Like a Vampire 3: Lost Memories escrita por NicNight


Capítulo 10
Capítulo 10- Rosemary


Notas iniciais do capítulo

Eaí genteee ♥ Tudo bem com vocês? E aí, já entraram de férias?
Eu já entrei,e já estou na bad porque saio de férias dia 23 hauehueheu mas não deixemos de escrever e postar por causa disso!
Enfim, boa leitura ♥



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Narração Brunna

Tudo poderia dar certo, se nada desse errado.

Aquela frase idiota continuava se repetindo na minha cabeça depois de Daayene ter falado ela pra mim, numa tentativa de me encorajar pela aventura que ia se seguir.

De algum jeito, havíamos conseguido convencer os meninos da nossa investigação ultra-secreta, e sobre como era importante que nós invadíssemos o castelo feiticeiro pra aquela investigação fazer sucesso. As Creedley também ajudaram, e elas eram bem convincentes e assustadoras quando queriam.

—Então o plano é- Sofie começou fazendo um esqueminha rápido em caneta vermelha num papel gigante branco que estava sob a mesa- Eliza vai nos levar até o Castelo Feiticeiro, e vai nos deixar na frente da entrada secreta perto da floresta...

—Isso mesmo!- Eliza agora tinha os cabelos castanhos cacheados que quase arrastavam no chão, e os olhos azuis.

—Ela vai mudar a aparência dela pra ficar igual á Princesa Alice, pra poupar de qualquer imprevisto. E vai guardar a passagem.- Sofie continuou- Eu, Brunna, Subaru e Ruki vamos entrar discretamente por esse túnel, que vai nos levar até a cozinha do castelo.  E então nós conseguimos entrar!

—Lembra daquela coisa que a Cousie falou.- Nikki interrompeu- De vocês descerem uma escada de madeira por trás da cozinha e chegarem nos subterrâneos do castelo.

—Por que eu me envolvi nesse plano?- Subaru grunhiu- Podiam ter arrumado QUALQUER um!

—Shu não estava nem um pouco interessado, Reijii deu a desculpa de estar preparando uma poção pra qualquer acidente que soframos, Ayato e Laito saíram daqui pra festejar e Kanato se trancou no quarto e ainda está berrando.- Sarah riu- Quem sobra?

—Além disso, sua linda habilidade de quebrar paredes pode servir pra alguma coisa.- Lua comentou.

—Eu não sei o que estou fazendo aqui, também.- Ruki suspirou.

—Você tem a parte de cérebro que falta em Subaru, e a parte vampira que falta em Sofie e Brunna.- Priya respondeu calmamente- Além disso, Yuma sumiu, Kou resolveu fazer um encontro com as fãs dele daqui, apesar de eu duvidar que isso seja verdade, e Azusa também está no quarto.

—Vocês tem certeza que esse plano é seguro?- Marie questionou.

—Pela vigésima vez, Herbert, sim.- Cousie revirou os olhos- Eu e Haruka bolamos ele.

—E eu também.- Revirei os olhos- Obrigada por não me citar.

—Mas Marie está certa em se preocupar!- Victoria retrucou- Vocês não acham que o castelo deve estar cheio de guardas?

—A Guarda Real veio com os três Rosemary aqui.- Haruka respondeu- O máximo que deve ter lá são uns... 10 guardas. Mas eles provavelmente vão estar bêbados ou dormindo, então nenhum problema.

—Uau, que otimismo lindo o de vocês- Reclamei em voz alta.

—Isso é otimismo- Cousie revirou os olhos- Mais chance pra vocês investigarem os Rosemary. E aí, vocês vão ou não?

Troquei um olhar com Subaru, Ruki e Sofie. A Herbert suspirou:

—Só vamos logo.

—________________________________________________________

Admito, o Castelo Feiticeiro era duplamente mais grandioso do que eu podia sequer imaginar.

A grama ao redor era verde, com flores de todas as cores possíveis. Eu sentia um cheiro surreal de maçãs e algumas outras frutas, além do aroma de terra molhada. Olhando pra frente e seguindo mais o caminho de terra, eu conseguia ver cada vez com mais detalhes a grandiosa construção de pedra.

O Castelo parecia ter quase quinze andares, tinha os tetos recém pintados de azul além de um estandarte de uma fênix dourada impressa num tecido azul pendurada numa das torres. Não pude deixar de escancarar a boca com a visão.

—Feche a boca, Hudison.-Ruki disse, empurrando meu queixo pra cima- Nunca viu um castelo antes?

—Não desse tipo!- Retruquei- A Família Rosemary tem um castelo que equivale á... sei lá, dois castelos vampiros!

—Eles costumavam ter dois castelos- Eliza explicou enquanto íamos chegando cada vez mais perto.- Mas um deles foi queimado e nunca mais reconstruído.

—Como queimaram um castelo inteiro?- Subaru questionou- Por acaso são idiotas?

—Dizem que um forasteiro queimou- Eliza respondeu- Uma tragédia. Imagina quanta história podia ter lá dentro...

—Tudo desses feiticeiros é “dizem”, “diz a lenda”...- Sofie suspirou- Não tem alguma coisa aqui que seja comprovada?

—A Família Rosemary queimou todas as bibliotecas do reino.- Eliza deu de ombros- Dizem que existe uma maldição que o sangue deles rogou por aqui, que todo tipo de conhecimento fosse apagado. É por isso que os profetas daqui são ou exilados ou obrigados a viver em silêncio. Eles não buscam ninguém, as pessoas que tem que ir até eles.

—O que os profetas fazem, afinal?- Subaru perguntou, mexendo no colar de rosa vermelha.- Além de profetizar as coisas, claro.

—Depende do que você procura- Eliza sorriu suavemente- Você pode querer ter visões, ouvir profecias, virar um deles... Ah, chegamos!

Eliza então se abaixou, se metendo por baixo de uns arbustos encostados no castelo e mexendo em alguma coisa, e eu me peguei pensando em quão sortuda eu era de estar na presença de três pessoas relativamente maduras. Imagina os comentários que eu ia ser obrigada a escutar se Ayato, Laito, Kou ou Yuma estivessem aqui vendo Eliza naquela posição?

—Prontinho!- Eliza de repente se levantou, limpando seu vestido de folhas e então passou a mão pelos cabelos e ficando automaticamente igual á Princesa Alice- A entrada está aberta, vocês podem ir!

Subaru e Ruki ficaram olhando pra ela meio assustados.

—Como você consegue fazer isso?- Ruki questionou.

—Não importa. Agora vamos.- Sofie disse, puxando os arbustos e entrando primeiro que todos no pequeno túnel.

Dei de ombros pros garotos e a segui, e logo senti que eles também vinham logo atrás.

O túnel era tão baixo que precisávamos ir agachados, e tão estreito que qualquer um se sentiria claustrofóbico. Assim, definitivamente não fora feito pra quatro pessoas.

—Não tem como vocês duas andarem mais rápido não?- Subaru grunhiu atrás de mim- Quero sair logo daqui.

—Não me apressa que eu não gosto.- Senti Sofie reclamar- Não tem como andar mais rápido aqui, você percebeu como que isso é estreito?

—Eu nem devia estar aqui...- Ruki suspirou.

Passamos mais um tempo engatinhando em silêncio, até Sofie bater em alguma coisa que ricocheteou:

—Espera, acho que chegamos.

Escutei barulhos de esmurradas, e imaginei que Sofie estivesse tentando abrir alguma lataria. Quando escutei barulho de algo caindo no chão, Sofie respirando de alívio e então saindo do túnel, percebi que realmente havíamos chegado.

Saí do túnel com ajuda de Sofie, e nós duas puxamos os meninos pra eles também ficarem de pé. Como estava no plano, havíamos parado na cozinha do castelo. Um cheiro incrível de frutas passava por ali, e eu senti meu estomago roncar de fome.

—Quando foi a última vez que você comeu?- Ruki questionou, ajeitando a gola da minha capa preta.

—Ontem.- Suspirei. Quando os três me olharam assustados, eu revirei os olhos- Não consigo comer quando comer fico nervosa! Sem julgamentos!

—Nenhum, amiga.- Sofie colocou a mão no meu ombro- Agora, precisamos achar as escadarias que ficam atrás da cozinha, que nem Cousie nos aconselhou.

Subaru e Ruki apenas pareceram estar reclamando mentalmente, pelo jeito que bufaram e reviraram os olhos. Acho que eles não estão 100% acostumados com terem duas meninas humanas mandando e desmandando neles.

Bem, eles que se acostumem.

Eu e Sofie fomos na frente, dando a volta pela cozinha e acabando num quarto pequeno e vazio, de paredes brancas e chão de madeira. Bem no centro, havia uma escada de madeira velha em espiral que descia.

—Sério, qual o problema desses povos mágicos com escadas em espirais?- Eu suspirei- Tem uma dessas na Mansão Sakamaki, na Mukami e agora no Castelo Rosemary? O que uma escada em espiral significa? A repetição e inutilidade da eternidade?

—Na verdade não significa nada.- Ruki comentou, e eu quis bater na cara dele.- Mas é uma forma original de ver os fatos.

—Então toda mansão mágica só tem uma escada em espiral porque é elegante e chique?- Arqueei as sobrancelhas pro Mukami.

—Você acha escadas em espiral elegantes e chiques?- Ruki me questionou.

—Talvez eu ache.- Dei de ombros.

—Talvez então tenham essas escadas para atraírem garotas como você.- Ruki disse com ar de superioridade, nem olhando pra mim.

—Claro, nada mais atraente do que encarar uma escada que dá voltas minutos antes de eu ser levada pra uma câmara de tortura.- Revirei os olhos.

—Se vocês dois continuarem flertando agressivamente sobre escadas em espirais, eu juro que vou socar vocês.- Sofie interrompeu nossa conversa.

—Eu ajudo.- Subaru bufou.

Fiquei calada de primeira, e então comecei a descer as escadas.

Me ansiei pelas descobertas que podíamos ter por lá a cada passo meu, que levava a um estrondoso rangido da madeira embaixo dos meus pés.

Passei a mão pelo corrimão, percebendo que minha mão ficara suja de poeira assim que a tirara.

Quando eu e Sofie chegamos no primeiro degrau, senti um calafrio percorrer cada vértebra da minha coluna. O lugar era frio e feito de pedras pelas paredes e chão. Também seria completamente escuro se não fosse por algumas tochas presas á parede.

Nós duas trocamos um pequeno olhar e um sorrisinho fraco enquanto Sofie pegou uma das tochas da parede e começamos a andar pelo caminho aberto pela esquerda.

—Não acha que é melhor um de nós dois fazer isso?- Ruki perguntou rispidamente- Não quero ouvir você chorando quando queimar sua mão.

Sofie arqueou uma das sobrancelhas:

—Você tá falando pra eu ter cuidado pra não queimar a mão? Eu?

—É um conselho, Herbert.- Ruki estreitou os olhos.

—Eu sou um drakon. Fogo não mata um drakon.- Sofie retrucou.

—Infernos, vocês falam demais.- Subaru bufou- Vamos andando logo, eu tenho mais o que fazer.

Dormir em seu caixão e socar paredes. Uau, que produtivo.

Andamos lentamente, um passo de cada vez. Eu sentia minhas mãos tremendo um pouco pela mistura de ansiedade com frio.

Um barulho de correntes na minha direita me fez pular de susto.

Sofie mirou a tocha na direção do barulho, só pra encontrar uma espécie de jaula minúscula na parede, onde estava um homem seminu de cabelos longos, pele avermelhada e machucada e corpo todo sujo, acorrentado e com uma mordaça entre os lábios.

Ao seus pés, havia um pequeno esqueleto.

Engoli em seco e continuei indo em frente.

Haviam várias jaulas com pessoas dormindo. Ou mortas. Não sabia realmente diferenciar elas. Passamos por uma jaula onde havia uma mulher grávida amordaçada e com os pés e mãos acorrentados num toco de madeira no meio do comôdo. Ela nos lançou um olhar desesperado e sem esperança.

—O que está acontecendo aqui...?- Eu sussurrei, quase pra mim mesma.

—Acho que acabamos de encontrar a câmara de tortura da Família Rosemary.- Sofie opinou, claramente tão ansiosa quanto eu.

—Interessante...- Ruki então se virou- É maior e parece mais útil que a câmara estúpida de vocês.

—Nossa câmara funciona muito bem, não precisamos de uma prisão particular.- Subaru revirou os olhos.

—Ninguém deveria ter um horror desses debaixo do seu próprio teto!- Eu briguei- É desumano.

—Ninguém daqui é humano, queridinha- Uma voz de mulher disse á minha esquerda- É por isso que ninguém liga.

Me virei pros lados, confusa:

—Quem disse isso?

—Fui eu.- Sofie iluminou a jaula da onde vinha a voz, revelando uma mulher velha, com olheiras debaixo dos olhos castanhos- Olha só o que temos aqui, quatro intrusos...

—Quem é você?- Sofie questionou- Por que você é a única daqui que não tem uma mordaça?

—Porque eu sou a única daqui que diz coisas que prestam pro rei.- A mulher deu de ombros.- Sou uma ex-profeta, amorzinhos.

—Você diz... profecias pro rei?- Questionei.

—Ah, não mais. Ele parou de me visitar depois que ganhou o trono quando seu pai morreu.- Ela respondeu- Mas já fiz profecias pra todo tipo de gente importante.

—Quem, por exemplo?- Subaru perguntou, desconfiado.

—Sua mãe, por exemplo- A profeta respondeu- Todas as esposas Sakamakis, na verdade. Tentei fazer pros irmãos da realeza, mas eles são muito desacreditados no poder da profecia. Se pelo menos ouvissem as coisas que eu posso falar sobre o passado, presente e futuro  deles...

—O que você falou pras esposas Sakamaki?- Sofie cerrou os punhos.

—E vocês acham que eu dou esse tipo de informação de graça?- A profeta riu- Eu sou uma profissional, amorzinhos, não uma amadora que faz essas coisas de graça.

—Quanto você quer?- Ruki então deu um passo á frente- Minha família e a de Subaru tem muito ouro. Daremos o que quiser.

—Ouro não me vale nada mais.- A profeta gesticulou pra sua jaula- Mas tem algo tão valioso quanto que vocês podem me dar...

Estreitei meus olhos:

—Você quer sua liberdade.

—Melhor do que ouro, não é mesmo?- A profeta sorriu- Não lhes custa nada.

—Fale as profecias primeiro.- Subaru insistiu- Não te libertaremos até então.

—Como saberemos que você não está inventando o que fala?- Sofie perguntou.

—Eu nunca esqueço das coisas que falo, talvez esqueça as perguntas, mas nunca as respostas. – A profeta justificou- Tenho um juramento de sangue. Nada que eu falo pode ser mentira, ou morro.

—Então pode começar.- Ruki ficou do meu lado, e eu dei um olhar agradecido pra ele.

—Pra Beatrix, a primeira esposa... Não me lembro sua pergunta. Mas me lembro do que a disse- A profeta começou- “Quando tudo estiver perdido e nada mais lhe importar, o irmão mais novo colocará as mãos em tua pálida garganta e estrangulará tua vida fora.”.

Engoli em seco. Tenho certeza que a mãe de Shu e Reijii se arrependeu de conversar com uma profeta depois disso.

—Cordelia me perguntou se seria rainha um dia.- A profeta lambeu os lábios- A respondi “Será sim rainha. Mas então chega outra, mais jovem e mais bela. E ela lhe tira tudo que lhe é querido.”

Percebi Sofie mordendo o lábio em nervosismo puro.

—E Christa me perguntou se ela e o seu futuro marido teriam filhos.- A profeta finalizou- Eu disse que não. “Seu marido terá nove filhos. Você terá um. Branca será sua coroa. Branca será sua mortalha.”

Olhei pra Subaru, que parecia numa mistura de choque e raiva.

—Agora me soltem.- A profeta insistiu.

—Espera.- Sofie deu um passo á frente- Quanto custa pra você fazer uma profecia pra mim?

—Preciso apenas de um pouco do seu sangue. Tenho certeza que já está acostumada.- A profeta pareceu sorridente.- Vamos, machuque seu dedo e me dê para beber.

Subaru estendeu uma caixa de veludo para Sofie, que a abriu e revelou uma faca de prata. Sofie raspou um pedaço de seu polegar, deixando algumas gotas pingarem no chão.

Ela passou seu fino braço entre as grades, e a profeta pegou sua mão com a sede de um cão, e chupou seu dedo fervosamente. Quando a soltou, segurei a mão de Sofie pra certificar que ela estava bem. A profeta disse em tom rouco, olhando diretamente pra Herbert:

—Dizem que a rainha de fogo é beijada por gelo. Que o cabelo dela é como neve e que seu olhar é frio. Mas o sorriso dela conta uma história diferente. O sorriso dela é quente, como loucura no coração da mulher, e ela é a rainha que seguem para a guerra.E dizem que a rainha do gelo é beijada por fogo. Que o cabelo dela são como chamas e que seu sorriso é quente. Mas o olhar dela conta uma história diferente. O olhar dela é frio como selvageria em suas veias. Ela é a rainha por quem eles vão pra guerra.

Ela então passou a mão pelos lábios ainda sujos pelo sangue de Sofie:

—Só amor pode te matar. Deus abençoe.

Sofie recuou quase instantaneamente, e eu segurei seus ombros com minhas mãos com medo que ela desmaiasse.

—Como prometido. Vamos te soltar.- Ruki disse- A Patrulha nunca quebra uma promessa.

Dei um sorrisinho tímido na direção dele. Subaru então deu um passo a frente e praticamente arrombou a jaula á punhos.

A mulher saiu, manca:

—Diga á sua irmã Victoria que eu mando minhas lembranças á ela e seu filho.

—Direi.- Sofie já estava se virando pra ir embora.

—E também.- A mulher sorriu- Diga que será um prazer ver vocês duas e a outra irmã virarem rainhas das cinzas quando toda essa guerra acabar.

Sofie se virou pra trás, seus olhos brilhando de um jeito bizarro. Eu senti que Sofie queria avançar na mulher, mas Subaru a impediu com o braço:

—Não vale a pena, Sofie.

Eu a segurei pelos ombros, sinalizando com o olhar que Subaru estava certo. Ruki então olhou pra trás, da onde surgiu um barulho bizarro, e a mulher deu um sorriso:

—Eles vieram me... buscar.

—É o que?- Foi a única coisa que saiu da minha boca, já que aquela mulher parecia uma doida recém-saída do hospício.

—Eu acho que são...- Subaru começou, mas não tivemos tempo de escutar o resto, já que de repente uma onda de passos surgiu.

Conseguia ver sombras se aproximando. Poucas. Não, agora eram muitas. Melhor dizendo, dezenas e dezenas de pessoas se aproximando.

A pessoa que estava no meio usava uma capa vermelha, um homem pálido de cabelos claros e olhos inchados e avermelhados:

—LÁ ESTÃO ELES!

E numa questão de segundos, todas aquelas dezenas de pessoas começaram a correr na nossa direção. No meio do caminho, eles iam soltando vários prisioneiros, que se juntavam ao bando.

—Ok, agora eu acho que é a hora que a gente corre.- Sofie pareceu amedrontada.

—Você me jura?- Arregalei os olhos.

Começamos a correr nós quatro. Sinceramente, no meio do caminho me perguntei se não seria mais fácil os meninos nos teletransportarem pra lá, já que eles já conheciam onde era.

Mas sabem, não é muito fácil raciocinar nem falar sua ideia calmamente quando tem dezenas de malucos te perseguindo.

Entramos num caminho pela esquerda, nem sabendo pra onde  estávamos indo. Com certeza, não era pro caminho onde Eliza estava.

—Quem DIABOS são aquelas pessoas?- Subaru pareceu abismado.

—São profetas, é claro.- Ruki ainda teve a audácia de andar calmamente enquanto explicava. Eu quase quis bater na carinha linda dele por causa disso?

Espera, eu acabei de chamar o Ruki de lindo nos meus pensamentos?

Uau, gosto ruim pra homens realmente tá no sangue da minha família.

—Aquela maldita além de falar aquelas idiotices avisou os amiguinhos dela via bluetooth mental que tinham quatro bestas que tinham libertado ela só por causa de umas profecias!- Sofie brigou, quase consigo mesma.

—Você vai me falar que acreditou nas coisas que ela disse?- Subaru brigou com ela.

—Sabe, ela disse que eu ia morrer por amor. Olha só que lindeza, isso não é tão impossível!- Sofie estava realmente no meio de uma crise existencial- Existem pessoas que eu amo, e eu sou mortal, diferente de você!

—Mas ela disse profecias bizarras pra mãe do Subaru e a mãe dos outros...- Eu pensei- E também toda aquela coisa de “rainha do fogo” e “rainha do gelo”.

—Pensa comigo.- Sofie começou, a gente finalmente entrando num caminho mais escuro e difícil de nos encontrarmos- Aquela profetinha lá disse pra Cordelia que ela seria rainha por um tempo, até chegar uma mais nova e mais bela pra tomar o lugar dela e tudo que lhe fosse querido.

—Bem, Cordelia FOI a primeira esposa de KarlHeinz, o que faz dela rainha- Ruki pareceu compreender.

—Exato, e KarlHeinz se casou com DUAS mulheres depois dela.- Sofie estalou os dedos- Uma antes de Cordelia lhe dar três filhos, e uma depois. E até onde eu saiba, ambas eram mais novas e teoricamente mais bonitas do que a Cordelia. Quer dizer, pelo menos a Christa. Uau, eu realmente não sei muito sobre a Beatrix. Talvez seja por isso que eu não entendi o que a dela significa. Temos que questionar Shu e Reijii sobre isso.

—Melhor não. Eles odeiam falar sobre a mãe.- Subaru aconselhou.

—Bem, eu odeio sair em aventuras suicidas, ficar com fome e fugir de pessoas assassinas, e olha onde eu estou nesse exato momento.- Sofie revirou os olhos.

Touché.

—Enfim, e a da Christa?- Perguntei- KarlHeinz tem seis filhos legítimos, uma filha bastarda e de acordo com Mun mais um filho bastardo. Não me surpreenderia se ele tivesse mais um perdido por aí. O que dá nove.

—Eu não entendi o que ela disse pra mim- Subaru murmurou- Que minha mãe só teria um filho, verdade. Mas sobre a coroa branca e a mortalha branca?

—Você por acaso sabe o que é uma mortalha?- Ruki estreitou os olhos.

Subaru negou com a cabeça:

—Eu deveria saber por acaso, idiota?

Sofie deu uma risada nervosa:

—Não importa. É um mistério. Pode ser num sentido não literal, as profecias. Simbolizar uma coisa e não outra. Sempre acontecia em mitos gregos.

—Em mitos gregos nós aprendemos que quanto mais tentamos fugir de profecias, mais afundamos nela, não como interpretá-las.- A corrigi.

De repente, senti um berro sair da minha garganta quando senti duas mãos masculinas me seguraram pela cintura. Me debati contra seu peito até eu sentir que caí no chão de pedra, onde tentei me arrastar pra longe, mas o homem me agarrou pelos cabelos.

—EI, SOLTA ELA!- Ouvi Subaru berrar, e quase gritei “AGORA SIM ELE VAI ME SOLTAR, LINDEZA” pra ele.

O homem me puxou pelos cabelos, eu levantei a  minha cabeça e mordi sua mão com força. Ele berrou e me deu um chute no estômago, que me fez me revirar no chão.

—Solta ela.- Ouvi a voz assustadora de Sofie- Agora.

Olhei pra cima, e vi que o homem finalmente encarou a presença  nesse comôdo:

—Eu preciso dela.

Sofie então tirou a faca do Subaru de dentro do moletom, colocando bem perto do pescoço do profeta:

—Se você encostar um dedo sequer nela, eu juro que você não sai daqui vivo.

—E o que você pretende fazer comigo, garotinha?- O profeta deu um sorrisinho.

Sofie então pressionou a lâmina da faca no pescoço do profeta, enquanto sua outra mão segurava na dele, que estava presa em meu cabelo:

—Eu posso não ser tão assustadora quanto muitas das meninas que eu conheço. Mas eu sei brincar. E acredita em mim, quando eu resolvo brincar, eu pego pesado.

—Por favor, você não aguentaria.- O profeta revirou os olhos- Não é tão forte quanto pensa que é, Sofie Herbert.

—Você ficaria surpreso. Não é um profeta?- Sofie deu um sorrisinho- Deveria saber das coisas que eu já fiz, então...

—...É impressão minha ou as meninas sabem soar psicopatas quando querem?- Subaru perguntou.

Eu tentei me mexer, mas o profeta puxou meu cabelo de um jeito que me fez dar um gritinho.

Poxa, cabelo era golpe baixo.

—Eu te avisei.- Sofie deu um chute NAQUELE lugar no profeta, e quando o homem caiu no chão e me soltou ela segurou minha mão.- Ele é todo seu, Subaru.

—Pode deixar.- Subaru concordou- Alguma ideia do que fazer com ele?

—Só... faça ele sofrer bastante antes de morrer.- Sofie pediu e deu um sorrisinho- Te encontramos na entrada. Os gritos dele vão me irritar.

Subaru concordou com a cabeça, e negou quando Sofie lhe ofereceu a faca, estralando os dedos.

Ruki segurou a mão minha e de Sofie, e logo estávamos na entrada do jardim.

—O que aconteceu?- Eliza mudou pra sua aparência normal- Estava preocupada!

—É uma longa história- Suspirei, passando os dedos pelo machucado que estava do lado do meu olho- Resumindo, encontramos um cativeiro humano bizarro lá no subterrâneo. Achamos uma profeta. Ela nos deu umas... informações em troca da liberdade dela, o que nós fizemos, mas aí ela chamou os amiguinhos dela, eles queriam me pegar por algum motivo, um profeta mexeu comigo e com a Sofie, agora Subaru está tomando conta dele.

—De vez em quando tenho que concordar com minhas irmãs, vocês levam seu senso de honra tão a sério que chega a ser considerado burrice.- Eliza deu de ombros.

De repente, Subaru apareceu do nosso lado, suas mãos e dedos cheios de sangue e roxos.

—Você tá bem?- Sofie perguntou.- Tá sangrando.

—O sangue não é meu.- Subaru deu de ombros-Vamos pra casa agora, já deu.

Fomos andando juntos, pra acalmar os nervos daquela noite.

Eliza ia na frente pra nos seguir. Vi Sofie e Subaru conversando sobre Lua e sobre Subaru lavar suas mãos antes de ver ela, já que seria traumatizante a menção do que ele havia feito.

Parei um pouco pra respirar fundo e fiquei olhando pra lua. Percebi que Ruki parou do meu lado.

—Você está bem?- Ruki olhou pra mim, seus olhos meio preocupados.

—Na medida do possível- Eu dei um sorriso fraco, mexendo no meu capuz preto- Eu por alguns segundos achei que ia morrer bem ali.

—Eu também achei- Ruki suspirou- Se não fosse pela Herbert, eu teria te salvado.

—Eu sei.- Sorri na direção dele.

—Só pra você não achar que eu te deixaria morrer na frente dos meus olhos- Ruki continuou andando ao meu lado, sua mão parecendo procurar a minha.

—Eu nunca acharia isso de você.- Retruquei, e ele deu um sorrisinho de canto bem discreto:

—Isso é bom.

Eu me agachei brevemente pra pegar uma flor, vendo Sofie ir na frente com o resto do povo. Quando eu estava me levantando, prestes a acelerar o passo pra alcançar eles, Ruki me pegou suavemente pelo pulso, me fazendo virar-me pra ele.

—Brunna...- Ele disse, tão perto de mim que me fez arrepiar- Eu posso te beijar?

Fiquei levemente assustada e corada, mas consegui me recompor numa risada pequena.

—Você gosta de mim?- Perguntei.

—Eu... não sei, pra ser honesto- Ruki respondeu- Você é diferente de qualquer coisa que já experimentei, isso é fato.

—Se você acha que uma parte pequena sua pode gostar de mim, você tem toda a permissão de me beijar- Eu respondi quase num sussurro.

Ruki encostou nossos narizes, e eu senti eu tremer com a temperatura fria de sua pele. Seus lábios gelados roçaram levemente nos meus, como se ainda pedissem por permissão.

Sem muita paciência, o puxei pelo colarinho e conectei nossos lábios quase agressivamente. O senti soltar um breve suspiro dentro do beijo, enquanto suas mãos passavam pela minha cintura, e subiam até a metade das minhas costas, onde brincava com as pontas do meu cabelo e massageava minha pele por cima das três camadas de roupa.

Enquanto isso, minhas próprias mãos escapavam da gola de sua camisa e passearam até chegarem em seu cabelo preto, que eu bagunçava, puxava suavemente e acariciava sem nenhuma vergonha ou dó.

Demoramos longos segundos pra nos separarmos, e eu senti minha respiração afobada enquanto eu olhava pra ele, ainda meio perto:

—Satisfiz seu desejo?

—Satisfez muito bem- Foi a resposta dele, e então Ruki segurou minha mão- Vamos, antes que eles perguntem onde nos metemos


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam das profecias e revelações desse capítulo?
E o casal novo heinnn? Brukki, shippam ou não? hauheueheu
Não se esqueçam de comentar suas opiniões e teorias que eu amo ler, hein
Beijos e até o próximo capítulo



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