Universe & You escrita por Lux Noctis


Capítulo 1
You know you are so good for me




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“A fire burns

Water comes

You cool me down

When I'm cold inside

You are warm and bright”



Os olhos fechados mostravam toda a calmaria que, apenas em momentos como aqueles, vinham à tona como uma maré alta. A forma suave que puxava o ar para suprir as necessidades de seus pulmões, e como os cantos dos lábios elevavam-se num simplório sorriso, ou uma tentativa de um. Sentia-se observado, decorado. Como se a pessoa que exalava aquele cheiro que agora invadia suas narinas, buscasse mantê-lo retratado perfeitamente em sua mente.

—  Não vai dormir? —  seu tom não indicava reclamação, pelo contrário, era apenas uma curiosidade, sabendo que o insone ali, era ele.

—  E perder essa vista? Ah, não.

A honestidade dele sempre o fazia pensar que, alguém assim tão intenso, era um perigo. Logo ele, tão comedido e distante, caindo nas armadilhas do destino, que forçou-o inúmeras vezes a ficar cara-a-cara com alguém tão contrastante, tão perfeito para que encaixasse nas partes que lhe faltava.

Abriu os olhos, notando que haviam lamparinas a clarear o cômodo, mesmo que bem fracas. Ele o conhecia ao ponto de saber sua aversão ao escuro total. E embora de fato detestasse, a cor escura daqueles olhos que agora o encarava, eram de longe a sua cor preferida.

O movimentar do futon o fez piscar de forma mais demorada, tão logo sentindo a mão alheia em seu rosto, as falanges mal tocando-lhe a tez. Permaneceu assim, de olhos fechados, sentindo as carícias que o outro tão bem fazia. Ao abrir os olhos novamente, ali estava ele, com a testa quase colada à sua, os lábios sendo umedecidos pela língua de forma tão lenta, que mais parecia um ato para incitá-lo. E surtiu efeito, buscando a mão que lhe tocava, levando-a aos lábios para que selasse-os ali, no dorso.

Ele era o fogo. Aquele que o acalmava, não como labaredas em si, mas como uma água de terma. Acalmando-o, aconchegando-o, mantendo-o seguro e aquecido. Ele era seu porto, o qual após uma longa jornada, voltava para descansar.

 

“You know you are so good for me

With your child's eyes

You are more than you seem”

 

Ele tinha uma inocência naquele olhar, algo que obviamente desaparecia quando deixavam-se levar pelas “chamas da juventude”. Mas ali, quando os corpos jaziam naquele gostoso torpor dos desejos consumados, ali ele o olhava como quem olha à algo mágico, belo e único. Assim como ele o olhava, embora os seus intensos olhos verdes não trouxessem nem metade daquela doçura que Lee externava ao olhá-lo diretamente nos olhos.

Era a sua vez de acariciar-lhe a pele bronzeada, de permitir que o dorso dos dedos lhe tocassem a tez ainda um pouco suada por todo o exercício que ainda há pouco se empenharam em fazer. Enquanto um por vezes era autossuficiente, o outro parecia por vezes sequer ter noção do quanto era incrível. Lee era muito muito mais do que deixava aparentar à primeira vista. Era um diamante bruto que aos poucos lapidava-se. Não por terceiros, mas por si só, com seu trabalho árduo e sua convicção de que deveria, não ser melhor que os outros, mas ser melhor que o ele de ontem. Tudo o que ele era, combinava perfeitamente. E Gaara queria tê-lo dito aquilo, ali mesmo, enquanto lhe acariciava o rosto.

—  Algo de errado? —  ele mantinha os olhos fechados, mas sabia diferenciar a forma que Gaara soltava o ar por entre os lábios.

—  Não —  era verdade, não havia absolutamente nada de errado ali. Naquele belo corpo deitado ao seu lado, naquele braço forte que lhe abraçava pela cintura, fazendo-o sentir tão seguro que temia o momento que não mais estivesse ali, no conforto daquele cômodo, no calor daqueles braços. —  Estou apenas… admirando.

 

“You know there's no need to hide away

You know I tell the truth

We are just the same

I can feel everything you do

Hear everything you say

Even when you're miles away

Coz I am me, the universe and you”

 

—  Não precisa olhar tanto, se ficar por mais que uma noite. —  Era até engraçado que fosse ele a dizer aquilo, sendo que até então basicamente devorava o outro com seus intensos olhos escuro.

Gaara aconchegou-se naquele abraço, Lee o puxando para mais perto, enquanto sentia o nariz ir de encontro aos fios vermelhos, e Gaara permitindo-se selar os lábios ao pescoço de Lee. As mãos agora acariciavam as costas bem malhadas do ninja da folha, sentindo que o trabalho duro em taijutsu havia valido a pena. Mas isso ele também sabia durante o sexo, e como sabia!

—  Temeroso?

Ah claro, ele realmente o conhecia. Sentia suas inseguranças quanto à partir, porque atravessar um deserto poderia sempre ser sorrateiro. E Gaara nunca fora o tipo de pessoa que se preocupava com aquilo, não até ter o que perder… até ter o que deixar para trás. Estava ali, em Konoha por pura necessidade de sua alma em aplacar uma parcela de saudades que sentia de sua tão amada besta verde da folha.

—  Sabe que não precisa, não sabe? Temer. Não acredito que qualquer um tenha a capacidade de te ferir, não quando você é você, e quando anda com aqueles seus irmãos.

Ele sabia acalmá-lo, como ninguém nunca saberia fazer. Era com graça e implicância quase infantil, mas numa leveza que não deixava o clima pesar entre eles. Entre nenhuma pessoa, ele diria. Lee era o equilíbrio perfeito. Era a bondade e a força em forma de gente. E tudo aquilo, Lee, fazia-o relaxar mais no conforto daqueles braços que se apertavam em torno de si. Ele sabia como se sentia, porque no final já o conhecia porque por mais diferentes que fossem, quando estavam naquela cama, desprovidos de vestes, eles eram iguais. Duas criaturas que precisavam do amor alheio, para que continuassem.

 

Foi ali, em meio aos braços daquele que tanto amava, que Gaara adormeceu, tendo seus fios vermelhos afagados, enquanto as próprias mãos ocupavam-se em tocar a pele quente que compunha as costas de Lee. Acordou, e para seu desagrado estava sozinho na cama pela manhã. Os lençóis frios, alertando que há muito aquele corpo quente havia abandonado-o ali. Sabia, claro, que missões eram sempre dadas à ele. E supôs então que fosse isso o que havia feito seu amado ninja da folha pular logo tão cedo, deixando sozinho, tão próximo à sua partida para retornar ao lar; Suna.

Sentou-se, notando o lençol fino deslizar por sua pele alva, não tão clara, já que os tons avermelhados cobriam-no quase por inteiro. Sobretudo a marca de mãos firmes em sua cintura. Vestiu-se, não por vergonha à sua nudez, ou as marcas que Lee havia deixado em sua pele após a intensa noite de amor. Mas sim porque necessitava delas para despedir-se da aldeia da Folha, e seguir seu rumo. Os laços entre as vilas havia lhe dado a chance de sempre retornar àquele lugar onde conhecera a única besta capaz de lhe tomar o coração.

Foi com pesar, mas admiração que tocou o próprio corpo, como se o calor que emanava de Lee, ainda lhe cobrisse a pele. Vestiu-se e tão logo estava de saída, despedindo-se dos aldeões com um singelo adeus, na esperança de retornar o quanto antes, assim que lhe fosse possível. Kankuro e Temari, um de cada lado, faziam sua guarda pessoal, uma das melhores, claro. Caminharam, sem tanta pressa, a jornada era longa e afobar-se não os levaria mais rápido, pelo contrário. Faria-os cansar.

Ao longe, já distante para conseguir ver algo de forma nítida, ainda via os contornos de Konoha, notando algo a mais ali. Não a ausência que sempre o tomava ao por os pés para fora dos limites da vila, mas uma presença. Era essa então sua missão, levá-lo em segurança ao lar. E com sorte, poderia aproveitar um pouco mais da companhia daquele que, quando tudo parecia distante, quando Gaara pensava estar sozinho, Lee mandava-lhe um sinal, indicando que sempre estaria por perto.

 

“You know

When you're on your own

I'll send you a sign

Just so you know

I am me, the universe and you”


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