Onde as memórias morrem escrita por Ash Albiorix


Capítulo 4
O lugar onde as memórias morrem


Notas iniciais do capítulo

Então menines, esse era pra ser o ultimo capítulo, mas eu decidi dividir em dois, pra dar aquele mistériozinho topzera. Ou seja: muitas coisas vão ficar sem entender nesse cap, mas vai ser explicado no próximo - e ultimo. E me desculpem por ser tão curto, mas eu achei que iria ficar melhor pra história e mais organizado se eu dividisse em dois. Espero que gostem!



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Uma hora se passou, e o calor continuava. Tentei implorar pra o que quer que fosse.

—Por favor, me ajudem. – gritei. – Eu não sei quem vocês são, mas sei que me amaldiçoaram e eu preciso de ajuda. Por favor, não deixem um humano inocente morrer!

O silêncio absoluto me dizia que implorar não estava funcionando. Encostei na parede, chorando, me sentindo arrependido e responsável pelo que aconteceu. Já perdi muitos humanos, por idade ou doença, mas daquela vez parecia diferente. Eu precisava evitar que algo acontecesse. Tentei me acalmar, e a temperatura do ambiente começou a abaixar, aos poucos, mas não era rápido o suficiente. Cheguei a conclusão de que estava diretamente ligada a mim: se eu estivesse bem, a temperatura voltaria ao normal. Precisava deixar a preocupação com Ash de lado para o próprio bem dele. Virei de costas, tentando pensar em algo para mudar meu foco.

Ouvi uma reclamação vir de trás de mim. Ash aparentava ter recuperado a consciência, mas estava delirando, falando coisas que não faziam sentido.

Eu queria consolá-lo, mas não sabia como.

—Uriel. – ele chamou, reclamando. Fui andando até Ash, que suava e se remexia, desconfortável.

—O que foi? – perguntei, materializando uma cadeira e me sentando ao seu lado. O cabelo loiro claro de Ash caía pra trás e ele balançava a cabeça devagar, apertando os olhos. Tentando dizer algo. – Shh, Ash, tá tudo bem. – o consolei. Tive um impulso de passar minha mão pelo seu rosto, mas recuei. Não sabia se podia, então preferi não o fazer. O loiro pareceu ter visto, porque esticou a mão na minha direção. Abriu os olhos devagar e me encarou com um olhar confuso, lágrimas nos olhos, implorando por consolo. Não sabia por que me sentia tão responsável por aquele garoto que conhecia há poucos dias, mas tinha essa sensação de que precisava o ajudar. Não só naquele momento, mas em todas as oportunidades que tivesse.

Levei minha mão até a dele, e encostei lentamente. Senti um leve tremor, quase elétrico, percorrer meu corpo. Entrelacei nossas mãos, querendo mais do toque de Ash. EM 500 anos, eu nunca havia sentido nada meramente parecido a aquilo. Ash me olhava, confuso, parecendo compartilhar do mesmo sentimento que eu. A temperatura ao meu redor abaixou um pouco mais rápido, e eu percebi que era ele que estava me acalmando. Ash abriu um sorriso fraco, e foi a primeira vez que eu vi algo parecido em seu rosto, normalmente ocupado com caretas e rugas de raiva. Parecia mais novo quando sorria, e ainda mais bonito.

—Eu vou te tirar daqui. – falei, sentindo que precisava proteger aquele garoto a todo custo. – Eu prometo, Ash. Nada vai acontecer.

—Obrigado. – falou, baixo, soltando uma respiração longa e calma. Levei sua mão até meu rosto, e então a beijei. Os olhos de Ash se arregalaram um pouco, uma expressão confusa tomando conta de seu rosto.

—Uriel! – ele falou, alto, forçando sua voz. – Uriel, eu me lembro. Eu me lembro de tudo!

Passei minha mão pelo seu rosto.

—Você está delirando de novo, Ash.

Ele soltou minha mão, e se remexeu na cama, usando toda sua força para tentar sentar. Passei minha mão por suas costas e o ajudei. Ele me olhou, ofegante pelo esforço e ainda fraco, uma expressão assustada e confusa.

—Você... realmente não se lembra? – perguntou, uma última vez. De alguma forma, aquilo fazia sentido para mim. Minha mão nas costas de Ash, nossos olhares fixados um no outro. Simplesmente fazia sentido. – Uriel, eu sei o que você fez. Eu sei como tirar a gente daqui!

Franzi a sobrancelha, olhando fixamente para Ash, esperando uma resposta. Ao invés disso, ele esticou a mão e a colocou em meu pescoço. Me observou, esperando algum sinal de permissão. Iríamos nos beijar, e eu não entendi porque, mas eu queria. Queria desesperadamente beijar Ash. Deixei o instinto me guiar, e fomos, ao mesmo tempo, na direção um do outro. Nossas bocas se encostaram e de repente tudo fazia sentido.

Eu me lembrava.

Eu me lembrava de tudo.

Me afastei, chorando, apertando Ash nos meus braços. 

Um alívio percorreu meu corpo, as lágrimas descendo cada vez mais fortes enquanto eu segurava o loiro contra mim. Ele finalmente estava ali.

Olhei pra Ash, incrédulo, agora que lembrava de tudo, eu sabia:estava esperando por ele todo esse tempo.


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