Acertando as Contas com o Passado escrita por Carol McGarrett


Capítulo 9
Capítulo 09 – A conversa que não tivemos.


Notas iniciais do capítulo

E aqui está! Finalmente estes dois vão tentar entrar em um acordo!
Este capítulo, na verdade, está história foi inspirada pela música "No light, No Light" da Florence + The Machine. Quando ouvi pela primeira vez, achei que combinava muito com uma possível DR entre a Jenny e o Gibbs se ela voltasse a aparecer na série. Aconselho ler escutando a música, até porque tem uma parte que é literalmente inspiração pura da letra.
Sem mais, aproveitem, pois este é o meu capítulo preferido!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/771452/chapter/9

 - Você sabe que ele vai matar o Leon, se é que já não o fez... – Eu até tentava me concentrar na pilha de casos que estavam na minha frente, mas minha mente estava me traindo.

— Jen, não é hora para tanto.

— E quando vai ser? Amanhã? Poderemos estar mortos amanhã, Jethro! - Exasperação fluía por minhas veias.

— Como você se salvou?

 - Não é hora!

— Quando vai ser? Amanhã? Poderemos estar mortos amanhã, Jenny!

— Vai usar minhas palavras contra mim agora, Gibbs? Vai realmente fazer isso?

— Faço o que for preciso por respostas. – Seus olhos eram duros como duas safiras.

— Leon soube que os russos voltaram. Ele viu a movimentação deles perto de Los Angeles e, ao notar que o caso em aberto me pertencia, ele me avisou que estavam no país, só não sabia que eles tinham chegado tão perto.

— Então você foi para o covil do leão sozinha! A propósito, porque Svetlana sobreviveu? Achei que você fosse uma agente melhor qualificada, que saberia puxar o gatilho quando fosse a hora! – Não havia luz nos olhos claros, só escuridão e... decepção.

— Me mandaram deixa-la viva. Estava seguindo ordens. Você não poderia saber.

— Não poderia saber?! Você me disse que tinha completado a missão, Jennifer! Você me olhou nos olhos e me confirmou! E eu acreditei em você! Eu acreditei nas suas palavras! – Ele exalava fúria e frustração.

— O que você quer que eu diga, Jethro? Eu sinto muito...

— Não se desculpe...

— É um sinal de fraqueza! Você e suas malditas regras! – Joguei os braços pra cima em claro sinal de frustração.

— Você me traiu por uma maldita promoção, Jenny, o que você quer que faça?

— Eu nunca te troquei por uma promoção! Nunca faria isso! Eu segui à risca as ordens que me passaram. Nem mais nem menos. Mas não poderia te contar! Jethro, entenda, você tinha a sua parte, que era matar Anatoly, e eu tinha a minha, deixar Svetlana viva! Me foi falado que eles a monitorariam e quando soubessem a localização exata do local de operação da organização eu seria chamada para finaliza-la, so-zi-nha. Você não estava mais na operação. E... e como eu sei que você descobriria tudo só me olhando no rosto, eu precisei ir embora.

— Sim, você me traiu, Jenny. Você não confiou em mim em 1999, e não confiou há três anos atrás.

— Eu sempre confiei em você, Jethro. E não tem um único dia em que eu quisesse voltar atrás e ter puxado o gatilho, matado Svetlana quando tive a chance. Mas todo mundo erra.

— Você não errou. Você escolheu!

— Céus, me ajude! Eu tenho que fazer isso certo dessa vez! O que mais você quer? Você quer uma revelação? Você quer fazer isso certo dessa vez? Ou quer um tipo de finalização? Me diga o que você quer que eu diga?

— A verdade!

— Eu estou contado a verdade. Eu não podia ter te contado em 99. Então eu fui para Londres e deixei você voltar sozinho para Washington. Sei que foi cruel o que fiz, mas achei...

— Achou o que? Que eu entenderia?

— Sim, que você entenderia, operações infiltradas são assim...

— A carta. Aquela carta. Céus Jen, você tem noção do quanto aquela carta me machucou, você tem noção do peso das palavras que você escreveu?! – Era um misto de ódio, dor, decepção e algo mais, um coração quebrado?

— Já disse, foi cruel. Mas eu não poderia te olhar nos olhos naquela manhã, não depois de tudo, de tudo o que passamos juntos. Céus! Eu te amava, de verdade. E ainda te amo. Nunca deixei de amar. E eu não poderia mentir para você, não na sua frente. Jethro, eu nunca consegui mentir para você!! E eu não podia te contar, então, preferi te magoar. Fui mesquinha e soei egoísta na carta porque precisava. Nada daquilo foi verdade. Sei que te magoei muito e te machuquei. Acontece que a gente não escolhe o que fica e o que vai embora. E eu sabia que mais cedo ou mais tarde o nome de Svetlana me assombraria novamente. E quando ele retornasse, eu não poderia estar do seu lado e te deixar do nada para finalizar o que me mandaram fazer. Ou pior, eu não poderia arriscar a sua vida, caso algo desse errado!

Parei para respirar e ele ainda me olhava, tinha uma sombra em seus olhos, uma sombra que nunca tinha visto ali. Tomei fôlego e continuei.

— Eu só não esperava que demorasse tanto. Eu não esperava que quando tudo retornasse, eu estivesse tão próxima de você novamente e ocupando o cargo que estava. Eu realmente tinha a intenção de um dia virar Diretora do NCIS, eu nunca escondi de você o quanto isso me atraia, só que eu esperava que tudo estivesse terminado quando isso acontecesse. Contudo não estava. E no fim de tudo, quando eu consegui decifrar a apólice de seguro do Decker, eu notei que eles viriam atrás de você também. E eu não poderia te deixar morrer.

— Eu sempre soube como me cuidar.

— Eu te devia essa. E acredite em mim, eu posso morrer por você, mas não suportaria ver você morrer por mim! Principalmente sabendo que eu não fui completamente sincera com você. Jethro, eu não espero que você me perdoe, só espero que você me entenda. Eu te conheço, sei te ler melhor do que ninguém, e sei o que você faria. Mas eu não poderia arriscar. Eu não poderia te arriscar. Você sempre foi importante pra mim....

Eu não tinha mais argumentos. Não poderia continuar sem começar a chorar, até porque meus olhos já estavam cheios de lágrimas. Não posso implorar por perdão, só queria que ele entendesse.

— Mas eu vi você morta!

— Eu nunca estive morta. Estava sedada. Mas de alguma forma, eu sobrevivi por sorte, ou por não ser a minha hora.

— Ducky atestou a sua morte, ele sabia. – Sua raiva agora estava direcionada ao – nosso – amigo de longa data.

— Sim, só ele e Vance. Ninguém mais. E não brigue ou o culpe. Ele sempre me alertou sobre como você reagiria quando descobrisse a verdade.

— Quem te salvou?

— Vance. Eu o contatei quando descobri o local onde Decker guardou a apólice de seguros, para o caso de as coisas derem erradas. Franks também sempre achou que eu morrera no tiroteio. Leon me sedou e me deixou lá até que Tony e Ziva aparecessem. Ele sabia que os dois estavam perto. Logo depois ele oficialmente me levou para o necrotério, depois me trouxe para cá.

— Você estava dentro do saco? – e ali estava, a dor da perda, de saber que nunca mais veria alguém.

— Sim.... para o caso de algum de vocês se despedirem. Eu estava meio acordada quando você apareceu e tentou abrir o zíper. Quando vi que você que não conseguiu...

— Pare.

— Não posso agora. É tarde para remediar.

— Eu vi o sangue, seu corpo sem vida dentro do saco preto Jenny! Você sabe o que aquilo me lembrou? – ódio transpareceu em seu olhar, ódio, tristeza e dor.

— Sei. - E contra isso eu não tinha mais argumentos. Shanon e Kelly. As garotas de Jethro. Eu sempre soube que ele compararia os dois acontecimentos.

— Por que raios você não nos contatou? Você ficou três anos fora! Não vai me dizer que não confiava na equipe. Não depois do que você nos fez passar com sua caçada ao Rã.

 - Confiava e ainda confio. Se não o fizesse, não estaria aqui hoje.

— Por que?

— Exatamente por isso. Eu os coloquei na linha de fogo, Jethro, todos vocês, por algo besta como uma vingança pessoal. Vi o Tony quase ser morto, vi a equipe quase ser mandada embora quando Benoit foi encontrado morto. Quase perdi a amizade de todos. Eu não poderia fazer isso com vocês de novo!

— Você se acha muito superior a todos, Jennifer Shepard! Acha que pode conquistar o mundo sozinha! Você...

— Não! – O cortei, era a minha vez de falar agora. - Eu simplesmente não poderia viver com o sentimento de que tinha enviado a minha única família para a morte, Leroy Jethro Gibbs. Eu perdi todos a quem amava antes dos vinte e cinco anos. Não suportaria perder as pessoas que mais me importavam agora, de novo. Posso até não ter demonstrado, mas cada um dos membros da sua equipe, são como membros da minha família. Eu me importo com eles, me preocupo com eles, e por isso os deixei às cegas em Los Angeles, eles deveriam saber só o necessário. Assim como você. Como eu já disse, não suportaria te ver morrer... vê-los morrer. E parece que acertei, pelo menos nisso, por que se vocês tivessem ficado sabendo, eram mais cinco nomes naquela maldita lista do McCallister.

Enquanto falava o fitava fixamente e percebi que ele, finalmente, havia compreendido os meus motivos e a falta de contato nos últimos anos. Ele ainda não estava satisfeito, mas começara a me entender...

— A doença?

— Era a forma de sair do cargo e seguir a missão. Eu posso te jurar que não esperava voltar viva. Mas esperava ter tido tempo para me despedir de todos. Não tive e agora tenho que tentar remendar o que foi quebrado.

Ele só me olhava. E pela primeira vez eu temi que o tivesse perdido de vez.

— Você sabe que a Ziva, McGee e Abby já te perdoaram, não é?

— Não esperava diferente. - Não contive um meio sorriso ao lembrar dos três e seu apoio. - Apesar de tudo o que lhes fiz passar, eles sempre compreenderiam, eu só preciso dizer a verdade a eles. Eu sempre temi duas reações.

— DiNozzo...

— E a sua. E não estava errada.

— Nem certa.

— Você não me perdoou. Posso ver nos seus olhos.

— Você está errada. No fundo eu nunca acreditei que estivesse morta. Nunca sonhei com você e eu sempre sonho com quem já se foi. Eu só tentei entender o porquê de você me deixar duas vezes. E o porquê de uma segunda carta... uma já não foi o bastante?

— A primeira era mentira, já disse. A segunda.... eu não pude escrever.

— Por que?

— Não soube colocar em palavras as verdades que tinha que te dizer. Não pude expressar os meus sentimentos por você em um texto. Existem coisas que devem ser ditas pessoalmente.

— Mas soube contá-los ao Mike.

— Verdade. Mas acho que era o medo da morte. Entenda como uma confissão dos meus pecados.

— Me amar é um pecado?

— Não acredito que você disse isso, Jethro! Eu estou tentando te explicar o porquê que fiz o que fiz, e você está se achando o rei!

— Toda Rainha precisa de um rei. – ele disse isso com um pequeno sorriso no canto de sua boca, enquanto caminhava em minha direção e parava bem ao meu lado.

— Não precisa não. Elizabeth I foi a melhor rainha que a Inglaterra já teve e ela nunca foi casada! – Agora ele conseguira me tirar do sério!

— Você já admitiu. Pode parar de se desculpar, você se entregou, Jen. Suas desculpas de feminista esquizofrênica não vão te salvar agora. – Seus olhos eram como brasa, o que ele estava planejando, estava bem claro ali, mas já que eu tinha confessado, ele também teria que confessar.

— Não vou me render. Até você dizer. – o encarei com a sobrancelha erguida. Nossa velha guerra de volta. E eu podia dizer por nós dois, como sentimos falta disso.

— Dizer o que? – A cara mais lavada do mundo me fitava, como se não soubesse realmente o que era.

— Dizer em alto e bom som o que seus olhos já me mostraram.

— Não aqui.

— E quando vai ser? Amanhã? Amanhã poderemos estar mortos! – Repeti suas palavras do início de nossa conversa, só que desta vez em um tom que sugeriria outra coisa. 

— Você, Jenny Shepard, é maluca.

— Sou? Cuidado com o que diz, ainda posso voltar ao cargo de Diretora, já que sei que política e burocracia não são o seu forte. E além do mais, você seria um péssimo diretor, o NCIS não duraria um dia sob seu comando!

 - E o que vai fazer comigo? – Seus olhos indicavam o duplo sentido da pergunta.

— Dentro ou fora do escritório? – Joguei verde enquanto o encarava seriamente.

— Vai ter fora do escritório agora? – Sua voz era sarcástica, mas havia um brilho em seus olhos que remeteram de volta a Paris.

— Não sei, vai? – Não pude esconder o sorriso que formou em meus lábios, enquanto me levantava para ficar – ou tentar ficar – da sua altura.

Foi quando o celular dele tocou. E nós dois notamos que não tínhamos feito nada.

— Salva pelo congo. – ele sussurrou ao meu ouvido antes que atendesse a ligação de Tony.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mais uma regrinha. Até o final da fic, é capaz de postar todas....
Quando eu coloquei a frase "Eu sempre sonho com quem já se foi", foi uma inspiração do episódio 200, onde as únicas pessoas com quem Gibbs conversa efetivamente enquanto está em um estado de consciência suspensa, estão mortas. E, neste episódio ele vê a Jenny, mas não conversa com ela, o que, pelo menos pra mim, me trás a teoria de que ela poderia, sim, ter sobrevivido ao tiroteio...Anyway, segue o baile..
Quanto a ele chamá-la de Rainha, ele fez isso na série, (S05E14 - Casos Internos), um dos últimos com a presença da Shepard na série.
A expressão "Feminista Esquizofrênica" também está na série, pelo menos na versão dublada, (S03E01 - Kill Ari - Part1), e é dita pela própria Jenny enquanto ela conversa com Gibbs, portanto, não briguem comigo!
Aliás, a parte final da conversa dos dois é inspirada nas muitas brigas ou conversas como queiram chamar, que eles tiveram em três temporadas. Algumas destas memoráveis!
E, só posso dizer que, sim, Tony não tinha uma hora pior para ligar!!
Por fim, para quem quiser ouvir a música, segue o link da música: https://www.youtube.com/watch?v=ATfUdaZQLMA
Muito obrigada por ler!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Acertando as Contas com o Passado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.