Narração Marie

Lembro que, a exatos dois anos atrás, nossa vida tinha virado de cabeça pra baixo: Tivemos que abandonar nossos portos seguros e passar a viver numa mansão isolada com completos desconhecidos. Que, por algum acaso, eram vampiros.
No último ano, como se não bastasse tudo isso, minha irmã foi obrigada a casar com um desses vampiros( E, para a surpresa de 0 pessoas, os dois acabaram se gostando de verdade) e ainda teve um filho com ele. Também conhecemos duas famílias novas: As Hudison e os Mukami, que infelizmente foram afastados de nós. Criamos um projeto de exército, descobrimos da primeira parte do plano "Eve" do Rei KarlHeinz, ganhamos espadas...
E o mais importante de tudo é que, alguma semanas antes do Natal, três das minhas irmãs entraram numa fogueira e saíram de lá vivas. E com três drakons, que não eram vistos á séculos no Mundo Mágico.
E agora era nosso terceiro ano na Mansão Sakamaki. O que por um lado seria uma coisa maravilhosa, já que nós éramos as noivas de sacrifício que mais sobreviveram com os Sakamaki. Mas ao mesmo tempo era horrível, já que... Bem, nós sobrevivemos COM OS SAKAMAKI.
Mas, naquele exato momento, nada disso parecia nos preocupar, já que nós seis estávamos sentadas nos sofás da sala, cobertas por diversas cobertas e cercadas de potes de brigadeiro, assistindo série juntas.
—Já pararam pra pensar que essa série pode ser um Lost 2.0?- Lua perguntou, tirando a colher cheia de chocolate da boca.
—Como assim?- Sarah perguntou, olhando de canto pra de óculos.
—Tipo, essa ilha do Caribe é cheia de mistérios e criaturas fantásticas- Lua gesticulou pra televisão- Além desses personagens incríveis, e o final pode ser mais confuso do que a série inteira.
—Cara, a série tem uma raposa que solta GELO!- Victoria riu- Você quer sinceramente falar sobre coisas confusas acontecendo?
—Dá pra vocês ficarem quietas?-Nikki resmungou- A gente tá num momento tenso da série aqui!
—Agora é a hora que a Diana e a May....-Sofie começou, mas eu tampei a boca dela:
—Nós não soltamos spoilers de graça nessa residência, Sofie Herbert.
—O que vocês estão fazendo?- Kanato chegou, arqueando uma sobrancelha. Sarah pausou rapidamente a série:
—Maratonando, para aproveitar as poucas semanas de férias que nos restam antes da faculdade.
Sarah e Sofie deram um highfive, e eu vi Nikki se levantar e se espreguiçar:
—Enquanto vocês se animam por estarem indo pra faculdade, eu entro em ódio profundo e desespero eterno por estar no terceiro ano do ensino médio.
—Há, vai se preparando- Victoria jogou uma almofada na irmã- Faculdade é bem pior.
—Pelo menos lá não somos obrigadas a lidar com essas criaturas- Sofie suspirou.
—Oy!- A voz de Ayato foi ouvida- Espero que não esteja falando de mim, Chichinasi.
—Que isso, ela tá falando do Papai Noel- Lua segurou a risada, no meio de uma discreta revirada de olhos.
—Ao invés de ficarem fazendo piadas, podem mandar a Victoria lá em cima?- Shu desceu as escadas no meio de um bocejo- Heisuke não para de chorar.
—Ué, ele não tem pai não?- Victoria se levantou- Até parece que eu sou a única obrigada a acalmar ele, já até parei de amamentar!
—Detalhes que não precisamos saber- Kanato bufou, e eu o corrigi:
—Detalhes que vocês precisam saber sim, porque nós todos somos tios e tias daquela criança.
—Talvez Heisuke esteja chorando porque a voz de vocês pode ser ouvida de todos os cantos da casa- Reijii também desceu, com o bebê coberto em seu colo- Então falem mais baixo, pra que ele consiga dormir.
—Deixa eu segurar ele?!- Sarah deu um guincho baixo, antes de Reijii suspirar e entregar o garoto nos braços dela- Nossa, é normal uma criança de meio ano ser desse tamanho?
—Esse é literalmente o tamanho normal de uma criança de meio ano, Sarah- Sofie revirou- E vira a cara dele pra lá. Ele me odeia, eu não gosto de crianças, estamos quites e bem dessa forma.
—Mais que reunião linda temos aqui~- A risada de Laito se ecoou pela sala quando ele se jogou ao lado de Lua- A família está reunida.
—Para de falar que a gente é uma família, cara- Lua negou com a cabeça, rindo. Nikki continuiou:
—Isso. É estranho.
—Se quiser parar de falar completamente também, se sinta á vontade- Shu se deitou em outro sofá, murmurando.
—Nossa, podia ter dormido sem essa!- Lua bateu palmas lentamente.
—Eu não deixava!- Victoria também falou.
—Ás vezes eu tenho a impressão que vocês só moram nessa casa caso duas pessoas se matem um dia- Revirei os olhos, mas não consegui deixar de sorrir.
—Eu não ficaria tão feliz se fosse vocês- Subaru chegou casualmente pela porta da frente, com vários papéis na mão- O mensageiro veio. Ele trouxe mensagens daquele homem.
—E o que ele quer agora?- Sofie prendeu os cabelos num coque- Marcar uma reunião pra falar sobre "plantações e direitos das mulheres" novamente?
—Eu peguei essa referência- Lua estalou os dedos.
—Parece que ele está organizando um festival- Subaru explicou- De confraternização com as outras raças.
—Eles já não tentaram fazer isso antes?- Ayato bufou- E tipo, resultou na guerra dos feiticeiros e lobisomens versus os demônios e os vampiros?
—Eu achava que tinha sido por casa da Princesa Esquecida- Victoria cerrou os olhos, pegando Heisuke das mãos de sua irmã.
—Isso é só uma lenda, Victoria- Reijii se virou calmamente pra ela- Uma teoria da conspiração.
—Tipo a da Xuxa com um pacto com o Satanás?- Lua perguntou, levando um beliscão de Nikki- AIÊ! Que foi?! Foi só uma piada!
—Enfim. Parece que nós todos, incluindo as senhorias aqui, estão convidadas pra esse festival- Subaru jogou os convites na nossa frente- Meus parabéns, agora aquele homem está obcecado com vocês.
—Quem não ficaria obcecado com umas lindezas dessas, afinal?- Lua perguntou, apontando pra todas nós.
—Ninguém como KarlHeinz, eu esperava- Sarah foi sincera- Vocês acham que isso tem a ver com os drakons?
—Não. Eu tenho certeza que isso tem a ver com os drakons mesmo- Shu se sentou de repente.
—Não é a toa- Nikki bagunçou os próprios cabelos azuis- Tipo, nós LITERALMENTE saímos de uma fogueira vivas com três bichos de uma espécie extinta a sei lá... séculos?
—E o que nós vamos fazer com os drakons, exatamente?- Me peguei perguntando- Eles são só filhotes que estão ficando nós calabouços daqui!... Vocês não estão planejando levar eles pra lá, né?
—Eu espero que não- Sofie olhou para Victoria e Nikki, que morderam o lábio- É perigoso demais. Eu sei que vocês duas estão praticamente achando que eles são seus filhos, mas eles não estão nem domados por nós ainda.
—Mas a gente pode domar eles!- Victoria sorriu.
—Eu acho extremamente contraditório o fato que você está literalmente carregando um filho seu enquanto fala sobre domar uma criatura que equivale a uma bomba atômica voadora- Sofie arqueou uma sobrancelha.
—Ok, sem drakons, sem exército, sem Eve, sem revolução nem nada disso- Lua se levantou e pegou um dos convites que estava no chão- Vamos pegar esse tempo para nós... Relaxarmos! É um festival,o que poderia dar errado?
—Literalmente tudo, considerando o fato que nós estamos indo- Eu ri, mas parei quando percebi os olhares curiosos dos meninos- O que foi?
—Estavamos esperando uma resposta como "É obvio que não vamos pra esse festival daquele homem idiota e babaca!" Ou algo do tipo- Kanato respondeu com uma voz irritantemente aguda na imitação- Mas vocês parecem realmente animadas.
—Primeiro, a gente não fala desse jeito- Victoria começou- Segundo, nós com certeza ainda achamos ele um homem idiota e babaca. Terceiro, a gente só quer causar mesmo.
—Você sempre quer causar- Sofie revirou os olhos- Você é tipo a barraqueira da família. Quer dizer, talvez você perca pra Nikki.
—Uau, obrigada, Sofie- Nikki bufou- Tá, onde e quando vai ser esse festival?
Laito abriu um dos convites:
—Vai ser num lugar isolado próximo da capital. E a cerimônia de abertura é tipo... Amanhã á noite.
—Nossa, o cara gosta tanto da gente que ele nos convida um dia antes da festa- Eu estalei os lábios- Quanta consideração.
—Então nós teríamos que partir pela manhã?- Ayato perguntou, e se jogou dramaticamente no sofá quando Reijii concordou- Argh, vocês me devem uma, Chichinasis.
—Já pensou que é só você não ir?- Sofie perguntou retoricamente, e Shu arqueou uma sobrancelha na direção dela:
—E você acha mesmo que ele ia te deixar sozinha no meio dos trocentos caras fortes, bonitos e ricos de várias raças que vão ter lá.
—Nossa! Caras fortes, bonitos e ricos? Já tenho mais um motivo pra ir!- Sarah riu, e seu sorriso aumentou quando viu Victoria morder o lábio- Agora você não pode entrar na minha onda,Vic, já que é uma mulher casada e com um filho.
—AH, fica na sua!- Victoria riu e jogou uma almofada na cabeça da gemêa mais velha.
—As crianças tão atacada hoje- Lua riu- Nikki, não vem jogar na minha cara que eu sou a mais criança daqui!
—Eu não disse nada.- Nikki deu de ombros.
—Dá pra gente só ir arrumar nossas malas?- Sofie se levantou.
—E nós vamos ter que ligar pros nossos pais também- Eu me juntei á ela- Ver eles pirando ao saberem que vamos viajar com um bando de tarados para um lugar com mais pessoas maníacas.
—Uau, assim você me ofende, Bitch-chan~- Laito pôs a mão no coração dramaticamente.
—Ela não está TÃO errada assim- Subaru bufou- Então subam e façam o que tenham que fazer, já que nós não temos escolha.
Lua fechou o computador e subiu rindo pro seu quarto. As garotas foram rápidas em fazer o mesmo. Eu suspirei, joguei meus cabelos loiros pra trás e subi as escadas rapidamente.
Após algumas poucas horas de ligações e tentativas para arrumar a mala (falhas, já que eu era interrompida a cada dois minutos por alguma das minhas irmãs pedindo alguma coisa emprestada ou perguntando se tal look tava combinando), uma batida foi ouvida na porta de baixo.
—Eu atendo!- A voz de Ayato foi ouvida do primeiro andar- Ah, são vocês. Podem entrar, suas filhas estão no terceiro andar nos quartos delas.
Meros minutos se passaram até baterem na minha porta:
—Pode entrar!
Meu pai abriu a porta, sorrindo quando me viu. Ele puxou seu cabelo loiro pra trás enquanto dava alguns passos pra frente, me abraçando com força e me dando um beijo no topo da cabeça. Ele então olhou pra minha mala e riu:
—Tendo problema pra arrumar as coisas pra viagem?
—Experimenta tentar fazer isso quando suas irmãs não param de bater na sua porta- Eu ri também, pegando algumas blusas da minha gaveta e colocando na mala- E você, não vai me dar nenhum discurso de pai protetor já que eu estou indo viajar com os Sakamaki?
—Ah, não. Você e eu já passamos da fase de ter esse tipo de conversa- Meu pai se sentou na cama- Você é madura o suficiente pra entender o que é certo e errado, assim como Victoria.
—Eu não chamaria Vic de...- Eu cerrei os olhos- Madura.
—Com essa nova jornada que ela está enfrentando, é claro que ela vai mudar-Ele deu de ombros- Ser mãe tão jovem não é fácil, Marie.
Mordi o lábio e olhei pra ele:
—Quantos anos a mamãe tinha quando eu nasci?
—Vinte e seis- Ele respondeu sem titubear- E eu tinha 28. Parecem ótimas idades pra cuidar de um filho, mas nenhum de nós estava realmente pronto. Eu estava tentando fugir do inevitável e sua mãe estava descobrindo o mundo.- E então ele se levantou, e colocou uma madeixa do meu cabelo atrás da minha orelha- Mas nenhum de nós se arrependeu do resultado, eu te garanto.
Fiquei levemente vermelha, e então vi os olhos azuis do meu pai se arregalarem brevemente:
—Ah, antes que eu esqueça, tenho algo pra te entregar- Ele abriu a bolsa de lado que usava, e tirou de lá uma pequena caixa prateada- Eu dei de presente pra sua mãe quando nós éramos mais jovens, achei que você ia gostar de ter.
Abri a caixa assim que ele a estendeu pra mim. Dentro dela, tinha um colar prateado com um pingente da silhueta de uma borboleta. Senti meus olhos quase encherem de lágrimas.
—É lindo.- Eu sorri pra ele- E a cara dela, com certeza.
—Marie- Meu pai me segurou pelo ombro- Eu vejo muito da sua mãe em você e em todas as suas irmãs. Eu vejo o potencial que ela tinha, essa vontade de mudar o mundo e essa paixão pela vida. Mas vocês estão prestes a embarcar num lugar onde todo tipo de magia, boa ou má, vai estar presente. Eu preciso que vocês permaneçam unidas, não importa o que aconteça.
—Não se preocupe, nós nunca vamos nos separar- Eu sorri pra ele.
—Ótimo.- Papai respondeu- Agora...Eu deveria ver Victoria, antes que ela tenha uma crise de ciúmes me acusando de favoritismo.
Ele me deu um beijo na bochecha, e saiu pela porta do meu quarto.
Olhei sem fé nenhuma pra minha mala cheia de roupas amassadas, e resolvi que seria melhor deixar isso pra mais tarde. Agora, eu podia visitar as garotas nos quartos dela.
Saí pelo corredor, e percebi que a porta do quarto de Sarah estava aberta. Eu entrei, e percebi que Ian e as gêmeas estavam sentados na cama lilás da mais velha. Eles me cumprimentam com a cabeça e sorriram pra mim, e depois voltaram a conversa que estavam tendo enquanto eu fuçava a maquiagem de Sarah:
—O que eu quero dizer, filha- Ian segurou a mão de Sofie, e olhou bem fundo nos olhos da menina- É que eu sentiria mais paz de espírito se você tivesse suas primeiras vezes com pessoas que te tratassem como a rainha que você é, e não a coroa.
—Eu entendo.- Sofie sorriu, e apertou a mão do pai.
—Não tô falando pra você se guardar pro casamento, você faz o que você quiser com seu corpo- Ian continuou- Mas eu não quero que você olhe pra sua primeira vez com carinho, e não com arrependimento. Por isso eu ficaria feliz se isso acontecesse com uma pessoa especial, que nem foi comigo.
Sorri pra mim mesma quando percebi que ele se referia á mamãe.
—Além disso, Sarah- Ele se virou pra gêmea mais velha- Eu gostaria que você tentasse não agir como uma ninfomaníaca durante o festival.
Sarah engasgou na própria saliva, e eu e Sofie tivemos que tampar a boca pra não rir alto.
—Eu nunca agi que nem uma ninfomaníaca!- Sarah parecia ofendida e abismada- Eu sou um amorzinho de pessoa!
—Estou brincando- Ian deu uma risada- Mas não influencie sua irmã pro lado das trevas.
—Vocês fazem parecer que eu sou um monstro- Sarah ajeitou a saia cor de rosa- Mas fiquem sabendo que eu mudei. Agora eu quero que minha vida seja mais romântica, muito obrigada. E eu só admiro a beleza de outros seres humanos.
—Você parece incrivelmente ofendida- Sofie riu discretamente, e eu me juntei á ela- Mas não se preocupe, papai. Sarah está mais calma durante esses anos.
—Eu não vou responder esse comentário- Sarah se levantou,fazendo nós três rirmos.
—Enfim, boa viagem pra vocês três.- Ian deu um beijo na testa de suas duas filhas e me abraçou de lado- Marie, essas duas são sua responsabilidade. Sem drogas, sem álcool, e sem mãos.
—Sim senhor!- Eu ri, fazendo uma continência enquanto ele saía do quarto- Ok, o que eu ouvi quando entrei no quarto foi Tio Ian falando pra Sofie ter sua primeira vez com alguém especial?
—Você perdeu ele contando a história de como ele conheceu a mamãe- Sofie olhou pra mim, se deitando na cama.
—Imagina o cenário- Sarah veio pulando freneticamente até mim- França, mamãe chega no mesmo hotel que papai estava hospedado. Ele ficou preso do lado de fora do quarto,e por isso vai pedir ajuda pra recepcionista. E os dois finalmente se conhecem quando a recepcionista tem que atender ambos, mesmo com nenhum dos dois falando francês.
—Uau-Eu ri- Nossos pais sempre foram tão... Românticos?
—Vale lembrar que mamãe estava grávida de Vic quando isso aconteceu- Sofie se virou pro lado, procurando alguma coisa embaixo da cama- Sarah, onde tá aquele moletom que eu te emprestei semana passada?
Aproveitei a mini-discussão das duas que começou por causa do tal moletom e saí de fininho do cômodo, indo direto pro quarto de Lua.
—Boa tarde Marie!- Lua me cumprimentou de um jeito animado- Já terminou de arrumar sua mala?
—Hm?-Arregalei os olhos- Não, eu só desisti mesmo. Não sou boa pra isso, eu acho.
—Como alguém não consegue arrumar uma mala?- Nikki perguntou arqueando uma sobrancelha- Eu e Lua já terminamos as nossas.
Uau, rápidas. E exibidas.
Cena da Terceira Temporada:
—Enfim, eu já vou descendo pra colocar minha mala no carro.- Lua pegou sua mala dourada com uma mão- Parece que os meninos já estão fazendo isso pra poupar trabalho amanhã de manhã.
—Ah,Nikki, pode esperar um cadinho?- Chronos pediu quando viu a mais velha pegando sua mala velha e desgatada vermelha. Ela concordou com a cabeça, e fez um pequeno aceno indicando que Lua podia ir na frente. A mais nova não demorou pra obedecer a de cabelos azuis
—Nikki-Chronos começou, num suspiro- eu não quero que você entenda isso da maneira errada. Eu confio muito em você, e acredito que você é madura e responsável o suficiente pra saber como se precaver dos seus atos.
—Pai?- Nikki cerrou as sobrancelhas- O que que você tá falando?
—Mas eu sou seu pai, e você é minha filha mais velha...-Chronos continuou, sem ligar muito pra pergunta de Nikki- Então eu só posso ser um velho chato e te passar algumas coisas.
Ele então entregou uma sacola azul pra garota. Ela abriu o pacote, só pra encontrar várias tiras de pacotes de camisinhas lacradas. Seu rosto ficou tão vermelho quanto seus olhos arregalados:
—MAS O QUE É ISSO?
—Filha, tirar antes não previne DST's nem um filho.-Chronos explicou- Pode perguntar isso pra Victoria, ela vai te confirmar.
—ISSO EU SEI! É QUE... POR QUE VOCE... POR QUE NÓS ESTAMOS CONVERSANDO SOBRE ISSO?- Eu tive que morder o lábio pra não cair na risada de todo o nervosismo e vergonha que Nikki estava passando.
Ai, juventude.
—Você vai viajar por sei lá quantos meses com seis caras que vivem com você e existem mais bilhões de caras lá que vão querer...-Ele pareceu se impedir de falar alguma coisa- Fazer algo. Ah, e só faça usando essas coisas que eu te dei, mesmo se ele insistir que não.
—...Eu não estou confortável com essa conversa- Nikki bagunçou os cabelos azuis.-Tipo, nem um pouco.
—Enfim, minha pequena. Já estou na hora de ir embora.-Chronos deu um beijo na testa dela- Boa viagem e se divirta!
—É! Eu tenho várias camisinhas pra isso!- Ela pisou duro, se jogando na cama da sua irmã-ESPECIFICAMENTE pra isso!
Chronos só deu uma pequena risada, e eu pude ouvir ele descendo as escadas e conversando com meu pai e com Ian, até eu ouvir o barulho de porta fechando no primeiro andar.
—Se você contar pra alguém que isso aconteceu- Nikki olhou pra mim- Eu vou te matar.
—Você não vai levar as camisinhas que seu pai preparou pra você com todo o carinho- Eu apontei pra mala dela, que ainda estava aberta- Mas vai levar seu fuzil?
—O que tem a ver?- Nikki revirou os olhos- Eu mal tive a chance de carregar meu fuzil com toda aquela história dos Mukami nos sequestrando! Em relação ás camisinhas, pode ficar pra você. Deve precisar mais que eu.
Eu bati na cara dela com o travesseiro pelo comentário, fazendo ela me mandar arrumar minha mala ao invés de ficar vagabundando. Apesar de eu não concordar com a fala dela,eu fiz o que ela pediu e saí do quarto, dando de cara com Laito.
Obviamente, eu pulei de susto.
—Ah~ Tão feliz em me ver, Bitch-chan?- Ele ajeitou a fedora.
—Eu posso te garantir que esse não foi um susto bom- Eu sussurrei pra mim mesma, e então virei pra ele- Já terminou de arrumar sua mala?
—Não tive que colocar muita coisa- Ele respondeu- E você, vai colocar muitas lingeries lindas pra usar pra mim na sua mala?~
—Lingeries lindas eu talvez coloque, mas nenhuma delas eu vou vestir pra você- Eu prendi meu cabelo num coque- Ou pra ninguém, se isso ameniza sua dor.
—Ninguém sabe o que pode acontecer nesses meses~- Laito sorriu na minha direção- Você pode mudar de ideia completamente.
—Pode ser, mas espera sentado pra aliviar seus pés- Eu me afastei dele, rindo e revirando os olhos.
Chegando no meu quarto, vi Victoria arrumando minha mala, arqueei uma sobrancelha pra ela:
—O que diabos você tá fazendo?
—Arrumando a única coisa que você é ruim e eu sou boa, aparentemente- Ela respondeu, rindo.
Uau, quanta auto-estima.
—Isso é meio deprimente, na verdade- Eu me sentei ao lado da mala- Por falar em coisas deprimentes, como você e o Reijii vão fazer com o Heisuke, já que o KarlHeinz não pode saber do filho de vocês dois?
—Já conversei com o papai- Victoria respondeu- Ele vai passar aqui amanhã bem cedo com Ian e Chronos, e os três vão cuidar do Heisuke enquanto eu estiver fora. Eu não podia pedir por babás melhores, né?
—Definitivamente não- Eu respondi, e olhei pro colar que eu ainda estava segurando.
Me levantei lentamente e fui até a frente do espelho do meu quarto, colocando o colar em mim mesma.
—Nossa, colar bonito?- Victoria olhou pra mim- Um admirador secreto que te deu?
—Foi da mamãe quando ela era mais nova- Eu expliquei- Papai deu de presente pra ela.
—Combina com você- Victoria respirou fundo, e depois de alguns minutos de silêncio ela se posicionou do meu lado e colocou sua cabeça no meu ombro- Eu ainda sinto falta dela, Marie.
Claro, eu e Victoria éramos as mais velha na época que mamãe faleceu. Na realidade, eu tinha 14 anos. Então, sim, nós lembravamos muito dela.
—Todos nós sentimos- Eu me virei de frente pra ela e segurei seus ombros- Mas se tem uma coisa que a mamãe ia odiar, era ver a gente sofrendo por causa dela mesmo depois de... Quase sete anos que ela foi embora.
—Ela sempre dizia que nós tínhamos que viver e deixar acontecer- Victoria sorriu pra si mesma- Com certeza ela não era alguém que gostava de se planejar.
—Por que você acha que ela teve sete filhos?- Eu perguntei, fazendo Victoria cair na risada- Acho que nessa parte nós puxamos ela.
—De que? Ter muitos filhos? Deus nos livre!- Victoria abriu minha janela e se apoiou nela- Eu já falto morrer só com o Heisuke, imagina com mais!
Eu ri, e nós ficamos alguns minutos em silêncio antes de Victoria arregalar os olhos:
—Eles estão chegando.
—Credo, para de ser assustadora- Eu dei um tapa no ombro dela- Quem está chegando?
Ela não respondeu, só assobiou bem alto. Aquilo me assustou de novo,a fazendo receber outro tapa.
Em questão de menos de um minuto, o drakon de Victoria pousou violentamente na minha janela. Ele estava um pouco maior do que a primeira vez que eu havia visto ele, sua penugem parecendo mais laranja e viva do que nunca. Apesar disso, seus espinhos e olhos de cobra ainda eram... Assustadores.
—Boa noite, Ykhar- Victoria fez um carinho na cabeça do drakon, e eu me peguei arqueando a sobrancelha:
—Ok. Um, vocês não tinham prendido esses bichos?Dois, que droga de nome é Ykhar? E três, como você consegue fazer carinho nele como se fosse um cachorrinho?
—Um, nós soltamos eles só por um tempinho- Victoria revirou os olhos na minha direção- Dois, foi um nome inspirado num personagem de jogo que eu gosto. Três, ele não faz mal a ninguém!
—Se ele cuspir fogo em alguma coisa do meu quarto- Eu apontei o dedo pra ela- Você vai pagar tudo.
Victoria suspirou:
—Ok, ok. Eu estou indo pro subterrâneo ficar um tempo com ele. Boa noite, sister.
Victoria colocou Ykhar no ombro, e saiu casualmente pelo corredor até desaparecer da minha vista.
Fechei a porta enquanto respirava fundo, percebendo que já estava anoitecendo e que amanhã seria um grande dia para todas nós.
Rapidamente soltei meu cabelo, tirei minha calça e blusa que estava vestindo, colocando o meu blusão "A zona de sangue está fechada, otário". Não consegui deixar de dar uma risadinha com as lembranças daquela camisa.
Me deitei na cama, cobrindo meu corpo com o edredom. Fiquei quase meia hora olhando pro teto pensando como seria aquele ano.
Eu esperava ver as Hudison de novo. Sol, Mao, Yui, Lilith...
Nossa, esse ano vai ser louco.

Narração