que todas nós, Mun!- Lua a elogiu- Agora vamos nós todas pro casamento?

Quando chegamos no salão, juro que me surpreendi pela quantidade de pessoas que estavam reunidas lá. Sinceramente, eu não esperava que Lilith, de todos os Sakamaki, fosse a que se casaria no meio de um festival cheio de pessoas de todos os reinos.

—Na verdade, é um bom plano.- Daayene suspirou- Casar num festival super importante, num reino mágico, com lobisomens, feiticeiros, vampiros, demônios e humanos como seus convidados. Seria meu casamento dos sonhos.

—Claro que seria.- Sofie revirou os olhos- Bem, pelo menos os Rosemary não estão por aqui.

—Sei lá, talvez eles tenham ouvido a notícia de que o castelo deles foi invadido por cinco pessoas aleatórias que acabaram libertando os presos e matando um cara sem querer.- Brunna respondeu com um rosto sério.

—O plano foi seu, você não tem direito de reclamar de nada que foi consequência dos seus atos.- Priya riu.- Mas, e o que rolou com você e o Ruki ontem, hein?

De repente todas nós nos viramos pra encarar Brunna, que ficou vermelha:

—Como assim? Eu e o Ruki? Pfft, qual a chance?!
—Bem que eu notei que vocês dois estavam ficando pra trás enquanto eu, Subaru e Eliza estávamos andando....- Sofie pensou um pouco.

—Brunna Hudison, você por acaso beijou Ruki Mukami e nem pensou em nos contar?- Victoria colocou as mãos na cintura.

—Pera aí, a Brunna ficou com o Ruki?- Sol de repente brotou atrás de nós, com uma cara quase de nojo- Caramba, vocês realmente tem gosto ruim.

—Você fala isso de toda garota hétero, sinceramente.- Jackson revirou os olhos detrás dela, ajeitando a gravata borboleta.

—Talvez seja porque a heterossexualidade feminina é uma coisa impossível de entender? Tipo, por que diabos alguém ficaria com um homem hétero?-  Sol parecia confusa.

—Como uma mulher hétero, eu concordo com esse fato.- Nikki concordou com a cabeça- Onde estão Mao e Yui?

—Guardando nossos lugares.- Jackson deu um sorrisinho- Vocês dez estão lindas. Vamos, Lilith nos pediu pra sentar nas primeiras fileiras.

Me assustei quando vi quase cinco fileiras com uma placa escrito “Reservado” cheia de corações.

Bem, é justo, éramos tipo... vinte pessoas.

Nos espalhamos pelas fileira, dando e recebendo vários elogios e cumprimentamos Yui e Mao.

—É animador!- Yui bateu suavemente as palmas- É o primeiro casamento mágico que eu vou.

—Se dependesse de mim, eu juro que teria te convidado pro meu!- Victoria disse com um olhar de desculpas, segurando a mão de Yui.

—Seu casamento foi FA-BU-LO-SO, Victoria!- Mao opinou- Claro, seria mais fabuloso se você tivesse planejado tudo, mas considerando que seu marido insuportável e o pai mais insuportável ainda dele planejaram, foi ótimo.

—A melhor parte foi a mudança do seu vestido, obviamente.- Lua opinou, e Jackson deu um highfive nela.

—É tão chato que vocês não tenham tirado fotos desse momento!- Daayene reclamou- Eu ia amar ver todos os detalhes, o vestido, os cabelos, a maquiagem!

—Você provavelmente ia criticar tudo.- Brunna revirou os olhos- Daayene adora casamentos, acho que é por isso que ela nos acordou hoje tão cedo.

—Ou talvez seja só pra nos irritar- Priya deu de ombros- Quem sabe.

Priya levou um tapa da irmã pelo comentário

—Posso dar uma pausa pra fazer uma pergunta que não quer calar, já que nosso assunto mudou quando chegamos aqui?- Sofie levantou a mão- Brunna. Ruki. Ontem.

—Vocês dois se beijaram?- Mao arqueou uma sobrancelha, e Brunna revirou os olhos- Aproveitem que ele e os irmãos não vão vir no casamento, nos conte tudo!
—Deuses, que situação desconfortável!- Brunna reclamou- Vocês são meus amigos, e eu adoro vocês, mas eu gostaria de não dar detalhes sobre o que aconteceu entre a gente.

Aconteceu um ar de expectativa entre nós. Brunna suspirou:

—Mas respondendo a dúvida do povo, sim, nós nos beijamos. Eu gostei. Ele também. Mas não foi nada demais. Não é como se a gente namorasse agora ou eu já tivesse preparado nosso casamento na cabeça.

—Pessoal, vocês finalmente estão aqui.- Igor apareceu, ajeitando o chapéu branco na cabeça.

—Você tá bem, cara?- Perguntei, olhando pra ele- Parece que está prestes a desmaiar.

—Ah, eu estou bem.- Ele suspirou, e então olhou pra gente- É mentira. Eu estou desesperado. Eu estou prestes a casar com uma Sakamaki! Tem noção de quanta pressão isso é?

—Eu nunca pensei que fosse ver o Igor pirando na minha vida.- Lua comentou.- Ele é tipo, um galã tranquilo.

—Eu não entendo o problema.- Victoria pareceu confusa- Você e a Lilith se amam, estão noivos a um ano e tem um filho! Vocês precisam de mais prova de amor que isso?!

—Esse é o problema. Estamos noivos a um ano. Mas nosso relacionamento é de um ano e quatro meses.- Igor desabafou.

—Pera aí, você pediu a Lilith em casamento com quatro meses de namoro?!- Priya estava abismada- Eu juro que estou tentando, mas não sei o que opinar em relação a isso.

—Sem ofensas, mas se um cara me pedisse em namoro com quatro meses de namoro eu ia socar a cara dele e talvez terminar.- Nikki estreitou os olhos- Mas que bom que ela aceitou.

—Tudo está acontecendo rápido entre nós.- Igor continuou- Estamos no meio do festival do tio dela, temos centenas de pessoas na lista de presença, um filho pra cuidar. E ela é uma mulher poderosa. Coisa que eu amo sobre ela. Mas se ela decidir que não quer se casar comigo, ela vai fugir daqui NUM SEGUNDO.

—A Lilith é uma mulher honrada, nunca faria isso.- Jackson disse- Além disso, cara, ela te ama. Confia na gente, ela vai aparecer, vai se tornar sua esposa, e vocês dois vão ser felizes pra sempre.

—Exatamente.- Sarah riu- Então só relaxa.

—Ok. Relaxar. Eu consigo fazer isso.- Igor foi até o altar, respirando fundo.

—A cada casamento que eu vou, menos vontade eu tenho de me casar algum dia.- Sofie parecia desapontada.

—Eu também.- Brunna concordou- Casamento era pra ser um ato de amor verdadeiro, uma promessa da eternidade! Agora é só... um caminho pra dividir contas, parar com a pressão da família ou pra cuidar de uma criança não planejada!

—Vocês falando assim, parece que não acreditam no amor.- Revirei os olhos- Só porque nós, maioria dos humanos e todos os vampiros estragaram o conceito de casamentos, não significa que TODOS os casamentos sejam horríveis.

—Nós somos filhas de uma mulher que casou três vezes, você me jura que somos as melhores pessoas pra falar sobre o quanto o casamento é o símbolo de um amor eterno?- Victoria se virou pra mim.

—Sobre o que diabos vocês tão falando?- Kanato apareceu de repente.

Percebi então que os garotos haviam chegado, de terno e tudo.

—Ah, nada demais, só sobre as nossas expectativas amorosas sendo completamente destruídas.- Lua riu.

—Como... assim?- Ayato pareceu não entender.

—Não as encoraje, POR FAVOR.- Sol pediu.- Elas devem estar a uns cinco minutos falando sobre como o amor é irreal e provisório.

—Vocês falando que amor não existe? Agora sim eu vi de tudo- Subaru reclamou.

—Estamos tentando encontrar um meio-termo- Sarah deu de ombros- Alguns amores e casamentos são um lixo, a minoria é o relacionamento dos sonhos. O que opinar sobre isso?

—Sh, fiquem quietos!- Sol ordenou e se levantou- Já vai começar.

Sol estava certa. Uma música já estava sendo tocada no violoncelo, algo parecido com uma marcha nupcial. Os meninos entraram nas cadeiras, e permaneceram em pé ao nosso lado. Logo também nos levantamos, assim como o restante dos convidados.

Enquanto a marcha nupcial tocava, as grandes poetas douradas do salão se abriram e revelaram Mun com uma cesta cheia de pétalas de flores, que ela ia jogando por todo o corredor.

Quando Mun chegou até o altar, Igor deu um beijinho na testa dela e uma risada, e ela ficou toda alegre. Logo, ela correu até nós e sentou no colo de Reijii, toda sorridente.

Um tempo depois, outra figura apareceu na frente da porta.

Lilith estava usando um vestido longo e armado branco, com detalhes em renda e mangas longas. Um véu bordado que chegava a arrastar no chão e cobria seu rosto parecia andar atrás dela como se fosse um ser próprio. Em sua mão, havia um buquê de tulipas em diversas cores.

Quando ela passou, percebi que por trás do véu, trocou um olhar encorajador com os seus primos. E lentamente, ela acabou chegando no altar.

Assim que chegou frente á frente com seu noivo, ele tirou o véu de seu rosto e beijou sua mão direita, sussurrando discretamente algo que a fez sorrir docemente.

—Ai meu deus, que vestido fabuloso!- Daayene sussurrou, parecendo prestes a ter um ataque.

O mestre de cerimônias pigarreou, fazendo todos os convidados sentarem novamente.

—Estamos aqui reunidos.- O mestre começou- Pra celebrar a reunião de Lilith Sakamaki e Igor, lobo alfa dos Alphabetta. Duas almas apaixonadas, ligadas por uma conexão e um laço profundo de devoção que deve durar pelo resto de seus dias. Estamos aqui pra torcer e esperar que essa união traga felicidade nos corações, que os herdeiros providos dessa relação sejam futuros seres mágicos que tratam a paz  á rivallidade dos reinos.

—Até os votos deles são melhores que os nossos.- Ouvi Victoria reclamar pra Reijii, que riu e apertou a mão dela.

—Você, Igor, lobo alfa da Alphabetta, aceita Lilith Sakamaki como sua legítima esposa por toda eternidade?- O velho perguntou- E aceita a proteger e apoiar durante todos os seus dias?

—Aceito.- Igor respondeu, surpreendente rápido.

—E você, Lilith Sakamaki, aceita Igor como seu legítimo esposo por toda a eternidade, e aceita o acompanhar e o amar por todos os seus dias?- O velho proclamou, e vi Victoria deitar sua cabeça no ombro de Reijii ao meu lado, sorrindo quando viu um anel sendo realizado pelo dedo da Sakamaki, que disse num sorriso:

—Aceito.

—Então, o casal tem a permissão de se beijar. E eu finalmente os declaro marido e mulher- O velho disse novamente, e não demorou muito pra Igor selar os lábios de ambos.

—Só eu que odeio casamentos?- Shu bufou de repente.

—Shh, você tá estragando o momento.-Sol o repreendeu.

Todos os convidados começaram a aplaudir quando Lilith e Igor passaram pelo corredor juntos, sorrindo.

—Isso aí!- Mun comemorou, e Ayato revirou os olhos:

—Foi mais ou menos. Se fosse meu casamento, vocês iam ver, ia ser bem mais demorado e glamouroso que isso.

—Primeiro você arruma uma mulher que vá ser louca a ponto de casar com você.- Sofie bufou- Depois você reclama do casamento da sua prima.

—Agora acabou né?- Subaru ajeitou a gravata com certa raiva- Podemos ir pra casa?

—A gente mal começou, meu querido.- Eu me levantei- Agora temos que ir pra festa.

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A festa foi cerca de uma hora depois da cerimônia. Chegando em uma outra parte do salão, os meninos já se sentaram em uma fileira de cadeiras que estavam registadas na parede, o que me fez revirar os olhos.

—Mun, o que você acha da gente dar uma volta pelos jardins?- Yui então se ajoelhou até ficar no nível da criança.

—Nos jardins?- Mun pareceu confusa.

—É, os jardins daqui são cheios de flores bonitas e fofas, que nem você!-Jackson ficou do lado de Yui- E é bem mais bonito e legal do que aqui dentro!

Mun não demorou mais de cinco segundos antes de começar a pular:

[09:57, 3/8/2019] Cecilia ❤: -Sim! Sim! Sim!

Despedi dos dois enquanto os via levar Mun pela mão pro lado de fora do salão. Vi que Sol e Mao foram atrás, se despedindo de nós com um aceno de mão.

—Meninas!- Lilith chegou perto de nós, ainda em seu vestido.- Vocês conseguiram vir!

—Como se fôssemos perder o seu casamento!- Sarah bateu palmas- É tipo, provavelmente o melhor evento do ano!

—É, e com certeza é melhor e mais verídico que o casamento da Vic.- Lua deu de ombros- Sem ofensa, mana.

—Que isso.- Victoria não pareceu se importar.

—Estou muito feliz que vocês todos vieram!- Lilith parecia genuinamente feliz.- Queria trazer Oliver pra vocês os verem de novo, mas parecia perigoso trazer meu filho pro meu casamento na frente de todos esses lordes e ladies.

—É um casamento bem...- Brunna parecia não ter palavras- Você.

Lilith riu:

—Eu sei. Principalmente considerando que planejamos em pouco tempo, apesar de estarmos noivos a quase um ano. É uma pena que não pudemos ter a honra dos Alphabetta aparecerem por aqui. Eles não são muitos fãs do reino vampiro, eu acho.

—Não estou nem um pouco surpresa.- Priya suspirou baixo.

—Enfim, espero que se divirtam!- Lilith se despediu de todos nós, e logo saiu andando pra cumprimentar as outras pessoas.

—Então... O que vocês querem fazer?- Victoria perguntou- Considerando que no meu casamento a única coisa que eu fiz foi dançar uma valsa com meu marido e comer fondue, eu quero fazer mais coisa do que isso!

—Que pena, porque dançar e buffet parecem ser as únicas coisas interessantes num casamento vampiro.- Daayene deu de ombros- Bem, eu sei que eu vou dançar!

—Desde quando você sabe dançar valsa?- Brunna arqueou as sobrancelhas.

—Quem disse que eu preciso dançar valsa?- Daayene riu- Vem, vamos agitar essa festa.

As Hudison então correram até a parte mais vazia do salão, onde vários casais dançavam juntos. Elas então começaram a fazer passos aleatórios sincronizados, rindo muito enquanto isso.

—Eu vou comer.- Sofie suspirou- Alguém tá comigo?

—Eu.- Nikki levantou a mão- Sério, essa palhaçada toda me deixou faminta.

—Então eu também vou.- Sarah ajeitou o vestido- Quem sabe tenha fondue aqui.

—Eu bem que gostei daquele fondue...- Lua sussurrou.

—Podem ir.- As encorajei, sentando numa cadeira perto de uma mesa- Tô cansada, vou ficar aqui um pouco.

Minhas irmãs todas foram na direção do buffet. Vi elas ficarem experimentando e apontando pra diversos docinhos e outras comidas que pareciam chiques, e elas rindo quando alguma coisa acontecia.

Percebi que elas chamaram as Hudison para experimentar alguma coisa que todas pareceram gostar, e vi as Hudison as arrastarem pra pista de dança depois.

Dei uma risadinha também.

Olhei pra trás, e praticamente tive medo quando vi o jeito que os meninos estavam olhando pras minhas irmãs.

—Posso saber por que os senhorios tão de olho nas minhas irmãs desse jeito?- Arqueei a sobrancelha, e eles foram rápidos em desviar o olhar. Subaru retrucou:

—Uh, como se eu estivesse olhando pra Lua. Até parece.

—Eu nunca falei que você estava olhando especificamente pra Lua.- Dei um sorriso de canto- Sei que minhas irmãs são lindas e maravilhosas, mas vocês não são nada disso nem perto. Então nasçam de novo antes de pedirem minha benção pra namorarem com elas.

—Por que nós pediriamos sua benção?- Ayato disse com desdém- Claro, só na situação hipotética de querermos ficar com elas.

—Você nem sabe o que hipotética significa- Shu resmungou, revirando os olhos.

—E eu sou a irmã mais velha, ou seja, ninguém casa até eu aprovar. Tirando a Victoria. Reijii, você só tem sorte.- Servi ponche pra mim- Boa sorte na corrida, apesar disso. Elas não são fáceis de conquistar.

—A GENTE JÁ TE DISSE QUE NÃO ESTÁVAMOS....- Kanato brigou.

—Tá, e eu sou o Papai Noel! Ho ho ho!- Ironizei- Agora, se me dão licença, vou pegar uns salgadinhos.

Corri até as minhas irmãs, e já cai na risada:

—Os meninos tavam olhando pra vocês. Boa sorte com eles.

—Pera aí, olhando?- Victoria segurou um sorriso- Olhando de que jeito?

—Do jeito "olha aquelas meninas lindas e maravilhosas que eu nunca vou conseguir ficar porque sou um lixo vampiro."- Respondi, e Victoria teve que tampar a boca pra não cuspir o ponche com a risada.

—Credo.- Nikki resmungou- Como se eu fosse ficar com algum deles.

—Aham, e você não ficaria- Priya arqueou as sobrancelhas- Com certeza. Todas nós acreditamos nisso, Nikki.

Nikki a deu um tapa fraco.

—Você disse alguma coisa pra eles?- Lua pareceu preocupada- Eles tão olhando pra cá bem preocupados.

—Só que eles precisam da minha benção antes de tentarem alguma coisa com vocês.- Eu disse- Não se preocupem. Sou difícil de agradar.

—Eu acho que você que deveria se preocupar.- Sofie me falou- Laito está olhando pra você desde a cerimônia.

—É. Tipo, de um jeito bem sexy, só que ainda é bizarro, porque é do Laito que estamos falando.- Brunna completou.

Consegui com dificuldade não ficar vermelha:

—Pfft. Se eu for ficar com o Laito, vai ser coisa de uma vez só e vai ser se eu quiser.

—Então você está cogitando a possibilidade de ficar com o Laito?- Sarah se assustou- Caramba. Dois anos atrás, você teria berrado e pirado sobre como você não ficaria com alguém da laia do Laito.

—O que posso dizer?- Sorriu- Sou uma mulher, tenho desejos.

—Não é assim que funciona.- Anna pareceu suspeita.

—O que não funciona?- Haruka apareceu detrás de nós de repente, com suas irmãs ao lado.

Cousie tinha os cabelos presos num coque, além de brincos e um colar de brilhante e um vestido azul escuro longo com uma grande transparência na frente. Eliza usava um vestido prata e preto bem liso e mais justo ao corpo, além dos cabelos agora castanhos claros soltos e olhos azuis.

Já Haruka tinha os cabelos no degradê de azul soltos e ainda molhados, e um vestido azul claro com o corpete todo de bordado branco. Sua cabeça era enfeitada por um diadema prateado.

—Da onde vocês surgiram?- Daayene questionou.

—Vocês deveriam estar aqui?- Victoria perguntou também.

—Surgimos da porta, obviamente.- Cousie respondeu, séria como sempre.- E não, não deveríamos estar aqui. Nem fomos convidadas. Mas soubemos de um casamento da menina Sakamaki e resolvemos nos infiltrar, já que sabíamos que vocês estariam aqui.

—Uau, vocês são quase stalkers.- Sofie ironizou- Meus parabéns.

—Não é stalkear. Vocês são nossas parceiras de negócios, e nós vamos onde vocês vão.- Eliza explicou suavemente.

—Tenho quas certeza que essa é a definição de stalkear.- Brunna pareceu suspeita.

—Só dá pra vocês serem discretas?- Nikki pediu- Não contamos pros garotos quem vocês são nem nossa relação com vocês, claro. E seria péssimo se eles descobrissem aí.

—Ah, eles são idiotas.- Cousie revirou os olhos- São mais capazes de acreditarem que somos suas amantes do que uma família que aspira o poder e que por coincidência também é quase casada com os Fundadores, que são ironicamente inimigos deles.

—Existe alguém nesse mundo que não é inimigo dos Sakamaki?- Sarah questionou exausta.

—Mas o que vocês queriam aqui?-  Priya perguntou.

—Ficar de olho em vocês, claro.- Haruka respondeu- Só porque os meninos são burros, vocês não precisam fazer idiotices também. Principalmente se eles estiverem envolvidos.

—Uma hora você fala pra manipular eles, outra diz que é idiotice nos envolver com eles?- Lua reclamou- Qual é a de vocês, sério?

—Uma coisa é eles acreditarem em você e seguirem vocês cegamente.- Cousie explicou- Outra é eles amarem vocês. Principalmente se vocês corresponderem o sentimento.

—Muito obrigada pela aula, mas eu acho que quem sabe de quem posso gostar ou não sou eu mesma.- Victoria pareceu irritada. E eu também:

—Exato. Só porque vocês três são uns pedaços de amargura que nunca amaram ninguém, não tentem nos dizer o que fazer com nossos sentimentos.

—Amor é uma fraqueza.- Haruka se defendeu- Como acha que KarlHeinz chegou a ser o homem mais poderoso dos quatro reinos mágicos? Ele não ama. O amor é a morte do dever.

—Eu não acredito nisso, mas...- Eliza começou a falar, mas foi interrompida por sua irmã mais velha:

—Essa carta era pra ser entregue para Lilith, mas roubamos.

—Claro, por que não roubar?- Brunna ironizou, de olhos revirados.

Peguei o envelope que as Creedley haviam me entregado e abri. A letra era meio garranchuda e estranha, mas li alto o suficiente para que só as meninas me escutassem.

"Entre as danças, as valsas

Os cavaleiros, as damas

Existe uma de nós perdida.

Sem ser descoberta

Seu sangue não mente

Nem seus sonhos mais dementes.

Até a meia noite do dia 31,

Ela deve se juntar a nós

Ou o mundo corre perigo de se desmoronar e tudo acabar"

—É o que?- Lua questionou.

—Olhe o selo.- Eliza apontou pra um símbolo vermelho de fogo em cima de tudo no papel- É o símbolo dos profetas.

—Então...- Comecei- Aqui no meio desse casamento, tem uma profeta que ainda não foi totalmente descoberta. E até um certo dia ela deve se juntar a eles ou o mundo vai acabar.

—Estranhamente confiável.- Priya pareceu admirada.

—É... Nem me fale...- Daayene parecia estranha, e então puxou Lua pela manga- Posso falar com você em particular?

Lua pareceu confusa:

—...Sobre?

—É particular, dã!- Daayene riu, mas não me pareceu muito verdadeiro.

E então a garota de vestido rosa puxou minha irmã pra longe.

Sem que eu notasse muito, as meninas foram se dispersando para irem pra lugares diferentes. Me dirigi até o bar, e pedi o primeiro drink que achei.

—Nunca te imaginei como o tipo que fica bêbada em casamentos, Bitch-chan~-  Ouvi a voz de Laito enquanto ele se sentava do meu lado.

—Não vou ficar bêbada- Revirei os olhos- Tenho auto-controle, diferente de você e seus irmãos.

Ele não pareceu ficar ofendido pela minha resposta. Pelo contrário, Laito deu um sorriso na minha direção. Não pude deixar de cair na risada.

—O que?- Agora ele parecia confuso.

—Você vai mesmo continuar a me olhar desse jeito?- Dei um gole na minha bebida.

—De que jeito?- Laito parecia confuso.

—Como se eu fosse um cubo mágico muito sexy.- Eu sugeriu, arqueando as sobrancelhas.

Ele segurou a risada:

—De todas as coisas do mundo, um cubo mágico não é o que eu usaria pra me referir a você, Marie.

Me senti ficar levemente surpresa pela menção do meu nome de verdade, e dei um sorriso sincero. Era uma surpresa boa, pelo menos.

—Nem se fosse sexy?- Me fingi de ofendida- Você falar que eu não sou sexy é a surpresa do ano. Devo chamar o hospital pra te salvar?

Laito estalou a língua:

—Você é sexy e é difícil de entender que nem um cubo mágico, se é isso que você queria ouvir.

Fiquei um pouco vermelha de ouvir isso, e me xinguei mentalmente. Recuperei-me rápido.

—Você tá diferente hoje.- Eu disse, curiosa- Algum bicho te mordeu?

—Ser lindo e sedutor toda hora é cansativo- Laito brincou, rindo- Você devia saber disso.

Me senti inconscientemente morder o lábio inferior:

—É claro.

Passamos alguns segundos num silêncio agradável.

—Eu nunca gostei de casamentos.- Laito desabafou do nada- O da minha prima não é tão ruim. Mas sempre odiei casórios em geral. O da Vic, e todos os outros que eu fui.

—Por que?- Perguntei.

—Porque... casamentos são só uma forma idiota que os humanos criaram e as raças mágicas se apropriaram de usar o “amor” como desculpa de dividir tudo que você tem com o outro.

—Então você acredita que casamentos só servem pra dividir conta?- Eu ri, e ele deu um sorriso- Não somos mesmo as melhores pessoas pra acreditar no contrário, né? Seu pai e minha mãe casaram três vezes.

Assim que eu disse isso, a porta se escancarou e revelou KarlHeinz.

Ele usava um traje vermelho, cuja capa chegava a arrastar no chão. Seus cabelos brancos longos permaneciam impecáveis, e seus olhos haviam mudado pro dourado.

—Por falar no capeta...- Murmurei, percebendo como todos os convidados se curvaram perante ao rei. Ele riu:

—Ora, não precisam de toda essa formalidade. É o casamento da minha sobrinha, podem comemorar!

Ele pegou uma taça de vinho e estendeu ao alto, e todos os convidados os seguiram. Lilith se meteu na frente do tio.

—Titio.- Lilith deu um sorriso falso- Você não foi convidado.

—Essas são as melhores festas, minha querida sobrinha- KarlHeinz sorriu e beijou a mão de Lilith, antes de empurrá-la pro peito de Igor- Cuide bem dela. Talvez assim ela aprenda a não ser uma pirralha.

Igor parecia prestes a defender sua agora esposa, mas KarlHeinz foi amontoado por dezenas de mulheres antes dele ter a chance.

Passados alguns minutos, KarlHeinz afastou as mulheres e se meteu entre eu e Laito no bar.

—A quanto tempo não vejo vocês dois!- O rei disse, se fingindo de descolado e simpático com uma mão nos meus ombros e a outra nos de Laito- Se divertindo?

—Suuuuper.- Eu ironizei, dando um sorriso falso.

—Que bom, pois tenho ótimas notícias.- KarlHeinz se esgueirou pra ficar mais próximo de nós.- Estava pensando em criar mais um noivado, o que acham? Do tipo que fiz com Victoria e Reijii.

—Acho uma ideia terrível, mas continue.- Laito também fingiu um sorriso.

—Digamos que talvez Victoria não seja... apta para a tarefa que lhe atribui como eu pensei.- Ele então caminhou seus dedos até meu pescoço- O que acha, Senhorita Herbert.

—Sinceramente, eu acho que você está certo.- Me virei pra ele- Nenhuma de nós é apta pra qualquer experimento maluco que você queira fazer, então por que não nos deixa em paz?

—Por que está nervosa?- KarlHeinz se fingiu de chocado.

—Ah, sei lá, talvez porque um vampiro velho e maluco esteja me enchendo o saco desde o dia que eu botei os pés na minha casa, e queira me oferecer pra um dos velhos malucos que eu divido a casa.- Eu revirei os olhos, e então me virei pra Laito- Nada pessoal.

Laito deu de ombros como se não se importasse.           

—Na verdade...- KarlHeinz voltou a encostar em mim, e eu nunca senti tanta vontade de socar alguém até matar.- Eu estava pensando em tomar as rédeas nas minhas mãos, já que meus filhos não parecem as melhores pessoas pra... cumprir sua tarefa.

Respirei fundo pra tentar segurar o fato de eu querer praticar aquele desejo de socar uma pessoa até matar.

—Pai, por que você não vai cumprimentar os outros lordes e ladies que estão na festa?- Laito se levantou com um olhar que dava medo até em mim- Tenho certeza que eles vão amar ver o anfitrião do maior torneio da história da magia.

KarlHeinz olhou pra nós dois, antes de dar um sorriso de canto nojento:

—É claro.

E ele se afastou, deixando só sua capa vermelha se arrastando pelo caminho que ele fazia.

—Eu dava conta. Você não precisava fazer isso.- Dei um sorriso sem-graça e agradecido.

—Foi divertido~- Laito cantarolou, e eu nem liguei quando sua mão esquerda pousou sem nenhuma segunda intenção na minha coxa.

Eu e Laito ficamos um tempo conversando. E eu juro que a Marie de dois anos atrás ia bater com uma revista na minha cabeça se visse a cena. Ficamos próximos, fazendo piada com todas as coisas idiotas que as ladies e os lordes faziam naquele baile, rindo juntos. Dividimos um ou dois drinks.

Não fiquei surpresa em não ver o resto das minhas irmãs. Porém fiquei preocupada.

—Eu devia ir procurar as meninas.- Me levantei- Elas devem estar preocupadas.

Ajeitei meu vestido vermelho, e estava prestes a sair quando Laito segurou minha mão com tanta firmeza e delicadeza ao mesmo tempo que eu jurei que não era ele o dono daquela mão:

—Ei, suas irmãs estão bem. Elas sempre ficam bem, e mesmo quando não ficam elas se viram.- Ele se levantou e ficou perto de mim- É a primeira vez em três anos que nós passamos um tempo juntos sem você querer me matar.  E você merece se divertir mais.

Eu podia não querer matar Laito, mas eu definitivamente queria ME matar quando me senti ficar arrepiada e vermelha por causa de sua resposta.

Estava tão abobada que a única coisa que eu falei foi:

—...Ok...

E lá se passaram mais algumas horas. E eu respirava fundo a cada cinco segundos, tentando ignorar meros detalhes idiotas como o jeito que eu estava sendo CLARAMENTE amigável demais com Laito, ou como eu estava ficando vermelha a cada elogio que me dava.

Então eu tentei relaxar, sem fazer muita coisa.

Só tomei mais um gole da minha bebida, tentando fazer com que isso me distraísse.

E me distraiu. Até demais, eu diria.

—Você tem certeza que é uma boa ideia?- Perguntei pela quarta vez, terminando de subir os degraus da escada- E se nos procurarem?

—Então não nos acharão~- Ele cantarolou, me puxando pela mão e rindo.- Por favor, Marie, você nunca fez uma loucura assim?

—No casamento da minha prima?- Eu ri- Com certeza não, e prefiro não continuar fazendo.

Laito me ignorou, puxando uma chave da parede e abrindo um quarto:

—As damas primeiro.

Hesitei:

—Não sei...

Laito pegou minhas duas mãos, e beijou as palmas de um jeito que me deixou irracional, ao ponto de eu nem notar quão estranho era o tanto que ele estava me mimando:

—Se você não quiser, pode me empurrar...

E eu não resisti quando ele me puxou pra dentro do quarto alugado. Nem o impedi quando ele fechou a porta.

Muito menos quando ele me agarrou pela cintura e me beijou, porque eu sabia que eu queria tanto quanto ele.

O beijo era voraz, profundo e mais apaixonado do que qualquer coisa que eu já havia experenciado na vida. Senti minhas mãos passarem pelos fios de cabelo do ruivo, jogando seu chapéu pro chão e bagunçando suas madeixas.

Enquanto issos, seus longos e finos dedos passavam pela minha coluna e pelas pontas dos meus cabelos, causando calor e arrepios na pele onde ele tocava. Mordi o lábio inferior do rapaz, tendo que me afastar por motivos de falta de oxigênio.

Eu estava em um estado de êxtase tão grandioso que nem senti quando o Sakamaki me deitou na cama, deixando meus cabelos pra cima e começando a despejar beijos por toda minha clavícula e meu pescoço.

Ele arrastou as mangas do meu vestido pelos meus braços devagar, sempre repetindo o caminho do tecido com seus lábios. Eu o puxei novamente pro nível do meu rosto, e o beijei com mais força e fervor do que antes, enquanto minhas mãos faziam o trabalho de jogar seu colete e sua gravata no chão, desabotoando com dificuldade sua camiseta branca.

Me sentei na cama, e esperei que Laito viesse até onde eu estava. Nossos olhos se encontraram num momento único e estranho de uma vez só, e eu senti meu corpo todo arrepiar quando suas mãos frias se contrastaram com o resto do meu corpo já quente.

Laito puxou com delicadeza meu vestido pela cauda, deixando-o cuidadosamente no chão. Vendo meu estágio de vulnerabilidade, ele não demorou pra pegar minha mão e levar um dos dedos á sua boca, mordendo com tanta força que eu gani e contorci as costas com a dor.

Ele repetiu o processo com os outros dedos, antes de morder meu pulso e chupar o sangue por lá. Quando o puxei pra outro beijo, senti o gosto do meu próprio sangue e um gemido abafado vindo do garoto.

Eu voltei a me deitar na cama, saboreando o jeito que o rapaz traçava com os dedos minhas curvas, meu decote, minhas coxas e minhas pernas. Percebi que ele havia se levantado pra se despir de suas calças, mas continuei deitada de olhos fechados até sentir seus lábios nos meus pelo que parecia a décima vez.

Ele segurou minhas mãos acima de minha cabeça, e eu me senti tremer por não conseguir tocá-lo. Laito se afundou no meu corpo, como se necessitasse de me sentir por inteiro, e eu nunca me senti tão única e especial em 21 anos.

Seus lábios voltaram a beijar e mordiscar minha clavícula, deixando minha boca livre pra gemer livremente e contorcer minhas costas com a intenção de sentí-lo mais.

Isso é, até eu ouvir os gemidos que saíam de sua boca:

—C...cor...Cordelia...

Paralisei na hora, sem saber o que fazer com o garoto que estava beijando meu pescoço. Todo o calor e desejo do momento havia indo embora, e eu só consegui olhar pra ele com raiva:

—Do que foi que você me chamou?

Ele se sentou na minha frente rapidamente, parecendo relaxado demais.

—Marie, que isso...- Ele deu um sorriso, e tentou me puxar pra um beijo de novo. Me afastei.

—Do que foi que você me chamou?- Repeti com mais raiva ainda- Você me chamou de Cordelia, foi?

—Ah, que isso~- Ele, apesar de cantarolar, tinha um olhar preocupado- Não foi nada, só um errinho, você sabe disso...

—Talvez eu considerasse isso um errinho- Eu me levantei da cama, já ajeitando meu cabelo- Se você não tivesse acabado de gemer o nome da sua mãe enquanto estava na cama comigo.

—...Existem muitas Cordelias no mundo.- Laito ficou sério.

—Nossa, agora sim eu estou consolada.- Ironizei enquanto procurava meu vestido no chão- Eu sei lá se você fazia isso com as outras trezentas meninas que você transou, mas você chamar o nome de outra mulher me deixa mal.

Quando achei meu vestido e o desamassei, só olhei pra ele desolada:

—Por que? Por que sua mãe...

—Ela me ensinou a amar muito bem~~- Ele se levantou e foi até mim, beijando meu pescoço- Volta pra cama...

—A sua mãe...- Olhei pra ele chocada. Mas eu não conseguia aguentar quando eu via aquele sorriso nojento idêntico ao pai dele no rosto de Laito- Quando?

—Eu era um adolescente...- Laito pareceu confuso- Mas chega de perguntas... Eu sei que você me quer, Mah-chan~.

—Eu não sou nada pra você, né?- Vesti meu vestido rapidamente, e olhei pra ele me sentindo traída.- Nada. Nadica de nada.

Ele não respondeu, então continuei falando:

—Você só foi legal comigo hoje pra isso. Pra me levar pra cama. A menina que rejeita você a três anos. Seu ego deve estar tão inflado agora, que sabe que eu ficaria sim atraída por você.

Laito permaneceu em silêncio, seu olhar ficando sério.

—É desolador na verdade.- Eu segurei o choro. Não ia ficar pagando de donzela em perigo perto de um macho desses- Eu jurava que você só tinha parado de ser um idiota e começado a me valorizar porque me achava não só bonita e sexy, mas também capaz, independente, inteligente e forte.

Olhei pra ele enquanto terminava de me arrumar:

—Eu não vou ser uma que senta e acha que vai te consertar se eu aceitar o que você faz comigo. Se algum dia você quiser de verdade ficar comigo, você vai ter que aprender a me dar o respeito e me valorizar, e me tratar do jeito certo.

Dei as costas e abri a porta, mas não sem ouvir um frio:

—Então vá, Bitch-chan.

Não era cantarolado. Era frio. Sério. Assustador, quase.

E quando eu saí e bati a porta atrás de mim, eu deixei uma lágrima escorrer. Não só pela idiotice que eu havia feito ou pela ingenuidade de acreditar que pessoas mudam tão rápido. Mas também por talvez ter a resposta da pergunta que eu sempre pensei:
“O que fez ele ficar desse jeito?”


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam de tudo? Lilith e Igor casados, KarlHeinz causando, Laito e Marie tretados... O negócio tá feio
Não se esqueçam de comentar suas opiniões e teorias que eu amo ler ♥
Bye bye e até o próximo cap XD



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