Aracnídeo: Sangue Perdido escrita por Gabriel Souza, WSU


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Esfe capitulo tem uma pequena referência à Frente Unida e ao Temerário que são personagens do universo compartilhado do WSU.



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As duas semanas anteriores foram complicadas para Jonas, Andressa sumira, a criminalidade aumentara e o padre Bernardo ganhava destaque na região, ele era considerado o emissário dos corrompidos, a televisão não parava de falar nele durante uma semana inteira após ele falar publicamente sobre sua comunidade corrompida.

Uma coisa era certa e Jonas não podia deixar de admitir, Bernardo era um cara esperto, estava conseguindo o apoio de cada vez mais corrompidos e pessoas comuns. Ele diria que até poderia apoiá-lo se não tivesse visto o que ele fez com o encapuzado três semanas antes, ele matou um homem a sangue frio, não se importando que ele tivesse um julgamento justo.

— É fã dele? — Uma garota ruiva se aproximou de Jonas, era a novata de seu colégio, Serena, era apenas seu segundo dia no colégio e Jonas ainda não havia falado com ela antes.

— Não, muito pelo contrário, eu odeio esse cara — Jonas virou-se para a garota que comparada a ele era um pouco baixinha — Serena, certo? Sou o Jonas.

— É, eu sei.

— Sabe?

Serena sorriu.

— É, ontem você chegou no terceiro horário e ainda se atrasou uns 15 minutos depois do intervalo, o professor de Geopolítica, qual era o nome dele mesmo?

— Lago.

— Lago, isso, ele não parava de gritar com você, impossível não saber seu nome.

— Ah — coçou a nuca com um sorriso envergonhado — Pois é, eu tava com uns problemas.

— Sei — Ela voltou sua atenção novamente para a tela do celular de Jonas, Bernardo, um homem que ganhava cada vez mais destaque por discursar abertamente sobre os corrompidos aparecia na brilhante tela — Porque você odeia ele?

A pergunta pegou Jonas de surpresa, não poderia dizer que o odiava por conta da revolução ou por conta do homem que o pseudo-padre matou, ele não teria como falar nada que comprometesse sua identidade como Aracnídeo.

— Não acredito que os corrompidos necessitem de um homem como ele — começou a pensar numa forma de contar sua opinião sem se expor — Quer dizer, olha só, ele vai à televisão, se chama de padre e não diz nem um amém? — Serena dá uma risada de canto de boca — Tá... ele não parece ser o tipo de pessoa em quem eu confiaria, pra mim ele está apenas se aproveitando da situação.

— Então os corrompidos deveriam apenas sentar e esperar que o povo os aceite? Sem precisar de um líder que faça a ligação entre eles e o resto da população?

— Não, só acho que se eles querem um líder, deveriam buscar um entre eles, alguém que queira realmente ajudar de forma pacífica e não alguém que apenas usa o povo e o ódio como combustível para mais ódio.

— Eu não vi ele pregando esse ódio todo — Serena cruzou seu braços — Como você disse, ele se chama de padre.

— Padres de verdade já fizeram muita besteira.

Serena sorriu, havia algo no rapaz à sua frente que a fazia confortável em falar sobre o assunto, algo que ela queria com todas as suas forças evitar devido à tudo o que ela passara em sua vida, principalmente naquele ano.

— Mas, porque todo esse interesse nos corrompidos? — Jonas cortou as lembranças que começavam a surgir na mente da garota.

— Nada não, é que de onde eu venho esse lance de revolução de corrompidos já tá acontecendo há um tempo.

— Como andam as coisas lá?

— Nada bem — Ela esfregou o braço, não queria falar sobre o que passara.

Jonas pôde perceber que a ruiva à sua frente não estava confortável.

— Bem, eu tenho que ir agora, curso de japonês. — saiu correndo indo em direção ao banheiro do andar debaixo, porém antes que pudesse descer as escadas percebeu o idioma que chutara — Sim, eu faço inglês — gritou já descendo os degraus.

 

 

 

***

 

O excessivo treinamento que Jonas fizera nos últimos meses mostrava resultados, seus músculos estavam mais inchados, maiores por assim dizer, o que deixava seu uniforme de Aracnídeo cada vez mais apertado e difícil de vestir.

— Certo, obrigado Soldado Fantasma por me incentivar a treinar, obrigado ninguém que vá costurar uma roupa nova.

— Jonas, na escuta? — Rafael se conectava à Jonas por meio de uma call no Skype, no ouvido do jovem aracnídeo um fone Bluetooth preso por pequenas teias permitia a conexão entre os amigos sem que Jonas tivesse que segurar um celular.

— Na escuta, algum sinal da Andressa ou do resto dos capangas do Soares?

— Eu não sou a Chloe Sullivan, mas achei uma coisa sim, pessoas andam desaparecendo em Curado, pode não ter ligação com aqueles bastardos, mas também pode ser a pista que procurávamos.

Jonas ouviu calado o que seu amigo tinha a dizer, se aproximou do parapeito do terraço do colégio, o trânsito abaixo estava normal para aquela hora do dia.

— Nada da Andressa? — perguntou preocupado, a jovem de 19 anos significava muito para ele.

— Nada ainda, não sou um expert, mas vou fazer de tudo para conseguir informações sobre ela. Seja lá o que Bernardo tenha feito com ela para fazê-la te deixar e se unir a ele, nós conseguiremos reverter.

— Claro, vou dar uma passeada pela cidade, à noite faço a ronda no local onde você disse, pode ser hoje que acabemos com o restante daqueles idiotas.

Jonas se levantou e olhou para o horizonte, a cidade de Recife era seu lar. Mesmo que nem toda região tivesse prédios e isso dificultasse seu deslocamento como Aracnídeo, era o lugar onde ele se sentia bem e o local que ele deveria proteger.

— Ei, posso ligar um pouco de B-Dynamtze? É bom ouvir um pouco de rap maromba durante a ação. — Rafael falou do outro lado da linha, mais precisamente em seu quarto. Havia faltado a aula àquele dia.

— Só depois de tocar uma música do DJ Khaled, tava jogando NBA 2K16 ontem, tou instigado com as músicas dele.

— Aqui vai senhor. — Pelo fone o Aracnídeo começou a ouvir uma música alta, mais uma da longa lista de músicas de hip-hop da qual Jonas amava ouvir. Saltou do prédio do colégio e lançou uma teia num poste mais elevado.

 

 

 

***

 

Cinco homens conversavam entre si, todos armados com fuzis, a polícia não passaria naquela região, aquela noite por conta de um pequeno suborno, eles conversavam naturalmente no meio da rua.

— Viu a loirinha? Ela tava louca pra dar, já já entro lá na van para dar o que ela quer. — O mais alto e feio do quinteto mostrava seus dentes podres em meio à uma risada em conjunto.

— Foi mal Shrek, mas acho que aquela Fiona ali só quer saber de príncipe encantado. — Uma teia se grudou na careca do homem que fora apelidado de Shrek, uma força o puxou e ele bateu com firmeza no muro de uma parede próxima, perdendo a consciência instantaneamente.

— Quem está aí? — gritou um loiro que já levantava a arma em sua mão.

— Deixa eu dar uma dica. — O som de teia batendo violentamente contra uma parede e o vento sendo cortado por um corpo em movimento foi ouvido — Começa com Arac — A voadora acertou a cabeça do homem que caiu no chão. Os outros três remanescentes apontaram suas armas para a figura mascarada que surgira em meio a eles — e termina com Nídeo — saltou antes que fosse baleado sumindo em meio às sombras da madrugada escura.

A escuridão criava inúmeros pontos cegos para o trio que se fechava cada vez mais, porém para o vigilante aracnídeo a visão de aranha lhe permitia ver tudo com clareza, uma das vantagens arriscadas de seus poderes aracnídeos, ainda que o jovem não arrisque usar muito de suas capacidades mais marcantes de aranha, o medo de perder o controle ainda pairava sobre si.

Saltou das sombras e lançou silenciosamente uma teia no poste que estava acima dos três homens, pôs-se então pendurado de cabeça para baixo sobre o trio que não percebia sua presença.

— Qualquer sinal dele vocês atiram — avisou o aparente líder.

Aracnídeo mostrou um sorriso em seu rosto e aguardou uma brecha na formação defensiva do trio de capangas, calmamente liberou suas garras nas pontas dos dedos. Saltou sobre um dos homens que começou a se debater após ser arranhado em seu pescoço e braços com o as garras do Aracnídeo que já se encontrava nas sombras novamente.

— Mostre sua cara covarde! — O mais recuado dos três gritou apontando sua arma para todos os lados em busca de qualquer sinal de seu inimigo.

Uma teia voou até sua cara e o puxou para a escuridão, o som de socos e de um dente quebrando foi ouvido, logo os dois remanescentes o encontraram inconsciente e amarrado numa armadilha de teia, como uma mosca presa por uma aranha.

Os dois restantes então fincaram suas costas uma na outra, um cobrindo a retaguarda do outro na esperança de se protegerem de um possível ataque surpresa. Logo o som de vidro se quebrando foi ouvido, os dois homens instintivamente se viraram em direção à origem do som, uma garrafa de cerveja quebrada no chão e a brecha que o Aracnídeo precisava.

O primeiro foi derrubado com apenas um golpe, a teia que ele havia lançado na parede segundos antes para se locomover de um lado à outro da pequena rua ainda estava lá, ele apenas se balançou nela, girou no ar e caiu com um chute de ambos pés no rosto do líder, saltou num mortal para trás passando por cima do segundo adversário e do cano de um poste já prevendo os tiros que iriam em sua direção e com maestria, ainda sem tocar o chão, disparou outra teia, agora no calcanhar do último adversário restante, com a força de seu movimento no ar até o chão as leis físicas mais básicas fizeram efeito.

Com dois corpos nas extremidades de uma corda, cada um em uma, para que um corpo pudesse descer o outro teve que subir, o último homem então ficou pendurado pelo calcanhar de cabeça para baixo 2 metros acima do chão.

— E aí, a vista daí é boa? — O Aracnídeo questionou sério, seus olhos azuis brilhavam naquele momento, era a visão do Aracnídeo em ação porém sendo usada apenas como meio de causar medo em seu inimigo.

O homem à sua frente não lhe respondeu:

— Olha só — segurou a gola, agora invertida, da camisa do homem outrora armado — Você vai me dizer quem financia vocês, quem financiava o Soares. — Uma garra brotava de forma não intencional nos dedos do Aracnídeo, o que começou a fazer um ferimento na pele do homem rendido — Eu tou falando sério.

— Corporação G…— Antes que pudesse responder um disparo fora ouvido, o homem que estava amarrado à frente do Aracnídeo não se encontrava mais vivo. O sangue escorria pelas mãos do jovem vigilante Pernambucano que se virou na direção do tiro instintivamente e com sua visão aracnídeo tentou visualizar o assassino, porém tudo o que conseguiu ver foi uma figura de costas se distanciando em alta velocidade.

Parado por meio segundo Aracnídeo se questionou se perseguiria o atirador ou soltaria as mulheres da van.

— Droga — Aracnídeo se distanciou do corpo e soltou as mulheres que estavam presas dentro da van.

 

 

 

***

 

— Isso não é nada legal para você — Rafael jogou na cama de Jonas seu celular, na tela acessa uma imagem dele como Aracnídeo, o título da notícia: “ Justiceiro mascarado mata homem nesta madrugada”.

— Isso é sério? — Jonas pegou o celular e começou a ler o resto da matéria.

— Sim, dá próxima vez que matarem um bandido perto de você, não o deixe enrolado em teias, isso pode ser uma falsa prova contra você.

— Foi mal, não se espera que alguém vá pensar que eu mataria alguém com uma arma, eu não precisaria. — respondeu Jonas já sentado, estava confuso com a matéria.

— Relaxa, não é a primeira vez que te acusam injustamente, você sai dessa.

— O que me deixa confuso é porque não cita que eu supostamente matei um bandido, mas sim um cara qualquer.

Rafael pegou seu celular de volta das mãos de Jonas e o desligou, logo em seguida pegou o Galaxy J5 do amigo ao lado de seu PS4 e abriu a fanpage do Aracnídeo.

— Vai ver porquê não havia indícios disso? As únicas provas eram de que ele fazia algo errado eram as mulheres que você soltou. Elas com certeza estão traumatizadas demais para falar. — Deu uma conferida no que os seguidores do Aracnídeo estavam comentando àquela manhã — E os caras que você derrubou com certeza fugiram e levaram consigo as armas.

— Faz sentido.

— Quem é Serena? — perguntou Rafael ao olhar as mensagens de Jonas e ver que a última pessoa com a qual ele falou fora uma garota ruiva chamada Serena.

— É aquela novata, tou ajudando ela com alguns exercícios.

— Desde quando?

— Hoje — Jonas puxou seu celular das mãos do amigo — E o que você estava fazendo olhando minhas mensagens?

— Tava procurando ver se reconhecia alguém da Frente Unida nos contatos? — Rafael mentia muito mal.

— Certo... e por qual razão? — Jonas deu corda procurando ver o que seu amigo iria falar.

— Não sei, talvez para pedir um autógrafo de verdade, diferente daquele “vai tomar no cú” que você arranjou do Temerário.

— Eu já disse que...

— Já disse que o Temerário não sabia o que escrever então perguntou ao gato. — cortou Rafael sentando-se na cadeira próxima à TV.

— Isso — confirmou Jonas — Pediu ao gato.

— Ainda não sei quem é esse tal de gato — Rafael comentou.

— Melhor não saber, longa história.

Jonas se levantou e foi direto à seu guarda-roupas.

— Certo, acho que vou dar uma voltinha por aí — pegou uma maleta nos fundos do móvel, dentro dela seu uniforme amarelado — Tentar clarear as ideias.

Rafael entendeu o recado, Jonas estava preocupado com Andressa que não dava mais sinal de vida desde que o deixara uma carta dizendo que se uniria a revolução de Bernardo.

— Tudo bem, hoje eu escolho as músicas, vamos começar com Souja.

 


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